A MENSAGEM SOTERIOLÓGICA DO PROFETA EZEQUIEL
O que é Soteriologia?
A Soteriologia é basicamente a doutrina da
salvação.
Isto significa que a Soteriologia é a área da
Teologia que estuda a salvação em todos os seus aspectos. A palavra “Soteriologia”
vem dos termos gregos “soteria”, “salvação” ou “livramento”; e logos,
“palavra”. O termo “Soteriologia” começou a ser utilizado no século 19.
Há subdivisões dentro da Soteriologia
que abordam a salvação em seus diferentes aspectos, tais como: um plano eterno de
obra remidora de Deus; a expiação no sangue de Cristo; a operação da graça
divina; o estado do homem em relação ao pecado; a obra do Espírito Santo; e o
destino final do homem.
Existem muitas teorias com diferentes visões
sobre vários pontos dentro da Soteriologia. O objetivo desta postagem é ser bem
simples e de fácil entendimento.
Portanto, priorizamos os pontos mais
importantes sobre a Soteriologia bíblica apontada pelo profeta Ezequiel.
Significado de Ezequiel 47 versículo por
versículo.
Ezequiel 47
47.1 O indivíduo mencionado é o homem
do versículo 3 (Ez 40.3;46.19).
47.2-6 Mil côvados são aproximadamente
600 metros, outros dizem que é 500 metros. (Ez 40.3-5). Quatro vezes o homem
fez uso do cordel de medição para marcar as distâncias ao longo da corrente de
águas, que se aprofundava progressivamente dos tornozelos para os joelhos,
depois para a cintura e, por fim, a uma profundidade tão grande que só podia
ser vencida a nado. As águas fluíam na direção leste a partir do lado sul do
templo.
47.7-12 As águas se transformariam num
rio de cura e em fonte de vida abundante para tudo e todos, representando a
salvação para a humanidade através da abundante graça de Deus. (Gn 2.8-10; Zc
14.8;Jo 4.13,14;10.10; Ap 22.1,2). Elas fluíam pela região árida e rochosa
entre Jerusalém e o mar Morto ou seja, a Arabá ou região oriental e para o sul,
ao longo do vale do Jordão, até o mar Morto. Quando alcançassem o mar (Morto),
este se tornaria potável e capaz de sustentar vida para que pescadores pudessem
pescar ali: sararão as águas. Essa é uma descrição surpreendente, pois o mar
Morto é a porção de água com maior concentração salina no mundo
(aproximadamente 37%) e atualmente não pode sustentar a vida de nenhuma espécie
de animal aquático. Também é o ponto com altitude mais baixa no planeta, pois a
superfície da água está a 500 m abaixo do nível do mar, e o mar atinge 500 m de
profundidade.
A água viva que Deus forneceria tinha poder
imensurável para renovar, restaurar e ressuscitar a vida. Esse mar, que estava
morto, iria borbulhar com vida em todas as suas margens desde En-Gedi até
En-Eglaim. Grande quantidade e variedade de vegetação, perpetuamente produtiva,
resultaria desse rio cujas águas saem do santuário. (v. 1). Veja João 7.37-39
para observar o uso que Jesus fez da ilustração de águas vivas que Ele concede
aos que creem nele.
47.13 A tribo sacerdotal de Levi já
havia recebido um território especial. (Ez 45.l-8;48.8-14). A tribo de José foi
dividida em duas para substituir Levi e manter o total de 12 tribos.
47.14 A igualdade na herança é
destacada. A expressão “sobre ela levantei a mão” remete a Ezequiel 20.5 e
36.28 (Gn 12.7;15.7,18-21;17.8). A natureza unilateral e incondicional da
aliança abraâmica é sugerida; essa herança é uma dádiva concedida mediante a
graça divina, ou seja, o povo de Deus não fez nem poderia fazer nada para
merecê-la.
47.15-17 O limite norte da terra se
estendia do mar Mediterrâneo, o mar Grande, até a fronteira norte de Damasco.
As outras localidades não são conhecidas. Damasco era a capital de Harã (atual
Síria). Hamate supostamente ficava ao norte de Damasco, a cerca de metade da
distância até Carquemis. Acredita-se que Zedade se localizava a leste de Hamate
e Hazer-Enom (o extremo oriental dessa fronteira).
Haurã aparentemente era uma região israelita
a leste do rio Jordão e a norte de Gileade.
47.18 A fronteira oriental ia da região
de Damasco para o sudoeste até Haurã e ao longo do rio Jordão (Nm 34.10-12). O
mar do oriente é o mar Morto.
47.19 A fronteira sul seguia pela
margem oriental do mar Morto até Tamar (uma cidade a sudoeste), e dali até as
águas da contenda de Cades (Nm 20.13,24;27.14), junto ao ribeiro (do Egito, o
Wadi el-Arish), e então até o mar Mediterrâneo (Nm 34.3-5; 1 Rs 8.65). Esse
limite ia desde o mar Morto, seguindo pelo sudoeste, ao longo do Neguebe, até o
riacho do Egito, um leito de rio a oeste do Sinai.
47.20 A fronteira ocidental seguia ao
longo da costa do mar Grande (Mediterrâneo) para o norte até um ponto
diretamente a oeste de Hamate. (Nm 34-6; Ap 21.1).
47.21-23 O tratamento do estrangeiro
nessa terra deveria ser considerado. Os gentios que se casassem e se
estabelecessem nas comunidades judaicas deviam ser aceitos como israelitas
nativos, qualificados para partilhar da herança territorial da tribo que
escolhessem (Lv 19.34; Is 56.1-8).
A mensagem Soteriológica do profeta Ezequiel.
A explicação Soteriológica do plano de Deus para
salvar a humanidade. A Soteriologia é a matéria da Teologia que trata da
doutrina da salvação.
Ezequiel 18.21-23 e 30-32
Deus, pelo profeta Ezequiel no cap. 18, nos
mostra que cada pessoa que peca é pessoalmente responsável pelos seus atos.
Sofre ele mesmo as consequências de seus próprios pecados. O povo de Israel, na
época do profeta Ezequiel, acreditava no provérbio: “Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos estão embotados”. Consideram-se justos diante de
homens e de Deus. O que sofriam e o que por Deus lhes era imposto, isto,
diziam, nos sobrevém por causa da culpa de nossos pais. Consideravam-se
inocentes de toda culpa e julgavam injusto o procedimento de Deus para com
eles.
Isto ainda hoje é assim entre os homens. A
nossa tendência natural é achar sempre a culpa nos outros. Deus, porém, quer um
coração contrito que vê a sua própria culpa e que se arrepende. Por esta razão
também Jeremias (31.29 e 32.18) combate a falsa interpretação de Ex.20:5. Deus
visita a maldade dos pais nos filhos somente no caso de estes seguirem aos seus
pais na mesma iniquidade.
A alma que pecar, esta morrerá. Isto mostra o
profeta, descrevendo o injusto. Mas o justo que o profeta retrata, este viverá,
não porque os pais deste tenham sido justos ou pecadores, mas sim porque ele
foi o que foi.
v.21: “Mas se o ímpio (perverso) se converter
de todos os seus pecados que cometeu, e guardar (observar) todos os meus
estatutos (todas as minhas leis) e fizer (exercer) retidão (o reto) e justiça,
certamente viverá (“viver” viverá) e não morrerá (não será morto).”
Neste versículo o profeta anuncia a graça de
Deus, a quem? Ao pecador que se arrepende. O mesmo ímpio, perverso, que foi
descrito em versículos anteriores, este mesmo é salvo da graça de Deus, se ele
“se converter de todos os seus pecados que cometeu”. Deus em sua misericórdia
não levará em conta os seus pecados anteriores.
Estes estão lavados. Deus somente exige um
coração contrito e arrependido que agora, em nova vida, guarde todos os seus
estatutos e faça retidão e justiça, que agora pratique atos de justiça e viva
de acordo com a vontade de Deus. Deus para tanto lhe concederá forças.
Antes, vivendo o homem em pecado, havia
somente uma sentença e esta sentença é irredutível, e sentença do justo Deus:
“A alma que pecar morrerá!” Agora a sentença já não é mais ditada por dura lei.
Deus a passa para seu doce Evangelho, que, por amor a seu Filho, é dom gratuito
a todos os homens. Agora o profeta diz: “Certamente viverá e não morrerá!” Isto
equivale a um juramento de Deus. É uma promessa segura que chama o pecador ao
arrependimento, dando-lhe nova vida ao se arrepender.
v.22 “Todas suas transgressões (nenhum dos
pecados) que cometeu não lhe serão lembradas (de todas as transgressões que
cometeu não haverá lembrança contra ele); pela justiça que praticou viverá”.
Deus não tem prazer na morte do ímpio, do
perverso. A vontade de Deus é que todos se salvem (1 Tm 2.4), que todos vivam,
que todos se arrependam. Deus criou os homens justos e sem pecado. Queria que
escolhessem o bem e vivessem para sempre com ele em bem-aventurança. Mas os
homens escolheram o outro caminho, desobedeceram a Deus e caíram em pecado, e
pecado significa morte. Os homens estavam condenados. Diante da justiça divina
não poderia haver outra sentença. Deus, no entanto, em seu infinito amor para
com os homens, não querendo que eles morressem, lhes enviou o seu Filho para
salvá-los do pecado e da morte.
A maioria dos homens, no entanto, não quer
saber de salvação e rejeita a graciosa mão de Deus. A verdade fundamental de
toda Palavra inspirada, dada por Deus aos homens para salvação é mostrar o amor
de Deus para com os homens e sua prontidão em aceitar de volta o pecador
perdido que reconhece a sua falta e que se arrepende. Deus não pode desejar a
morte do homem, de nenhum homem, também não do mais perverso, pois todos eram
perversos.
v.23 “Porventura (acaso) tenho eu prazer
na morte do perverso? diz o Senhor Deus; não desejo eu antes que ele se
converta dos seus caminhos e viva?”
Este versículo expressa esta verdade
consoladora vigorosamente por meio de uma pergunta retórica que contém a
resposta em si mesma. Continua perguntando mais uma vez: “não desejo eu antes
que ele se converta dos seus caminhos e viva?” Este é o mais profundo desejo de
Deus expresso em toda a Bíblia, e quem o diz é o próprio Senhor Deus!
Ezequiel em 18.32 e 33.11 repete: “Não tenho
prazer na morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e viva.” Este é o
plano de Deus desde a eternidade. Quão consolador é este capítulo 18 para o
crente por sempre de novo o profeta anunciar a graça de Deus.
v.30(b) “Convertei-vos e desviai-vos (voltai
e convertei-vos) de todas as vossas transgressões e (para que) não vos sirva a
transgressão (iniquidade) de tropeço (pedra de tropeço)”.
O profeta mostra que também aquele que se
converteu, deve cuidar para permanecer agora na nova vida e não cair novamente
em pecados, pois sua sorte então seria pior do que antes. O ímpio que se
converte e fica no caminho reto, todo aquele que permanecer na justiça, viverá.
Deus virá para julgar cada um conforme o seu caminho, não conforme o
caminho, a vida, de seus antepassados ou amigos; ele mesmo é responsável por
seus atos. No v. 30, o profeta mais uma vez conclama ao arrependimento:
“converter e voltar”, deixar de ir numa direção, mudar completamente o rumo da
vida. Temos aqui duas vezes o mesmo verbo shûb: converter-se, voltar,
desviar-se. Devemos afastar-nos de todas as iniquidades e transgressões. São
formas do imperativo. Querem impelir o que se acha desviado para o
arrependimento. Pois permanecer no pecado é fatal; então só haverá morte. Mas
esta não está de acordo com o desejo de Deus. O que o homem necessita é um novo
coração e um novo espírito que, como vemos no mesmo profeta em 11:19, é dom de
Deus: “Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro neles; tirarei da
sua carne o coração de pedra, e lhes darei coração de carne!”
O homem deve aceitar este dom divino e não
endurecer o seu coração, rejeitando-o. “Para que a iniquidade não seja a vossa
ruína.” A transgressão sem arrependimento só pode causar morte. “Tropeço” ou
“pedra de tropeço” é aquilo que faz com que o homem não chegue à vida.
v.31 “Lançai de vós todas as vossas
transgressões com que pecastes, e criai em vós um novo coração e um novo
espírito, pois (e) por que quereis morrer (por que morrereis), ó casa de
Israel?”
O profeta repete o que disse no versículo
anterior com mais força e ênfase. “Lançar” implica em força, violência. Só com
energia, só com o auxilio de Deus pode o homem lançar de si as transgressões.
Deus quer ajudar ao pecador. Se este não rejeitar o Evangelho, terá forças para
lançar de si os pecados. Deus os tirará dele. Não é o homem que aniquila os
seus pecados. Ele só pode arrepender-se, pedir perdão e confiar em seu
Salvador, e todos os seus pecados estarão perdoados como vemos já no v.22.
“E criai em vós um novo coração e um novo
espírito.” Se o homem se arrepende e aceita a Jesus, terá um novo coração e um
novo espírito. É Deus quem lhe confere isto (Cl 11.19 e Sl 51.10 sgs). Assim o
arrependido, aquele que se converteu, que lançou de si as suas transgressões,
terá uma nova vida, a vida que podemos pedir de Deus em oração e a qual ele
operará em nós pelo seu Espírito Santo.
“Pois porque quereis morrer, ó casa de
Israel?” Novamente o profeta faz uma pergunta retórica. Se o povo não se
arrepende é porque o mesmo quer morrer. Deus certamente não deseja a sua morte.
Isto nos afirma mais uma vez.
v.32 “Porque não tenho prazer na morte do que
morre (do que deve morrer; de ninguém), diz o Senhor Deus. Por isso (portanto):
convertei-vos e vivei (e vivereis)!”
Deus não tem prazer na morte daquele que não
se converteu e assim é um que morre, um que deve morrer, isto, porque rejeitou
ele mesmo a vida. E isto quem diz não é o profeta, mas sim “o Senhor Deus”.
“Portanto”, por isso “convertei-vos e vivei!”
Converter-se é viver em novidade de vida.
No momento em que alguém é um neo- converso,
ele possui a nova vida que Deus lhe deu e que ninguém dele a poderá tirar, a não ser ele mesmo,
desprezando-a.
Que grandiosa mensagem de arrependimento e de
abundante graça constitui este capítulo do profeta Ezequiel!
Deus abençoe você e sua família
Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.
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