O TRIBUNAL DE CRISTO E AS CINCO COROAS
O tribunal de Cristo não é o tribunal do juízo final ou o tribunal do grande trono branco.
O tribunal de Cristo é um lugar especial de
comunhão e de celebração nos ares celestiais onde o próprio Senhor Jesus estará
distribuindo galardões e corôas aos santos que, em todos os tempos, aguardavam
a Sua vinda para serem arrebatados como a noiva do Cordeiro.
Conforme 2 Coríntios 5:10 e 1 Coríntios 1:8, todos os crentes, arrebatados e transformados, vão comparecer perante o Tribunal de Cristo. Nesse evento não haverá julgamento pelos pecados, as obras que foram praticadas pelos salvos na terra é que serão julgadas, a fim de que recebam, ou não, os galardões.
A Santa Ceia do Senhor ministrada normalmente
nas igrejas evangélicas no mundo inteiro nos dão uma pequena amostra do que será
a grande ceia nos ares celestiais, celebrada pelo próprio Senhor Jesus na qual galardoará
os remidos do Senhor que subiram no arrebatamento da igreja.
A Ceia do Senhor foi instituída para que a igreja pudesse recordar continuamente, o sacrifício vicário de Cristo na Cruz do calvário em nosso favor e por isso Jesus nos alertou para participarmos continuamente da Santa Ceia do Senhor até que Ele volte para buscar a igreja.
Josué cap. 24:15 nos serve de base para
sermos servos do Senhor Jesus e permanecermos firmes no Senhor até a volta de
Jesus.
“Porém, se vos parece mal servir ao Senhor,
escolhei hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que
estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu
e a minha casa servirmos ao Senhor”.
Nós sabemos, pela Palavra de Deus, que depois que o cristão for arrebatado, ele será levado à presença de Cristo, o qual estará assentado no Seu Tribunal, conhecido como “Berna” ( no grego), para ser examinado e recompensado, de acordo com suas obras, os quais serão galardoados.
Os galardões que serão dados no
Tribunal de Cristo são chamados de “coroas”. A significância do termo reside no
fato de que coroas são símbolos de realeza, e os santos vão reinar com Cristo.
“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser
julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Co
6:2). “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição;
sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de
Cristo, e reinarão com ele mil anos”. (Ap 20:6). As posições de honra para os
crentes no reino vindouro serão determinadas pela fidelidade, consagração e
comunhão com Ele e devoção a Seu serviço, que demonstram na sua vida aqui na
terra.
Em Romanos 8:17, uma distinção é
feita entre a nossa herança como filhos de Deus e a nossa posição de co-herdeiros
com Cristo. “E se nós somos filhos, somos logo também herdeiros; herdeiros de
Deus e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com Ele padecemos, para que
também com Ele sejamos glorificados”.
Ser um herdeiro de Deus é herdar
as coisas que Ele preparou para nós, tais como nosso lar celestial e Sua
glória. Nós seremos co-herdeiros com Cristo, se sofremos com Ele. Ele recebeu
uma recompensa especial por Seu sofrimento e estará assentado no Seu trono
reinando por mil anos aqui na terra. Nós teremos o privilégio de compartilhar
este trono e de reinar com Ele se sofrermos com Ele.
Este sofrimento nem sempre
significa sofrimento físico. Pode ser “opróbrio” por causa de Cristo, como o
escritor de Hebreus expressa. (Hb 13:12- 14). Certo dia, os doze discípulos
vieram a Jesus e perguntaram qual seria a sua recompensa por terem deixado tudo
e O seguido. Ele lhes disse que se sentariam em doze tronos e julgariam as doze
tribos de Israel. Mais tarde, dois dos discípulos vieram a Jesus e pediram se
um podia sentar-se à Sua direita e o outro à Sua esquerda. A este pedido o
nosso Senhor respondeu que não lhes poderia dar tais posições pois estas seriam
concedidas por Deus o Pai.
É isto o que ensina a passagem de
Mateus 10:32-33: “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o
confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar
diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus”.
Quando chegarmos diante do Tribunal de Cristo, seremos declarados dignos ou indignos. Se O tivermos negado diante dos homens Ele terá que nos negar diante do Pai Celestial dizendo: “Este homem não é digno de sentar-se Comigo no trono.” Se O tivermos confessado diante dos homens, Ele recomendará ao Pai que nos assentemos com Ele no Seu trono. Paulo entendeu tudo isto claramente, pois muitas vezes falou da glória vindoura. Em certa passagem ele disse que o sofrimento deste tempo presente não se compara à glória que está porvir. Ele até esqueceu de tudo que tinha ficado para trás a fim de prosseguir em direção ao alvo pelo prêmio da sublime vocação de Deus em Cristo Jesus. Ele entendeu claramente que uma recompensa o esperava.
1) A Coroa
da vida
Esta coroa é mencionada duas vezes
nas Escrituras. É chamada frequentemente a “coroa de mártir”, a coroa que será
dada pela fidelidade até a morte. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação;
porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem
prometido aos que o amam”. (Tg 1:12).
“Nada temas das coisas que hás de
padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais
tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sé fiel até à morte e dar-te-ei
a coroa da vida”. (Ap 2:10).
As pessoas frequentemente se referem erroneamente à coroa da vida como “vida eterna.” Devemos nos lembrar que a vida eterna não é uma coroa. É o próprio Cristo vivendo em nós. A coroa da vida, por outro lado, é uma recompensa especial, possivelmente uma posição de honra no governo de Cristo durante o milênio.
2) A Coroa incorruptível.
Esta coroa é mencionada em 1
Coríntios 9:25-27. O contexto mostra que Paulo está falando de serviço e
recompensas. Ele está nos contando o que fez por amor ao evangelho, para ganhar
pessoas para Cristo. “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na
verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o
alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar
uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível”. (1 Co 9:24-25).
Participar de uma corrida e
esforçar-se muito para vencer não são figuras da salvação. A salvação é o maior
dom de Deus e não pode ser ganha nem comprada. Nos dias de Paulo, os cidadãos
gregos nascidos livres eram os únicos que tinham permissão para competir nos
jogos. Pelas coroas celestias somente os nascidos de novo podem concorrer. A
salvação é o ponto de partida, não o objetivo. Nós não fazemos esforço para
ganhar a salvação. Nós ganhamos a salvação pela fé e depois trabalhamos para
ganhar as coroas. A salvação é a entrada para a arena e não o prêmio no fim da
corrida.
Nos jogos da Grécia antiga, aquele
que alcançava o objetivo primeiro era o único que ganhava a coroa, mas na
corrida celestial não há competição. Ninguém concorre com o companheiro, a
única condição é observar as regras do jogo: “Pois eu assim corro, não como sem
meta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o
reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma
maneira a ficar reprovado”. (1 Co 9:26-27).
Paulo conhecia as regras da
corrida. A coroa incorruptível, portanto, é vista como uma recompensa para uma
vida vitoriosa. É para o cristão que carrega no seu corpo as marcas do Senhor
Jesus, para que a vida de Jesus possa se manifestar. É para aquele que triunfa
sobre a carne pelo poder da nova vida que recebeu quando nasceu pela segunda
vez.
Era pensando no Tribunal de Cristo
e nas coroas a serem conquistadas que Paulo dizia manter seu corpo sob
disciplina e sem dar lugar para a carne e suas concupiscências. Ele viu a
possibilidade de que, depois de ter pregado aos outros e de dizer-lhes como se
tornarem filhos de Deus e como viver a vida cristã, ele mesmo viesse a ser
reprovado (isto é, que as recompensas designadas a ele lhe fossem negadas).
Vale a pena lutar por esta coroa Não é de se maravilhar que ele tenha escrito: “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes”. (1 Ts 2:10).
3) A Coroa
de gozo ou de alegria, ou de felicidade.
Esta é a recompensa para o
ganhador de almas. As pessoas que levamos ao Senhor Jesus Cristo serão nossa
coroa de alegria na Sua vinda. Qualquer pessoa que tenha conhecido a alegria de
levar uma outra pessoa a Cristo pode bem entender o nome desta recompensa, pois
sabe que não há alegria comparável àquela que surge ao saber que foi usada pelo
Senhor para levar uma alma a Ele.
“Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda”? (1 Ts 2:19). “Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados” (Fp 4:1). Que incentivo este para um ganhador de almas! Que alegria será ver uma grande multidão de almas andando nas ruas da glória, conduzidas ao conhecimento da salvação como resultado de nossos esforços por Ele! Porém, receio que muitos cristãos irão perder esta recompensa, pois muito poucos estão ocupados em ganhar almas.
4) A Coroa
de Glória.
“Aos presbíteros que estão entre
vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições
de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho
de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo
domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando
aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória”. (1 Pe
5:1-4).
Esta é a recompensa de Cristo para
quem alimenta o rebanho: a recompensa do Sumo Pastor para todos os fiéis
pastores subordinados. Esta coroa de glória também é subentendida em Lucas
10:35: “E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro,
e disse- lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastardes eu to pagarei quando
voltar”.
As almas estão confiadas ao nosso cuidado. Espera-se que cuidemos e alimentemos estas almas, não com a filosofia do homem mas com alimento celestial, a Palavra de Deus. Que oportunidade para os pastores ganharem um ótima recompensa; porém este privilégio é frequentemente substituído por uma recompensa que pode ser vista nesta vida presente. Muitos pastores selam suas bocas por causa de uma recompensa terrena de um grande salário. Que recompensa celestial poderia ter sido deles.
5) A Coroa
da justiça.
“Porque eu já estou sendo
oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e
não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2 Tm 4:6-8).
Isto não deve ser confundido com o
dom da justiça pela salvação mencionado em Romanos 3:21-23. Esta coroa é para
quem mostrar uma verdadeira alegria diante da volta do Senhor Jesus Cristo
através de viver uma vida justa. “E qualquer que nele tem esta esperança
purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”. (1 Jo 3:3). Não é normal que
um cristão que conheça o significado da “bendita esperança” ame a vinda de
Cristo?
A noiva não espera com terno
anseio a vinda do noivo, guardando-se somente para ele? Ela não se ocupa,
preparando-se para o dia do casamento? A coroa de justiça será dada àqueles
que, em esperança, alegria e antecipação à segunda vinda de Cristo, purificarem
a si mesmos e estiverem prontos para a Sua vinda.
Uma das maneiras em que o crente
se prepara é ser ativo em ganhar almas. Além disso, purifica a sua própria vida
e vive retamente diante do Senhor.
Ai de nós, pois há muitos que não amam a Sua volta! Alguns até zombam disso, como as Escrituras dizem em 2 Pe 3:3-4. Ao contrário destes, vamos amar a Sua vinda e demonstrar em nossa experiência diária o poder dessa esperança gloriosa.
Sua promessa é: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”. (Ap 22:12).
Deus abençoe você e sua família.
Pr. Waldir Pedro de Souza.
Bacharel em Teologia, Pastor e
Escritor.
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