segunda-feira, 30 de agosto de 2021

BENJAMIM O FILHO CAÇULA DE JACÓ

BENJAMIM O FILHO CAÇULA DE JACÓ

 

Benjamim (chamado de Benoni por sua mãe Raquel ao nascer) foi o filho mais novo de Jacó. Era o caçula, o mais amado de seu pai, muito embora, por inveja, tenha sido José o mais solicitado antes de ser vendido como escravo pelos seus irmãos.

Ele era irmão de José porque era também filho da esposa principal de Jacó chamada Raquel e meio irmão dos demais filhos de Jacó. Sua mãe foi Raquel, a esposa preferida do patriarca. A história de Benjamim está registrada no livro de Gênesis. (Gênesis 35-49).

A Bíblia não fornece muitas informações sobre a vida pessoal de Benjamim. Os textos bíblicos registram os detalhes que evolveram seu nascimento; sua posição privilegiada diante de seu pai, Jacó; o episódio relacionado ao encontro entre José e seus irmãos no Egito; e o fato de Benjamim ter dado origem a uma das doze tribos de Israel.

Assim foi o nascimento de Benjamim.

Por ter sido o caçula da casa, Benjamim foi o único dentre os filhos de Jacó, que na época do seu nascimento já era chamado e reconhecido como Israel, que nasceu na Palestina. O local de seu nascimento ficava na região entre Betel e Efrata. Ele era filho da esposa predileta de Jacó, Raquel. 

Raquel foi a mãe biológica de apenas dois dos filhos de Jacó: José e Benjamim. Inclusive, Raquel a mãe de Benjamim acabou morrendo por graves complicações durante o parto.

Na ocasião do nascimento de Benjamim, Raquel lhe chamou de Benoni. Esse nome significava “filho da minha dor ou filho das minhas aflições”. Os nomes naquela época tinham uma importância muito grande na vida de uma pessoa. Os povos antigos acreditavam que um nome expressava a natureza essencial e a identidade de alguém.

Provavelmente temendo as consequências do nome, (Benoni), que havia surgido no pranto de Raquel por seu filho, Jacó chamou o menino de Benjamim. Alguns intérpretes enxergam o nome originalmente dado por Raquel a Benjamim como sendo um tipo de pressagio do futuro, em certo aspecto, agonizante, que a nação teve de enfrentar. (Jeremias 31:15-17; Mateus 2:17,18).

O nome Benjamim vem do hebraico “yamin” que pode ser uma referência tanto “ao lado direito” como “à direção sul”. Então o nome Benjamim pode significar “filho da minha mão direita” ou “filho do sul”. Tradições judaicas apontam Benjamim como “o filho da velhice”. (Gênesis 44:20).

 

Como tudo aconteceu com Benjamim.

 

Benjamim se tornou o filho favorito de Jacó, ( quando ele nasceu Jacó já era chamado de Israel a um bom tempo), depois do desaparecimento de José que fora vendido à mercadores Ismaelitas, (Egípcios).

Para Jacó ele era o filho sobrevivente de Raquel. O patriarca não sabia que José tinha sido vendido aos ismaelitas por seus próprios irmãos. Achava que seu filho amado José teria morrido vítima de animais selvagens, conforme a mentira que seus irmãos inventaram para querer convencer seu pai que José havia morrido quando o venderam como escravo.

Tempos depois, quando José já ocupava a posição de governador do Egito, Benjamim foi figura importante no reencontro entre José e seus irmãos. Num primeiro momento Jacó enviou seus filhos ao Egito em busca de suprimentos por causa da grande escassez de alimentos devidos à seca e a fome daquele tempo. Contudo, ele cuidou de não liberar Benjamim para acompanhar seus irmãos. Jacó temia que alguma desgraça pudesse ocorrer ao seu filho mais novo. (Gênesis 42:4).

Quando os filhos de Jacó chegaram ao Egito, tão logo José os reconheceu. Mas José manteve sua identidade em segredo. Então ele interrogou aqueles homens até saber sobre Benjamim, e descobriu que seu irmão mais novo havia ficado na casa de seu pai. Sabiamente José exigiu que seus irmãos trouxessem Benjamim para Egito. Para garantir que essa exigência fosse cumprida, ele manteve Simeão preso.

 

O plano de José deu certo e Benjamim vai ao Egito.

 

O plano de José deu certo, e com relutância Jacó permitiu que Benjamim fosse ao Egito.

José ficou profundamente emocionado quando viu Benjamim, mas conseguiu esconder sua reação para que seus irmãos não percebessem algo de estranho. Logo depois José ordenou que lhes fossem servido uma refeição. Nessa hora Benjamim foi favorecido cinco vezes mais. (Gênesis 43:15-34).

Na noite anterior à partida dos filhos de Jacó do Egito, José ordenou que o mordomo de sua casa colocasse seu copo de prata no saco de mantimento de Benjamim. No outro dia José mandou que a bagagem de seus irmãos fossem revistadas, até encontrar o copo de prata no saco de mantimento correspondente a Benjamim.

De acordo com seu plano, José então exigiu que Benjamim ficasse no Egito como seu servo. Mas tudo isso era um teste (Gênesis 44:14-34). Quando seus irmãos imploraram que Benjamim pudesse retornar com eles a Canaã, pelo bem da saúde de seu pai, José revelou sua verdadeira identidade. Nesse momento José e Benjamim se abraçaram com grande emoção. (Gênesis 45:1-15).

 

Quais foram os descendentes de Benjamim.

 

Após esses acontecimentos, praticamente Benjamim não é mais citado na Bíblia, pelo menos não de forma pessoal. As outras referências a ele são todas com ênfase em seus descendentes: a tribo de Benjamim.

A bênção de Jacó sobre ele dizia que “Benjamim é lobo que despedaça”, e isso pôde ser visto na reputação de bravura que a tribo de Benjamim alcançou.

Importantes personagens bíblicos foram descendentes de Benjamim, tais como: o rei Saul, a rainha Ester, o apóstolo Paulo (Saulo de Tarso), (1 Samuel 9:1; Ester 2:5; Romanos 11:1).

 

Há também pelo menos outros dois homens citados na Bíblia com esse mesmo nome.

 

O primeiro foi um líder de um clã guerreiro (1 Crônicas 7:10).

O segundo foi um homem que viveu no período após o cativeiro babilônico e que provavelmente participou da reconstrução de Jerusalém. (Esdras 10:32; Neemias 3:23; 12:34). Ambos também pertenciam à tribo de Benjamim.

 

O que mais a história bíblica revela sobre Benjamim?

 

A história bíblica nos revela que Benjamim era filho legítimo de Jacó e Raquel, e não de Jacó com alguma concubina. (Gênesis 35.16-18). Raquel, sua mãe, faleceu por ter muitas complicações e dores insuportáveis no momento do parto.

Sendo filho de Jacó, consequentemente ele era descendente de Abraão e Sara, seus bisavôs, bem como de Isaque que era seu avô.

Benjamim tinha esses irmãos homens que futuramente formariam ao lado dele as “doze tribos de Israel”: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom, filhos de Jacó com Lia. Dã e Naftali, filhos de Jacó com Bila. Gade e Aser, filho de Jacó com Zilpa. Além de José, único irmão do mesmo pai e mãe. (Gênesis 35.22-26). Na sua descendência havia ainda, na linhagem da tribo, o Saul, o primeiro rei de Israel. (1 Samuel 9.1-2).

Esses foram os filhos de Benjamim: Belá, Béquer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde (Gênesis 46.21).

 

O nome de Benjamim.

Inicialmente, na hora que nasceu, ele foi chamado por sua mãe Raquel de Benoni, que significa filho da minha aflição e da minha intensa dor, pois o parto foi muito difícil, acompanhado de dores além do normal. Entretanto, com a morte de Raquel no parto, em seguida, Jacó, seu pai, o chamou de Benjamin, que significa filho próspero. (Gênesis 35.18).

 

Onde nasceu Benjamin?

Benjamin nasceu quando sua família partia rumo à Betel, onde Jacó tinha feito um pacto com Deus e teve uma visão de uma escada que tocava os céus e os anjos subiam e deciam. Seu nascimento se deu numa pequena distância para chegar em Efrata. (Gênesis 35.16).

 

Benjamim foi levado para o Egito por solicitação de José seu irmão que foi o primeiro filho de Raquel. Ele havia sido vendido por seus irmãos como escravo.

Ao ser levado pelos seus irmãos para o Egito Benjamim não voltou mais para a terra de Canaã, permaneceu lá e seus descendentes voltaram para Canaã na libertação da escravidão do Egito através de Moisés.  

Jacó amava mais a José do que a todos os seus outros filhos e seus irmãos percebendo o odiaram, tornando-se tão invejosos que não conseguiam mais lhe falar de maneira amigável.

Após José ter-lhes contado dois sonhos em que o mesmo reinava numa posição de autoridade sobre os demais, seus irmãos arderam de ciúmes dele.

Sendo assim, seus irmãos, após esses acontecimentos, tramaram a sua morte e só não executaram seus malignos planos por intervenção de Rubén, contudo Judá, outro irmão da família, sugeriu que José fosse vendido a alguns mercadores ismaelitas e seus irmãos o ouviram e completando o plano, José foi levado vendido ao Egito.

Para que houvesse uma justificativa plausível ao que aconteceu com Jacó, os irmãos degolaram um bode e ensoparam de sangue a túnica de José e mandaram entregar ao pai, e o mesmo pensou que se tratava do seu filho que havia sido devorado por um animal selvagem. Jacó ficou arrasado com a suposta morte de José.

Passado alguns anos, José foi feito governador sobre o Egito e Jacó mesmo não sabendo da verdade, mandou seus filhos irem até lá para comprar cereais, pois a fome assolava toda a terra de Canaã, contudo Benjamin, único irmão por parte de pai e mãe de José, não os acompanhou porque dizia Jacó: “Para que não lhe suceda, acaso, alguma desgraça”. (Gênesis 42.4).

 

Jacó muito depressivo pela perca de José.

Entende-se também e o que muitos acreditam é que depois da ausência de José, Benjamim tornou-se o “filho mais amado”.

Chegando ao Egito, José, depois de servir na casa de Potifar como escravo, sofreu falsas acusações e foi preso, sendo que depois disso pela intervenção de Deus veio a  ser governador do Egito e era responsável pelas vendas dos mantimentos. Logo que viu os seus irmãos, José os reconheceu, todavia eles não o reconheceram. Seus irmãos voltarão para a terra de Canaã, contudo Simeão ficou preso no Egito, pois José queria ver a Benjamin e ele era a garantia.

Passados esses acontecimentos e após terem conseguido convencer Jacó de levarem consigo à Benjamim, os homens tomaram os presentes orientados por Jacó para serem entregues e ainda o dinheiro, bem como Benjamin, partiram e desceram ao Egito para se apresentarem diante de José (Gênesis 43.15).

Já no Egito, José mandou soltar Simeão e os indagou quando viu a Benjamin: “É este o vosso irmão caçula, de quem me falaste?” E dirigindo-se a ele proferiu: “Que Deus te conceda graça, meu filho” (Gênesis 43.29). Todos foram convidados a fazer uma boa refeição à mesa e a porção de Benjamin era cinco vezes maior do que a dos outros.

Ao serem dispensados para voltarem embora, os irmãos ainda não sabiam que se tratava de José e o governador deu uma orientação aos seus servos: “Deposita a minha taça, a taça de prata, na boca da saca de cereal do irmão mais moço, junto com o dinheiro pago pelo mantimento”. (Gênesis 44.2), e assim aconteceu.

Quando os servos do governador foram atrás dos meninos, obviamente a taça foi encontrada com Benjamim e este foi ameaçado, mas seus irmãos indagavam que qualquer coisa que acontecesse com Benjamin, especialmente a morte, seria uma noticia devastadora para Jacó.

Nesse cenário todo, José declarou aos seus irmãos quem ele realmente era: “Eu sou José!” (Gênesis 45.3) e “ele se lançou ao pescoço de seu irmão Benjamim e chorou”. “Benjamim também o abraçou forte e chorou muito com ele”. (Gênesis 45.15).

 

Mais informações sobre Benjamim.

Antes da sua morte, Jacó liberou uma palavra de bênçãos, como era o costume dos patriarcas, sobre todos os seus filhos abençoando-os e em relação ao Benjamim, o mesmo declarou: “Benjamim é um lobo predador, ao alvorecer ele devora sua presa e ao pôr do sol divide o despojo! Todos esses filhos de Jacó formam as tribos de Israel, em numero de doze, e foram essas as palavras profetizadas por seu pai quando os reuniu. Ele os abençoou a todos, todavia a cada um deu uma palavra particular”. (Gênesis 49.27-28). A palavra sobre Benjamim pode ser entendida como a reputação de bravura que futuramente a sua tribo alcançou.

 

A morte de Benjamim

Não há informações sobre a morte de Benjamim, nem outros registros bíblicos que possam detalhar mais a sua história à parte do que aqui foi contado.

 

Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

 

 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS E O MUNDO MODERNO

AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS SÃO VÁLIDAS PARA O MUNDO MODERNO?

 

Será que as Lamentações do profeta Jeremias estão valendo para os dias de hoje? Muitos pastores e líderes, profetas de Deus para defesa da fé e da liberdade em Cristo para cultuar a Deus, estão derramando lágrimas no altar, nos púlpitos das igrejas, nos montes em jejuns e orações, com o sacrifício até da própria vida, mas não deixam de falar a verdade e não negam sua fé em Cristo Jesus, Senhor e Salvador nosso.

"E conhecereis a verdade e verdade vos libertará". João 8.32.


Algumas curiosidades do livro das Lamentações de Jeremias.

 

Lamentações de Jeremias é chamado no cânon hebraico de ‘Ekhah, que significa “Como”, sendo a expressão para o início de uma canção de lamento. É a primeira palavra do livro (ver 2 Sm 1:19-27). A Septuaginta (LXX) adotou o nome “Lamentações” (Gr. threnoi = Heb. qinoth) agora em uso comum, para denotar o caráter do livro, no qual o profeta chora sobre as desolações trazidas para a cidade e a terra sagrada pelos caldeus. Na Bíblia hebraica é colocado entre os Khethubim (escritos).

 

Sobre o Autor das Lamentações de Jeremias. 

Quanto à autoria, não há espaço para hesitação em seguir o Septuaginta (LXX) e o Targum em atribuir a Jeremias. O espírito, o tom, a linguagem e o assunto estão de acordo com o testemunho da tradição ao atribuí-lo a ele. De acordo com a tradição, ele se retirou após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor para uma caverna fora do portão de Damasco, onde ele escreveu este livro. Essa caverna ainda é indicada. “Diante de uma colina rochosa, no lado ocidental da cidade, a crença local colocou ‘a gruta de Jeremias’. Ali, naquela atitude de tristeza constante que Michelangelo imortalizou, o profeta pode muito bem ter lamentado a queda do seu país” (Stanley, Jewish Church).

 

Estrutura do livro das Lamentações de Jeremias

 

O livro consiste em cinco poemas separados. Cada capítulo é um poema.

No capítulo 1 o profeta aborda as várias misérias pelas quais a cidade se encontra como uma viúva solitária chorando dolorosamente.

No capítulo 2 estas misérias são descritas em conexão com os pecados nacionais que as causaram.

No capítulo 3 fala de esperança para o povo de Deus. O castigo seria apenas para seu bem; um dia melhor amanheceria para eles.

No capítulo 4 lamenta a ruína e a destruição que tinham vindo sobre a cidade e o templo, mas traça-a somente até os pecados do povo.

No capítulo 5 é uma oração para que a reprovação de Sião seja tirada no arrependimento e recuperação do povo.

 

Os primeiros quatro capítulos são como poemas acrósticos, como alguns dos Salmos (Sl 25, 34, 37, 119), ou seja, cada verso começa com uma letra do alfabeto hebraico em ordem. O primeiro, segundo e quarto têm cada um vinte e dois versos, o número das letras no alfabeto hebraico. O terceiro que desponta como um resumo do livro   tem sessenta e seis versos, em que cada três versos sucessivos começam com a mesma letra. O quinto não é acrostico.

 

Os versículos principais do livro são: Lamentações 2:17: “Fez o Senhor o que intentou; cumpriu a ameaça que pronunciou desde os dias da antiguidade; derrubou e não se apiedou; fez que o inimigo se alegrasse por tua causa e exaltou o poder dos teus adversários.”

Lamentações 3:22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.”

Lamentações 5:19-22: “Tu, Senhor, reinas eternamente, o teu trono subsiste de geração em geração. Por que te esquecerias de nós para sempre? Por que nos desampararias por tanto tempo? Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes. Por que nos rejeitarias totalmente? Por que te enfurecerias sobremaneira contra nós outros?”

 

Como visto acima o Livro de Lamentações é dividido em cinco capítulos. Cada capítulo representa um poema distinto. No hebraico original, os versos são acrósticos, com cada verso começando com uma letra sucessiva do alfabeto hebraico. No Livro de Lamentações, o profeta Jeremias entende que os babilônios foram o instrumento de Deus para trazer juízo sobre Jerusalém (Lamentações 1:12-15, 2:1-8, 4:11).

Lamentações deixa claro que o pecado e rebelião foram as causas da ira de Deus sendo demonstrada. (1:8-9, 4:13, 5:16). Lamentar é apropriado em um tempo de angústia, mas deve rapidamente dar entrada à contrição e arrependimento. (Lamentações 3:40-42, 5:21-22).

 

Prenúncios da destruição que viria se o povo, mas principalmente os lideres políticos e religiosos não se arrependessem e deixassem a idolatria, voltando ao Senhor Deus de Israel: 

Jeremias era conhecido como o “profeta chorão” por sua paixão profunda e duradoura pelo seu povo e sua cidade. (Lamentações 3:48-49).

Esta mesma tristeza pelos pecados do povo e por sua rejeição de Deus foi expressada por Jesus quando Ele se aproximou de Jerusalém e olhou à destruição causada pelas mãos dos romanos. (Lucas 19:41-44).

Por causa da rejeição do Messias por parte dos judeus, Deus usou o cerco romano para punir Seu povo. No entanto, Deus não tem alegria em ter que punir os Seus filhos, e a Sua oferta de Jesus Cristo como uma provisão de perdão do pecado mostra a Sua grande compaixão por Seu povo. Um dia, por causa de Cristo, Deus enxugará dos seus olhos todas as lágrimas. (Apocalipse 7:17).

 

O julgamento de Deus conforte as profecias de Jeremias.

Mesmo em julgamento terrível, Deus é um Deus de esperança. (Lamentações 3:24-25).

Não importa quão longe dEle estejamos, temos a esperança de que podemos voltar-nos a Ele e encontrar Sua compaixão e perdão (1 João 1:9). Nosso Deus é um Deus de amor (Lamentações 3:22) e por causa de Seu grande amor e compaixão, Ele enviou Seu Filho para que nós não tivéssemos que perecer em nossos pecados, mas que pudéssemos viver eternamente com Ele (João 3:16). A fidelidade, (Lamentações 3:23) e libertação de Deus, (Lamentações 3:26) são atributos que nos dão uma grande esperança e conforto. Ele não é um deus desinteressado e caprichoso, mas um Deus que libertará todos aqueles que se voltam para Ele, admitem que não podem fazer nada para ganhar Seu favor e clamam ao Senhor por Sua misericórdia para que não sejamos consumidos. (Lamentações 3:22).

 

Vamos analisar Lamentações Capítulo 3 que é, ou deveria ser, o centro das atenções para que o povo voltasse para o Seu Único Deus, o Senhor Deus de Israel.

 

1.   Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do seu furor.

2. Ele me levou e me fez andar em trevas e não na luz.

3. Deveras se tornou contra mim; virou contra mim de contínuo, a mão todo o dia.
4. Fez envelhecer a minha carne e a minha pele, quebrantou os meus ossos.

5. Edificou contra mim e me cercou de fel e trabalho.

6. Assentou-me em lugares tenebrosos, como os que estavam mortos há muito.

7. Circunvalou-me, e não posso sair; agravou os meus grilhões.

8. Ainda quando clamo e grito, ele exclui a minha oração.

9. Circunvalou os meus caminhos com pedras lavradas, fez tortuosas as minhas veredas.

10. Fez-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.

11. Desviou os meus caminhos e fez-me em pedaços; deixou-me assolado.

12. Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.

13. Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.

14. Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo e a sua canção todo o dia.

15. Fartou-me de amarguras, saciou-me de absinto.

16. Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes; cobriu-me de cinza.

17. E afastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem.

18. Então, disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor.

19. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do fel.

20. Minha alma, certamente, se lembra e se abate dentro de mim.

21. Disso me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança.

22. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim.

23. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.

24. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.

25. Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca.

26. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.

27. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade;

28.    assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.
29. Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança.

30. Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta.

31. Porque o Senhor não rejeitará para sempre.

32. Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias.

33. Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.

34. Pisar debaixo dos pés todos os presos da terra,

35. perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,

36. subverter o homem no seu pleito, não o veria o Senhor?

37. Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?

38. Porventura da boca do Altíssimo não sai o mal e o bem?

39. De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.

40. Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos para o Senhor.

41. Levantemos o coração juntamente com as mãos para Deus nos céus, dizendo:

42. Nós prevaricamos e fomos rebeldes; por isso, tu não perdoaste.

43. Cobriste-nos de ira e nos perseguiste; mataste, não perdoaste.

44. Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.

45. Como cisco e rejeitamento, nos puseste no meio dos povos.

46. Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.

47. Temor e cova vieram sobre nós, assolação e quebrantamento.

48. Torrentes de águas derramaram os meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo.

49. Os meus olhos choram e não cessam, porque não há descanso,

50. até que o Senhor atente e veja desde os céus.

51. O meu olho move a minha alma, por causa de todas as filhas da minha cidade.

52. Como ave, me caçaram os que são meus inimigos sem causa.

53. Arrancaram a minha vida na cova e lançaram pedras sobre mim.

54. Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.

55. Invoquei o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova.

56. Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor.

57. Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.

58. Pleiteaste, Senhor, os pleitos da minha alma, remiste a minha vida.

59. Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa.
60. Viste toda a sua vingança, todos os seus pensamentos contra mim.

61. Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus pensamentos contra mim;

62. os lábios dos que se levantam contra mim e as suas imaginações contra mim todo o dia.

63. Observa-os ao se assentarem e ao se levantarem; eu sou a sua canção.

64. Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.

65. Tu lhes darás ânsia de coração, maldição tua sobre eles.

66. Na tua ira, os perseguirás, e eles serão desfeitos debaixo dos céus do Senhor.


Sete exemplos na Bíblia de lamentações, sofrimentos e perseverança. Perseverança é não desistir.

 

A Bíblia não promete uma vida de sucessos instantâneos. Muitas vezes, o caminho para alcançar a vitória é longo e difícil, mas Jesus nos ajuda a continuar fielmente. E temos esta promessa: quem persevera receberá a recompensa que Deus tem preparado. Veja como essas sete pessoas na Bíblia perseveraram e venceram:

 

1. Josué.

Josué nasceu como escravo no Egito, junto com o resto dos israelitas. Ele somente viu a libertação de seu povo, debaixo da liderança de Moisés, quando tinha 40 anos! Depois disso, Josué ainda teve de esperar outros 40 anos até entrar na terra prometida, por causa do pecado dos outros israelitas. Mas, durante todo o tempo que esteve no Egito, e depois no deserto, Josué não desistiu de seguir a Deus.

Diante dos desafios que enfrentaram, muitos outros israelitas perderam a esperança e se voltaram para a idolatria. Eles tinham visto o poder e as maravilhas de Deus mas não tinham perseverança. Por isso, não receberam sua herança. Josué foi diferente. Ele viu tudo e decidiu pôr toda sua confiança em Deus (Josué 1:6-7). A espera foi longa e difícil mas, no fim, ele liderou Israel na conquista da terra prometida. Josué perseverou e recebeu sua herança prometida.

 

2. Ana.

Ana era estéril mas queria muito ter um filho. Ano após ano ela orava por um filho, com grande tristeza, mas sem nenhuma resposta. Mesmo assim, Ana não abandonou sua fé nem rejeitou a Deus. Ela continuou pedindo, pondo toda sua confiança em Deus.

Um dia Ana estava orando no templo e prometeu que, se tivesse um filho, iria ser dedicado a Deus (1 Samuel 1:9-11). O sacerdote lhe disse que ela iria receber o que tinha pedido e ela voltou para casa e engravidou. Seu filho Samuel cresceu no templo e se tornou um grande profeta em Israel. Deus abençoou Ana por sua perseverança e fidelidade e lhe deu ainda outros cinco filhos! Quem persevera pode receber muito mais do que espera.

 

3. Jó.

O próprio Deus chamou Jó de irrepreensível! Ele servia a Deus de coração, nos bons e nos maus momentos. Jó foi muito abençoado por sua fidelidade e tinha tudo de bom: riquezas, família e saúde. Mas um dia ele perdeu tudo. Seus filhos morreram, seus bens foram roubados e Jó ficou muito doente. Mesmo assim, Jó perseverou.

No seu sofrimento, Jó questionou muitas coisas, como a razão de viver e as ações de Deus, mas ele não parou de crer em Deus e de pôr sua confiança nele. Por isso, Jó é mencionado como um grande exemplo de perseverança no sofrimento na Bíblia (Tiago 5:10-11). Jó perseverou em sua fé e Deus restaurou sua saúde, lhe deu ainda mais riqueza e o abençoou com muitos descendentes.

 

4. Jeremias.

Poucos profetas sofreram tanto como Jeremias. Por pregar fielmente a mensagem de Deus, ele foi considerado um traidor, desprezado, espancado, preso, dentre tantas outras maldades que sofreu. Tudo pelo seu próprio povo! E, por fim, ele viu a destruição que tinha profetizado, quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém. Mas, em meio a tudo isso, Jeremias não parou de obedecer a Deus.

Perseverança não significa estar sempre feliz. Jeremias passou por uma depressão e até quis morrer! Mas, por causa da perseverança, ele aguentou e superou todas as dificuldades (Jeremias 1:17-19). Jeremias não desistiu e seu legado foi um livro inteiro da Bíblia.

 

5. Neemias.

Neemias aceitou um grande desafio: reconstruir os muros de Jerusalém. A cidade tinha sido destruída anos antes por Nabucodonosor, sua terra agora estava subjugada a um império, seu povo estava desanimado e sem dinheiro e seus inimigos não queriam ver a construção acontecer. Mas Deus tinha colocado esse propósito no coração de Neemias e ele não desistiu.

Durante a construção, Neemias recebeu ameaças de morte e ainda teve de resolver conflitos e injustiças entre os judeus que estavam restaurando os muros. Ele até foi aconselhado a fugir, para se salvar! Mas, diante de toda a pressão, Neemias perseverou. Graças à sua liderança, os muros da cidade foram reconstruídos e os judeus começaram a restaurar Jerusalém com novo ânimo. (Neemias 6:15-16).

 

6. Paulo.

Paulo teve muito sucesso enquanto missionário, mas também passou por muito sofrimento. Em todo lugar onde pregava, Paulo fazia inimigos. Ele saiu correndo para fora de muitas cidades, atacado, preso, acusado de ser falso e até sofreu tentativas de assassinato! Além disso, suas viagens eram perigosas e ele naufragou três vezes. (2 Coríntios 11:24-27).

Muitas pessoas acham que a pregação do evangelho não vale tanto sofrimento. Mas Paulo amava Jesus e amava seu próximo tanto que não desanimava diante dos problemas. Seu amor o ajudava a perseverar. E os resultados foram incríveis! Paulo fundou muitas igrejas entre vários povos e escreveu metade dos livros do Novo Testamento. Ainda hoje a perseverança de Paulo abençoa muitas pessoas.

 

7. Jesus.

Jesus é nosso maior exemplo de perseverança. A Bíblia diz que ele foi tentado de todas as maneiras e passou por muitos sofrimentos enquanto esteve aqui na terra (Hebreus 2:17-18). Ele foi rejeitado por aqueles a quem veio salvar e enfrentou muita oposição, apesar de ser o filho de Deus. Mas Jesus não desistiu de nós.

Por amor ao Pai e a nós, Jesus perseverou até ao fim. Ele passou pela pior humilhação e tortura, a morte na cruz, sem pecar. Por causa de sua perseverança, todos nós podemos ter acesso a Deus e à salvação! E Deus Pai exaltou Jesus sobre todas as coisas.

Quando você está desanimado e parece que a bênção está demorando muito, não desista. Persevere até ao fim e você terá a vitória em Jesus.

 

Hoje é dia de lamentações enquanto não chega o dia do arrebatamento da igreja.

 

O que aconteceu nas palavras proféticas do profeta Joel e no tempo dele são um retrato daquilo que estamos vivendo hoje. Os tiranos que dominam diversas nações nos dias atuais estão fazendo um verdadeiro extermínio de Cristão na face da terra.

O dia da vingança do Senhor se aproxima e será um dia difícil, de lamentação, assolação.

No tempo do profeta Joel o mantimento daquele povo estava sendo destruído diante de seus olhos. É o retrato dos dias de hoje. Comparem como estava naquele tempo e como está nos dias atuais.

Muitos, provavelmente apenas choravam e viam a destruição e não se lembravam nem de onde vinham. A memória de seu Deus já estava apagada. A alegria tinha se ido embora junto com as sementes que se destruíam antes de brotarem. Morriam antes que lhes pudesse nascer os brotos e folhas. Era o tempo de sequidão e estio.

Os animais nos campos passam fome, pois o capim se acabou, a mortandade chega ao gado também e outros animais. O fogo dilacerou o pasto e suas árvores, nada ficou de pé para ser aproveitado. Este estava sendo realmente um tempo escuro e sem esperança como nos dias atuais.

Quando observamos o antigo testamento não tem como não compará-lo com os dias atuais. O profeta continua clamando e chamando o povo arrependimento, mas poucos ouvem. Queremos a teologia da prosperidade, queremos o ganho fácil e rápido, não lembramos mais da aliança feita com Deus quando o encontramos. Queremos a pregação mastigada ao invés de debruçarmos sobre a Bíblia e pedir a Deus que nos ensine os seus caminhos. Não contamos mais aos nossos filhos que todo e qualquer pecado entristece o coração de Deus e a consequência virá. Apenas damos ordens a Deus quando gritamos à congregação que determine sua vitória.

Chegou o tempo das chuvas invasoras e destruidoras, por outro lado a seca castiga, a violência tem chegado até nós, e o que estamos fazendo, alguns se embriagando com desculpas de que nada mais vai adiantar e que Deus se esqueceu do seu povo, outros se divertem com a situação e riem dos fiéis, pois não sabem ou fingem não saber que o tempo do fim chegou, que o dia de hoje acabará pior do que o de ontem, outros nem sabem em que tempo estamos vivendo. Mas o dia do Senhor chegará para todos, não importando o que você esteja fazendo.

Gritamos por todos os canais, por todas as mídias sociais que a violência aumentou, que é organizada e que crime é organizado, a destruição parece organizada, só parece, mas o que não percebem é que o mundo jaz no maligno e está dominado por Satanás.

Tem ares de organizado, mas são ordens satânicas que seguem. Deixamos as ordens divinas de lado. Deus conhece o poder da disciplina com vara, ele corrige porque quer ver seu povo voltando a ter aliança com Ele.

Mas estamos bêbados em nossos pecados, não conseguimos ver nada, cegamos nosso entendimento. Não queremos concertar, pois leva tempo e esforço. Somos como a geração de Joel, clamamos, mas a pessoas erradas que não podem socorrer a ninguém.

Assim como no tempo do profeta Joel ainda há tempo para arrependimento e é isso que Deus hoje em Cristo espera que façamos. Deus quer de nós o arrependimento e que voltemos ao primeiro amor. Voltemos atrás na decisão de não O obedecer para que Ele também volte atrás em nos castigar. “Todavia ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal”. (Joel 2:2-14)

Não são santos que nos conduzirão ao arrependimento, não são pessoas mortas que mesmo depois de mortas seus nomes são usados por demônios para realizar falsos milagres que nos conduzirá a verdade de Deus.

Precisamos rasgar o nosso coração. Precisamos enxergar a nossa miséria espiritual e pedirmos a Deus em Cristo que nos conduza a uma vida de santidade.

Estamos no vale da decisão, ou decidimos obedecer a Palavra de Deus, ou iremos, na indecisão, gradativamente experimentando o peso do julgamento divino sem nos despertar. O Espírito Santo está aqui para nos ensinar como nos arrependermos dos maus caminhos e do caminho largo, mas não queremos deixá-lo entrar em nossos pois as mudanças tão necessárias terão que surgir de dentro de nós, de dentro de nossos corações.

Mas devemos trazer a memória que nada ficará impune. Deus é justo e fiel. Enquanto tantos preferem servir a satanás e a suas bandejas, Deus nos olha com olhar de pena e deseja nos resgatar. O resgate só é feito através de seu filho Jesus para nós hoje. E estamos o desprezando por deuses estranhos que não tem nenhum valor.

Jesus morreu e ressuscitou para nos salvar. Onde estão estes deuses vendo tanta destruição e nada fazem. Deus enviou seu filho a morrer por nós. E os outros deuses onde está cadê o sacrifício que fizeram por nós? Só Jesus é o Caminho, a Verdade e a vida.

A palavra do profeta Joel continua batendo forte e clamando: “Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo. Chorem os sacerdotes, chorem os ministros do altar, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” (Joel 2:16-17).

Breve Jesus virá.

Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

AS CONSEQUÊNCIAS DAS ATITUDES DE ESAÚ E JACÓ

AS CONSEQUÊNCIAS DAS ATITUDES DE ESAÚ E JACÓ. 

 

A falta de vigilância de Jacó e a total desobediência de Esaú. Cada um sofreu as consequências devidas por não ter temor e dignidade diante de Deus. Jacó foi totalmente liberto para ter temor de Deus e servir ao Senhor depois de lutar com o anjo de Deus no vau de Jaboque. Gn.32.22-30.

 

Quanto a Esaú, continuou seu mau intento de desprezar a Deus e a família de seus pais até o fim de sua vida.

As referências bíblicas sobre Esaú e Jacó no livro de Gênesis nos revelam que o ser humano é tão fraco à ponto de querer fazer justiça com as próprias mãos até contra seus parentes mais próximos.

Esaú estava convicto de que a venda da sua primogenitura não seria levada em conta, não seria levada a sério por Jacó.

 

O que ele não contava era com a astúcia do irmão, que foi ajudado pela mãe, com a permissão de Deus para cumprir os desígnios do próprio Deus na vida e na posteridade de Jacó.

Esaú agradou ao seu pai até certo ponto, dali por diante ele passou a ser hostil aos seus pais e fazia tudo o que desagradava ao Senhor.

Não podemos viver confiados nas recompensas humanas que supostamente são garantidas por meio de agrados pessoais.

O que é perdido nem sempre será recuperado. O que é vendido, ou voluntariamente renunciado, dificilmente será retomado. Em alguns casos, será impossível, ainda que se peça restituição.

Não podemos trocar nossos valores espirituais pelas coisas do mundo, imaginando que um dia possamos recuperá-los. Esaú não conseguiu.

 

Creio que o grande problema daquele filho foi não ter procurado o pai para colocá-lo a par da situação e consertar tudo em tempo hábil.

Deixou o mal em segredo até o dia do pronunciamento da bênção. Era tarde demais para ele. Seja qual for a sua situação, fale hoje mesmo com o Pai celestial. Não deixe para o dia do juízo, pois será muito tarde.

 

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar. Invocai-o enquanto está perto”. (Is.55.6).

 

Esaú foi o filho primogênito de Isaque e Rebeca, e irmão gêmeo de Jacó. É importante entender quem foi Esaú para que possamos compreender uma parte fundamental da origem do povo de Israel.

Não é possível afirmar com exatidão o significado do nome Esaú. A Bíblia diz que na ocasião de seu nascimento foi lhe dado esse nome por conta de seu corpo peludo: “E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pelo; por isso chamaram o seu nome Esaú”. (Gn25:25).

Assim, é possível que esse nome esteja relacionado a essa sua característica, porém a conexão entre as palavras se’ar, “peludo”, e ‘esaw, “Esaú”, não é clara. Alguns eruditos estendem esse significado no sentido de expressar uma implicação relacionada à “natureza animalesca”. Ele aparece na Bíblia pela primeira vez no capítulo 25 do livro de Gênesis, onde é descrita a genealogia de Isaque.

 

O nascimento de Esaú.

Rebeca era estéril, mas num determinado momento Deus lhe abriu a madre e ela engravidou de gêmeos.

Os gêmeos Esaú e Jacó lutavam dentro de seu ventre. A expressão original no hebraico em Gênesis diz literalmente que eles esmagavam um ao outro.

Devido a isso, Rebeca orou a Deus perguntando o porquê de estar ocorrendo aquilo em seu ventre.

Deus então lhe respondeu que ela estava carregando duas nações, e lhe falou, inclusive, sobre as implicações históricas do nascimento de seus filhos, deixando claro que o mais velho serviria o mais jovem. (Gn 25:23-26).

Quando se deu a ocasião do nascimento dos meninos, o primeiro a nascer foi Esaú, porém Jacó estava agarrado em seu calcanhar. (Gn 25:24-26).

 

Esaú era o preferido de Isaque.

Esaú era o filho preferido de Isaque. Ele era um habilidoso caçador, que vivia percorrendo os campos. Sua personalidade contrasta drasticamente com seu irmão Jacó, já que esse é descrito como alguém calmo e que vivia entre as tendas.

A Bíblia diz que Isaque gostava muito de comer das caças que seu filho lhe trazia. Talvez pelo favoritismo do pai por um dos filhos, e a brecha que tal comportamento causava no convívio familiar, Rebeca, a mãe, amava mais a Jacó. (Gn 25:28-30).

 

Esaú vende o direito de primogenitura.

A Bíblia descreve que Esaú havia chegado do campo exausto e com muita fome, e Jacó tinha preparado um guisado, um ensopado vermelho. A expressão hebraica para descrever esse ensopado, ha’adom, é literalmente “matéria vermelha”. Nesse contexto, o nome Edom, que caracterizaria os descendentes de Esaú, derivou do hebraico ‘adom, “ser vermelho”.

Quando Esaú pediu para comer do guisado, seu irmão explorou sua miséria e lhe propôs a venda de sua primogenitura. 

 

O primogênito detinha a posição de honra dentro da unidade familiar, desfrutando de um status privilegiado e assumindo a responsabilidade de ser o protetor e líder da família. O primogênito tinha direito a receber uma porção dobrada da herança paterna.

Além de todos esses aspectos, por se tratar da família de Abraão, devemos nos lembrar de que ali também havia a questão da herança do pacto abraâmico. Ao desprezar sua primogenitura, Esaú também mostrou desprezo pelas bênçãos da Aliança e pelas promessas de Deus.

 

Esaú e a benção de Isaque. Esaú novamente não atenta para o que de melhor Deus tinha para ele que era a bênção patriarcal através de Isaque seu pai.

Na ocasião em que Isaque iria dar sua benção, Rebeca agiu com muita astucia e arquitetou um plano para que Jacó recebesse tal benção no lugar do seu irmão. (Gn 27:1-10). Quando Esaú voltou do campo e trouxe a seu pai um prato feito com sua caça que tanto lhe agradava, Isaque percebeu que havia sido enganado, e lhe contou que ele acabara de perder sua benção pois Jacó o enganou. Isaque estava cego e não viu que que Jacó se passava por Esaú.

Esaú ficou profundamente entristecido com o que houve, implorou ao pai que lhe desse uma benção e culpou Jacó por toda aquela situação. (Gn 27:34,36). Todavia já era tarde demais, a benção que foi dada a Jacó não poderia ser revertida.

 

O escritor do livro de Hebreus depois enfatizou que Esaú foi incapaz de se arrepender verdadeiramente por ter brincado com as coisas de Deus. O direito de primogenitura e o direito de receber as bênçãos de Deus, através de Isaque seu pai, foram ignorados por Esaú que não deu o devido valor para com os planos de Deus. (Hb 12:16,17). Esaú também prometeu matar seu irmão Jacó. (Gn 27:41).

Esaú se casou com duas esposas hetéias, e isso desagradou seus pais. Depois ainda casou com mais duas esposas fora da linhagem de sua família, conforme registo ele tentou amenizar essa situação casando-se com uma descendente de Ismael na terra de Seir. (Gn 28:6,9). Gn.36.5,14,18; 1 Cr.1.35.

 

Nessa mesma região Esaú fixou residência. (Gn 36:8).

 

Esaú reencontra Jacó

Anos mais tarde, quando Jacó retornou da Mesopotâmia, os irmãos se reencontraram numa cena comovente. Jacó temia pelo momento do reencontro, e por isso pediu a Deus que aplacasse a ira de Esaú.

No momento do encontro, Esaú estava liderando 400 homens armados, mas Deus agiu na vida dele mudando totalmente os seus planos e ele demonstrou afeto e misericórdia abraçando e perdoando seu irmão Jacó. (Gn 33:3-21). Apesar de Esaú ter sido cordial, Jacó ainda desconfiava da genuinidade de seu perdão, mas, de fato, Esaú não desejava mais se vingar. Os irmãos se encontraram mais uma vez por ocasião do sepultamento de Isaque. (Gn 35:29).

 

Os descendentes de Esaú.

Os descendentes de Esaú foram os Edomitas. Se os ânimos tinham se acalmado entre Esaú e Jacó, o mesmo não pode ser dito de seus descendentes. O povo de Israel e o povo de Edom sempre estiveram travando intensas disputas e batalhas. (Nm 20:18-21; 1Rs 11:14s; Sl 137:7).

Ambos os povos se odiaram e se desprezaram mutuamente, numa continua luta fratricida. O auge dessa tensão ocorreu entre o reinado de Davi e estendeu-se até o período posterior ao cativeiro babilônico.

Nada se sabe sobre o restante da vida de Esaú.

Posteriormente seu nome é mencionado em Deuteronômio (2:3-29), no livro de Josué. (Js 24:4), em uma lista genealógica (1 Cr 1:34,35).

Também aparece nos livros dos profetas Jeremias, Obadias e Malaquias. (Jr 49:7-10; Ob. 1:6-21; Ml 1:2,3).

 

No Novo Testamento, Esaú aparece na exposição sobre o profundo significado teológico de sua rejeição dos planos de Deus e da eleição de Jacó pela soberana escolha e vontade de Deus, justamente porque Jacó buscou ter intimidade com Deus.  (Rm 9; Hb 12:16s).

 

Quem Foi Jacó na Bíblia? A História de Jacó.

Jacó foi o filho gêmeo mais novo de Isaque e Rebeca. Ele é um dos três principais patriarcas do povo judeu, ao lado de seu pai, Isaque, e seu avô, Abraão. Certamente a história de Jacó é uma das mais conhecidas da Bíblia. A descendência de Jacó deu origem às doze tribos de Israel.

 

O significado do nome Jacó.

A Bíblia conta que Jacó nasceu agarrado ao calcanhar (hebraico ‘aqeb) de seu irmão gêmeo mais velho, Esaú. Daí, o nome “Jacó” vem do hebraico ya’aqob e significa “ele agarrava” ou “ele agarra”. Devido a esse episódio e uma variação do substantivo hebraico que significa calcanhar, o nome Jacó é geralmente traduzido por “apanhador de calcanhar” ou “suplantador”, que é derivado de “dominar” ou “segurar pelo calcanhar”.

Acredita-se que em hebraico o nome de Jacó tenha sido uma abreviação intencional do nome “ya’aqob-il” e significa “Deus proteja”.

 

Sobre Jacó. O nascimento de Jacó.

O nascimento de Jacó está registrado em Gênesis 25:21-28. Sua mãe, Rebeca, assim como sua avó, Sara, era estéril e esperou por filhos durante vinte anos. Seu esposo, Isaque, intercedeu ao Senhor em favor dela. Então Deus ouviu suas orações e abriu a madre de Rebeca, e ela gerou os gêmeos Esaú e Jacó.

Não se sabe ao certo a data exata em que Jacó viveu. Alguns estudos sobre essas datas estipulam que Abraão tenha vivido entre 2000 e 1900 a.C. Se isto estiver correto, então Jacó viveu em aproximadamente 1800 a.C.

 

Jacó, o herdeiro da promessa.

Deus havia prometido a Abraão que através de seu filho, Isaque, faria dele uma grande nação. Apesar das dificuldades que Isaque e Rebeca enfrentaram em relação à gravidez, a promessa de Deus não seria frustrada. No tempo certo o casal teve filhos.

Com o nascimento dos filhos de Isaque, a promessa de Deus estava sendo renovada. Esaú era o primogênito dos gêmeos, então naturalmente era de se esperar que ele fosse o herdeiro da promessa de Deus aos seus pais. Mas antes mesmo do nascimento de Esaú e Jacó, Deus, pela sua soberana e infalível vontade, já havia determinado que Jacó herdaria a promessa.

E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.
(Gênesis 25:23).

 

Jacó, a primogenitura, e a benção de Isaque.

No Oriente Antigo Próximo, o filho primogênito geralmente herdava no mínimo o dobro das posses do pai em relação aos outros irmãos. Além disso, ele também recebia uma série de privilégios, dentre os quais a posição de chefe social e religioso da família.

Aproveitando-se da fome de seu irmão Esaú que havia acabado de retornar do campo, Jacó comprou de Esaú o direito de primogenitura, e insistiu em um juramento considerado irrevogável. Descobertas arqueológicas confirmam que naquela época na Mesopotâmia o direito de primogenitura podia ser negociado.

Não se sabe se no caso de Esaú e Jacó houve algum tipo de burocracia para que tal negociação fosse registrada oficialmente. Porém a Bíblia cita que foi feito um juramento. Em muitos casos, juramentos como esse era válido perante um tribunal da lei.

Isaque, já idoso, comunicou que transmitiria sua benção patriarcal. Então ele pediu que Esaú preparasse para ele o seu prato favorito (Gênesis 27:1-46). Sabendo disso, Rebeca instruiu a Jacó sobre como ele deveria proceder para tomar aquela benção para si mesmo.

Se aproveitando da cegueira do pai, Jacó se passou por seu irmão Esaú e foi abençoado por Isaque. Quando Isaque e Esaú descobriram o que havia ocorrido, nada mais poderia ser feito. A benção sobre a vida de Jacó era irrevogável. (Gênesis 27:37,38).

 

O problema com Esaú e o casamento de Jacó.

Esaú ficou enfurecido quando descobriu que tinha sido superado por Jacó. Então para fugir da ira de seu irmão, Jacó partiu para casa de seus parentes em Harã. Em sua viajem Jacó teve uma visão noturna. Nessa visão Deus lhe confirmou a promessa feita a Abraão e lhe deu garantia de que o protegeria. (Gênesis 28).

Chegando a Harã, Jacó conheceu a sua prima Raquel, filha de seu tio Labão, que era irmão de Rebeca. Jacó desejou casar-se com Raquel e fez um acordo com Labão para que, ao fim de um período de sete anos de trabalho, pudesse tomar Raquel por esposa.

O casamento ocorreu, mas Labão enganou Jacó. Recorrendo a um possível costume da região, Labão concedeu a Jacó sua filha mais velha, Lia (ou Léia), como esposa. Jacó então fez outro acordo com Labão para que, finalmente, pudesse se casar com Raquel. Nesse novo acordo mais sete anos de trabalho foi exigido de Jacó.

 

Os filhos de Jacó

Enquanto ainda estava morando com seu sogro Labão, Jacó teve onze filhos e uma filha. Esses filhos foram gerados por suas duas esposas e as servas delas.

Lia era mãe de Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom e Diná. De Zilpa, criada de Lia, Jacó foi pai de Gade e Aser. Da criada de Raquel, Bila, nasceram Dã e Naftali. Após Deus abrir a madre de Raquel, Jacó foi pai de José e Benjamim. Esse último nasceu já em Canaã.

 

Jacó tem seu nome mudado para Israel.

Após longos anos trabalhando para seu sogro e fazendo seu rebanho prosperar, Jacó resolveu partir e retornar a Palestina. Labão não queria que Jacó partisse e lhe propôs um acordo para sua permanência. Na tentativa de obter vantagem sobre Jacó, Labão mudou o acordo várias vezes, até que Jacó conseguiu fugir.

Quando soube da fuga de Jacó, Labão ainda o perseguiu. Mas após uma longa conversa ao se encontrarem, ambos fizeram uma aliança e Jacó finalmente viajou em direção ao sul. No caminho, Jacó encontrou um grupo de anjos, o que lhe assegurava que Deus o estava protegendo. (Gênesis 32:1,2).

Quando estava indo em direção ao encontro de seu irmão Esaú, passando pelo riacho de Jaboque ou vau de Jaboque, Jacó encontrou-se com “um varão”, e lutou com ele durante toda noite. Ao romper do dia, o homem deslocou a coxa de Jacó, mas ainda assim Jacó conseguiu ser abençoado. Tal benção mudou seu nome de Jacó para Israel, que significa “o que luta com Deus”. Obviamente aquele foi um encontro Divino. (Gênesis 32:24-30). Mais tarde novamente Deus apareceu para Jacó e reafirmou a mudança de seu nome. (Gênesis 35:9-15).

 

A luta do patriarca Jacó com o Anjo do Senhor ocorreu na região do vau de Jaboque (local em um rio, cuja profundidade permite a passagem a pé).

A nascente do rio Jaboque está localizada ao sul de Gileade, região montanhosa que atualmente faz parte da Jordânia.

O Jaboque é um afluente do rio Jordão e desemboca neste, entre o mar da Galileia e o mar Morto. Seu curso tem aproximadamente 130 quilômetros.

O texto do livro de Gênesis 32:22-30, relata a luta dramática de Jacó com o Anjo, que levaria ao surgimento do povo de Israel, bem como ao aparecimento do Messias e sua consequente obra salvadora que alcançou toda a humanidade.

Logo depois do ocorrido no riacho de Jaboque, Jacó conseguiu encontrar-se com Esaú. Apesar do clima tenso que antecedeu aquele momento, o encontro dos dois irmão foi de grande ternura e compaixão entre ambos.

 

O final da vida de Jacó.

Jacó passou a residir mais uma vez na Palestina. Já seu irmão Esaú foi a Seir, e lá formou uma nação. (Gênesis 33:16). Os anos seguintes não foram fáceis para Jacó. Seus filhos Simeão e Levi tiveram sério conflitos com os filhos de Hamor por conta do problema com Diná que havia sido estuprada por um dos filhos de Hamor. (Gênesis 34).

Também, a ama de Raquel, Débora, que era importante para a família, morreu. Depois, sua tão amada esposa Raquel morreu no parto de seu filho Benjamin. Seu outro filho Rúben, deitou-se com Bila, sua concubina. Por fim, José, seu filho predileto, foi afastado dele, sendo vendido para os mercadores egípcios ou Ismaelitas que passavam por lá em suas caravanas mercantis.

Quando já estava bem idoso, por conta da fome que assolava a região em que vivia, Jacó enviou seus filhos ao Egito atrás de alimentos e precisou se exilar no Egito quando José, seu filho havia se transformado em governador do Egito por providências de Deus e lá ele teve a grande alegria de reencontrar seu filho José. No Egito ele foi muito bem recebido.

Antes de morrer, já com a idade de 147 anos (Gênesis 47:28), Jacó abençoou os filhos de José: Efraim e Manassés (Gênesis 48:8-20).

O patriarca também abençoou seus próprios filhos, formando as doze tribos de Israel (Gênesis 49:1-33). Jacó faleceu e foi enterrado em Macpela, perto de Hebrom, no tumulo da família juntamente com Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia.

 

Jacó no Novo Testamento.

Jacó é citado nas genealogias presentes nos Evangelhos de Mateus e Lucas (Mateus 1:2; Lucas 3:34). Frequentemente ele é mencionado na conjunção “Abrão, Isaque e Jacó”, como parte do trio de patriarcas notáveis do povo de Israel. (Mateus 8:11; Lucas 13:28).

O próprio Jesus fez uma citação de Êxodo 3:6, onde é declarado: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”. (Mateus 22:32; Marcos 12:26; Lucas 20:37). Essa mesma expressão também aparece em Atos dos Apóstolos. (Atos 7:32). Estêvão também mencionou Jacó em seu sermão. (Atos 7:12-46).

O apóstolo Paulo refere-se a Jacó por duas vezes (Romanos 9:11-13; 11:26). Por fim, na Epístola aos Hebreus Jacó aparece na Galeria dos Heróis da Fé. (Hebreus 11:9,20).

 

A sequência da família de Abraão e Sara.

O que chama atenção de início na história de vida de Isaque, Jacó e Esaú (bem como em toda a bíblia) é a característica e a personalidade de cada um deles. Os judeus acreditavam (e acreditam) que cada nome tem um significado, e o significado dos nomes apontava para a personalidade e característica de quem o possuía. No caso de Jacó seu nome realmente expressava sua personalidade e o seu caráter.

Aqui, eu abro um parênteses devido a uma controvérsia em torno do significado do nome Jacó. Muitos significados tem sido sugerido para esse nome: Usurpador, Suplantador, Enganador, “Aquele que segura o calcanhar”, etc. O significado mais comum e conhecido é o de “Enganador”.

Sem entrar no mérito da questão do significado, a questão é que Jacó quando jovem tinha um caráter duvidoso; na verdade, creio eu, que todos estes significados acima cabe muito bem a Jacó; de fato ele era tudo isto, tinha um grande diferencial do seu irmão gêmeo Esaú que era o temor de Deus e a obediência e honra a seus pais.

1.  O primeiro incidente envolvendo o caráter de Jacó foi ainda dentro da barriga de sua mãe. Diz a bíblia que os meninos lutavam dentro do ventre, e que ao nascer Esaú, Jacó veio “grudado, agarrado” com a sua mão no calcanhar do irmão, como que querendo impedi-lo de nascer primeiro (Suplantador). O Senhor relata a Rebeca que proveniente de seu ventre nasceriam duas grandes nações (Gn 25.21-26).

É sabido que o filho mais velho (via de Regra) herdava o direito de primogenitura, que incluía: As responsabilidades pelo sustento e manutenção da casa e da família na ausência do Patriarca da família. O primogênito herdava não só as responsabilidades, mas as posses, os bens. E, por ser quem se tornaria o “chefe” da família, o filho mais velho tinha direito a porções dobradas de alimentos e cuidados, e ao final da vida do patriarca, ele receberia deste a invocação das bençãos de Deus. Em se tratando de descendentes de Abraão, os primogênitos, receberiam diretamente as bênçãos ministradas por Deus ao patriarca Abraão. (Gn 12.2,3 e 26.24).

2. O segundo episódio envolvendo a personalidade e o caráter de Jacó foi quando ele, se aproveitando de um momento de fraqueza do seu irmão, “comprou” dele o direito de primogenitura (Usurpador), tendo lhe “vendido” um guisado de lentilhas (Gn 25.29-34). (Apesar de Esaú ter desprezado o direito de primogenitura e, por conseguinte ao Senhor, os fins não justificavam os meios no caso de Jacó).

3. O terceiro episódio e que fora a gota d’água para Esaú, foi quando Jacó, em conluio com sua mãe Rebeca, arquitetaram um plano para enganar Isaque, seu pai, que a esta altura do campeonato estava velho e já não conseguia enxergar, estava totalmente cego. (Gn 27.1). Passando-se por Esaú, Jacó (Enganador), recebe sobre sua vida, todo o direito e todas as bênçãos que “eram” de Esaú. (Gn 27.2-29).

Como vimos anteriormente, os fins não justificam os meio; embora o Senhor já havia predito que o maior serviria o menor (Gn 25.23/ Rm 9.12), em nenhum momento Deus isentou Jacó das consequências de seus atos, pois “o que o homem plantar, isto também ceifará”. (Gl 6.7). Ainda que Deus para, no final, cumprir todos os seus objetivos de obediência à Ele permitiu estes lapsos na vida de Jacó. Lembrando que o temor à Deus é inegociável,(Jó 42.2), e Jacó, mesmo quando errou continuou sendo temente a Deus. 

A revolta e amargura de Esaú foram tão grandes que ele soltou um berro e começou a chorar com grande lamento. (Versículo 34,38). No calor e no furor de seus sentimentos decide e jura matar seu irmão (Versículo 41). Jacó, ajudado e incentivado por Rebeca sua mãe, por seus atos conseguiu desestabilizar e desestruturar toda a sua família e a casa de seu pai.

Tal era o caráter de Jacó. Tal foi a consequência de seus atos inconsequentes.

Aconselhado por seu pai e sua mãe, Jacó foge para longe, para a terra dos parentes de sua mãe. Uma vez estabelecido na casa de seu tio Labão, Jacó começa enfim a sofrer as consequências de suas atitudes. (Gálatas 6.7). É enganado, ludibriado e explorado pelo próprio tio; até que Deus começa aos poucos a se revelar e a tratar Jacó.

Mesmo sendo explorado, Deus começa a abençoar Jacó que vai juntando alguns bens. Passado 20 anos servindo seu tio, Deus manda Jacó voltar à casa de seus pais. E ele sabia muito bem o que significava voltar para casa, o que o aguardava era a promessa e o juramento de Esaú: Morte.

Ao passar o vau de Jaboque, o “suplantador/trapaceiro/enganador seria confrontado literalmente, quando lutou com um anjo prevaleceu, porém não voltaria para casa da mesma maneira. Era necessário ser transformado; era necessário deixar o velho caráter para trás. Além disto, temia, e muito, encontrar Esaú. (Gn 32.7). Por isso, Jacó envia presentes para seu irmão antes de encontrá-lo. Quem poderia aplacar a ira de Esaú, senão o Senhor? Jacó bem sabia disto. (Gênesis 32.9-12).

Naquela madrugada (Gênesis 32.22) Jacó não dorme de tanta ansiedade e aflição. E ao se encontrar com aquele homem, Anjo, no vau de Jaboque, reconhecendo set Ele o próprio Deus  não perde a oportunidade e diz que não o deixaria ir embora, ao amanhecer, até que o abençoasse.

A Bíblia não relata explicitamente, mas, podemos compreender que Deus deixa-se vencer. Ta aí algo, “disse” Deus, pelo qual valeria à pena deixar-se ser vencido. Pela transformação do caráter, pelo perdão, pela mudança de vida.  E isto é um “segredo” divino. Se a causa for tão nobre como a transformação de uma vida ou como o perdão, vale a pena deixar-se ser vencido pela causa, o efeito é vida eterna.

Ao ter certeza da resposta positiva de sua petição, a reconciliação e o perdão de Esaú, Jacó sai transformado e declara com seus próprios lábios: “Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva”. (verso 30).

Jacó já  não seria conhecido mais como enganador e trapaceiro, mas Israel, que significa Príncipe de Deus. Ao encontrar-se com o irmão, temos um grande exemplo, uma grande lição: O perdão.

Esaú não só perdoou em seu coração, mas, ajoelhou, abraçou, beijou e chorou ao encontrar o irmão, agora Israel, o príncipe de Deus .

Devemos todos nós, tomar o exemplo de Jacó, em deixar-se ser tratado por Deus. E Esaú, em deixar-se, também, ser tratado por Deus e perdoar.

Diz o apóstolo Paulo: “Tais fomos alguns de nós” sugerindo que fomos ou que somos iguais a Jacó em nossas atitudes e ações aqui na terra. (1 Co 6.11).  Um dia, todos nós à semelhança de Israel (até então Jacó) mais cedo ou mais tarde, precisamos passar pelo mesmo vau de Jaboque onde Jacó ficou, e de onde emergiu Israel, o Príncipe de Deus. Se assim o fizermos, Deus dará um novo caráter, uma nova vida e um novo nome. Um nome que expresse sua nova personalidade, seu novo caráter sua nova vida  Ele já até tem esse nome. Há só uma coisa para ser digno de usar esse nome,  a sua nova personalidade, caráter e atitude têm que expressar necessariamente o que o significado deste nome representa, agora, convertidos e nascidos de novo, sendo uma nova criatura em Cristo.

 

Deus abençoe você e sua família.

 

Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.