segunda-feira, 28 de junho de 2021

A MENSAGEM SOTERIOLÓGICA DO PROFETA EZEQUIEL

A MENSAGEM SOTERIOLÓGICA DO PROFETA EZEQUIEL

 

O que é Soteriologia?

 

A Soteriologia é basicamente a doutrina da salvação.

Isto significa que a Soteriologia é a área da Teologia que estuda a salvação em todos os seus aspectos. A palavra “Soteriologia” vem dos termos gregos “soteria”, “salvação” ou “livramento”; e logos, “palavra”. O termo “Soteriologia” começou a ser utilizado no século 19.

Há subdivisões dentro da Soteriologia que abordam a salvação em seus diferentes aspectos, tais como: um plano eterno de obra remidora de Deus; a expiação no sangue de Cristo; a operação da graça divina; o estado do homem em relação ao pecado; a obra do Espírito Santo; e o destino final do homem.

Existem muitas teorias com diferentes visões sobre vários pontos dentro da Soteriologia. O objetivo desta postagem é ser bem simples e de fácil entendimento.

Portanto, priorizamos os pontos mais importantes sobre a Soteriologia bíblica apontada pelo profeta Ezequiel.

 

Significado de Ezequiel 47 versículo por versículo. 


Ezequiel 47

47.1  O indivíduo mencionado é o homem do versículo 3 (Ez 40.3;46.19).

47.2-6  Mil côvados são aproximadamente 600 metros, outros dizem que é 500 metros. (Ez 40.3-5). Quatro vezes o homem fez uso do cordel de medição para marcar as distâncias ao longo da corrente de águas, que se aprofundava progressivamente dos tornozelos para os joelhos, depois para a cintura e, por fim, a uma profundidade tão grande que só podia ser vencida a nado. As águas fluíam na direção leste a partir do lado sul do templo.

47.7-12  As águas se transformariam num rio de cura e em fonte de vida abundante para tudo e todos, representando a salvação para a humanidade através da abundante graça de Deus. (Gn 2.8-10; Zc 14.8;Jo 4.13,14;10.10; Ap 22.1,2). Elas fluíam pela região árida e rochosa entre Jerusalém e o mar Morto ou seja, a Arabá ou região oriental e para o sul, ao longo do vale do Jordão, até o mar Morto. Quando alcançassem o mar (Morto), este se tornaria potável e capaz de sustentar vida para que pescadores pudessem pescar ali: sararão as águas. Essa é uma descrição surpreendente, pois o mar Morto é a porção de água com maior concentração salina no mundo (aproximadamente 37%) e atualmente não pode sustentar a vida de nenhuma espécie de animal aquático. Também é o ponto com altitude mais baixa no planeta, pois a superfície da água está a 500 m abaixo do nível do mar, e o mar atinge 500 m de profundidade.

 

A água viva que Deus forneceria tinha poder imensurável para renovar, restaurar e ressuscitar a vida. Esse mar, que estava morto, iria borbulhar com vida em todas as suas margens desde En-Gedi até En-Eglaim. Grande quantidade e variedade de vegetação, perpetuamente produtiva, resultaria desse rio cujas águas saem do santuário. (v. 1). Veja João 7.37-39 para observar o uso que Jesus fez da ilustração de águas vivas que Ele concede aos que creem nele.

47.13  A tribo sacerdotal de Levi já havia recebido um território especial. (Ez 45.l-8;48.8-14). A tribo de José foi dividida em duas para substituir Levi e manter o total de 12 tribos.

47.14  A igualdade na herança é destacada. A expressão “sobre ela levantei a mão” remete a Ezequiel 20.5 e 36.28 (Gn 12.7;15.7,18-21;17.8). A natureza unilateral e incondicional da aliança abraâmica é sugerida; essa herança é uma dádiva concedida mediante a graça divina, ou seja, o povo de Deus não fez nem poderia fazer nada para merecê-la.

47.15-17  O limite norte da terra se estendia do mar Mediterrâneo, o mar Grande, até a fronteira norte de Damasco. As outras localidades não são conhecidas. Damasco era a capital de Harã (atual Síria). Hamate supostamente ficava ao norte de Damasco, a cerca de metade da distância até Carquemis. Acredita-se que Zedade se localizava a leste de Hamate e Hazer-Enom (o extremo oriental dessa fronteira).

Haurã aparentemente era uma região israelita a leste do rio Jordão e a norte de Gileade.

47.18  A fronteira oriental ia da região de Damasco para o sudoeste até Haurã e ao longo do rio Jordão (Nm 34.10-12). O mar do oriente é o mar Morto.

47.19  A fronteira sul seguia pela margem oriental do mar Morto até Tamar (uma cidade a sudoeste), e dali até as águas da contenda de Cades (Nm 20.13,24;27.14), junto ao ribeiro (do Egito, o Wadi el-Arish), e então até o mar Mediterrâneo (Nm 34.3-5; 1 Rs 8.65). Esse limite ia desde o mar Morto, seguindo pelo sudoeste, ao longo do Neguebe, até o riacho do Egito, um leito de rio a oeste do Sinai.

47.20  A fronteira ocidental seguia ao longo da costa do mar Grande (Mediterrâneo) para o norte até um ponto diretamente a oeste de Hamate. (Nm 34-6; Ap 21.1).

47.21-23  O tratamento do estrangeiro nessa terra deveria ser considerado. Os gentios que se casassem e se estabelecessem nas comunidades judaicas deviam ser aceitos como israelitas nativos, qualificados para partilhar da herança territorial da tribo que escolhessem (Lv 19.34; Is 56.1-8).

 

A mensagem Soteriológica do profeta Ezequiel.

A explicação Soteriológica do plano de Deus para salvar a humanidade. A Soteriologia é a matéria da Teologia que trata da doutrina da salvação.

 

Ezequiel 18.21-23 e 30-32

Deus, pelo profeta Ezequiel no cap. 18, nos mostra que cada pessoa que peca é pessoalmente responsável pelos seus atos. Sofre ele mesmo as consequências de seus próprios pecados. O povo de Israel, na época do profeta Ezequiel, acreditava no provérbio: “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos estão embotados”. Consideram-se justos diante de homens e de Deus. O que sofriam e o que por Deus lhes era imposto, isto, diziam, nos sobrevém por causa da culpa de nossos pais. Consideravam-se inocentes de toda culpa e julgavam injusto o procedimento de Deus para com eles.

Isto ainda hoje é assim entre os homens. A nossa tendência natural é achar sempre a culpa nos outros. Deus, porém, quer um coração contrito que vê a sua própria culpa e que se arrepende. Por esta razão também Jeremias (31.29 e 32.18) combate a falsa interpretação de Ex.20:5. Deus visita a maldade dos pais nos filhos somente no caso de estes seguirem aos seus pais na mesma iniquidade.

A alma que pecar, esta morrerá. Isto mostra o profeta, descrevendo o injusto. Mas o justo que o profeta retrata, este viverá, não porque os pais deste tenham sido justos ou pecadores, mas sim porque ele foi o que foi.

v.21: “Mas se o ímpio (perverso) se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar (observar) todos os meus estatutos (todas as minhas leis) e fizer (exercer) retidão (o reto) e justiça, certamente viverá (“viver” viverá) e não morrerá (não será morto).”

Neste versículo o profeta anuncia a graça de Deus, a quem? Ao pecador que se arrepende. O mesmo ímpio, perverso, que foi descrito em versículos anteriores, este mesmo é salvo da graça de Deus, se ele “se converter de todos os seus pecados que cometeu”. Deus em sua misericórdia não levará em conta os seus pecados anteriores.

Estes estão lavados. Deus somente exige um coração contrito e arrependido que agora, em nova vida, guarde todos os seus estatutos e faça retidão e justiça, que agora pratique atos de justiça e viva de acordo com a vontade de Deus. Deus para tanto lhe concederá forças.

Antes, vivendo o homem em pecado, havia somente uma sentença e esta sentença é irredutível, e sentença do justo Deus: “A alma que pecar morrerá!” Agora a sentença já não é mais ditada por dura lei. Deus a passa para seu doce Evangelho, que, por amor a seu Filho, é dom gratuito a todos os homens. Agora o profeta diz: “Certamente viverá e não morrerá!” Isto equivale a um juramento de Deus. É uma promessa segura que chama o pecador ao arrependimento, dando-lhe nova vida ao se arrepender.

v.22 “Todas suas transgressões (nenhum dos pecados) que cometeu não lhe serão lembradas (de todas as transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele); pela justiça que praticou viverá”.

Deus não tem prazer na morte do ímpio, do perverso. A vontade de Deus é que todos se salvem (1 Tm 2.4), que todos vivam, que todos se arrependam. Deus criou os homens justos e sem pecado. Queria que escolhessem o bem e vivessem para sempre com ele em bem-aventurança. Mas os homens escolheram o outro caminho, desobedeceram a Deus e caíram em pecado, e pecado significa morte. Os homens estavam condenados. Diante da justiça divina não poderia haver outra sentença. Deus, no entanto, em seu infinito amor para com os homens, não querendo que eles morressem, lhes enviou o seu Filho para salvá-los do pecado e da morte.

A maioria dos homens, no entanto, não quer saber de salvação e rejeita a graciosa mão de Deus. A verdade fundamental de toda Palavra inspirada, dada por Deus aos homens para salvação é mostrar o amor de Deus para com os homens e sua prontidão em aceitar de volta o pecador perdido que reconhece a sua falta e que se arrepende. Deus não pode desejar a morte do homem, de nenhum homem, também não do mais perverso, pois todos eram perversos.

v.23 “Porventura (acaso) tenho eu prazer  na morte do perverso? diz o Senhor Deus; não desejo eu antes que ele se converta dos seus caminhos e viva?”

Este versículo expressa esta verdade consoladora vigorosamente por meio de uma pergunta retórica que contém a resposta em si mesma. Continua perguntando mais uma vez: “não desejo eu antes que ele se converta dos seus caminhos e viva?” Este é o mais profundo desejo de Deus expresso em toda a Bíblia, e quem o diz é o próprio Senhor Deus!

Ezequiel em 18.32 e 33.11 repete: “Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e viva.” Este é o plano de Deus desde a eternidade. Quão consolador é este capítulo 18 para o crente por sempre de novo o profeta anunciar a graça de Deus.

v.30(b) “Convertei-vos e desviai-vos (voltai e convertei-vos) de todas as vossas transgressões e (para que) não vos sirva a transgressão (iniquidade) de tropeço (pedra de tropeço)”.

O profeta mostra que também aquele que se converteu, deve cuidar para permanecer agora na nova vida e não cair novamente em pecados, pois sua sorte então seria pior do que antes. O ímpio que se converte e fica no caminho reto, todo aquele que permanecer na justiça, viverá. Deus virá para julgar cada um conforme o seu caminho, não conforme o caminho, a vida, de seus antepassados ou amigos; ele mesmo é responsável por seus atos. No v. 30, o profeta mais uma vez conclama ao arrependimento: “converter e voltar”, deixar de ir numa direção, mudar completamente o rumo da vida. Temos aqui duas vezes o mesmo verbo shûb: converter-se, voltar, desviar-se. Devemos afastar-nos de todas as iniquidades e transgressões. São formas do imperativo. Querem impelir o que se acha desviado para o arrependimento. Pois permanecer no pecado é fatal; então só haverá morte. Mas esta não está de acordo com o desejo de Deus. O que o homem necessita é um novo coração e um novo espírito que, como vemos no mesmo profeta em 11:19, é dom de Deus: “Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro neles; tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei coração de carne!”

O homem deve aceitar este dom divino e não endurecer o seu coração, rejeitando-o. “Para que a iniquidade não seja a vossa ruína.” A transgressão sem arrependimento só pode causar morte. “Tropeço” ou “pedra de tropeço” é aquilo que faz com que o homem não chegue à vida.

v.31 “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que pecastes, e criai em vós um novo coração e um novo espírito, pois (e) por que quereis morrer (por que morrereis), ó casa de Israel?”

O profeta repete o que disse no versículo anterior com mais força e ênfase. “Lançar” implica em força, violência. Só com energia, só com o auxilio de Deus pode o homem lançar de si as transgressões. Deus quer ajudar ao pecador. Se este não rejeitar o Evangelho, terá forças para lançar de si os pecados. Deus os tirará dele. Não é o homem que aniquila os seus pecados. Ele só pode arrepender-se, pedir perdão e confiar em seu Salvador, e todos os seus pecados estarão perdoados como vemos já no v.22.

“E criai em vós um novo coração e um novo espírito.” Se o homem se arrepende e aceita a Jesus, terá um novo coração e um novo espírito. É Deus quem lhe confere isto (Cl 11.19 e Sl 51.10 sgs). Assim o arrependido, aquele que se converteu, que lançou de si as suas transgressões, terá uma nova vida, a vida que podemos pedir de Deus em oração e a qual ele operará em nós pelo seu Espírito Santo.

“Pois porque quereis morrer, ó casa de Israel?” Novamente o profeta faz uma pergunta retórica. Se o povo não se arrepende é porque o mesmo quer morrer. Deus certamente não deseja a sua morte. Isto nos afirma mais uma vez.

v.32 “Porque não tenho prazer na morte do que morre (do que deve morrer; de ninguém), diz o Senhor Deus. Por isso (portanto): convertei-vos e vivei (e vivereis)!”

Deus não tem prazer na morte daquele que não se converteu e assim é um que morre, um que deve morrer, isto, porque rejeitou ele mesmo a vida. E isto quem diz não é o profeta, mas sim “o Senhor Deus”. “Portanto”, por isso “convertei-vos e vivei!”

 

Converter-se é viver em novidade de vida.

No momento em que alguém é um neo- converso, ele possui a nova vida que Deus lhe deu e que ninguém dele a poderá tirar, a não ser ele mesmo, desprezando-a.

Que grandiosa mensagem de arrependimento e de abundante graça constitui este capítulo do profeta Ezequiel!

 

Deus abençoe você e sua família

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A SOBERBA E A QUEDA DO REI SAUL

A SOBERBA E A QUEDA DO REI SAUL

 

A escolha e consagração, pelo profeta Samuel, de Saul como rei de Israel, o primeiro rei de Israel.

 

1 Samuel 10.1,24.

 

1.   Então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura, te não tem ungido o Senhor por capitão sobre a sua herdade?

24. Então, disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor tem elegido? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então, jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei.

 

Saul foi o primeiro rei de Israel. Seu reinado foi marcado por sua soberba, extremada ambição e sua arrogância.

 

A arrogante e vergonhosa ambição do rei Saul.

Faremos aqui no início desta postagem uma reflexão daquilo que o sábio Salomão nos informa sobre a soberba e sobre a arrogância do ser humano.

 

“Eu, a Sabedoria, moro com a prudência e disponho de conhecimento e de conselhos. O temor do Senhor consiste em odiar o mal. Eu odeio a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca que fala coisas perversas”. (Provérbios 8:12-13).

 

A Sabedoria personificada nos primeiros capítulos de Provérbios é direta e convicta. Saul desprezou essa dádiva de Deus. Ela, a sabedoria, convida os seres humanos a participarem dos seus benefícios, abandonando os caminhos da insensatez que levam à condenação. Ela fala do conhecimento que vem de Deus e da longa experiência de observar as consequências das escolhas humanas.

Como a maioria dos provérbios nesse livro foram compostos duas gerações depois do início do Reino de Israel, é provável que o autor pensou sobre as atitudes destrutivas do primeiro rei daquele povo.

Quando o povo de Israel pediu um rei, Deus escolheu Saul, da tribo de Benjamim. No mesmo homem, acharam-se características que agradavam ao povo, um homem bonito, alto e forte com uma aparência de realeza e, ao mesmo tempo, uma qualidade fundamental para servir a Deus: a humildade. Quando Samuel, o profeta de Deus que ungiu Saul, conheceu esse jovem, o rapaz sentiu-se indigno de tal posição:

“Por acaso não sou eu um Benjamita, da menor das tribos de Israel? E não é a minha família a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, então, você me fala com tais palavras”? (1 Samuel 9:21).

Samuel se referiu a essa humildade inicial quando Saul passou a ter atitudes erradas: “Samuel continuou: Não é verdade que, mesmo sendo pequeno aos seus próprios olhos, você foi colocado por cabeça das tribos de Israel? O Senhor o ungiu como rei sobre Israel”. (1 Samuel 15:17).

 

A ambição arrogante de Saul se manifestou de várias maneiras.

1) Ele não fez o que Deus mandou. Os dois pecados mais conhecidos desse rei foram registrados em 1 Samuel, capítulos 13 e 15. Saul fez um sacrifício não autorizado, se elevando à posição de sacerdote, e recusou executar o castigo decretado por Deus contra os Amalequitas.

2) Ele agiu contra os decretos de Deus para tentar estabelecer sua dinastia. Quando Deus escolheu Davi para ser o próximo rei de Israel, Saul tentou matar o jovem para frustrar os planos do Senhor.

3) Ele não se humilhou depois de ser repreendido. Saul até admitiu que pecou, mas se mostrou mais interessado em ser honrado diante do povo do que em restaurar sua comunhão com Deus. (1 Samuel 15:24,25,30).

 

"A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito precede a queda". Pv.16:18.


Com essas palavras inspiradoras Salomão dá um xeque-mate no nosso orgulho muitas vezes escondido sobre a couraça da nossa reputação. É difícil acreditar que se é orgulhoso, mas muitas vezes se é e não se assume. Dizem que os humildes geralmente não sabem que o são, penso que o mesmo pode se aplicar aos orgulhosos.


Viver numa sociedade onde o orgulho é caracterizado como um sentimento medíocre e ao mesmo tempo valorizado na nossa cultura, ainda que de forma velada, como uma característica de pessoas fortes e bem sucedidas é outro ponto que favorece tanto o desenvolvimento do orgulho, quanto o hábito de escondê-lo por debaixo de palavras insinceras.

Reconhecer o orgulho que habita em nossos corações enganosos é uma tarefa árdua e penosa. Não temos o hábito de perscrutar o nosso interior em busca de encontrar a hipocrisia inerente ao ser humano na sociedade atual. É preferível à nossa consciência deixar o hipócrita velado, escondido em falsas crenças e ações desprovidas de um significado mais profundo. Não é fácil reconhecer que se é altivo, afinal, ninguém quer assumir que acredita ser superior aos outros na presença das pessoas em questão.



Somente em certas circunstâncias é que deixamos o espírito de altivez se mostrar sem dó nem piedade. Geralmente ocorre em momentos regados pela raiva e pela decepção. E o pior é que a hipocrisia do orgulho é muitas vezes disfarçada como um combate à injustiça. Como se o nosso sentimento de injustiça justificasse nossa atitude de nos acharmos melhor que os outros. Pura hipocrisia.


Por isso o sábio pontuou bem que a soberba precede a ruína e a altivez a queda. São sentimentos que nos deixam cegos em meio ao que está evidente e ainda mascaram as nossas ações como algo digno em nossos enganosos corações. Deixam aflorar o hipócrita que residia no nosso interior antes de aceitarmos a Cristo e nos lançam numa série de atitudes inconsistentes e desapontantes ao nosso Deus. Por isso a ruína anda ao derredor dos orgulhosos. Deus nos ajude a sermos humildes.

 

Saul foi por muitos anos inimigo de Davi.

Depois da conversa de Davi com Saul, surgiu tão grande amizade entre Jônatas e Davi que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo. Daquele dia em diante, Saul manteve Davi consigo e não o deixou voltar à casa de seu pai. E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o melhor amigo de Davi. Jônatas tirou o manto que estava vestindo e deu-o a Davi, junto com sua túnica, e até sua espada, seu arco e seu cinturão.

 

Tudo que Saul lhe ordenava fazer, Davi fazia com tanta habilidade que Saul lhe deu um posto elevado no exército. Isto agradou a todo o povo, bem como aos conselheiros de Saul.

 

Quando os soldados voltavam para casa, depois de Davi ter matado o filisteu, as mulheres saíram de todas as cidades de Israel ao encontro do rei Saul com cânticos e danças, com tamborins, com músicas alegres e instrumentos de três cordas. Enquanto dançavam, as mulheres cantavam:

 

"Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares”. (Em outras traduções diz: dez milhares).

 

1 Samuel, 18.6-9

 

6. Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e em danças, com adufes, com alegria e com instrumentos de música.

7. E as mulheres, tangendo, respondiam umas às outras e diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.

8. Então, Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos; e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?

9. E, desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi em suspeita.

 

A reação de Saul diante da manifestação do povo elogiando Davi.

Saul ficou muito irritado, com esse refrão e, aborrecido disse: "Atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta senão o reino? " Daí em diante Saul olhava com inveja para Davi.

 

No dia seguinte, um espírito maligno mandado por Deus apoderou-se de Saul e ele entrou em transe profético em sua casa, enquanto Davi tocava harpa, como costumava fazer. Saul estava com uma lança na mão e a atirou, dizendo: "Encravarei Davi na parede". Mas Davi desviou-se duas vezes.

 

Saul tinha medo de Davi porque o Senhor o havia abandonado e agora estava com Davi. Então afastou Davi de sua presença e deu-lhe o comando de uma tropa de mil soldados, e Davi a conduzia em suas campanhas. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, pois o Senhor estava com ele. Quando Saul como ele tinha habilidade, teve muito medo dele. Todo Israel e Judá, porém, gostava de Davi, pois ele os conduzia em suas batalhas.

 

Saul disse a Davi: "Aqui está a minha filha mais velha, Merabe. Eu a darei em casamento a você; apenas sirva-me com bravura e lute as batalhas do Senhor". Pois Saul pensou: "Não o matarei. Deixo isso para os filisteus”.

 

Mas Davi disse a Saul: "Quem sou eu, e o que é minha família ou o clã de meu pai em Israel para que eu me torne genro do rei? " Por isso, quando chegou a época de Merabe, a filha de Saul, ser dada em casamento a Davi, ela foi dada a Adriel, de Meolá.

 

Mical, a outra filha de Saul, gostava de Davi. Quando disseram isto a Saul, ele ficou contente e pensou: "Eu a darei a ele, para que lhe sirva de armadilha, fazendo-o cair nas mãos dos filisteus". Então Saul disse a Davi: "Hoje você tem uma segunda oportunidade de tornar-se meu genro".

 

Então Saul ordenou aos seus conselheiros que falassem em particular com Davi, dizendo: "O rei está satisfeito com você, e todos os seus conselheiros o estimam. Torne-se, agora, seu genro".

 

Quando falaram com Davi, ele disse: "Vocês acham que tornar-se genro do rei é fácil? Sou homem pobre e sem recursos".

 

Quando os conselheiros de Saul lhe contaram o que Davi tinha dito, Saul ordenou que dissessem a Davi: "O rei não quer outro preço pela noiva além de cem prepúcios de filisteus, para vingar-se de seus inimigos". O plano de Saul era que Davi fosse morto pelos filisteus.

 

Quando os conselheiros falaram novamente com Davi, ele gostou da idéia de tornar-se genro do rei. Por isso, antes de terminar o prazo estipulado, Davi e seus soldados saíram e mataram duzentos filisteus. Ele trouxe os prepúcios e apresentou-os ao rei para que se tornasse seu genro. Então Saul lhe deu em casamento sua filha Mical.

 

Quando Saul viu claramente que o Senhor estava com Davi e que sua filha Mical o amava, temeu-o ainda mais e continuou seu inimigo pelo resto de sua vida.

 

Os comandantes filisteus continuaram saindo para a batalha, e, todas as vezes que o faziam, Davi tinha mais habilidade do que os outros oficiais de Saul, e ele tornou-se ainda mais famoso.

 

A tentativa de assassinato de Saul contra Davi durou 9 (nove) longos anos.


Aconteceu na mesa do jantar. Um pai tentou matar seu próprio filho. O  pai estava irado com seu filho porque mantinha amizade com alguém   que ele absolutamente odiava. A discussão começou e, antes de terminar, o pai enfurecido tentou matar seu próprio filho.
   
Você provavelmente leu sobre isto. Não foi num jornal, mas na Bíblia. O pai foi Saul, Jônatas foi seu filho, e o amigo de Jônatas foi Davi. Por muito tempo a amizade entre Saul e Davi estava deteriorando. Saul tinha ciúmes e inveja de Davi. A situação estava complicada porque já tinha sido dito a Saul que seu reinado estava chegando ao fim. Enquanto contemplava sua própria perda de poder, ele sentia-se perseguido pelo canto do povo louvando Davi. Frustrado, irado, culpado e deprimido, Saul ficou amargurado.
   
Finalmente, o conflito chegou ao ponto em que Davi decidiu "sumir" por uns tempos. Quando o tempo do festival chegou, Davi não apareceu no jantar. Saul não disse nada no primeiro dia, mas no segundo em que Davi estava ausente, Saul interrogou seu filho a respeito do paradeiro de Davi. Rapidamente tornou-se patente que Davi tinha saído com aprovação e assistência de Jônatas.

  
Algo mais tornou-se aparente. Aos olhos de Saul, seu próprio filho estava manifestando mais respeito e lealdade a seu amigo do que a seu pai. Já era bastante ruim que Deus tivesse rejeitado o rei; era doloroso que o povo estivesse rejeitando o rei; mas agora, seu próprio filho estava, aparentemente, rejeitando-o. Mais uma vez, era Davi quem estava incomodando a vida deste monarca decadente.
   
A ira de Saul acendeu-se contra Jônatas. Foram trocadas palavras duras. Então aconteceu. "Saul arremessou sua lança contra Jônatas para matá-lo". (1 Samuel 20:33). O que levaria um homem a se tornar irracional em seu pensamento para que tentasse matar seu próprio filho? Amargura.

 

A obsessão de Saul contra Davi tinha-o tornado louco.

  
A amargura ainda está destruindo indivíduos, famílias e igrejas. Pais amargurados ainda estão arremessando lanças contra seus próprios filhos. Irmãos amargurados ainda estão assassinando uns aos outros.

Frequentemente, não é o abuso físico mas emocional que fere uma pessoa por toda a vida, ou mesmo destrói sua vida. Ore a Deus para que ele queira ajudar-nos a arrancar todas as raízes de amargura de nossos corações, antes que, amargurados, lancemos uma lança e acertemos o alvo.

 

O ciúme de Saul para com Davi.

Saul teve atitudes degradantes e reprováveis quanto à pessoa de Davi, de tal forma que fez dele um ser abominável por tantas perseguições a Davi no intuito de tirar-lhe  a vida.

Depois de Davi ter matado Golias, Abner, chefe do exército de Israel, o levou a Saul. Este se agradou de Davi. Fez dele chefe no exército e o levou à casa do rei.

Mais tarde, voltando o exército da luta contra os filisteus, as mulheres cantaram: ‘Saul matou milhares, mas Davi matou dezenas de milhares.’ Saul ficou com ciúme, porque isso dava mais glória a Davi do que a Saul. Mas o filho de Saul, Jônatas não ficou com ciúmes. Ele amava muito a Davi, e este também o amava. Os dois prometeram ser sempre amigos.

Davi tocava bem a harpa e Saul gostava de sua música. Certo dia, o ciúme de Saul o induziu a fazer algo horrível. Enquanto Davi tocava harpa, Saul atirou contra ele sua lança, dizendo: ‘Vou espetar Davi na parede!’ Mas Davi se esquivou. Mais tarde, Saul tentou outra vez atingir Davi com a lança. Davi percebeu, assim, que tinha de ter cuidado.

Lembra-se da promessa feita por Saul? Disse que daria sua filha em casamento ao homem que matasse Golias. Saul, finalmente, disse a Davi que podia levar sua filha Mical em troca por matar primeiro 100 filisteus. Imagine só! Saul esperava realmente que os filisteus matassem Davi. Mas não o fizeram, e Saul teve de dar sua filha como esposa a Davi.

Um dia, Saul disse a Jônatas e a todos os seus servos que queria matar Davi. Jônatas disse ao pai: ‘Não faça mal a Davi. Ele nunca lhe fez nenhum mal. Ao contrário, tudo o que fez foi de ajuda para você. Arriscou a vida para matar Golias, e você se alegrou com isso.’

Saul prometeu então não ferir Davi. Davi retornou e serviu a Saul, assim como antes. Certo dia, porém, enquanto Davi tocava, Saul atirou novamente a lança contra ele. Davi se esquivou e a lança atingiu a parede. Foi a terceira vez! Davi sabia então que tinha de fugir.

À noite, Davi foi para a sua casa. Mas Saul mandou homens para matá-lo. Mical soube disso. Assim, ela disse a Davi: ‘Se não fugir agora, amanhã será morto.’ Naquela noite, Mical ajudou Davi a escapar pela janela. Por sete anos, Davi teve de se esconder em diversos lugares, para que Saul não o achasse. 1 Samuel 18:1-30; 19.1-18.

 

O trágico fim de um rei desobediente a Deus e o suicídio do rei Saul.

 

E aconteceu que, em combate com os filisteus, os israelitas foram postos em fuga, e muitos caíram mortos no monte Gilboa. Os filisteus perseguiram Saul e seus filhos, e mataram Jônatas, Abinadabe e Malquisua, filhos de Saul. O combate foi se tornando cada vez mais violento em torno de Saul, até que os flecheiros o alcançaram e o feriram gravemente.

 

Então Saul ordenou ao seu escudeiro:

 

"Tire sua espada e mate-me com ela, senão sofrerei a vergonha de cair nas mãos desses incircuncisos".

 

1 Samuel 31.4

4. Então, disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me atravessem, e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis, porque temia muito; então, Saul tomou a espada e se lançou sobre ela.

 

Mas o seu escudeiro estava apavorado e não quis fazê-lo. Saul, então, apanhou a própria espada e jogou-se sobre ela. Quando o escudeiro viu que Saul estava morto, jogou-se também sobre sua espada e morreu. Dessa maneira Saul e seus três filhos morreram, e, assim, toda a descendência real.

 

Quando os israelitas que habitavam no vale viram que o exército tinha fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, fugiram abandonando suas cidades. Depois os filisteus foram ocupá-las.

 

No dia seguinte, quando os filisteus foram saquear os mortos, encontraram Saul e seus filhos caídos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça de Saul, pegaram suas armas e enviaram mensageiros por toda a terra dos filisteus proclamando a notícia entre os seus ídolos e o seu povo. Expuseram suas armas num dos templos dos seus deuses e penduraram sua cabeça no templo de Dagom.

 

Quando os habitantes de Jabes-Gileade ficaram sabendo o que os filisteus haviam feito com Saul, os mais corajosos dentre eles foram e apanharam os corpos de Saul e de seus filhos e os levaram a Jabes. Lá sepultaram seus ossos sob a Grande Árvore, e jejuaram por sete dias.

Saul morreu porque foi infiel ao Senhor; não guardou a palavra do Senhor e chegou a consultar uma médiun em busca de orientação, em vez de consultar o Senhor. Por isso o Senhor o entregou à morte e deu o reino a Davi, filho de Jessé.

 

As Escrituras frisam seis maus exemplos, suas falhas e sua desobediência a Deus.

 

1.  Ele ofereceu um sacrifício sem autorização (1 Samuel 13). No segundo ano do seu reinado, Saul se preparou para uma batalha contra os filisteus, os principais inimigos de Israel na época. Saul, como rei, tinha grandes responsabilidades nos aspectos civis e militares, mas não era o líder espiritual da nação. Em termos simples, Saul não tinha autorização divina para oferecer sacrifícios a Deus. Mas, ansioso para buscar a ajuda de Deus antes de entrar no campo de batalha, ele se precipitou e ofereceu um sacrifício sem autorização. Esse grave erro de presunção foi o começo do fim para o primeiro rei de Israel.

 

2.   Não cumpriu a tarefa em uma outra batalha (1 Samuel 15). Deus usava nações para castigar outras por sua rebeldia contra o Senhor.

Ele deu para Saul a responsabilidade de destruir os Amalequitas por sua desobediência, mas o rei não executou totalmente sua tarefa. Achou melhor trazer sacrifícios para Deus, mas este não se agradou com essa decisão. Os sacrifícios serviam para pedir perdão a Deus, mas o Senhor prefere obediência, e não sacrifícios. (1 Samuel 15:22).

 

3.     Ele foi covarde (1 Samuel 17). A história de Davi e Golias demonstra a fé do jovem que se tornaria o segundo rei de Israel. Mas, Davi venceu o gigante porque Saul, um guerreiro mais forte e muito mas experiente, não tinha coragem para enfrentar o filisteu.

 

4.  Lutou contra o adversário errado (1 Samuel 18-27). Era o papel de Saul conduzir uma nação unida contra seus inimigos externos. Mas, por causa do seu egoísmo, ele se tornou contra Davi, um servo de Deus escolhido para ajudar a nação. Esses conflitos internos enfraqueceram a nação.

 

5.   Buscou orientações da fonte errada (1 Samuel 28). Depois de se afastar do Senhor vivo, Saul ficou tão desesperado que buscou orientações de um homem morto. Não adiantou nada, pois ele e seus filhos morreram no dia seguinte.

 

6.  Saul tinha condições para ser um excelente rei sobre Israel, mas faltou uma característica essencial: respeito para com Deus e Sua vontade. Para sermos bem-sucedidos diante de Deus precisamos cultivar a atitude que faltou em Saul: respeito e temor a Deus.

 A última Ceia do rei Saul foi junto com uma feiticeira. O rei, deixou de ouvir a voz de Deus, procurou a bruxa e matou profetas. Foi a última noite do Rei, que se jogou sobre a espada em uma batalha contra os Filisteus. Quando a voz profética é silenciada, a nação corre perigo.


Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

 

 

 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

QUATRO LEPROSOS LIVRAM UMA CIDADE DE MORRER DE FOME

QUATRO LEPROSOS LIVRAM UMA CIDADE DE MORRER DE FOME.

 

2 Reis Capítulos 7-9. Palavra do Senhor através do profeta Elizeu.

 

Eliseu respondeu: "Ouçam a palavra do Senhor! Assim diz o Senhor: Amanhã, por volta desta hora, na porta de Samaria, tanto uma medida de farinha como duas medidas de cevada serão vendidas por uma peça de prata".

 

O oficial, em cujo braço o rei estava se apoiando, disse ao homem de Deus: "Ainda que o Senhor abrisse as comportas do céu, será que isso poderia acontecer”?

 

Mas Eliseu advertiu: "Você o verá com os próprios olhos, mas não comerá coisa alguma”.

 

Havia quatro leprosos junto à porta da cidade. Eles disseram uns aos outros: "Por que ficar aqui esperando a morte? Se resolvermos entrar na cidade, morreremos de fome, mas se ficarmos aqui, também morreremos. Vamos, pois, ao acampamento dos arameus para nos render. Se eles nos pouparem, viveremos; se nos matarem, morreremos".

 

Ao anoitecer, eles foram ao acampamento dos arameus. Quando chegaram às imediações do acampamento, não havia ninguém ali, pois o Senhor tinha feito os arameus ouvirem o ruído de um grande exército com cavalos e carros de guerra, de modo que disseram uns aos outros: "Ouçam, o rei de Israel contratou os reis dos hititas e dos egípcios para nos atacar! " Então, para salvar suas vidas, fugiram ao anoitecer, abandonando tendas, cavalos e jumentos, deixando o acampamento como estava.

 

Tendo chegado às imediações do acampamento os leprosos entraram numa das tendas. Comeram e beberam; pegaram prata, ouro e roupas e saíram para esconder tudo. Depois voltaram e entraram noutra tenda, pegaram o que quiseram e esconderam isso também.

 

Então disseram uns aos outros: "Não estamos agindo certo. Este é um dia de boas notícias, e não podemos ficar calados. Se esperarmos até o amanhecer, seremos castigados. Vamos imediatamente contar tudo no palácio do rei".

 

Então foram e chamaram as sentinelas da porta da cidade e lhes contaram: "Entramos no acampamento arameu, e não vimos nem ouvimos ninguém. Havia apenas cavalos e jumentos amarrados, e tendas abandonadas". As sentinelas da porta proclamaram a notícia, e ela foi anunciada dentro do palácio.

 

O rei se levantou de noite e disse aos seus conselheiros: "Eu lhes explicarei o que os arameus planejaram. Como sabem que estamos passando fome, deixaram o acampamento e se esconderam no campo, pensando: ‘Com certeza eles sairão, e então os pegaremos vivos e entraremos na cidade’ ".

 

Um de seus conselheiros respondeu: "Manda que alguns homens apanhem cinco dos cavalos que restam na cidade. O destino desses homens será o mesmo de todos os israelitas que ficarem, sim, como toda esta multidão condenada. Por isso vamos enviá-los para descobrir o que aconteceu".

 

Assim que prepararam dois carros de guerra com seus cavalos, o rei os enviou atrás do exército arameu, ordenando aos condutores: "Vão e descubram o que aconteceu". Eles seguiram as pegadas do exército até o Jordão e encontraram todo o caminho cheio de roupas e armas que os arameus haviam deixado para trás enquanto fugiam.

Os mensageiros voltaram e relataram tudo ao rei. Então o povo saiu e saqueou o acampamento dos arameus. Assim, tanto uma medida de farinha como duas medidas de cevada passaram a ser vendidas por uma peça de prata, conforme o Senhor tinha dito.

 

Ora, o rei havia posto o oficial em cujo braço tinha se apoiado como encarregado da porta da cidade, mas quando o povo saiu, atropelou-o junto à porta, e ele morreu, conforme o homem de Deus havia predito quando o rei foi à sua casa. Aconteceu conforme o homem de Deus dissera ao rei: "Amanhã, por volta desta hora, na porta de Samaria, tanto uma medida de farinha como duas medidas de cevada serão vendidas por uma peça de prata".

 

O oficial tinha contestado o homem de Deus perguntando: "Ainda que o Senhor abrisse as comportas do céu, será que isso poderia acontecer? " O homem de Deus havia respondido: "Você verá com os próprios olhos, mas não comerá coisa alguma! " E foi exatamente isso que lhe aconteceu, pois o povo o pisoteou junto à porta da cidade, e ele morreu.

 

Você crê que Jesus faz milagres em tempo de crise, de doenças incuráveis e de pandemia?

 A história de quatro leprosos que livraram da morte pela fome, registrada em 2 Reis 7, nos sugere grandes realidades dos nossos dias de mortalidade pela contaminação do Covid-19 e da fome que já bate na porta de milhões de brasileiros.


Vejam a história e os acontecimentos daquela época e daquela situação degradante que Israel passava.

 

Quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os quais disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui sentados até morrermos?


Se dissermos: entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos lá; se ficarmos sentados aqui, também morreremos. Vamos, pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem, tão somente morreremos.

Levantaram-se ao anoitecer para se dirigirem ao arraial dos siros; e, tendo chegado à entrada do arraial, eis que não havia lá ninguém.

 

Porque o Senhor fizera ouvir no arraial dos siros ruído de carros e de cavalos e o ruído de um grande exército; de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei de Israel alugou contra nós os reis dos Heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós. Pelo que se levantaram, e, fugindo ao anoitecer, deixaram as suas tendas, os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava; e fugiram para salvar a sua vida. (2 Reis 7.3-7).

 

Este tempo estranho e de grande perplexidade que estamos vivendo no Brasil e no mundo, devido à pandemia protagonizada pela crise do novo Coronavírus, é uma realidade sem precedentes na história recente da humanidade.

Conforme temos acompanhado, a crise tem afetado de forma avassaladora todos os setores da sociedade: economia, relações sociais, saúde, governos, igrejas, etc.

Um clima de profunda incerteza e ansiedade tem tomando conta de todos nós, notadamente diante da realidade catastrófica que estamos vivendo, com um exponencial número de mortes.

No livro de 2 Reis 7.1-15, nós nos deparamos com uma história de grande calamidade e miséria vivida por Israel, que muito nos ensina a superar as dificuldades que hoje enfrentamos. O ano era aproximadamente 850 a.C. Jorão era o líder maior de Israel e, seguindo os passos de seus pais, Acabe e Jezabel, seu governo foi marcado por ações à margem dos critérios de Deus.

Foi um tempo avassalador causado pelo cerco imposto pelos assírios. Esse sítio estrangeiro teve como consequências fome e improdutividade (v. 25), devido à falta de condições de o povo sair ao campo para plantar, colher e abastecer suas casas, o que gerou forte elevação do custo de vida. A cidade estava presa, em “quarentena”, gerando não só uma profunda estagnação econômica e social, como uma trágica situação de miséria absoluta – basta conferir o episódio de canibalismo estarrecedor das duas mulheres famintas (v. 28 e 29).

A cidade sitiada sofreu ainda outro agravante: a alma da liderança da nação foi severamente atacada, pois caíram no pessimismo, na dor e na amargura profunda por não mais saberem qual estratégia adotar para salvar a nação da profunda adversidade. (v. 27,33).

 

O texto nos dá conta de que o caminho a ser percorrido até a solução da crise pode nos surpreender. Deus é criativo e nos ensina a pensar “fora da caixa”. Sua forma de agir foi admirável e veio de onde não se esperava. A resposta não veio do rei e seus oficiais. Também não surgiu da classe privilegiada nem do povo encurralado. De forma irônica e absurda, o segredo estava com os fragilizados e discriminados quatro leprosos (v.3), os quais se encontravam à porta da cidade de Samaria. Como discerniu sabiamente o apóstolo Paulo em 1Coríntios 1.27 a 28, na versão ARA, a mensagem diz: “Não é obvio que Deus, deliberadamente, escolheu homens e mulheres que a sociedade despreza, explora e abusa? Não é óbvio que ele escolheu gente do tipo “zé-ninguém” para desmascarar as pretensões vãs dos que se julgam importantes?”.

Diante da situação de medo e miséria, os leprosos revelaram quatro segredos que mudaram o rumo de suas vidas e salvaram todo o povo de uma tragédia histórica. E quanto a nós? O que podemos aprender com eles para enfrentarmos este tempo de crise e perplexidade local e mundial no qual estamos vivendo? Qual a resposta a ser dada diante dessa realidade tão estranha e perturbadora?

 

1. Em primeiro lugar o segredo foi a coragem para vencer suas limitações e medos (v.3). Foi por isso que os leprosos não permitiram que suas condições de fraquezas e debilidades os impedissem de prosseguir em busca de sobrevivência e de dias melhores. Tiveram coragem de encarar a solidão, a estigmatização, a culpa, a segregação e a impotência. Estavam confiantes na graça de Deus para alcançarem o livramento e serem vitoriosos. Entenderam que era preciso se mostrar fortes e esperançosos em tempo de perplexidade e medo. Como bem nos ensina o livro de Provérbios: “Se te mostras fraco no dia da tua angústia, pouco será a tua força” (Provérbios 24.10).

Desta forma, eles não caíram no laço do pessimismo, nem do derrotismo, nem da autocomiseração e, mesmo que fosse propício, tampouco da murmuração.

Eles se portaram com ousadia, em nome de Deus, e caminharam firmes na busca de seus propósitos e anseios.

Neste tempo de pandemia, é possível que o medo esteja nos dominando. Isso nos leva a refletir, sobretudo, acerca da realidade de nossas limitações enquanto seres humanos. Ela nos faz lembrar que não temos o controle das coisas e que, por isso, devemos confiar em um Deus que é poderoso para nos guardar em meio aos desafios que estamos enfrentando. Assim, o que nos cabe, faremos, como cumprir a quarentena e ter os cuidados com a higiene, mas, acima de tudo, devemos depender da graça e da misericórdia de Deus.

 

2. Em segundo lugar, tiveram ânimo para agir em favor da sustentação de suas vidas (v.4). A pandemia de Covid-19 trouxe novas formas de vermos e pensarmos a vida. Todos nós estamos sendo desafiados a usar a criatividade para nos reinventarmos. Na verdade, crises e adversidades se colocam sempre como excelentes oportunidades para a busca de novos caminhos. Os quatro leprosos estavam animados para agirem firmemente contra a indiferença, apatia, indolência e morbidez. Se tivessem de morrer, morreriam lutando, agindo. Assim pensaram. Certamente, a pior derrota é a derrota sem luta. Não devemos nos intimidar diante dos desafios da vida. É preciso enfrentar os problemas e adversidades com animada ação. A única maneira de enfrentar as tragédias é com ânimo para lutar. Saia da zona de conforto e seja proativo! Aja com firmeza pela sua família! Lute com coragem pelos seus propósitos! Nunca permita que as dificuldades apaguem a chama da alegria e da esperança em seu coração. Em tempos de perplexidade como o que estamos vivendo, tenhamos ânimo para agir com confiança, pois Deus providenciará o livramento que precisamos.

 

3. Em terceiro lugar outro segredo é que tiveram esperança para crer em dias melhores (v.4). A esperança é o que dá sentido à existência humana. Sem ela, perdemos o ânimo, a alegria da vida e a expectativa de um futuro melhor. O texto nos dá conta de que os quatro leprosos não tinham mais nada a perder. Afirmaram: “Se entrarmos na cidade, há fome na cidade e morreremos. Se ficarmos sentados, morreremos. Vamos ao arraial dos siros, se nos deixarem viver, viveremos, se nos matarem, apenas morreremos” (v.4). Portanto, não pensaram em outra alternativa senão a de avançar, pois ainda existia esperança. Não tinham mais nada a perder. Não tinham nada mais a que se apegar (bens, status, posição, etc). Somente aqueles que têm a capacidade de se desprenderem, de se desapegarem é que se tornarão capazes de arriscar e seguir com esperança lutando por dias melhores. É gente que consegue romper com o comodismo, com a preguiça, com a desambição, e, com coragem, aventuram-se. As perplexidades e vicissitudes da vida podem ser uma mola propulsora para nos levar a novas e ricas experiências, que podem ser um divisor de águas em nossa existência. Assim como os leprosos, nesse tempo de crise, precisamos seguir com esperança, assumindo riscos, buscando dias melhores, crendo que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. (Romanos 8.28).

 

4. Em quarto lugar, finalmente, aproveitaram, de forma urgente, a oportunidade da vida (v. 4,5). Os quatro leprosos disseram: “Vamos, pois, agora…” (v. 4b). “Levantaram-se ao anoitecer” (v. 5). O texto revela que eles não esperaram o dia amanhecer, o que era o mais natural. Entretanto, havia um sentido de urgência, de celeridade, de ação imediata. Entenderam que não poderiam perder tempo, pois aquela era a hora oportuna, o tempo estratégico para agirem. Era o tempo apropriado, favorável de Deus se manifestar. O dia “D” de Deus em suas vidas. A realidade enfrentada pelos leprosos era de perplexidade, de aguda calamidade e dor, entretanto era também o tempo oportuno de Deus agir com poder e graça. Admirável e criativamente, o tempo de Deus operar pode vir na hora mais difícil, fora do nosso controle. No momento de caos e descontrole, Deus se manifesta realizando o milagre. Ele intervém, transformando as tragédias e ressignificando as nossas vidas. Estamos vivendo tempos difíceis, a pandemia do Coronavírus tem afetado terrivelmente a sociedade. Muitas famílias têm perdido seus entes queridos; muitos têm tido perdas financeiras significativas; o desemprego bate à porta. Esta é a hora, o momento de Deus intervir, transformando a tragédia e a dor em vitória e júbilo. Este é o momento oportuno de Deus manifestar Sua graça, poder e misericórdia. É o tempo de Deus fazer coisas novas em nosso meio.

Quando os quatro leprosos responderam com coragem, ânimo, esperança e sentido de urgência àquele tempo de crise e perplexidade, Deus interveio proporcionando livramento e dignidade a todos. O texto diz que “os inimigos fugiram ao anoitecer” (v.7), exatamente quando os quatro leprosos “levantaram ao anoitecer” (v.5). Foi uma ação conjunta, sincronizada, simultânea. Quando os fracos leprosos levantaram com coragem, ânimo, esperança e senso de urgência em nome de Deus, Ele se levantou adiante deles. Deus afastou de forma criativa e poderosa seus inimigos (v.6,7). Louvado seja o nome do Senhor!

Hoje também é dia de livramento e reestruturação em sua vida e família! Deus está encorajando você a se levantar, a se reerguer e, com ânimo e esperança, vencer seus medos, ansiedades, pensamentos negativos, complexos de inferioridade, desesperança, acomodação e abatimento.

Aproprie-se da força que vem do alto, pois: “O nosso socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”. (Salmos 121); “Ele é o seu refúgio em tempo de aflição e adversidade”. (Salmos 46). Diga em alto e bom som: “Porque o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”. (2 Coríntios 12.9-10). “Diga o fraco, eu sou forte” (Joel 3.10). Afirme para você mesmo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. (Filipenses 4.13).

Quando você declara com fé, coragem e esperança, Deus intervém simultaneamente. É muito mais que uma confissão positiva; é uma afirmação de fé. É um compromisso de fé em Deus. O livramento alcançado foi tão marcante que os quatro leprosos foram generosos, partilharam com os outros o que receberam. Disseram: “este dia é dia de boas-novas…” (v.9a), “vamos e o anunciemos à casa do rei”. (v.9b).

Assim também acontecerá na vida de todos aqueles que diante das adversidades e da atual crise que estamos enfrentando, frente aos desafios do Coronavírus, aprendamos a responder com coragem, ânimo e esperança.

Temos que ser capazes de compartilhar os benefícios das vitórias alcançadas, das lutas quase perdidas,  transformando a realidade da perplexidade, da dor e do medo, em experiência de vida e realizações em proveito próprio e para os outros também em nome de Jesus.

 Será que nas nossas cidades e no campo em todo o Brasil não tenha pessoas bondosas para estender a mão e socorrer os que estão passando fome? Se for para esperar o socorro dos políticos e dos governos pode até vir alguma coisa, mas a fome não espera; na história bíblica acima nós vimos que a fome chegou até no Palácio do rei. Vamos todos socorrer nossos compatriotas brasileiros. Vamos estender a mão amiga para os necessitados. 


Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.