segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

PROMESSA DO PRÓPRIO DEUS DE ENVIAR UM REDENTOR, UM SALVADOR

PROMESSA DO PRÓPRIO DEUS DE ENVIAR UM REDENTOR, UM SALVADOR.


Gênesis 3:15. E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

O Salmo 22 retrata o nascimento, ministério, morte, ressurreição, ascenção e a vinda de Jesus para arrebatar a sua igreja. 

 

Salmo 22

1.  Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias?

2. Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.

3. Porém tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel.

4. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.

5. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram e não foram confundidos.

6. Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.

7. Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:

8. Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.

9. Mas tu és o que me tiraste do ventre; o que me preservaste estando ainda aos seios de minha mãe.

10. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.

11. Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
12. Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.

13. Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.

14. Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim.

15. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte.

16. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés.

17. Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam.

18. Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.

19. Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.

20. Livra a minha alma da espada e a minha predileta, da força do cão.

21. Salva-me da boca do leão; sim, ouve-me desde as pontas dos unicórnios.

22. Então, declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.

23. Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, descendência de Israel.

24. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.

25. O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.

26. Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.

27. Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor; e todas as gerações das nações adorarão perante a tua face.

28. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações.

29. Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele; como também os que não podem reter a sua vida.

30. Uma semente o servirá; falará do Senhor de geração em geração.

31. Chegarão e anunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto ele o fez.

 

As promessas de um Salvador pelo próprio Deus Pai são confirmadas.

01) - A promessa profética proferida pelo próprio Deus está em Gênesis 3.15. 

Promessa de restauração dos seres humanos através de um redentor que nasceria da semente da mulher, a saber: Jesus Cristo.

02) – 1 Samuel 2.10: declara: a força de um Rei e o seu poder, porque:

O Senhor daria força ao seu Rei e exaltaria o poder do seu Ungido.

03) – 1 Samuel 7.13 Os inimigos do Messias foram abatidos para que eles não destruíssem a árvore genealógica do Filho de Deus que iria nascer entre os homens. 

O Senhor abateu os seus inimigos, os inimigos do Messias, para que os antecedentes genealógicos dEle não fossem destruídos, ou mais precisamente , fossem preservados.

04) - Salmo 45.14,15 Ele nasceria de um nascimento virginal.

Foi profetizado sobre a virgindade de Maria que seria preservada até o nascimento de seu primogênito, ou seja, o seu primeiro filho. Maria que seria o vaso de Deus para o nascimento do Salvador. O primeiro homem criado Adão foi feito do barro da terra para ser perfeito quando Deus lhe soprou em suas narinas o fôlego de vida, porém ele se tornou imperfeito por causa do pecado. O segundo homem, Jesus, criado por obra e graça do Espírito Santo foi perfeito em sua obra mesmo vivendo num mundo de tanta imperfeição, porém Deus preparou tudo para que o nascimento do Messias fosse através de uma virgem escolhida e agraciada por Deus para tal objetivo.

05) - Salmo 72.8 Sua mensagem seria sem fronteiras e sem barreiras.

O domínio e a expansão da mensagem do Messias que seria de mar a mar, desde o rio até as extremidades da terra.

06) - Salmo 75.8,10 Levantes haveriam, mas os que cressem na sua palavra seriam exaltados.

Os ímpios haveriam de beber a mistura que ferve na mão do Senhor, os quais seriam quebrantados; mas aos justos Ele exaltaria as suas forças.

07) - Salmo 110.5,6 Feito um rei justo conforme a ordem de Melquisedeque, rei de Salém. 

Veja também: Gn 14.18; Sl.110.4; Hb.5.6; 6.20; 7.1.

O juramento do Senhor é esse: Tu és um sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, o Senhor à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira. Julgará entre as nações enchê-las-á de cadáveres; ferirá os cabeças, os líderes, de grandes terras, ou nações.

08) - Cantares 6.10,12 O brilho e beleza de um casamento real: Cristo, o noivo; a Igreja, a noiva.

A mensagem do Messias seria abraçada por uma noiva que é formosa como a lua, brilhante com o sol, formidável como um exército com bandeiras, e a alma do noivo se derramaria sobre a excelência desse povo, que não rejeitaria, mas o aceitaria: a sua Igreja.

09) – Isaías 9.7 Sua descendência seria e será preservada para sempre em Cristo.

A descendência e o trono de Davi seriam preservados para sempre em Jesus, o zelo do Senhor dos exércitos faria isto.

10) - Isaías 14.4 - Ap. 18.1-2 Os inimigos de Cristo e de sua noiva cairão por completo. Serão derrotados para sempre. A Babilônia opressora cairá por completo e para sempre.

11) – Isaías 20.1-6 - e Is 26.19 Prefiguração da humilhação, condenação, morte e vitória dos que permanecem em Cristo. 

Este capítulo 20 de Isaías fala da humilhação do profeta, da afronta que ele sofreu, da perseguição, do constrangimento, porém não cedeu à opressão, permaneceu em retidão; pré-figura de um Cristo humilhado, porém foi para o calvário como uma ovelha muda para o matadouro, sem abrir a sua boca, morrendo com a condenação mais cruel de sua época: a morte de cruz. Porém, o túmulo não o conteve, Jesus ressuscitou. Em Is 26.19 - temos uma das declarações de maior peso do Antigo Testamento sobre a ressurreição do corpo àqueles que forem fiéis servos de Deus, os quais ressuscitarão ao soar das trombetas de Deus no arrebatamento da Igreja.

12) - Isaías 26.20ss; Deus castiga os ímpios e esconde os fiéis para não sofrerem mais.

Isaías 26.17,18 A mulher grávida suporta as dores do parto, pensando na alegria que há de se seguir. O remanescente fiel da época de Isaías suportava a opressão, mas tudo o que isso lhes rendeu foi o vento, uma metáfora para o trabalho inútil.

Isaías 26.19. Isaías, falando aos companheiros de fé, garante-lhes que os mortos ressuscitarão. (Jó 19.26; Dn 12.2).

O orvalho ilustra uma vida nova e abençoada (Sl 133.3; Os 14.5). Costuma-se alegar que os crentes da época do Antigo Testamento não tinham verdadeiras chances de ressuscitar, que o máximo que podiam esperar era morar na Terra Prometida durante toda a sua vida terrena. Mas aí está um versículo que contradiz essa ideia (SI 23.6).

Isaías 26.20-27.1  A animadora promessa anunciada pelo profeta contrasta com a angústia que sente o povo de Deus (v. 20) e promete castigo aos tiranos (v. 21). O emprego de metáforas poéticas realça a gravidade do castigo. (27.1).

Isaías 26.20 Povo meu é o remanescente fiel e justo. Suas aflições sob o jugo dos tiranos assírios não durarão mais que um momento, e nem vale a pena compará-lo com a alegria permanente que haverá depois. (Is 26.19; 54.7; Salmo 30.5; 2 Co 4.17).

Isaías 26.21 - Sairá, pode ser traduzido por está prestes a sair. Quando a terra expelir o sangue dos pobres e oprimidos que engoliu por ação de tantos tiranos impiedosos, ela prestará testemunho contra esses homens malignos, e o Senhor os castigará (Gn 4.10).

13) - Ainda diz Isaías 26.21; Os que esperam e permanecem fiéis, aguardam que se cumpram os decretos finais de Deus.

Durante a grande tribulação, quando Deus castigar os habitantes da terra, Mq 1.3, os que permanecerem fiéis estarão escondidos, esperando o Senhor em oração, até que Ele cumpra os seus propósitos redentivos.

14) - Malaquias 4.1-3: O grande dia vem. Redenção para os salvos e a ira de Deus para os perdidos.

Mais uma vez o Senhor adverte no Antigo Testamento "aquele dia vem"; no verso 2 Ele fala da promessa redentiva aos que temerem ao nome do Senhor, e completa com a vingança total de Deus sobre a maldade dos homens.

15) - Jeremias 23.5 O renovo da linhagem davídica apontando para o Messias.

Jeremias profetiza de "um renovo justo". O renovo isto é, a linhagem real de Davi foi cortada quando Deus destruiu a monarquia Davídica em 586 A.C.

(a) Deus, porém, prometeu que Ele suscitaria um rei da linhagem de Davi, um rei que seria um renovo justo. Este rei faria de modo definitivo e total aquilo que era justo e real. Esta profecia aponta para o Messias Jesus Cristo.

(b) Ele executará juízo total após a sua segunda vinda e antes do seu reino milenial na terra.

16) - Daniel 7.13 O profeta Daniel vê um ser majestoso e glorioso.

Prediz que: "Vinha... como o Filho do Homem". Este majestoso sêr apresenta-se diante de Deus Pai como uma pessoa separada e distinta dEle, a fim de receber um reino eterno que jamais será dado a outras nações, conforme os reinos precedentes. As "nuvens do céu" são provavelmente nuvens de glória, Ex 40.34,38; At 1.9,11; 1Ts 4.17; Ap 1.7. Uma indicação de que se trata do Filho de Deus, Mt 26.64, nosso Senhor Jesus Cristo. Lc 21.27; Jo 1.51.

17) - Ageu 2.7 O profeta Ageu  trás uma palavra animadora para o seu tempo dizendo que o desejado de todas as nações virá. É claro que ele estava se referindo ao nascimento do Messias; o profeta não deixa nenhuma dúvida em suas palavras. Ele profere estas palavras tão marcantes e desafiadoras para a sua época, palavras essas que trouxeram um alento para os vetero-testamentários e para toda a humanidade em todos os tempos. Ele disse:  "Virá o desejado de todas as nações...". Estas palavras  renovaram as esperanças de quem aguardavam o nascimento do Salvador. Portanto é uma predição forte esta palavra profética de Ageu sobre a vinda futura do Messias.

18) - Zacarias 12.10 Israel reconhecerá futuramente o Cristo que eles, se referindo aos seus antepassados, transpassaram com suas próprias mãos e o rejeitaram.  

Há aqui uma predição do reconhecimento futuro da nação de Israel, que em meio aos perigos do dia de batalha, no Armagedom, clamarão ao Deus vivo por socorro. Então o Senhor derramará do seu Espírito Santo para transmitir-lhes a sua graça, e atender-lhes a oração. Os Judeus daqueles dias estarão arrependidos e reconhecerão serem culpados pela espada romana ter traspassado Jesus, o Messias causando-lhe a dor mais terrível nos últimos segundos antes da exclamação ‘tudo está consumado’; a morte chegou e Jesus com aquele último brado expirou, Sl 22.16; Is 53.5; Jo 19.34. O pranto dos israelitas será amargo. Cada família pranteará à parte.

Os maridos também serão separados das respectivas mulheres e muito prantearão.

Por conseguinte, cada indivíduo terá de arrepender-se pessoalmente de seus pecados e por haver rejeitado a Jesus Cristo, Rm 3.23; 6.23; At 16.31; 1Pe 2.24.

19) – Zacarias 14.4. 1Co 15.50-53. Cristo voltará antes do início da grande tribulação, invisivelmente para a humanidade; Ele virá para arrebatar os seus. Ele virá no final da grande tribulação  e se apresentará visivelmente, quando todo olho o verá. 

A volta visível de Cristo foi predita por Zacarias, que afirma "...naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das oliveiras...", Jesus voltará e estabelecerá as regras de um governo no milênio; ninguém mais poderá massacrar aqueles seus irmãos, os judeus, que os seus antepassados O crucificaram e o mataram  Lc 24.50,51; At 1.9-12. A grande tribulação como já disse será constituída de duas fases e sempre é bom relembrar que a primeira fase começará logo depois do arrebatamento da igreja e durará três anos e meio, será de aparente paz. A segunda fase também será de três anos e meio e culminará com a matança dos judeus na batalha do Armagedom; então ao se completar os últimos três anos e meio, dos sete anos da grande tribulação, Jesus virá visivelmente para, entre outras atividades, derrotar o anticristo e estabelecer o Seu reino milenial.

20) – Malaquias 3.2 Ele voltará visivelmente e todo olho o verá.

O dia da sua vinda, ou do retorno visível de Cristo, dar-se-á na segunda vinda de Cristo, ou seja, no final da grande tribulação; e Ele virá como o fogo do ourives e como o sabão das lavadeiras, para purificar e julgar a Israel e expurgar todos os ímpios do país. Somente os justos hão de permanecer até o fim, Is 1.25; Ez 22.17-22, e reinarão com Cristo no milênio, e habitarão em segurança para sempre.

 

O Novo Testamento usa o Antigo Testamento para falar de Jesus, confirmando a veracidade da palavra de Deus.

O próprio Senhor Jesus, durante seu ministério terreno, deixou claro que o Antigo Testamento aponta para Ele. Certa vez, Jesus censurou os judeus religiosos que diziam examinar as Escrituras, mas não percebiam que elas testificavam dele; e ainda mais diretamente declarou que todo o Pentateuco, isto é, todos os livros de Moisés, testemunham sobre Ele. (João 5:39-47).

Talvez a passagem nos Evangelhos mais significativa nesse sentido é aquela registrada pelo evangelista Lucas que narra o episódio dos dois discípulos que andavam no caminho de Emaús. Naquela ocasião Jesus repreendeu os dois discípulos. Ele disse que eles eram néscios e tardios de coração para crer no que os profetas disseram. Então “começando por Moisés, e por todos os profetas”, Ele explicou-lhes “o que dele se achava em todas as Escrituras”. (Lucas 24:25-27).

Depois, no mesmo capítulo 24 de Lucas, Jesus ainda declara: “São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos” (Lucas 24:44). Ao escutarem isto, o entendimento dos discípulos se abriu e eles compreenderam as Escrituras.

Aqui é importante entender que a informação de que eles compreenderam as Escrituras significa que eles entenderam que todo o Antigo Testamento aponta para Cristo e sua obra de redenção; isto é, o próprio Cristo é o centro no Antigo Testamento, de ponta a ponta; incluindo tudo o que Moisés, os profetas, os cronistas e os salmistas escreveram.

Os apóstolos, ao escreverem suas epístolas neotestamentárias, fizeram uso maciço das Escrituras, justamente por perceberem, com a inspiração do Espírito Santo, que o grande propósito do Antigo Testamento é falar de Cristo. Podemos mencionar aqui algumas passagens que exemplificam isto.

Em Romanos 15:3, o apóstolo Paulo cita o Salmo 69:9 como um salmo que se refere a Jesus. Também, escrevendo aos cristãos de Corinto, ele afirma que em Cristo se cumpre todas as promessas de Deus. (2 Coríntios 1:20). O mesmo apóstolo, ao escrever a Timóteo, afirma que o Antigo Testamento é eficaz ao revelar a verdade acerca da salvação pela fé em Cristo. (2 Timóteo 3:15-17).

O escritor do livro de Hebreus também utilizou o Antigo Testamento para mostrar a legitimidade, a superioridade e a perfeição do sacerdócio de Cristo. Num dos pontos mais explícitos sobre isso, ele recorre à figura de Melquisedeque e seu sacerdócio, como uma tipificação do sacerdócio de Cristo. (Hebreus 7-8; Gênesis 14; Salmo 150).

O apóstolo Pedro igualmente escreveu que os profetas do Antigo Testamento profetizaram, pelo Espírito de Cristo, os sofrimentos e a glória do Messias; e assim apontaram para a salvação pela graça. (1 Pedro 1:8-12). Esse termo “profeta” indica todos os escritores veterotestamentários.

Além de todas essas referências, ainda vale lembrar que quando o Antigo Testamento registra Teofanias, isto é, aparições de Deus, (Gênesis 18:1; Isaías 6:1-5), ou mesmo manifestações do Anjo do Senhor que apontam para esse tipo de contexto, normalmente se entende que se trata de registros de manifestações pré-encarnadas da Segunda Pessoa da Trindade, visto que nunca ninguém viu a Deus, “mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai”, é quem o revelou. (João 1:18).

Com tudo isso, fica mais do que claro que ao falarmos sobre Jesus no Antigo Testamento, devemos entender que não são apenas poucas palavras que falam sobre Ele; mas que, do começo ao fim, as Escrituras testificam da Pessoa de Cristo e de sua obra redentora, sacrificial, remidora e salvadora na cruz do calvário. Jesus morreu, mas ressuscitou. Ele vive e reina para sempre e eternamente.

 

Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

DEFEITOS E VIRTUDES DAS SETE IGREJAS DA ÁSIA

DEFEITOS E VIRTUDES DAS SETE IGREJAS DA ÁSIA

Igrejas da Ásia. As sete cartas às sete Igrejas da Ásia. Nenhuma igreja sem defeitos.

A bem da verdade é bom termos o discernimento de que assim como aquelas igrejas representavam as igrejas dos séculos que se passaram até nós, as igrejas e os líderes evangélicos de hoje superaram em muito os defeitos e quase não se vê mais exemplos de fidelidade a Deus, com raras exceções dos verdadeiros conservadores, como aqueles do passado.   

 

As cartas individuais aos sete anjos (pastores) das sete igrejas da Ásia estão registadas em Apocalipse, capítulos 2 e 3.

Cada carta segue um padrão comum segundo as virtudes e defeitos de cada uma. Em primeiro lu­gar, Jesus identifica cada igreja pela cidade em que se localiza.

Cada carta tem uma descrição única de Jesus Cristo, que é o remetente. Cada uma ajusta-se apropriadamente às ne­cessidades de cada igreja.

O Senhor elogia cada igreja, exceto Laodicéia, pelo serviço particular que lhe presta.

Vamos ver os defeitos, pecados e virtudes de cada uma delas. Cada igreja é admoestada, algumas vezes seve­ramente, por causa de seu com­promisso com o mundo. Há duas exceções, “Esmirna e Filadélfia, que eram as mais fiéis e as mais perseguidas”.

 

Primeira igreja: Éfeso. Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido.

Se não voltarmos urgentemente ao primeiro amor, jamais viveremos o refrigério de um grande e poderoso avivamento.

“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. (Ap 2.5).

Uma característica marcante da igreja de Éfeso era a sua intolerância à heresia. Quanto à doutrina, era ortodoxa e implacável. Mas quanto à prática do amor, tornara-se hete­rodoxa, fria e seca. A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vez praticada sem amor, esfria e mata a verdadeira vida espiritual de quaisquer povo, de qualquer igreja. Não podemos, a pretexto de “zelar” pela verdade, desconsiderar o cultivo de uma profunda espiritualidade ba­nhada em amor. A nossa mensagem deve tocar mentes e corações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso, devemos voltar ao primeiro amor e encharcarmo-nos do Evange1ho da Graça da Deus.

O ensino sistemáti­co da Bíblia (ortodoxia) requer de seus leitores uma ação concreta no caminho existencial da vida (ortopraxia). A igreja de Éfeso era poderosa nas Escrituras, mas atrofiada na prática do amor cristão. Jesus de Nazaré ensinou-nos que deve­mos ouvir e praticar a sua palavra. Então, seremos comparados ao homem que edificou a sua casa na rocha (Mt 7.24). Eis o nosso grande desafio: ouvir, aprender e agir segundo as Escrituras.

Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais obreira, dinâmi­ca e ortodoxa do que a de Éfeso. O seu preparo teológico era tão sólido, que o seu pastor capaci­tara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2.2). Éfeso era a igreja apologética por exce­lência. Ela destacava-se também por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão do Reino de Deus.

Até o próprio Senhor Jesus elogiou os Efésios. Eles eram uma refe­rência em toda aquela região. Apesar de todas as suas inegáveis virtudes e qualidades, havia um sério problema com Éfeso. Se ela, porém, se dispusesse a resolvê-lo seria uma igreja perfeita.

Éfeso era uma igreja que amava aprender o Evangelho.

Paulo em Éfeso. O Evan­gelho chegou a Éfeso, a mais notável metrópole da Ásia Menor, durante a segunda viagem missio­nária de Paulo (At 18.19). Mas a igreja só viria a florescer entre os efésios a partir da terceira viagem do apóstolo. A chegada do Reino de Deus à cidade foi acompanha­da por um grande avivamento. Houve batismos com o Espírito Santo, curas divinas e não poucas conversões (At 19).

A solidez doutrinária de Éfeso. O preparo bíblico e teológico de Éfeso era singular. Afinal, tivera o pri­vilégio de ter como pastor, durante três anos, o maior teólo­go do Cristianismo (At 20.31). Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o con­selho de Deus (At 20.27). Pode haver um curso bíblico mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou? (Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus.

Uma igreja de minis­tros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada, também, por Timóteo e Tíquico. Dizem alguns estudiosos que o seu púlpito teria sido ocupado, ainda, por João, o discípulo amado. Os obreiros que por lá passaram eram de comprovada excelência. Que outra igreja, excetuada a de Jerusalém, desfrutou de mais pri­vilégios? No entanto, conforme já dissemos, havia um sério proble­ma com Éfeso.

A igreja de Éfeso tinha um grave problema.    Qual era o maior problema de Éfeso?

Sim, havia um sério problema com a igreja em Éfeso. A sua lua de mel com o Senhor Jesus havia chegado ao fim. E ela não o percebera. Já não se lembrava do amor, pri­meiro e belo amor que dedicara ao Cordeiro de Deus. Não agira assim Israel em relação a Jeová? (Jr 2.1­-13). No entanto, não podemos evitar a pergunta: Se ela foi, de fato, pastoreada pelo discípulo do amor, como veio a esquecer-se, justamente, do primeiro amor?

O que é o primeiro amor? Não sei como definir o primeiro amor, mas posso senti-lo. Para mim, é a alegria da salvação que o salmista temia perder (Sl 51.12). Sim, uma alegria que nos impulsiona a declarar toda a nossa afeição a Deus: “Amo o Senhor”. (Sl 116.1). O primeiro amor é o enlevo que, no início, fez com que os efésios vivessem nas regiões celestiais em Cristo Jesus. (Ef 1.3). É também a disposição que leva o obreiro a semear, num misto de lágrimas e júbilo, a preciosa semente do Evangelho. (Sl 1 26.5).

A amnésia espiritual (esquecimento) do primeiro amor. Sen­do o primeiro amor tão sublime e inefável, pode alguém vir a esquecê-lo? Apesar de Éfeso ainda entregar-se denodadamente à obra de Deus, não mais se entregava amorosamente ao Deus da obra. Embora teológica e biblicamente ortodoxa, já não conservava o ardor daquele sentimento que, um dia, fez a Sulamita palpitar pelo esposo: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios”. (Ct 6.3). Era-lhe, urgente, pois, voltar ao primeiro amor.

A igreja de Éfeso foi alertada a voltar ao primeiro amor.

Esquecer o primeiro amor não é incidente teológico, é que­da espiritual. Semelhante pecado demanda contrição e arrependi­mento. Por isso, o Senhor Jesus insta, junto ao pastor em Éfeso, a que volte de imediato ao primeiro amor.

A igreja de Éfeso era rica em obras, porém pobre em amor, assim como muitas igrejas evangélicas e ministérios atualmente. Apesar de já não se lembrar do primeiro amor, Éfeso ainda era rica em obras. Aliás, o próprio Cristo realçou-lhe esta ca­racterística (Ap 2.2). No entanto, já não praticava as obras que a haviam distinguido no início da fé: o amor que santificara ao Senhor Jesus. Sim, a igreja em Éfeso era rica em obras e paupérrima em amor.

Se as obras sem a fé nada são, o que delas resta sem o amor? Até mesmo o auto sacrifício sem amor nada é, conforme destaca o apóstolo Paulo: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria". (1 Co 13.3).

Amar é a mais elevada das obras. Não há obra tão ele­vada como amar a Deus: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Dt 6.5). Há crentes que se limitam a amar as bênçãos. Há outros que, mesmo sem as bênçãos, amam o abençoador. Que belo exemplo temos em Habacuque. (Hc 3.17,18).

A igreja de Éfeso foi incentivada a voltar ao primeiro amor.

Como voltar ao primeiro amor, já que os Efésios haviam se esquecido o que era o primeiro amor? A resposta vem do próprio Cristo: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres". (Ap 2.5).

Lembrar-se de onde caístes. A Bíblia exorta-nos a lem­brar-nos de Deus, porque Ele jamais se esquece de nós. (Ec 12.1; Is 44.21; 49.15). O cristão, infelizmente, corre o risco de esquecer-se daquEle que se esquece somente de nossos pecados. (Hb 8.12). Não é constrangedor esquecer o nome de um amigo? No entanto, se não formos dili­gentes, corremos o risco de não mais lembrarmos daquele amigo que é mais chegado que um irmão. (Pv 18.24).

Voltar à prática das primeiras obras. Se Éfeso já era rica nas segundas obras, por que voltar à prática das primeiras? Ne­nhuma obra é completa e perfeita sem o amor. É o que poetiza o apóstolo Paulo no décimo terceiro capítulo de sua Primeira Epístola aos Coríntios. Leia atentamente esta passagem; medite nela e, através dela, afira o seu amor. Veja se você ainda ama a Cristo como Ele tem de ser amado. Ou será necessário que o próprio Senhor pergunte-lhe: “Amas-me mais do que estes”? (Jo 21.1 5).

Se não devotarmos a Cristo o primeiro amor, como haveremos de ansiar por sua volta? Talvez, o anjo de Éfeso já não almejasse o retorno do Senhor. O ativismo acabara por matar-lhe o primeiro amor e o segundo também. Era-lhes urgente e necessário, pois, não somente amar a Cristo como antes, como também amar-lhe a vinda como nunca.

A igreja de Éfeso foi incentivada a amar a vinda de Cris­to. Assim como o Cristo ama a Noiva e suspira por sua chegada aos céus, também devemos nós, como o seu corpo místico, almejar por sua vinda: “Desde agora, a co­roa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2 Tm 4.8). Você realmente ama a vinda de Cristo? Em breve Ele voltará. Amém. Maranata, ora vem Senhor Jesus!

Sem amor não pode haver Cristianismo. Sem o primeiro amor a igreja pára de evangelizar, sem amor a igreja para de ganhar almas para o Senhor Jesus. O Cristão verdadeiro tem como sua base o amor primeiro e belo do início de nos­sa fé. Um amor que jamais deve morrer, mas renovar-se a cada manhã. Se você já não ama a Cristo em primeiro lugar como antes, arrependa-se desse pecado grave e evite que as consequências se agravem. Voltar ao primeiro amor não significa voltar à imaturidade espiritual, mas ao ardor do início de nossa fé. O amor pelas vidas que precisam serem salvas, o amor pela pregação do genuíno evangelho de Jesus, que salva, que cura, que liberta e que nos dá a certeza de que Jesus um dia vai voltar para arrebatar a Sua Igreja querida.

Lembre-se de onde caístes. Lembre-se sempre que o Senhor Jesus te resgatou das garras de satanás, lembre-se que o Senhor Jesus te tirou da lama do pecado. Volte imediatamente ao primeiro amor. Rogue ao Pai que o reconduza à sala do banquete, à sala do trono, onde o Noivo está à nossa espera: “Levou-me à sala do banquete, e o    seu estandarte em mim era o amor”. (Ct 2.4). O amor tudo supera. O amor tudo suporta.

“Jesus nos exorta hoje: Lembra-te de onde caíste. Noutras palavras, lembre-se de quando aceitou a Jesus. Reviva aquele sentimento inicial, quando você realmente amava a Jesus. Você pode lembrar-se de como amava a Jesus? De como era apaixonado por Ele”?

Igrejas são como pessoas. Não há duas iguais. Cada uma tem sua própria personalidade, forma e tamanho. Possuem suas próprias forças e fraquezas, vivendo também em lugares diferentes.

Isto acontecia no primeiro sécu­lo. Jesus endereçou-se às igrejas de Apocalipse 2 e 3, porque elas não eram iguais. Cada uma tinha sua identidade e sua personalidade própria e sua individualidade.

Consequentemente, o que Je­sus tem a dizer a cada igreja é algo singular. Cada carta é feita sob me­dida; leva em conta as necessidades específicas, forças e fraquezas de cada congregação.

O Cenário da igreja de Éfeso daquela época. Uma viagem à velha Éfeso era como ir hoje a Nova Iorque ou Los Angeles de hoje em dia. Era uma próspera metrópole, a mais proeminente cidade da Ásia Menor. Localizada no Rio Caster, a 4,8 Km do Mar Egeu, Éfeso era o maior centro comercial da Ásia. Aí, embarcavam-se as mercadorias através do Mediterrâneo, subindo o Caster, onde eram distribuídas ao mundo todo.

Éfeso ficava na encruzilhada do mundo. Aqui, entrelaçavam-se quatro grandes estradas, trazendo negociantes e mercadores das mais importantes províncias romanas. Os efésios, por isso, eram mui avançados culturalmente. Eram cosmopolitas nas artes, dramas e urbanização.

Éfeso era uma cidade livre. Por sua lealdade a Roma, estava autorizada a ter governo próprio. Nela, não havia guarnição romana. Nenhuma opressão pairava sobre a cidade. Era imune à influência e à tirania romanas.

Éfeso era também o centro do paganismo. Uma das sete mara­vilhas do velho mundo está ali: o templo da deusa Diana. Lugar de intensa idolatria, o templo era tão extenso quanto dois campos de futebol. Nele, floresciam a prostituição, as bebedeiras e as orgias. Não admira que tantos negócios viessem ao templo de Diana.

No templo, criminosos achavam asilo. Era um céu para o per­verso. Com suas prostitutas, eunucos, dançarinas e cantores, era o esgoto da iniquidade. Mas no meio dessa cidade, Deus plantara uma próspera igreja. É melhor desempenhar uma missão nas portas do inferno do que pregar ao coral dos anjos. Deus sempre constrói sua Igreja onde as circunstâncias parecem menos favoráveis. Esta é a graça de Deus.

 

Informações sobre o remetente da carta ao anjo da igreja de Éfeso, assim como das outras igrejas também.

Para esta igreja, localizada em meio à tamanha idolatria e imo­ralidade, Jesus identifica-se da seguinte maneira:

Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: (Ap 2.1)

O Remetente não é nominado, não se declara. Mas, obviamente, trata-se de Jesus Cristo. Ele é o mesmo que se revelara a João na estrondosa visão de Patmos. É o próprio Senhor ditando e elaborando a carta.

Jesus dirige a carta ao anjo da igreja. A palavra anjo significa mensageiro. Refere-se ao que tem como ministério primordial levar a mensagem à congregação. Hoje, o chamaríamos de pastor. É através dele que esta mensagem é trazida à igreja.

 

Segunda igreja: A igreja de Esmirna.

Igreja confessante, amorosa e martirizada. Nada poderá calar a Igreja do Senhor Jesus na face da terra, nem a própria morte.

"Se fiei até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida". (Ap 2.10c).

Na igreja de Esmirna deparamo-nos com um paradoxo: a cidade era rica e opulenta, mas a igreja era pobre e padecia das mais sórdidas calúnias e perseguições. Diferentemente da igreja de Laodiceia, Esmirna era pobre materialmente, mas rica espiritualmente ("Mas tu és rico," - v.9). Era blasfemada e per­seguida pelos que se diziam judeus, mas apreciada e elogiada pelo Rei dos judeus. A partir dessa igreja, Jesus de Nazaré nos ensina que as aparências podem enganar. Enquanto muitos, pela opulência exalada, pensam estar de pé aos olhos do mundo (mas não passam de caídos aos olhos divinos); outros, pela humildade e padecimento, estão em pé aos olhos de Deus.

A Igreja de Cristo na terra bem como os Cristãos estão sendo impiedosamente perseguidos e até martirizados. Embora localmente pareça tranquila, universalmente está sob fogo cerrado. A perseguição não é apenas física. Os santos são pressionados tanto pela cultura, quanto pelas instituições de um século que, por jazer no maligno, repudia e odeia os que são luz do mundo e sal da terra.

Esmirna é o em­blema da igreja mártir. Se Laodiceia é a cara do mundo, Esmirna é o rosto do Cristo humilhado e ferido de Deus. Por isso, devota-lhe o mundo uma aversão insana e inexplicável. Mas como calar a voz daqueles, cujo sangue continua a clamar ao Juiz de toda a terra? Seu testemu­nho não será silenciado. Haverá de erguer-se tanto dos túmulos como dos lábios que se abrem com mansidão, para mostrar as razões da esperança cristã.

Compartilhemos o testemu­nho de Esmirna Mesmo pressio­nada pelo inferno, soube como manter-se nas regiões celestiais em Cristo Jesus.

A igreja de Esmirna foi muito perseguida e Martirizada.

Esmirna, uma cidade soberba. A cidade de Esmirna, apesar de inferior a Éfeso e de não possuir os atrativos de Laodi­ceia, ufanava-se de ser a mais importante da região. Afinal, tinha lá as suas vantagens. Localizada na região su­doeste da Ásia Menor, era também afamada por seu porto e pela mirra que produzia.

Utilizada na conserva­ção de cadáveres, a essência era obtida espremendo-se a madeira chamada de “commiphora myrrha”. Não é uma figura perfeita para uma igreja convertida e martirizada?

Apresentamos abaixo um paradoxo entre as igrejas de Esmirna (Ap. 2.8-10), e Laodicéia (Ap. 3.14-22).

Esmirna era: (Apocalipse 2.8-10).

Fervorosa e espiritual. (v.9).

Pobre materialmente. (v.9).

Dependente de Deus. (v. 10.)

O Senhor Jesus disse: "Nada temas das coisas que hás de padecer"; “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (v. 10).

Laodiceia era: (Apocalipse 3.14-22).

Morna. (v. 16).

Rica materialmente. (v. l7).

Autossuficiente. (v. 17).

Cega espiritualmente. (v. 16,18).

O Senhor Jesus disse: “Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca"; “aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas”.  (vv. 16,18).

A igreja em Esmirna ouviu a palavra de Deus diretamente do apóstolo Paulo. Informa Lucas que, durante a estadia de Paulo em Éfeso, toda a Ásia Menor foi alcançada pelo Evangelho: “E durou isto por es­paço de dois anos, de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos". (At.19.10). Infere-se, pois, tenha sido a igreja em Esmirna estabe­lecida nesse período. Conquanto plantada numa cidade opulenta, ela era pobre, mas ricamente florescia em Deus. (Ap.2.9).

Um dos mais notáveis bispos de Esmirna foi Policarpo (69-155 d.C.). Diante do carrasco romano, não negou a fé em Cristo.

Esmirna era uma igreja que não negou a fé e por isso foi martirizada. A igreja em Esmirna era confessional e mártir. Pro­fessando a Cristo, demonstrava estar disposta a sustentar-lhe o testemunho até o fim; sua fide­lidade ao Senhor era inegociável. (Ap 2.10). Como está a nossa confissão nestes tempos difíceis e trabalhosos?

Esmirna era uma igreja ameaçada no tempo, apresentava Jesus como a própria eternidade: “Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu” (Ap 2.8). Nem a morte pode separar-nos do amor de Deus. (Rm 8.35).

Esmirna mostrou ao mundo do seu tempo que Jesus é o Primeiro e o Último. Sendo Jesus o Primeiro, todas as coisas foram criadas por seu intermédio. Sem Ele nada existi­ria, porque Ele é antes de todas as coisas (Jo 1.1-3). Por isso, o Senhor lembra ao anjo da Igreja em Esmirna que tudo estava sob o seu controle. Até mesmo os que lhe moviam aquela perseguição achavam-se-lhe sujeitos; tudo era criação sua. Aliás, o próprio Dia­bo estava sob a sua soberania, pois também era criatura sua, apesar de reivindicar privilégios de criador. (Ez 28.1 4,1 5).

Sendo também o Último, Jesus estará na consumação de todas as coisas como o Supremo Juiz (Jo 5.27; Rm 2.16; 2 Tm 4.1). Portanto, os que se levantavam contra Esmirna já estavam julga­dos e condenados, a menos que se arrependessem de suas más obras.

Esteve morto e tornou a viver (Ap 2.8). Conforme Jesus antecipara ao pastor de Esmirna, o Diabo estava para lançar algumas de suas ovelhas na prisão, onde seriam postas à prova (Ap 2.10). Todavia, nada deveriam temer, pois ao seu lado estaria Aquele que é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). Somente Jesus tem auto­ridade para fazer-nos semelhante exortação, pois somente Ele ven­ceu a morte e o inferno.

Não desejava o Senhor Jesus que o anjo de Esmirna temesse aqueles, cujo poder limita-se a tirar-nos a vida física, mas aquele que, além de nos ceifar a vida terrena, tem suficiente autoridade para lançar-nos no lago de fogo (Mt10.28). Por conseguinte, o martírio daqueles santos iria tão-somente antecipar-lhes a glorifi­cação ao lado de Cristo.

Esmirna sabia da tribulação que haveria de enfrentar por permanecer fiel. (Ap 2.9). O anjo da igreja em Esmirna sabia perfeitamente que a tribulação é um legado que recebemos do Senhor Jesus: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (Jo 16.33). Tranquilizado por essa promessa, o pastor de Esmirna refugiava-se na paz que excede todo o entendimento (Fp 4.7). Roguemos, pois, ao Senhor que console os que, neste momento de suprema provação, estão selando a fé com o próprio sangue. Oremos pelos mártires do século XXI.

Esmirna teve que se acostumar com a pobreza aqui na terra para ser rica da graça de Deus. Se Laodiceia de nada tinha falta, Esmirna carecia de tudo. O próprio Senhor reconhece­ lhe a extrema pobreza: “Conheço a tua (...) pobreza”. (Ap 2.9). Essa pobreza, todavia, era rica. Com­plementa o Cristo: “Mas tu és rico”. Sim, ela era rica, pois fora compra­da por um elevadíssimo preço: o sangue de Jesus. (1 Pe1.18,19).

Esmirna também sofreu muito com a perseguição dos falsos irmãos. Os ataques dos falsos crentes eram constantes. Além dos ataques ex­ternos, internamente a igreja em Esmirna era perseguida por falsos crentes a quem o Senhor Jesus desmascara: “Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.” (Ap 2.9). O que buscava essa gente? Corromper a graça de Cristo atra­vés de artifícios humanos. Eles eram tão afoitos na disseminação de suas heresias e modismos, que se desfaziam em blasfêmias contra o pastor e a sua igreja. Mas na verdade estavam blasfemando de Cristo. Todavia, não haviam de ir adiante, pois em breve seriam julgados por aquele que sonda mentes e corações. (Ap 2.23).

Fazendo um paralelo entre aquela igreja e a igreja hodierna vemos que a igreja de Cristo nestes últi­mos dias, vem sendo atacada por falsos mestres e doutores. Disse­minando heresias e modismos em nossos redis, fazendo comércio dos santos. E abertamente blasfemam o nosso bom nome. Não irão, po­rém, adiante; sobre os tais paira o juízo de Deus.

Esmirna foi mui perseguida e muitos crentes foram levados para a prisão. Além dessas contrariedades, alguns membros da igreja em Esmirna (talvez os integrantes do ministério) seriam lançados na prisão, onde uma tribulação de dez dias aguardava-os (Ap 2.10). Foram eles executados? O que sabemos é que perseveraram até o fim, pois almejavam receber a coroa da vida.

Não são poucos os crentes que, neste momento, acham-se presos pelo único crime de profes­sar a fé em Cristo (Mt 24.9). Nossos irmãos são torturados e executa­dos. Em nossas orações, não nos esqueçamos dos mártires.

Oremos para que o nosso país jamais caia sob ideologias totalitá­rias e tirânicas como o nazismo e o comunismo.

Somente os que conhecem a natureza da segunda morte não temem as angústias da primeira. Esta, posto que é morte física, termina uma jornada temporal; aquela, ainda que morte, não morre: inicia um suplício eterno. Eis porque Esmirna sujeitava-se à primeira, porque temia o dano da segunda. Mas a sua principal moti­vação não era o medo da segunda morte e, sim, o amor que tinha por aquele que é a ressurreição e a vida.

Oremos pela igreja persegui­da e mártir! As catacumbas de Roma não ficaram no passado. Num século que se diz tolerante e democrático, acham-se catacum­bas e covas tanto nas metrópoles do Oriente quanto nas megalópoles do Ocidente.

Esmirna era uma igreja exemplar. Não há repreensão para Esmirna. Nenhum membro é censurado. Embora não haja igreja perfeita aos olhos de Cristo, diante de quem todas as coisas estão expostas e descobertas, Esmirna não apresenta nenhuma falha gritante diante de Deus, o dono da igreja.

“Os Vencedores Não Sofre­rão o Dano da Segunda Morte. (Ap 2.11)

‘Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que ven­cer não receberá o dano da segunda morte’.

Esmirna foi instada a permanecer fiel.   Ao concluir esta carta, o Espí­rito relembra a todas as igrejas de que há alguma coisa pior do que a morte física. Há a ‘segunda morte', a separação final (Ap 20.11-15; 21.8). Esta morte implica numa eterna separação do plano, promessas, amor, misericórdia e graça de Deus. Fé, ou confiança, em Deus, não mais exis­tirão; a salvação será impossível, e ninguém esperará por mudanças no futuro. A comunhão com Deus será para sempre perdida.

Por outro lado, os que são vi­toriosos à medida que habitam no amor de Cristo pela fé, nunca terão medo da segunda morte, pois Deus tem lhes reservado um lugar na Nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra.

A implicação contida nesse versículo é que, se alguém não for vitorioso, sofrerá a segunda morte, no lago de fogo. Em Mateus 25.41, Jesus enfatiza que o fogo eterno não foi preparado para os homens, mas ‘para o diabo e seus anjos’. Mas os que se recusarem a se arrepender, e se desviarem, ou descrerem no Filho de Deus, compartilharão do mesmo destino de Satanás”.

A “Perseguição Governamental Romana contra os Cristãos. Esmirna sofria sob a tirania de Roma. Mais adiante, Jesus iden­tifica tal tribulação como prisão ou encarceramento.

A palavra tribulação (thlipsis, no grego) é muito radical. Lite­ralmente, significa esmagar um objeto, comprimindo-o. Descreve a vítima sendo esmagada, e seu sangue, extraído. Descreve pessoas esmagadas até a morte por uma enorme pedra. Também descreve a dor duma mulher ao dar à luz a filhos.

Em Esmirna, os crentes eram dolorosamente esmagados sob as rígidas cláusulas da lei romana. Eram arrancados de suas casas, capturados nas feiras livres e levados cativos. César jogava toda a força de seu poderoso império sobre esta pequena igreja. E muitos desses santos já haviam selado seus testemunhos com o próprio sangue.

Quando a igreja foi fundada em Jerusalém, era Israel quem lhe avultava como ameaça, e não Roma. Além do mais, vigorava naque­les dias a pax romana. Embora cada país conquistado pudesse conservar seus próprios líderes e costumes, tinha de prestar cega obediência ao imperador.

Aparentemente nada havia mudado. O povo ainda gozava certas liberdades políticas, religiosas e culturais, mas lá estava o Império Romano pronto a reprimir qualquer indisciplina.

Mas tudo mudou repentinamente. Em 67 d.C., um louco cha­mado Nero subiu ao trono de Roma. Temendo perder o trono, Ele matou suas três primeiras esposas e a própria mãe. Sob sua insani­dade, as chamas da perseguição foram inflamadas contra a Igreja. Nero culpou os cristãos por muitos de seus erros políticos. Foi esta a perseguição mencionada nas duas epístolas de Pedro.

Mas Nero morreu cedo, proporcionando momentâneo refrigério à Igreja. Em 81 d.C., porém, outro insano assume o poder. Domiciano era mais cruel que Nero. E logo uma segunda onda de perseguição levanta-se contra os cristãos. Esta é a perseguição a que Jesus se refere na carta à Esmirna.

Ao expandir-se, Roma conquistou muitos territórios e países, gerando grande diversidade de línguas e culturas no império. Como unificar tantas diversificações? A adoração ao imperador foi a res­posta. Uniria o império, pois obrigaria cada cidadão romano a prestar, uma vez por ano, pública lealdade diante do busto de César.

Mas para os cristãos, adorar a César era uma traição ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ao invés de declarar: ‘César é Senhor’, os primeiros cristãos bravamente confessavam: ‘Jesus Cristo é Senhor!’ Como resultado, passou a Igreja a sofrer dolorosamente.

 

Terceira igreja: Pérgamo. A Igreja Casada Com o Mundo.

Só há um modo de a Igreja de Cristo destronar a Satanás: manter a Deus no trono e combater a apostasia com a espada do Espírito.

“Não ameis o mundo, nem o que no mun­do há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. (1 Jo 2.15,16).

A terceira carta de Jesus enviada ao pastor da igreja de Pérga­mo. Esta encontrava-se inserida numa cidade marcada pela idolatria, onde o trono de Satanás estava estabelecido (Ap 2.12). Manter-se santo e fiel ao Senhor em meio aquela sociedade idólatra não era nada fácil. Porém, os crentes de Pérgamo eram fiéis e não negaram a fé em Jesus. Mesmo passando por muitas perseguições. Os crentes tinham fé, mas parece que lhes faltavam o discernimento bíblico e espiritual para combater os falsos ensinos. Havia um grupo de pessoas que tolerava os pseudo-mestres e prá­ticas contrárias à Palavra de Deus. O povo do Senhor corrompia-se ao acei­tar as doutrinas de Balaão. A Igreja do Altíssimo deve conhecer mais a Palavra de Deus a fim de que ensine a sã doutrina.

Primeiro, vieram os discípu­los de Balaão que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e exótica, logo acharam guarida na igreja em Pérgamo.

Depois, che­garam os nicolaítas que, embora atrevidos e afoitos, também não encontraram dificuldades para se acomodar entre as pobres e desprotegidas ovelhas. Quando o mi­nistério local deu por si, já não havia mais nada a fazer: o terreno já estava tomado pelo inimigo. E o pastor da igreja? Ele sabia que a situação era grave, mas não ignorava o que acontecera ao seu antecessor.

Ao reagir aos ataques de seus oponentes, o destemido Antipas foi assassinado pelo grupo que sustentava o trono de Satanás naquela igreja.

As coisas, porém, não have­riam de continuar daquele jeito. Já enojado, Jesus, através de João, envia uma carta ao anjo de Pérga­mo, urgindo-o a retomar o cajado e apascentar o rebanho de confor­midade com a sã doutrina. Caso contrário, o próprio Senhor bata­lharia contra aqueles iníquos com a espada que sai de sua boca.

Como estão nossas igrejas no mundo de hoje? Será que, de alguma forma, não permitimos que o Diabo se entronizasse entre nós e não o percebemos? É hora de reagir contra o império das trevas.

Pérgamo era a cidade dos livros, da ignorância espiri­tual e do trono de satanás. Situada às margens do Caíco e distante trinta quilô­metros do Mar Egeu, Pérgamo era a mais importante metrópole da Mísia. Cidade antiga e rica, fizera-se afama­da por sua biblioteca, cujo acervo chegou a ser estimado em duzentos mil vo­lumes. De tal forma ela se achava ligada aos livros, que o seu nome tornou-se sinônimo destes: per­gaminho. Seus operários sabiam como industriar a pele animal como suporte à escrita.

Como uma cidade tão rica em livros podia ser tão pobre quanto ao conhecimento do verdadeiro Deus? Faltava-lhe a sabedoria do Livro dos livros. (Pv 1.7).

Como era a Igreja em Pérgamo. Pérgamo, em grego, significa casa­do. É bem provável que a Igreja de Cristo haja sido implantada em Pér­gamo quando da estadia de Paulo em Éfeso. (At 20.31). Apesar de a cidade ser a guardiã do trono do próprio demônio, o Reino de Deus prevaleceu em seus termos. Se o trono era do Diabo, o cetro estava nas mãos de Cristo. (Is 9.6).

A lição da espada de dois gumes. A espada afiada de dois gumes. A uma igreja casada com o mundo e que já se havia acomodado a duas ardilosas he­resias, apresenta-se Jesus como “aquele que tem a espada aguda de dois fios ( dois gumes)”. (Ap 2.1 2). Sim, con­tra as apostasias, só existe uma arma realmente poderosa: a Bíblia Sagrada, a espada do Espírito Santo. (Ef 6.17; Hb 4.12).

Manejando bem a es­pada do Espírito. Se temos semelhante arma, combatamos as mentiras que nos chegam aos arraiais como verdades. Cortemos pela raiz as heresias, misticismos e modismos que teimam brotar em nossos campos. Nessa luta, porém, saibamos como manejar a Palavra de Deus: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. (2 Tm 2.15).

Guerreamos contra as inverdades doutrinárias que o Diabo, velada e abertamente, vem semeando na seara do Mestre. (2 Pe 2.1).

"Contra as apostasias, só existe uma arma realmente poderosa: A palavra de Deus que é a Bíblia Sagrada e a espada do Espirito Santo”.

Havia um anjo (Pastor) lá. Era como um anjo numa cidade infernal. Não era nada fácil ao anjo de Pérgamo habitar nessa cidade. Se por um lado, era co­agido pelos pagãos a incensar o altar no qual César era divinizado; por outro, era constrangido a conviver com o paganismo que, a princípio sutil, ameaçava agora o remanescente fiel da igreja. Mas o Senhor Jesus estava de tudo ciente: “Eu sei as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás”. (Ap 2.13).

"Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”. Ap 2.17

Nota-se que a frieza espiritual dominava a vida daquela igreja, pois, que os crentes infiéis e casados com o mundo, haviam entronizado Satanás na casa de Deus.

Pérgamo era uma cidade in­fernal, mas o Senhor queria o seu anjo ali, para que ali fosse mani­festado o Reino dos Céus.

O paganismo não ficou res­trito à igreja de Pérgamo. Nestes últimos dias, o Diabo vem repaganizando o mundo através dos meios de comunicação. Há um panteão em cada praça, em cada rua, em cada cidade, enfim, pelo mundo inteiro se vê a frieza espiritual dominando as igrejas com o modernismo patrocinado pelo ecumenismo.

O testemunho e a per­severança de um anjo causou impacto positivo para os que queriam ser fiéis. Embora habitasse num lugar espiritual e moralmente hostil, o anjo da igreja em Pérgamo porfiava em manter o seu testemunho, como realça o próprio Senhor: “Re­téns o meu nome e não negaste a minha fé”. (Ap 2.1 3). Ele mantinha uma postura impecável como servo de Deus. Se parte de sua igreja achava-se casada com o mundo, ele e o remanescente fiel encontravam-se aliançados com o Cordeiro de Deus.

Antipas, a fiel teste­munha, muito provavelmente havia precedido o des­tinatário da carta no pastorado de Pérgamo. E pelo que depreendemos das palavras do Senhor, o fiel Antipas, cujo nome em grego significa “contra todos”, levan­tara-se para combater os após­tatas que haviam entronizado o Diabo naquela igreja. Por isso, ajuntaram-se todos para tirar-lhe a vida, conforme denuncia Jesus: “o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita”. (Ap 2.13).

Sim, Antipas não foi morto pelas autoridades romanas. Ele foi morto pelos que se diziam ir­mãos. Por conseguinte, caberia ao atual anjo de Pérgamo continuar a luta de Antipas. Levantar-se-ia ele contra os que detinham a doutrina de Balaão e sustentavam o ensino dos nicolaítas.

A igreja de Pérgamo era muito dada às heresias. As heresias de Pérgamo eram equivalentes às Doutrinas de Balaão. O en­sino pseudobíblico que, torcendo as Sagradas Escrituras através de artifícios teológicos e hermenêuticos, corrompia a graça de Deus, apresentando aos santos uma teologia permissiva e eticamente tolerante, porém valorizava mais os erros e pecados dos errados do que a busca por santificação. (Jd 4).

O objetivo dessa doutrina era levar o povo de Deus à prostituição e à idolatria, a fim de, enfraquecendo-os com suas falsidades, moral e espiritualmente, extorquir-lhes os bens materiais. Era a teologia dos ladrões.

O patrono desta doutrina era Balaão, filho de Beor que, embora profeta e teólogo, utilizou-se da profecia e da teologia para levar a maldição ao arraial dos hebreu. (Nm 25). Subornado por Balaque, rei de Moabe, ensinou-lhe como levar a maldição às tendas hebreias. Por isso, o apóstolo Pedro taxa-o de louco. (2 Pe 2.15,16). E Judas acusa-o de venalidade, profeta vendilhão. (Jd 11).

Balaão tinha os seus discí­pulos em Pérgamo, por isso suas falsas doutrinas e seus estímulos ao engano, encontrou sucesso no meio daquela igreja. Estimulados pela ganância, utilizavam-se de sua influência teológica sobre a igreja, a fim de levá-la a noivar-se com o mundo.

Também a doutrina pervertida dos nicolaítas dominava no meio do povo. Não sabemos muita coisa acerca dos nicolaítas. O que sa­bemos é que a sua doutrina não destoava quase nada do ensino de Balaão. Pelo menos quanto ao conteúdo.

Se Balaão era dissimulado, sutil e teológico, os nicolaítas, fa­zendo abertamente comércio dos santos, publicamente apregoavam a repaganização da igreja, afir­mando ser possível servir a Deus e aos ídolos. Utilizando-se de um linguajar bem elaborado, levaram muitos fiéis a se desviarem pelos caminhos da fornicação, do adul­tério e da idolatria.

Escrevendo aos filipenses, o apóstolo Paulo afirmou: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Sal­vador, o Senhor Jesus Cristo”. (Fp 3.20). Embora o cristão não tenha como evitar o lado “temporal” da vida, seu olhar deve fixar-se em sua redenção eterna. Jesus sabia da sedução que os bens materiais e terrenos podem exercer sobre nós e por isso advertiu: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. (Mt 6.21). Por esse motivo, colo­quemos o Senhor Jesus sempre em primeiro lugar.

Apesar da fragilidade daqueles crentes da igreja de Pérgamo, ela é chamada ao arrependimento.

Apesar também de a igreja em Pérgamo, como um todo, ser fiel a Cristo e às verdades do Evangelho, alguns dentre eles faziam-se passíveis da repreensão do Senhor. Os tais estavam comprometendo sua fé com os baixos padrões morais e costumes pagãos daqueles dias. Tinham um comportamento idêntico aos dos israelitas nos dias de Moisés. Se­guindo os conselhos de Balaão, um vidente e falso profeta, Balaque, rei de Moabe, usou belas jovens de seu reino para seduzir os israelitas, e induzi-los a participarem de suas festas idólatras, nas quais a imoralidade era praticada em nome da reli­gião. (Números 25.1-5; 31.15,16). Jesus chama isto de prostituição. (Ap 2.14). Deus não aceita ritos e cerimônias como desculpa para se quebrar os seus mandamentos, (2 Pe2.15,16), onde por dinheiro, Balaão tenta manipular Deus para que amaldiçoasse a Israel.

Alguns estudiosos veem no nome hebreu de Balaão (Ap 2.14) um equivalente na palavra grega Nikolaos, identificando os balaamitas como os nicolaitas do versículo 15.

Entretan­to, pelo contexto parecem ser dois grupos diferentes. Pode ser que os tais nicolaítas encorajassem o mesmo tipo de desregramento desenfreado que os balaamitas, mas sem envolver idolatria. É claro que ambos os grupos possuíam perspectivas erra­das acerca do amor e da liberdade do cristão".

 

Quarta igreja: Tiatira, a Igreja Tolerante.

O verdadeiro amor tudo suporta, mas não pode tolerar o pecado, porque o amoroso Deus exige santidade e justiça de seus filhos.

“Não vos prendais a um jugo desi­gual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as tre­vas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14,15).

Das sete cartas enviadas por Jesus às igrejas da Ásia Menor, a de Tiatira é a mais extensa. A cidade de Tiatira não era política e nem religiosamente im­portante.

Sua singularidade residia no aspecto comercial. Através da sua posição geográfica, o intercâmbio comercial da cidade se dava entre Europa e Ásia. Mas, no entanto, a ido­latria estava presente nessa prática comercial. Os membros da igreja de Tiatira deveriam decidir o que fazer nessas circunstancias, já que muitos eram profissionais da área do comér­cio. Todavia, a igreja de Tiatira não sofria perseguição religiosa; o perigo estava dentro da própria igreja, e tinha um cognome: Jezabel; a mulher que sustentava o seguinte ensino:

“Não havia problema nenhum de os cristãos amalgamarem-se e ou misturarem-se com os pecadores e praticarem de tudo o que praticavam". É nessa perspectiva cultural que se encontrava a igreja de Tiatira.

Ao contrário de Éfeso, a igreja em Tiatira fizera-se conhecida pelo amor. Mas se a primeira foi elogia­da por odiar os maus, a segunda foi repreendida por tolerar o mal. Àquela faltava amor; a esta, o amor até sobejava. Mas nenhum dos dois amores era perfeito. O amor de Éfeso já não amava como antes; o amor de Tiatira amava mais do que antes, mas ainda não era capaz de repulsar o mal a ponto de não permitirem e nem praticarem o mal.

Sim, Tiatira era amorosa. No entan­to, fez-se réproba ao mostrar-se indulgente com uma profetisa que, à seme­lhança da mulher de Acabe, vinha induzindo os santos ao adultério e à idolatria. O espírito de jezabel continua a rondar o rebanho do Senhor. Vigilância e oração são os pontos principais para a igreja não cair nesse engodo, nessa fraqueza. Nem tudo que parece espiritual vem do Espírito de Deus.

A igreja em Tiatira mostrava-se equidistante das outras igrejas em vários quesitos. A cidade de Tiatira, embora rica, não podia ostentar a riqueza de Éfeso nem era tão importante quanto Pérga­mo. Mas sabia como usufruir do progresso que os romanos haviam trazido à região ao transformar a Ásia Menor numa província im­perial. Sua produção de tecidos, principalmente o índigo (tecido tipo jeans atualmente e de coloração azul), tornou-a famosa em todo o mundo.

Tiatira fizera-se afamada também pelas guildas (grupos de interessados em determinados itens e ou utensílios), que agru­pavam os profissionais das mais diversas áreas; eram uma espécie de sindicato.

Hoje, quem visita a moderna Akhisar, na Turquia, depara-se com as ruínas de uma Tiatira que, outrora florescente, perdera todo o viço ao honrar mais a criatura do que ao Criador.

Como chegou o evangelho para formação de uma igreja em Tiatira. É bem provável que o Evangelho tenha chegado a Tiatira através de Lídia. Evangelizada por Paulo em Filipos, retornou à cidade natal como portadora das Boas Novas de Salvação. (At 16.14). O apóstolo haveria de confirmar o trabalho ali estabelecido em sua terceira viagem missio­nária. (At 19.10).

 Apresentando-se como o Filho de Deus, o Senhor Jesus se torna bem patente, ao anjo da igreja em Tiatira, ser igual ao Pai. (Jo 5.18; Fp 2.6; Ap 2.18). Implicitamente, declara-se o cabeça da Igreja. Sim, Jesus Cristo é o chefe supremo e incontestável tanto da igreja local quanto da Igreja Invisível, Militante e Uni­versal. Portanto, peregrinemos de acordo com a sua vontade. (1 Pe 1.1 7).

Quando Deus o Pai fez de Jesus Senhor e Cristo, estava aplicando o carimbo de aprovação total à vida e ministério de Jesus.

Jesus Cristo é Onisciente, Onipresente e  Onipotente. Seus olhos são “como chama de fogo”. (Ap 2.18). Sim, Jesus é onisciente. Ele tudo sabe, tudo conhece, tudo vê. (Jo 2.25; 16.30). Sonda-nos as mentes e os corações (Ap 2.23). Portanto, o Senhor sabia muito bem o que se passava na igreja em Tiatira. Tudo o que ocorre em nossas igrejas não está oculto aos olhos do Filho de Deus. É tempo de conserto e avivamento. É tempo de nos humilharmos debaixo da potente mão de Deus.

Deus é  o Supremo Juiz em todas as causas, mas principalmente da igreja, a noiva do Cordeiro.  O poder judiciário do Filho de Deus é sim­bolizado pelo bronze polido de seus pés. Ele é o Juiz Supremo de todas as coisas, porque todas as coisas foram-lhe confiadas pelo Pai. (Jo 5.22; Ap 2.18). Em breve, pois, Jesus haveria de submeter a severo julgamento tanto Jezabel quanto os que com ela adultera­ram. Deus não mudou. Continua a julgar os lobos que, em sua Igreja, vestem-se como cordeiros, a fim de levar as ovelhas ao pecado. (Mt 7.15).

Uma igreja rica em obras e pobre na vida espiritual, assim era Tiatira. Antes de o Senhor Jesus cen­surar o anjo da igreja em Tiatira, passa a destacar-lhe as qualida­des. Aliás, Tiatira, conforme já adiantamos, era tão rica em obras quanto Éfeso. Além disso, fizera-se elogiável pelo amor que consa­grava a Deus. No entanto, ainda não havia alcançado o padrão de Filadélfia.

O amor de Tiatira era maior do que antes, mas ainda não era perfeito porque sua im­perfeição não estava em amar os maus; residia no aquiescer ao mal. (1 Co 13.6,7). O amor que tolera o erro, ainda desconhece o que é certo. Deus ama o pecador, mas odeia o pecado de Jezabel e a abominação dos que, com ela, fizeram-se repugnantes aos seus olhos.

Tiatira vinha notabilizando-se no serviço a Cristo em favor dos santos. (Ap 2.19). Evangelizava, socorria os mais necessitados e tudo fazia por expandir o Reino de Deus. Imitando a apostóli­ca Jerusalém, erguia-se como exemplo para as demais igrejas. Todavia, seu amor carecia de perfeições. (1 Co 13.1-13).

Por suas obras, Tiatira demonstrara a sua fé (Tg 2.18). Uma fé, aliás, que não se limitava a um mero assentimento intelectual. (Tg 2.19). Sua confiança em Deus era bem fundamentada. Tinha forças não somente para realizar o impossível, mas para mostrar uma perseverança que ousava além dos limites humanos.

Tiatira era uma igreja paciente. A paciência é a virtude que nos capacita a supor­tar o insuportável. (Rm 5.4). Sabe­mos que, juntamente com a luta, o Senhor vem com o escape sempre oportuno. (1 Co 10.13). É por isso que o anjo de Tiatira mantinha-se perseverante e calmo continuando firme na realização da abundância em obras. O anjo da igreja em Tiatira jamais se mostrou remisso. Trabalhando e esforçando-se cada vez mais, foi elogiado por Cristo por serem as suas últimas obras mais abundantes do que as primeiras. (Ap 2.19). Se as primeiras eram boas, as últimas tinham a marca da excelência.

Jezabel e as profundezas de Satanás tinham toda liberdade de atuação na igreja de Tiatira. Ou os líderes daquela igreja eram coniventes com o que ela fazia, ou eles perderam totalmente o controle espiritual da igreja por outros motivos. Não obstante suas inigua­láveis virtudes, o anjo da igreja em Tiatira foi reprovado por Cristo por estar tolerando uma mulher que, dizendo-se profetisa, encontrava-se a desenca­minhar os fiéis à idolatria e à prostituição.

A Jezabel de Tiatira parecia pior do que a original. Ela era Idólatra e adúltera bem assim era a mulher de Acabe conhecida entre as tribos hebreias. Por cau­sa de sua reputação, ela serviu para nomear a profetisa que, em Tiatira, induzia os homens ao adultério e à apostasia. Curio­samente, Jezabel, em hebraico, significa casta, mas em nada diferia ela de uma rameira, ou seja, de uma prostituta profissional do sexo. (2 Rs 9.22).

Assim como existia as mulheres prostitutas cultuais dos templos pagãos, Jezabel queria implantar este sistema pernicioso e pecaminoso na Igreja de Tiatira, o que se tornou aparentemente um “ministério de Jeza­bel” dentro de uma igreja que deveria ser totalmente temente à Deus. Jezabel apareceu em Tiatira com uma nova doutrina que, em essência, era a velha mentira do Diabo. (Gn 3.1-5). Apresentou um ensino novo, uma “unção nova” e, quem sabe, até um método novo de crescimento da igreja. Nos bastidores, era tudo isso conhecido como as profundezas de Satanás. (Ap 2.24). O que pa­recia uma nova revelação era, na verdade, o engano antigo e caduco que levou nossos pais à ruína. (2 Co 11.3).

Além de profetizar, pasmem, Jezabel ascendera à categoria de mestra na igreja. (Ap 2.20). Profetizando e ensinando, seduzia a todos com a sua doutrina. Como lhe fora possível tamanha ascensão sobre o ministério? Não havendo ninguém que lhe barrasse os passos, ela transtornou todo o redil e comprometeu a ortodoxia e a
pureza da igreja.

A obra de Jezabel cresceu através de seus ensinos e profecias do engano; a perversa Jezabel induzia alguns homens à idolatria e ao adultério. (Ap 2.20). Devemos ter muita vigilância e muita observação quanto aos que se destacam, se despontam no seio da igreja. Não são poucos os que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e caricata, desviam os fiéis a práticas vergonhosas e abomináveis.

Cuidado com o rebanho que o Senhor lhe confiou. (At 20.28,29). Zele pela sã doutrina e pelos bons costumes. Jamais permita que o lobo lhe devore as ovelhas, utilizando-se de seu púlpito. (1 Tm 1.3; 4.16).

Em sua misericórdia, Deus concedeu um tempo de arrepen­dimento a Jezabel e aos que com ela pecaram. (Ap 2.21). 

Buscaram eles o favor do Senhor? Não temos o desfecho dessa história. Apesar de estarmos em plena era da graça, o Deus do Antigo Testamento não mudou. Deus puniu a Acã, não deixou impunes Ananias e Safira e não tolera a intervenção de Satanás na igreja que foi comprada e lavada com o sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, pois, nosso Deus é Deus de amor; Deus é a perfeição de nosso amor.

Não basta amar mais do que antes, é urgente amar como nunca: perfeita e integralmente. O perfeito e íntegro amor, embora suporte os maus, não pode tolerar o mal; apesar de amar o pecador, não pode indultar o pecado.

"Jesus reconhece que nem todos na igreja de Tiatira haviam dado ouvidos às falsas profecias e aos ensinos sedutores desta Jezabel. Por isto, deixa uma palavra de conforto ao restante dos crentes: não imporá ‘outra carga’ (ou responsabilidade) sobre eles”.

A carta à Igreja em Tiatira foi um marco histórico do que já vinha. A cidade de Tiatira estava loca­lizada a aproximadamente sessenta quilômetros a nordeste de Pérgamo. Era um importante centro industrial e comercial da região de Lídia. Na época em que o livro do Apocalipse foi elaborado, essa cidade estava em grande desenvolvimento e ainda viriam dias mais prósperos. Era tam­bém a sede de um grande número de associações de mercadores, in­clusive daqueles que trabalhavam com vários metais. O nome da ci­dade aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento, como a cidade natal de Lídia, uma cristã vendedora de tecidos de púrpura na cidade de Filipos. (At 16.14).

A descrição de Jesus, com “os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente", (2.18) tem sido, há muito, entendi­da como referência à florescente indústria de metais de Tiatira. Uma descrição semelhante aparece duas outras vezes no Apocalipse. (1.14,15; 19.12; Dn 7.9). Essa impressionante imagem lembra o quarto homem, “semelhante ao fi­lho dos deuses” que se colocou no fogo, ao lado de Sadraque, Mesaque e Abedenego no livro do profeta Daniel.  (Dn 3.25).

O leitor se lembrará que esses três homens se recusaram a inclinar-se perante a estátua de um outro imperador com alusões à divindade e que Deus os livrou da fornalha de fogo ardente.

Jezabel é julgada e condenada por todas as suas ações maldosas em Tiatira. Apesar de todas as coisas boas que Jesus disse sobre a igreja em Tiatira, Ele tem contudo outras contra ela. O problema em Pérgamo parece ter se originado de pressões vindas de forças pagãs (‘o trono de Satanás’ 2.13), de fora da igreja. Mas o problema em Tiatira foi iniciado e fomentado por uma mulher apóstata, membro da igreja. No lugar de ‘aquela mulher’, alguns antigos manuscritos trazem a palavra mais forte ‘sua mulher’, que poderia significar ‘sua esposa’, ou seja: esposa do pastor. Qualquer que seja o caso, o pastor e a igreja toleravam-na porque a consideravam profetisa. Jesus, entretanto, a chama Jezabel.

Na realidade, ela é pior do que a jezabel do Antigo Testamento, esposa do rei Acabe, que tentou substituir a adoração ao Senhor, em Israel, pelo culto a Baal, buscando fazer deste um deus nacional. Esta Jezabel, que se dizia profetisa, colocava suas palavras e ensinamentos acima dos de Cristo e dos apóstolos. Não somente ensinava que era lícito, aos olhos de Deus, cometer adultério espiritual e corporal, participar das adorações idólatras e imorais, como também seduzia, com muita perspicácia os crentes que realmente procuravam servir ao Senhor, e que lhe eram fiéis. Note que Jesus chama a estes de ‘meus servos’. As boas coisas que Jesus disse da igreja poderiam ser ditas sobre eles. Contudo, estavam agora sob a influência das profecias e ensinos desta Jezabel. Dando-lhe atenção, tornaram-se vítimas.

As profecias devem ser testadas pelas Escrituras; não podem estar baseadas num único versículo, ou metade num versículo aqui e a outra noutro lugar. As profecias devem estar de acordo com os grandes ensinamentos da Bíblia. Os que pertencem ao corpo de Cristo devem julgá-las. (1 Co 14.29). Assim, à medida que nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras, o Senhor mesmo iluminará nossos corações e mentes, concedendo-nos sua maravilhosa luz.

Jesus já havia tratado com esta Jezabel, e lhe dado um período de tempo (‘espaço’) para que se arrependesse. Mas ela não se arrepen­deu de sua fornicação, o adultério moral e espiritual. Ela não mudou suas atitudes básicas, e ainda ensinava que a mistura da verdadeira adoração com práticas e adorações pagãs não constituíam qualquer pecado.

 

Quinta igreja: Sardes, a Igreja Morta.

Somente o Espirito Santo pode reavivar a Igreja e levá-la a posicionar-se como a agencia por excelência da Reino de Deus.

"Desperta, o tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te escla­recerá" (Ef 5.14).

A igreja de Sardes se encontrava morta espiritu­almente. Aparentemente estava bem, o seu exterior físico era excelente. No entanto, podemos definir essa igreja da mesma maneira que Cristo definiu os escribas e os fariseus: “Pois que sois semelhantes aos sepulcros caia­dos, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia”. (Mt 23.27).

Mesmo sendo uma igreja morta espiritualmente, Sardes abarcava um pequeno remanescentes de crentes fiéis ao Senhor. Atualmente há igrejas que se encontram como a de Sardes: mortas na vida espiritual. Mas, graças ao Senhor, há dentro dessas igre­jas homens e mulheres que permanecem fiéis a Deus. A carta à Igreja de Sardes é um aviso de Cristo para que não nos descuidemos da comunhão com Ele.

A igreja em Sardes foi mor­rendo aos poucos até esvaziar-se por completo do Espírito Santo. Agora, já não passava de um ca­dáver. Mas aos olhos humanos, parecia bem viva. Assemelhava-se aos defuntos preparados em ricas funerárias. Bem maquiada e vestida ricamente, impressio­nava por sua vida sem vida. Ela, porém, já começava a cheirar mal.

Muitas igrejas, hoje, assemelham-se a Sardes. Morreram e não o sabem. Vivem do passado, pois já não existem no presente. Ao invés do registro do novo nascimento, o atestado de um óbito que poderia ter sido evitado. Era só angustiar-se por um avivamento.

Todavia, o Senhor Jesus quer reavivá-las. O Espírito Santo have­rá de soprar-lhes a vida, para que se reergam neste vale de ossos sequíssimos. Somente um reavivamento ressuscitará as igrejas que, apesar de terem história, já não fazem história.

 

A igreja e a cidade de Sardes eram bem supridas pelas riquezas de seus tesouros em abundância naquela região

A cidade de Sardes, por estar situ­ada a quinhentos metros acima do nível do mar, considerava-se inexpugnável. Ela orgulhava-se também de seus fabulosos tesou­ros. Suas abundâncias que vinham, em parte, do rio Pactolos, que lhe fornecia ouro e prata em grandes quantidades. Suas águas, de tão excelentes, eram tidas como indispensáveis à boa saúde.

Sardes fazia parte do Reino da Lídia, cujos monarcas tornaram-se notórios por sua magnificência. Haja vista o fabuloso Creso,  ascendendo ao trono no sexto século a.C., este rei acumulou tantos bens, que o seu nome veio a tornar-se sinônimo de riqueza. No mundo antigo, este ditado era corrente: “Rico como Creso”.

Quem visita, hoje, a Turquia, espanta-se com as ruínas de Sar­des. Nem sombra há daquele reino que se elevava aos céus.

A igreja em Sardes foi fundada provavelmente pelo apóstolo Paulo, a igreja em Sar­des exalava abundante vida. De um amontoado de gente oriunda de várias etnias, o Espírito Santo batizou a todos no corpo de Cristo. (Rm 6.3). E apesar da diversidade cultural, todos agora achavam-se irmanados no Autor da vida, Jesus Cristo. (Nm 27.16; Jo 17.2; At 3.15).

Mas, não demorou muito, e Sardes começou a necrosar-se; morria e não percebia que estava morrendo. (Ap 3.1).

Sardes, agora, vivia de apa­rências. Embora parecesse avi­vada, jazia sem vida. Sua liturgia até lembrava o cenáculo, mas não passava de uma bem ritmada marcha fúnebre. Este é o retrato de algumas igrejas. No exterior, a caiadura bela; no interior, o acú­mulo de mortos. (Mt 23.27). E os que ainda vivem já não suportam o mal cheiro dos que apodrecem moral e espiritualmente.

Jesus apresenta-se à igreja em Sardes, como aquele que tem os sete Espíritos de Deus. Dessa forma, o Senhor realça a ação plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo. Somente o Consolador pode vivificar uma igreja morta. Lembra-se do vale de ossos secos visto por Ezequiel 37? Se buscarmos a Deus, o Senhor Jesus assoprará sobre nós o seu Espírito. Cada osso com o seu osso se ajuntará; os ner­vos e tendões aparecerão e as car­nes vestirão todos os esqueletos, prontificando-os como o poderoso exército de Deus. (Ez 37).

 

O que tem os sete Espí­ritos de Deus (Ap 3.1). Era ur­gente que Sardes soubesse: sem o Espírito Santo, a vida é impossível. Foi Ele quem transmitiu movimen­to e beleza a uma terra sem for­ma e vazia. (Gn 1.1,2). No ventre da virgem de Nazaré, concebeu a Jesus Cristo o Filho do Deus vivo. (Lc 1.35). E no Pentecostes, derramou-se sobre os discípulos (At 2.1-4). Sem o Es­pírito Santo, não há regeneração, pois o novo nascimento é operado por Ele. (Jo 3.5). Se Sardes estava morta, carecia com urgência do Espírito da vida. (Rm 8.2).

Os sete Espíritos de Deus. Existe apenas um único Espírito Santo. (Ef 4.4). Sua ação, todavia, é tão perfeita e eficaz, que Isaías setuplamente o descreve da seguinte maneira: “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Se­nhor”. (Is 11.2). Através da sétupla ação do Espírito Santo, o Senhor Jesus traz novamente vida às igre­jas que, à semelhança de Sardes, deixaram-se esvaziar de Deus.

As sete estrelas referidas na carta. Apre­senta-se Jesus, também, como o soberano da Igreja. Tanto local, quanto universalmente, Ele é a cabeça da Igreja, pois resgatou-a com o seu precioso sangue. (Ef 5.23; 1 Pe 1.17-19). Eis porque os pastores, no Apocalipse, são representados como as estrelas que se acham na destra do Cor­deiro. (Ap 1.20; 3.1). Portanto, se alguém quer brilhar, que brilhe nas mãos do Senhor como luz de um mundo que jaz no maligno.

Aos olhos das demais igrejas, Sardes exibia-se bela e viva. Mas aos olhos de Cristo, não passava de um defunto bem produzido. Aliás, a sua certidão de óbito já estava lavrada com a explicitação da causa mortis.

A primeira doença a atingir a igreja em Sardes foi a perda de sua me­mória espiritual. Embora vivesse do passado, já não conseguia lembrar-se do que recebera de Deus. A exortação do Senhor é urgente: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te”. (Ap 3.3).

A situação de Sardes era mais grave do que a de Éfeso. Esta igreja ainda podia lembrar-se do primeiro amor e voltar ao local onde caíra. Mas aquela, posto já estar morta, carecia de uma res­surreição; um grande e poderoso reavivamento. O Senhor Jesus, po­rém, tanto nos restaura a memória espiritual, como nos faz ressurgir dentre os mortos. (Ef 5.14).

Esta foi a segunda doença de Sardes: desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras têm de primar pela excelência. A igreja em Sardes, todavia, despre­zando o padrão divino, fizera-se tão relapsa, que o Senhor já não a suportava: “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”. (Ap 3.2).

No âmbito do Reino de Deus, a perfeição é o padrão mínimo aceitável, conforme recomenda o apóstolo: “se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberali­dade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”. (Rm 12.7.8). A perfeição na Igreja de Cristo só é possível se amarmos o Cristo da Igreja.

De que forma tratamos a Obra de Deus? Lembremo-nos da advertência de Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente!” (Jr 48.10).

Descaso para com o re­manescente fiel. No necrotério de Sardes, havia alguns crentes que ainda respiravam. E o Senhor estava preocupado com eles: “Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas dian­te de Deus”. (Ap 3.2). Jesus queria preservar a vida daqueles poucos homens e mulheres que não ha­viam contraído as moléstias deste século: orgulho, rebelião, adulté­rio, fornicação, heresias, roubo, cobiça, calúnias.

É hora de confirmar os que ainda respiram. Confirmemo-los através da Palavra de Deus, da oração, da comunhão dos santos e do serviço evangelístico e mis­sionário. Quanto aos que já mor­reram, que ouçam a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”. (Ef 5.14).

Se o anjo da igreja em Sardes não cumprisse os seus deveres, teria o nome riscado do Livro da Vida: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”. (Ap3.5). Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus. Sim, desempenhar o mi­nistério cristão de forma relapsa e profana pode levar o obreiro a comprometer a própria salvação. Todo cuidado é pouco.

Finalmente, irmãos, a Igreja de Cristo é lugar de vivos. Nosso Deus não é Deus de mortos. (Mc 12.27).

O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. (Ap 3.5). Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus.

O que Tem os Sete Espí­ritos. Jesus declara ser o que possui os sete Espíritos de Deus. Sete é o número da perfeição e da plenitude. Isto não significa que haja sete Espíritos Santos. Há apenas um Espírito de Deus. Mas quando o Espírito chega, vem pleno e com perfeição de poder. Apenas um espírito cheio de energia pode inflamar os corações, dar energia ao louvor, convencer do pecado, quebrantar, tirar o fardo e habilitar ministros.

A chave para o reavivamento nesta e em todas as igrejas mor­tas está com Cristo. Apenas Jesus pode derramar o Espírito sobre uma congregação. E apenas o Espírito Santo pode reavivar a igreja.

O reavivamento acontece apenas através da prerrogativa divina, jamais pela vontade humana. O profeta Zacarias disse: Não por força nem por vio­lência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. (Zc 4.6).

 

Sexta igreja: Filadélfia, a Igreja do Amor Perfeito.

Amar não é suficiente. É urgente que o nosso amor seja perfeita como perfeito é o amor com que Deus nos amou.

“Mas qualquer que guarda a sua pala­vra, o amor de Deus está nele verdadei­ramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele". (1 Jo 2.5).

Essa igreja e a de Esmirna foram as únicas que não receberam nenhum tipo de repreensão do Senhor.

Sabemos que não existem igrejas ou pessoas perfeitos. Como ser humano, estamos sujeitos ao erro. Todavia, como servos de Cristo e igreja do Senhor, não amamos o pecado e não somos mais dominados por ele. Não temos mais prazer no erro. Devemos viver de modo santo, buscando sempre guardar a Palavra de Deus e exaltar o nome de Jesus, a fim de que no Dia do Senhor, que está bem próximo, possamos ouvir: "Vinde ben­ditos de meu Pai, possui por herança o Reino que está preparado desde a fundação do mundo”. (Mt 25.35).

Filadélfia não era tão importan­te quanto Éfeso, nem tão rica como Laodiceia. No entanto, possuía um amor que tirava forças da fraqueza. E, de sua pobreza temporal, extraía bens eternos para enriquecer o mundo. Se a igreja em Filadélfia tinha algum segredo, era o amor que ela santificava a Cristo.

A uma igreja aman­te como Filadélfia, o Amado abre uma porta que ninguém poderia fechar. Sim, Jesus es­cancara-lhes os portais da evangelização e da obra missionária, levando-a a avançar como Reino de Deus além de suas fronteiras. Quando a igreja local é amorosa, logo Deus a universaliza.

A história de Filadél­fia nos mostra que ela era uma igreja do amor fraternal. Filadélfia foi estabelecida pelo rei Átalos Filadelfos II de Pérgamo em 189 a.C. Ao cons­truir a cidade, tinha como obje­tivo helenizar a região que, até aquela época, usava como língua comum, o gálico.

O território da bíblica Filadélfia é ocupado, hoje, pela cidade turca de Alasehir, situada a 130 quilôme­tros ao leste de Esmirna.

A igreja em Filadélfia à semelhança das demais igrejas da Ásia Menor também foi estabelecida ou pelo apóstolo Paulo, ou por algum membro de sua equipe. (At 19.10). Poucas in­formações temos dessa congregação, que pas­saria à história como a igreja do amor frater­nal. A essa igreja, endereçou o Senhor Jesus uma carta carinhosa e terna.

Ao anjo da igreja em Filadélfia, apresenta-se o Senhor Jesus como aquele que é Santo e Verdadeiro. (Ap 3.7). Somente alguém com essas credenciais far-se-ia digno de receber do Pai a chave da casa de Davi, para abrir-nos todas as portas da oportunidade. (Is 22.22).

Jesus, o Santo de Deus estava presente na igreja de Filadélfia. (Ap 3.7). A santidade é um dos principais atributos de Cristo. Em­bora separado do pecado, Ele não se separou dos pecadores, mas ofereceu-se, amorosa e sacrificialmente, para salvar-nos de nossas iniquidades. (Hb 2.14).

Se Ele é santo, de sua Igreja requer santidade e pureza. (1 Pe 1.16). Portanto, Filadélfia deveria fazer-se notória também pela san­tidade, pois sem esta ninguém verá o Senhor. (Hb 12.14). Nossa igreja é santa? Ela segue a paz com todos?

Jesus se apresenta à igreja de Filadélfia como o Verdadeiro. (Ap 3.7). Apre­sentando-se também como verdadeiramente o é, o Senhor Jesus demanda de sua Igreja uma postura verdadeira e confessante. Filadélfia tinha tais características. Por isso, estava disposta a professar o nome de Cristo até o fim. Ela não se conformava com este mundo.

A chave da Casa de Davi estava com Jesus. Jesus é o representante mais autori­zado da casa de Davi, pois somente Ele reuniu as condições necessárias para exercer o tríplice ministério messiânico: Profeta, Sacerdote e Rei. (Sl 110.1-7). Dessa forma, ficou ao seu encargo a chave da Casa de Davi que, no Antigo Testamento, fora confiada a Eliaquim. (Is 22.22-25).

Apresentando-se assim a Filadélfia, Ele deixa bem claro que, na expansão do Reino de Deus, ne­nhuma porta haverá de prevalecer contra a Igreja, porque Ele as abrirá. (Mt 16.13-19). Portanto, se nos dispusermos a alcançar os confins da terra, certamente seremos bem su­cedidos. O que estamos esperando? Aleluia! Não há portas fechadas aos que se dispõem a ganhar o mundo para Cristo.

A igreja de Filadélfia era amorosa, paciente e confessante de sua fé inabalável em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador.     Sendo rica em amor, Filadélfia era também abundante em obras e virtudes teológicas. (Ap3.8). Eis al­guns traços da personalidade dessa igreja tão amorosa e tão amada:

O amor é a maior das obras. Embora nenhuma de suas obras haja sido particularizada por Cristo, a igreja em Filadélfia cum­pria zelosa, e perseverantemente, os termos da Grande Comissão. (Mt 28.19,20; At 1.8).

O que disso concluímos? So­mente uma igreja amorosa se pre­ocupa com a evangelização e com a obra missionária. Que lindos exemplos temos nas igrejas da Macedônia. (2 Co 8.1-6).

Tinha força na fraqueza. Filadélfia não era uma igreja forte. (Ap 3.8). Mas pela fé, sabia como tirar forças da fraqueza. (Hb 11.34). Portanto, não importa se a sua igreja é pequena: faça grandes coisas para Deus. Ela é pobre? Enriqueça os miseráveis com o Evangelho de Cristo. Ela é desconhecida? Leve os pecadores a serem conhecidos como filhos diante do Pai.

Filadélfia era um exemplo de igreja amorosa e vivia em perseverança. Em meio às perseguições, Fila­délfia jamais negou o nome do Senhor Jesus.  (Ap 3.8). Ela não capitulou diante do Império Romano, pois estava compromissada com o Reino de Deus.

Além das tribulações externas, a igreja em Filadélfia enfrentava, no âmbito doméstico, as investidas de um grupo denominado de sinagoga de Satanás. (Ap 3.9). Tratava-se de uma gente herege e ímpia que, desfraldando impiamente a bandeira da Lei de Moisés, buscava anular a graça de Cristo. Paulo, aliás, tivera muitas dificuldades com esses indivíduos. (Cl 1.1-7).

As dificuldades que os falsos obreiros causavam à Filadélfia não eram pequenas. Todavia, haveriam eles de reconhecer que a igreja, embora fraca, contava com um forte defensor: “Eis que eu farei aos da sinagoga de Sata­nás (aos que se dizem judeus e não são, mas mentem), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo". (Ap 3.9).

Estejamos, pois, tranquilos. Jesus batalha nossas batalhas e guerreia nossas guerras.

A Filadélfia dos últimos dias é uma igreja convertida, conservadora e perseverante na fé. Enquanto Laodiceia existia para o aqui e o agora, Filadélfia tinha uma perspectiva escatológica verdadeiramente bíblica. Ela enca­rava com seriedade a iminência da volta de Jesus Cristo.

A iminência da volta de Jesus era e continua sendo real. Em sua carta à igreja em Filadélfia, o Senhor Jesus alerta-nos: “Eis que venho sem demora”. (Ap 3.11). Nunca estas palavras fizeram-se tão urgentes quanto hoje. Basta ler os jornais, para se confirmar o cumprimento das pro­fecias que preanunciam o arrebatamento da Igreja. Tenho certeza de que Filadélfia, ao receber tal exortação, alegrou-se muito, pois, amante como era, suspirava pelo Amado. (2 Tm 4.8). E nós? Amamos realmente a volta do Senhor?

A Grande Tribulação vai chegar, não tardará. Muitas eram as tribulações que se abatiam sobre Filadélfia. De uma coi­sa, porém, sabia aquela amantíssima igreja: o Senhor não permitira que viesse ela a ser alcançada pela Grande Tribulação. É o que nos promete Jesus: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”. (Ap 3.10).

Não tenha medo é a recomendação de Jesus. Antes que chegue a angústia, Jesus virá arrebatar-nos. E assim estaremos para sempre com o Senhor. (1 Ts 4.13-17).

A coroa de glória será dada para quem for vencedor. A igreja em Filadélfia já havia recebido sua inteira aprovação do Senhor. No en­tanto, haveria ela de mostrar-se vigi­lante e cuidadosa para que ninguém lhe furtasse o galardão: "Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. (Ap 3.11).

Estamos nós vigilantes e cuidado­sos com o que nos confiou Jesus? Não permita que o Diabo lhe roube no tempo os bens que o Senhor lhe preparou na eternidade. (Ap 2.10).

Mantenhamo-nos fiéis porque o Senhor Jesus não tardará. Em seu inconfundível amor, promete-nos: "A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome". (Ap 3.12).

Sabe você o que significa esta promessa? Além de termos o privilégio de morarmos nos céus por toda a eternidade, seremos lá tidos como ilustres. Sobre nós estará o nome de Deus, do Noivo e da Jerusalém Celestial.

Quem tem ouvidos ouça o que o Espirito diz às Igrejas. A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome:. Ap 3.12.

Filadélfia tinha sido fundada pelos cida­dãos de Pérgamo, em uma região fronteiriça, como uma porta de entrada ao platô central da Ásia Menor. De Filadélfia, saíam rotas de comércio que levavam a Mísia, Lídia, e Frigia. A rota postal do império romano também passava por Filadélfia, e a cidade ganhou o nome de “Porta para o Oriente”. As pla­nícies ao norte eram propícias para a plantação de uvas, de maneira que a economia de Filadélfia se baseava na agricultura e na indústria. O terremoto de 17 d.C., que tinha, destruído Sardes, também tinha sido particularmente devastador em Filadélfia, porque a cidade estava próxima a uma linha de falha geo­lógica e sofreu muitos tremores de terra subsequentes. Isto fazia com que a população se preocupasse e levava muitos deles a viver fora do limites da cidade. Filadélfia era uma igreja pequena em uma área difícil, sem prestígio e sem riquezas, de­sencorajada porque tinha crescido. Mas Cristo não tinha palavras de re­preensão para esta igreja pequena e aparentemente insignificante, e Ele descreveu-se à igreja de Filadélfia como o que é santo, o que é verda­deiro. Este era um título familiar de Deus. (veja Is 40.24; Hc 3.3; Mc 1.24; Jo 6.69).

 

Sétima igreja: Laodiceia, uma Igreja Morna.

A igreja que não busca os interes­ses do Reino de Deus está fadada ao fracasso, ao esquecimento e à indigência espiritual.

"Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas". (Mt 6.33).

A igreja de Laodiceia recebe a sétima e última carta. Infelizmente a situação espiritual dessa igreja era miserável. Uma igreja em que os bens materiais sobejavam, mas era totalmente desprovida espiritu­almente. Nem quente, nem fria, uma igreja morna, indiferente à Palavra de Deus. Porém, o Senhor Jesus a amava e por isso aconselhou que buscasse um genuíno avivamento.  (Ap 3.18). O Senhor Jesus não quer que seus filhos se percam. Ele é aquele que traz o nosso pecado à tona, nos ensina como abandoná-lo e nos perdoa quando de coração sincero nos arrependemos.

Laodiceia de nada tinha fal­ta; possuía tudo em abundância. Aos olhos do Senhor, porém, não passava de uma igreja pobre, cega, miserável e nú. O que lhe sobejava em rique­zas temporais, faltava-lhe em bens eternos. Ela retrata as igrejas que, desconstruindo-se como Reino de Deus, reconstroem-se como impérios humanos.

Jesus não mudou. Continua a zelar pela qualidade espiritual de sua Igreja. Ele requer sejamos fervorosos no espírito, porque não haverá de aturar crentes mornos e indiferentes às reivin­dicações de sua Palavra. A mornidão espiritual é repugnante ao Senhor.

Observemos, pois, com re­verência e temor, as advertências que nos reservou o Filho de Deus nesta carta.

Jesus se identifica e traz à tona a situação daquela igreja. Tendo em vista a soberba e a presunção espiritual da igreja em Laodiceia, uma das principais ci­dades da Ásia Menor, apresenta-se o Senhor Jesus com irrecorríveis credenciais: “Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus". (Ap 3.14).

A testemunha fiel e verdadeira clama por verdadeiros adoradores que O adorem em espírito e em verdade. Se Laodiceia vive de mentiras e de aparências, Jesus não tem outra alternativa senão a de apresentar-se, ao seu pastor, como a Testemunha Fiel e Verdadeira. Conclui-se, pois, que a Igreja de Cristo tem a obrigação de sustentar a verdade evangélica neste século maligno e mentiroso. (1 Tm 3.15). Mas como poderá uma igreja mor­na e que tem a cara do mundo levantar-se como a voz profética de Deus?

O anjo da igreja em Lao­diceia, ignorando a suficiência di­vina, extravasa-se em sua arrogância e em presunções: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta". (Ap 3.1 7).

Agora, porém, ele terá de saber que Jesus, como o princípio da criação de Deus, é o dono de todas as coisas, porque todas as coisas foram por Ele criadas. (Jo 1.3). Sim, tudo quanto há no mundo existe por causa dele e para Ele. (Rm 11.36).

Igreja rica não é aquela que tem ouro e prata, mas aquela que ainda pode declarar no poder do Espírito Santo: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda". (At 3.6). Sim, igreja abastada é aquela que, embora pobre, consagra ao Senhor preciosas almas.

Se Laodiceia fosse fria, buscaria o calor de um avivamento; se quente, espalharia esse mesmo avivamento até aos confins da terra, porém a mornidão espiritual deixou aquela igreja inerte, parada no tempo.

A situação espiritual da igreja de Laodicéia era extremamente negativa e cadavérica. O Senhor Jesus, onisciente que é conhecia a situação real da igreja de Laodicéia. Esta igreja, que vivia uma vida de aparências e mentiras, é desmascarada pela Testemunha Fiel e Verdadeira.

Se Laodiceia fosse fria, buscaria o calor de um avivamento; se quen­te, espalharia esse mesmo aviva­mento até aos confins da terra. Morna, porém, faz-se indiferente a Deus e à sua Palavra. Por isto, o Senhor repreende-a: "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente”. (Ap 3.1 5).

A igreja de Laodicéia era possuidora de uma arrogância espiritual que não invejava ninguém. Além dessa indiferença doentia e crônica às coisas de Deus, o anjo da Igreja em Laodicéia era soberbo e arrogante. Supunha que, por ser rico e de nada ter falta, achava-se acima das providências divinas. A prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo diria tal coi­sa: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”. (Ap 3.17).

O que nos lembra esse discur­so? A retórica do querubim ungido ao apostatar-se de sua posição junto ao trono do Altíssimo. (Is 14.13,14). Comportam-se assim as igrejas que, por causa de sua prosperidade material, julgam-se ricas, mas espiritual e ministerialmente são paupérrimas.

A falta de percepção do próprio eu fez aquela igreja mergulhar na lama. Apesar de todos os seus bens materiais, Laodicéia em nada diferia de um esmoler espiritual: "e não sabes que é um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”? (Ap 3.17).

Se Adão logo após a Queda percebeu-se nu, o pastor da igre­ja em Laodicéia julgava-se bem vestido e ornado. Se o primeiro homem teve os olhos abertos para enxergar a própria nudez, o anjo de Laodicéia  achava-se, mesmo despido, em trajes de gala. E se Adão, reconhecendo a própria carência, coseu aventais da fi­gueira, aquele obreiro, embora descoberto, desfilava toda a sua nudez diante das ovelhas. Infeliz­mente, ninguém tinha coragem de dizer que o pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor dos pastores endereçasse-lhe uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a pobreza e a cegueira espiritual.

Como estão as suas vestes espirituais? São ainda alvas? Ou anda você nu sem o saber? "Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça". (Ec 9.8).

Tem jeito de avivar ou reavivar uma igreja morta?

Temos a impressão de que Laodicéia era um caso perdido. Todavia, o Senhor Jesus não havia desistido dessa ainda amada e querida igreja. Juntamente com a reprimenda e a censura, envia-lhe Ele a receita de um grande e po­deroso avivamento: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas”. (Ap 3.18).

O anjo daquela igreja deveria fazer, com a máxima urgência, as seguintes aquisições junto ao Cordeiro de Deus:

Ouro refinado pelo fogo. A menos que o anjo da Igreja em Laodicéia adquirisse os tesouros da sabedoria e da ciência em Cristo, continuaria a levar uma vida miserável. (Cl 2.2,3).

Como adquirir tais tesouros? Cristo no-los coloca à disposição. Não quer você apossar-se desses tesouros e ter uma comunhão mais íntima com o Senhor?

Vestiduras brancas. Redimidos pelo sangue do Cor­deiro, nossas vestes tornaram-se mais alvas que a neve (Is 1.18). Sim, Ele mudou-nos as vestiduras que, manchadas pela iniquidade, envergonhavam-nos diante de sua justiça e santidade (Zc 3.1-10).

Como está você diante de Deus? Nu? Ou revestido da graça divina?

Colírio. A cegueira espiritual era o grande problema da igreja em Laodiceia: não conseguia ver a própria miséria nem podia perceber a sua nudez. Por isso o Senhor Jesus aconselha o seu anjo: “aconselho-te que de mim compres colírio, para que vejas”. (Ap 3.18).

Sabe onde poderá você en­contrar o colírio recomendado pelo Senhor? Nas Sagradas Escrituras. Lendo-a, conseguimos ver todas as coisas perfeitamente. (Sl 119.105).

Embora abastada e próspera, a orgulhosa Laodiceia não era rica diante de Deus.

Voltemos à manjedoura! Enriqueçamo-nos daquEle que se fez pobre por amor de nós. Vençamos a mornidão espiritual, pois o Senhor Jesus promete-nos uma grande e verdadeira recompensa: “Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assen­tei com meu Pai no seu trono”. (Ap 3.21).

Haveria esperança aos Laodicenses caso eles se arrependessem. Mas isto implicaria numa mudança de atitude, de coração; enfim: um retorno ao antigo fervor. Acontecendo isto, deveriam consagrar-se a si mesmo num zelo contínuo.

"Laodicéia era um rico centro de comércio. A prosperidade tão grande era a cau­sa da mornidão daquela igreja. Eles haviam se tornado ricos e cheios de bens materiais. Com o dinheiro que já tinham, multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora, tão envolvidos com a vida material que eram induzidos a negligenciar a espiritual. (Mt 13.22). Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição. Era muito tolerante com o pecado dos membros da igreja. Não havia sido invadida pelas falsas doutrinas nem pelos falsos apósto­los. Para as outras igrejas, sua situa­ção era excelente, ideal.

Os cristãos de Laodicéia haviam se tornado tão satisfeitos e eufóricos com as coisas que o dinheiro pode comprar, que foram levados a perder o desejo pelas coisas de Deus. Infelizmente, não haviam aprendido ainda a viver em prosperidade. (Fp 4.12) Como resultado, sua satisfação era falsa por ignorarem as coisas de Deus.

A coincidência com as igrejas de hoje é gritante. Só se fala em dinheiro, bens, riquezas, prosperidade, glamour, passeios, viagens de lazer, fortunas, luxúria, modas atuais, jóias raras e caras, sonhos impossíveis para realizar e que vão realizar, hospedagem em cidades turísticas das mais caras do mundo, comprar, comprar, comprar  coisas materiais e alimentos, bebidas exóticas, mansões e por aí vai.

A igreja elitizada do mundo moderno perdeu a unção. Não se pensa mais em ser exemplo dos fiéis e nem em orar e estender as mãos aos mais fracos e necessitados.

Deus tenha misericórdia e traga um novo avivamento constante para a igreja que é conservadora e permanece fiel aos princípios da palavra de Deus, aguardando a volta de Jesus para arrebatá-la.

 

Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.