SÓ COLHEMOS AQUILO QUE PLANTAMOS
“Ninguém colhe sem plantar e só colhe aquilo
que plantar”. By Waldirpsouza.
“De Deus não se zomba, tudo que o homem
semear, isso também o ceifará”. Gl.6.7
Não há
ceifa sem semeadura e nem toda a ceifa é tão simples assim, porque toda a
semeadura, antes de ser feita, exige a remoção dos obstáculos. Há pedras e toda
a sorte de entulhos que terão que sair do caminho. É preciso um trabalho de
revolver a terra, até que ela esteja propícia para receber a semente em
condições de germinar.
Estamos diante de uma gloriosa promessa, na
qual Deus promete para a nação de Israel três coisas importantes e necessárias
para a sobrevivência e subsistência: Deus promete trigo, mosto (vinho) e
azeite.
O trigo fala de pão, de alimento, de fartura.
Deus disse que vai derramar na terra fome,
não de pão, nem de água, mas fome da Palavra de Deus. E, infelizmente chegará o
dia em que os homens procurarão este pão e não o acharão; hoje, porém, ainda
vivemos no tempo da graça e o pão está aí. E a Palavra de Deus, na unção do
Espírito, a Palavra viva, a Palavra revelada, aquela palavra que nós tomamos,
cremos, exercemos a nossa fé, apropriamo-nos dela e vêmo-la manifestando-se
diante dos nossos olhos. Pão é para comer. Fala de alimento, dos amidos,
cereais, vitaminas, sais minerais, etc. Até porque na Bíblia o povo quando
comia pão, era de grão integral com todo o complexo B, com celulose, com as
vitaminas, sais minerais, para trazer saúde. Costumo dizer que o povo no
deserto comeu pão integral, porque o salmista diz que veio cereal do Céu. Então
o maná era cereal do Céu, integralíssimo.
Hoje os cereais são refinados. Seus
nutrientes são removidos, ficando apenas o amido, que resulta numa péssima
alimentação, deixando o povo anêmico e com muita prisão de ventre, por falta de
celulose, que facilita a eliminação dos dejetos. O mesmo ocorre em relação à
Palavra. Há muita gente comendo a Palavra de Deus também refinada. Por isso
andam todos anêmicos, sem forças e condições de eliminar o pecado. O que isto
quer dizer? Significa tomar da Palavra de Deus só o que agrada ao paladar.
Jesus disse: "Eu sou o pão vivo que
desceu do Céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que Eu
darei pela vida do mundo é a Minha carne. Porque a Minha carne é
verdadeiramente comida e o Meu sangue verdadeiramente bebida. Quem come a Minha
carne e bebe o Meu sangue, permanece em Mim e Eu nele, e quem de Mim se
alimenta, também viverá por Mim"
(João 6:51,55-57).
O pão fala da Palavra, e a Palavra é Jesus.
Ele declarou:
"Se o grão de trigo caindo na terra não
morrer, fica ele só; mas se morrer dá muito fruto" (João 12:24).
Ele é o grão de trigo, o pão, a palavra, pelo
que a promessa de Deus envolve uma experiência com Cristo, que resulte numa
Igreja mais parecida com Ele e multidões rendidas aos Seus pés.
Mosto e vinho são originários do suco de uva.
O pão é para comer e o vinho para beber. Fala
de alegria, de plenitude, de enchimento, porque o Reino de Deus é alegria no
Espírito Santo. Deus quer trazer a verdadeira alegria, não do carnaval, do samba,
dos prazeres da carne, porque isto não é alegria, é mero estímulo da carne, que
logo se desfaz e deixa atrás de si o vazio e a depressão. Deus quer dar aquele
vinho novo do Espírito, a embriaguez do Espírito. No dia de Pentecostes eles
estavam tão cheios, que disseram: "Estão embriagados." Mas era o
vinho novo, o Espírito de Deus que nos dá uma alegria imensa, nos enche o
coração.
O azeite é originário da oliveira que produz
azeitonas e óleos inclusive para alimentação como o óleo virgem e extra virgem e
também o óleo de unção, muito utilizado antigamente pelos profetas e atualmente
também, além de outras funções que é utilizado.
O azeite era para unção. Isaías declara em
sua profecia: "Naquele dia a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo
do teu pescoço; e o jugo será quebrado por causa da gordura" (unção)
(Isaías 10:27). É a unção que quebra o jugo. Então Deus está prometendo para o
Brasil, o azeite da unção do Espírito de Deus. Em outras palavras, Ele quer
quebrar o jugo, despedaçar as cadeias, demolir todas as fortalezas que prendem
o Seu povo e esta nação.
A Bíblia nos traz ensinamentos preciosos
sobre a semeadura e a colheita daquilo que plantamos.
A lei da semeadura é uma verdade básica
fundamentada na figura do agricultor que ensina que aquilo que plantamos também
colhemos. Esse ensino é extremamente antigo, e pode ser encontrado em vários
textos bíblicos.
Também é verdade que infelizmente muita gente
tem utilizado da lógica da lei da semeadura para tentar enganar as pessoas.
Criou-se um verdadeiro “comércio da fé” que
ensina um falso evangelho que objetiva, principalmente, retornos financeiros.
O que é a lei da semeadura na Bíblia.
Do Antigo ao Novo Testamento encontramos
vários textos que transmitem a ideia presente na lei da semeadura. Por exemplo,
o rei Salomão escreveu um provérbio que transmite a lógica da lei da
semeadura. Ele diz: “O perverso recebe um salário ilusório, mas o que
semeia justiça terá recompensa verdadeira”. (Provérbios 11:18). Em outra
ocasião, o mesmo sábio também escreveu que “o que semear perversidade
colherá males”. (Provérbios 22:8). A colheita é de igual modo para todos.
Eclesiastes
9.2 nos diz o seguinte:
Tudo
sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao
puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim
ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
De acordo com esse princípio, é
possível perceber que apenas irá colher aquele que também semeou. Isso é o
que fica claro no livro de Eclesiastes. O pregador escreve que “quem
observa o vento, não semeará; e o que atenta para as nuvens, não colherá”. (Eclesiastes
11:4).
No Salmo 126 também encontramos elementos da
lei da semeadura. Nele o salmista mescla louvor pelo livramento de Deus,
lamento pela situação de seu povo e uma enorme confiança na providência de
Deus, expressando sua certeza de que Deus mudaria a sorte de seu povo e
substituiria o sofrimento pela bênção. A frase mais significativa nesse sentido
transmite a figura da semeadura. Nela o salmista enfatiza que “os que com
lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão”. (Salmos 126:5).
O profeta Oseias, confrontando
a idolatria da nação de Israel e as alianças indevidas, destacou a
relação entre o pecado e o castigo, no sentido de causa e efeito, ao dizer que
porque semearam ventos também ceifariam tormentas. (Oseias 8:7).
A lei da semeadura e da colheita no Novo
Testamento.
No Novo Testamento também existem muitas
passagens que fazem referência à lei da semeadura e da colheita. Algumas vezes
essa referência é feita de forma implícita. Certamente os dois textos mais
lembrados do Novo Testamento nesse sentido foram escritos pelo apóstolo Paulo.
O primeiro foi direcionado aos cristãos de Corinto, e o segundo aos cristãos da
Galácia. (2 Coríntios 9:6; Gálatas 6:7,8).
Estes dois textos são essenciais para
entendermos realmente o que é a lei da semeadura e da colheita segundo a
Bíblia. Ao mesmo tempo, também é fácil perceber o que a lei da semeadura
definitivamente não é. No texto aos coríntios, Paulo trata da necessidade
das contribuições no auxílio aos crentes pobres de Jerusalém. Nele o apóstolo
encoraja os cristãos de Corinto a serem generosos com os irmãos necessitados de
Jerusalém. Nesse contexto ele escreve:
E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. (2
Coríntios 9:6).
Já no texto aos Gálatas, após o apóstolo
fazer uma grande exposição sobre as obras da carne e sobre o
fruto do Espírito (Gálatas 5), ele fala sobre o auxílio mútuo e a
responsabilidade pessoal. (Gálatas 6). A partir do versículo 6, ele ensina que
o homem ceifará aquilo que plantar, enfatizando a responsabilidade humana.
Com base nesses dois textos, podemos considerar
alguns pontos básicos sobre a lei da semeadura e da colheita. Vejamos a seguir.
Analisemos sobre o significado correto da lei
da semeadura.
A lei da semeadura e da colheita tem sido um
dos principais argumentos de quem defende a teologia da prosperidade. Segundo
tais pessoas, se alguém semear financeiramente, e é claro, em abundância, irá
colher em abundância. Obviamente o que semear pouco, nesse mesmo sentido,
também colherá pouco. Geralmente se utiliza o texto citado em 2 Coríntios para
defender tal ensino.
No entanto, esse texto em nada tem a ver com
esse falso ensino. O grande objetivo do apóstolo, como já foi dito, é estimular
a generosidade esperada daqueles que são verdadeiramente seguidores de Cristo.
Apesar de nossas traduções trazerem a
frase “o que semeia em abundância (ou fartura), em abundância também
ceifará”; no original grego o que se lê literalmente é algo como: “o
que semeia na base de bênção, na base de bênção há de colher”. A palavra
grega eulogia, traduzida como “fartura” ou “abundância” em algumas
versões, significa “louvor”, “enaltecimento”, “bênção” e “gratidão”.
Assim, o que o apóstolo está falando é
simplesmente que aquele que contribui com as necessidades de seus irmãos
louvando a Deus (ou com gratidão a Deus), terá, por sua vez, uma colheita pela
qual agradecerá (ou louvará) a Deus. Perceba que nitidamente a ênfase não está
na quantidade e, sim, na intenção.
É por isso que o versículo seguinte é muito
claro em dizer que “cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá
com alegria” (2 Coríntios 9:7). Isto significa que aquele que contribui em
abundância no versículo 6, é o mesmo que contribui com alegria no versículo 7.
Essa relação expressa muito claramente que mais uma vez que o foco de forma
alguma é a quantidade.
É claro que ter uma colheita pela qual alguém
agradecerá a Deus pelo que colheu, não implicará necessariamente em receber dEle
riquezas e poder. Os verdadeiros seguidores de Cristo sabem muito bem que as
riquezas terrenas não devem ser a fonte de sua satisfação. A recomendação do
Senhor é para que tesouros sejam ajuntados no céu. (Mateus 6:19,20).
A lei da semeadura não garante prosperidade
terrena.
No versículo 5, antes do apóstolo introduzir
a metáfora agrícola da lei da semeadura, ele deixa bem claro que quem está
recebendo a “benção” no sentido financeiro nesse contexto, são os irmãos pobres
de Jerusalém. Em momento algum os ofertantes aparecem como os beneficiários
dessas bençãos, num tipo de barganha com Deus. O texto de Paulo não dá margem
para o falso ensino da lei da semeadura da prosperidade.
Portanto, a lei da semeadura e da colheita
que o apóstolo Paulo se refere, não tem qualquer relação com um tipo
de investimento de negócios, no sentido de contribuir hoje para receber mais
amanhã. Antes, o apóstolo aplica a lei da semeadura no campo espiritual. Assim,
é nesse mesmo sentido que os cristãos devem esperar a colheita prometida.
É claro que Deus pode abençoar materialmente
alguém de forma generosa. No entanto, isso não é uma regra e nem algo
garantido. O que a Bíblia afirma e garante, é que a recompensa do cristão não
está nesta vida, Lucas 6:20-25; 2 Coríntios 8:9; 11:27; Tiago 2:5, porém,
enquanto estivermos vivendo aqui, Deus nos garante o necessário para nossa
sobrevivência. (Mateus 6:25-33).
Também é neste mesmo sentido que
encontramos o ensino de Jesus acerca da “ boa medida, recalcada,
sacudida e transbordante“. (Lucas 6:38). Infelizmente muitos distorcem
este ensino para ensinar a lei da semeadura atrelada ao ganho material.
Aqui também podemos nos lembrar
do levita Asafe. Em certa altura de sua vida ele ficou incomodado com o
sucesso e a prosperidade do ímpio, face às privações e injustiças sofridas pelo
justo. Mas ele finalmente foi confortado quando entendeu que a prosperidade
terrena desfrutada pelo ímpio é frágil e passageira, e o seu fim é terrível
diante do juízo de Deus. (Salmo 73).
Além de tudo isso, voltando ao apóstolo
Paulo, seria totalmente contraditório ele ensinar esse tipo de lei da semeadura
conforme os falsos mestres a ensinam por aí. Ele próprio admitiu
abertamente passar por muitas dificuldades e privações. (2 Coríntios 11:27;
Filipenses 4:10ss).
Se a lei da semeadura realmente for referente
a ofertar com abundância e receber cada vez mais, então Jesus não sabia disto
quando elogiou a oferta de uma viúva pobre. (Marcos 12:42). Jesus foi claro ao
dizer que não se pode servir a Deus e a Mamom, (riquezas). Mas a teologia
da prosperidade é tão maligna em certos aspectos que fazem com que alguém tente
servir a Deus apenas para alcançar Mamom, (riquezas).
A lei da semeadura é um alerta para todos.
Partindo agora para o texto da Epístola
aos Gálatas, podemos perceber o quanto a lei da semeadura aponta para a
responsabilidade humana. O apóstolo Paulo faz uma importante exortação de que a
responsabilidade pessoal é intransferível (Gálatas 6:5). Isso está de acordo
com o ensino bíblico de que cada pessoa será julgada à luz de suas próprias
ações. (Jeremias 17:10; 32:19; Ezequiel 18:20; Mateus 16:27; Romanos 2:6;
Apocalipse 2:23; 20:13).
Diante dessa verdade, o apóstolo aplica a lei
da semeadura e da colheita para ensinar que Deus não se deixa escarnecer. Por
isto ele escreve: “pois o que um homem semeia, isso também colherá”. (Gálatas
6:7).
Obviamente essa regra é válida para todos,
não apenas para os cristãos. Em outras palavras, o apóstolo está dizendo que
ninguém que faz pouco caso do Evangelho ou zomba do Deus revelado nas
Escrituras, ficará impune.
Ele completa seu raciocínio no versículo 8 ao
dizer: “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a
corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna”. (Gálatas 6:8).
O primeiro grupo, formado pelos que semeiam
na carne, são aqueles que deixam a velha natureza decaída e corrompida pelo
pecado seguir livremente o seu curso. Já o segundo grupo, os que semeiam no
Espírito, são os que vivem pelo Espírito Santo, ou seja, sua liberdade está no
“ser guiado pelo Espírito”. (Gálatas 5:18). A diferença entre esses dois grupos
é imensa. O primeiro encontrará a destruição e o tormento eterno. Já o segundo
colherá vida eterna da parte do Espírito.
A perseverança na semeadura, não importando o
quanto ela vai produzir.
Nos versículos seguintes, o apóstolo exorta a
respeito da perseverança na semeadura. Ele diz que não podemos nos cansar de
fazer o bem, “porque no devido tempo colheremos, se não desistirmos”.
Devemos entender este “fazer o
bem” como uma expressão bem ampla que expressa o tipo de conduta
característica dos verdadeiros seguidores de Cristo. Esses seguidores são seus
imitadores, refletem seu caráter e possuem as virtudes do fruto do Espírito.
Obviamente isso inclui a provisão aos
necessitados em todas as áreas. Tanto na área material, como no caso de 2
Coríntios, com comida, contribuições, abrigo, etc. quanto na área espiritual,
provendo ânimo, aconselhamento, instrução etc.
Por isto o apóstolo conforta seus leitores ao
dizer que com perseverança, no tempo certo a colheita virá. Esse tempo não é
determinado pelo homem, mas é segundo os planos eternos de Deus. Além do mais,
a colheita é simplesmente uma recompensa da graça e não dos méritos. Aqui
devemos se lembrar de que de nós mesmos não podemos fazer nada de bom. É pela
ação do Espírito Santo em nós que somos capacitados a viver uma vida que agrada
a Deus.
Sinceramente eu gostaria muito que a lei da
semeadura fosse pregada todos os dias. Mas que não fosse essa versão
contaminada e distorcida que os falsos profetas pregam. A lei da semeadura que
deve ser pregada, é aquela puramente bíblica. A versão correta da lei da
semeadura expõe a verdade de que aquilo que o homem plantar, isso também ele
colherá. Com Deus não se barganha, e ninguém poderá escapar do seu juízo iminente.
Diz um ditado popular: Quem planta vento,
colhe tempestade.
Então vamos plantar somente coisas boas e
colheremos boas coisas.
Deus abençoe você e sua família.
Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.