UMA ORAÇÃO ESPECIAL DO REI DAVI
Diz o rei Davi no Salmo 5 esta frase bem
conhecida dos evangélicos que gostam de orar: “...em longas noites eu a ti
vigiarei...”. Isso demonstra que o rei Davi era um homem que gostava de orar e
louvar a Deus em oração.
Assim clamava o rei Davi ao Senhor no Salmo
5: “Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei. Pela
manhã, ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela manhã, me apresentarei a ti, e vigiarei”.
Davi diz também no Salmo 5: SENHOR, Guia-me
na Tua Justiça.
A maior parte dos Salmos foi escrita durante
a vida de Davi, o segundo rei de Israel. Alguns incluem detalhes que os
posicionaram em momentos específicos da vida desse grande líder. Na maioria dos
casos, porém, não temos dados suficientes para identificar o contexto exato.
O Salmo 5 também representa a atitude que
caracterizou a vida de Davi, mas alguns aspectos de suas súplicas pareciam
típicas dos primeiros anos de seu reinado, quando esse homem humilde buscava o
favor de Deus para consolidar seu reinado. Dá para imaginar Davi chegando dia
após dia na presença do Senhor, exigindo que a causa dos justos seja
estabelecida, e que os arrogantes e ímpios sejam derrotados.
Davi encaminhou esse Salmo ao mestre de canto
para ser utilizado na inspiração ao Senhor, e iniciou o hino com seu pedido
para o Senhor ouvir suas súplicas, (versos 1 a 3). Ele pediu para Deus ouvir
suas palavras e até seu gemido, começando com as suas orações matinais. Apesar
de sua verdadeira intimidade com Deus, Davi não abordou o Senhor com exigências
e critérios próprios. Ele apresentava
suas orações, clamando e implorando a Deus diariamente, e esperava as respostas
do Senhor.
A mensagem principal do Salmo depende de uma
distinção entre os ímpios e os justos, Davi se posicionou entre os fiéis e seus
pedidos para Deus aplicam a justiça na separação desses dois grupos de homens e
se baseiam no caráter justo do Senhor: “Pois tu não és Deus que se agrade com a
iniquidade, e contigo não subsiste o mal”, (verso 4). Nos versos seguintes, ele
passa da separação entre o certo e o errado para a distinção entre os homens
que praticam a iniquidade e os justos que servem ao Senhor. Ele afirmava que os
arrogantes e praticantes da iniquidade, sejam mentirosos, violentos ou
fraudulentos, não seriam ouvidos por Deus. (versos 5 e 6).
Davi não se vê como um desses fraudulentos,
como observamos no verso 7 que diz: “porém eu, pela riqueza da tua
misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo,
no teu temor”. Sua confiança, porém, não indica arrogância ou autojustiça.
Ele não entra pela abundância da sua própria manutenção ou perfeição espiritual,
e sim pela misericórdia de Deus. E Davi não entra para ficar de pé do lado de
Deus como se fosse um colega. Ele se prostra em submissão e entusiasmo,
entendendo perfeitamente a posição exaltada do seu Criador.
É correto e bom sentir a confiança de entrar
na presença de Deus, mas essa ousadia não se baseia em nossos méritos. Chegamos
a Deus somente pela sua infinita graça, (Hebreus 4:14-16).
Enquanto observava a conduta errada dos seus
oponentes, inimigos e pedia a justiça divina para com eles, Davi se preocupava
com os seus caminho e dizia: “SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos
meus adversários; endireita diante de mim o teu caminho”. (verso 8).
Não foi apenas vitória sobre seus inimigos
que Davi procurava; ele desejava andar com Deus.
Talvez seria melhor dizer que ele entendeu
que a única vitória verdadeira se encontra no caminho do Senhor. Vencer homens
carnais com atitudes carnais seria, de fato, uma grande derrota. As armas dos
servos do Senhor não são carnais, (2 Coríntios 10:3-6). Escrevendo mil anos
depois de Davi, o apóstolo Pedro citou o exemplo de Jesus para ensinar este
princípio: “pois ele, quando ultrajado, não reviveu com ultraje; quando
maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se aquilo que julgava retamente”. (1
Pedro 2:23).
No final do Salmo, fica evidente que a
distinção entre Davi e seus oponentes não foi apenas um conflito pessoal, e sim
uma diferença em suas atitudes para com Deus. Os ímpios investem nos seus
próprios planos e se rebelam contra Deus, enquanto aqueles que amam o Senhor
investem nele e se regozijam no Criador. (versos 10 e 11).
A estrutura do Salmo 5 reflete a ênfase de
Davi. Os três primeiros e os últimos dois versos não falam dos adversários e
tribulações. Davi passou por provas, mas ele começou e terminou sua jornada com
o foco exclusivamente em Deus. Nossa vida deve seguir o mesmo padrão.
Quando confiamos em Deus do começo ao fim, as
adversidades são apenas momentos passageiros que não nos desviam do caminho. Jesus
Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Uma boa maneira de conhecer um cristão é
observar sua oração. Por ser uma exteriorização do que há no íntimo, no
interior da pessoa, quando vemos alguém orar conhecemos um pouco do que há onde
somente Deus pode ver.
Assim, se uma pessoa nunca toma a iniciativa
de orar diante das dificuldades do dia a dia e até mesmo de tarefas
corriqueiras ou se, a pedido de alguém, ora mecanicamente, percebe-se não se
tratar de alguém muito dado a buscar ao Senhor, seja em oração, seja pela leitura
das Escrituras, seja pela meditação e contrição pessoal.
Se alguém ora reivindicando bênçãos ou
rejeitando dificuldades, tal pessoa tem dificuldades em se submeter à vontade e
às orientações de Deus e costuma criar seu próprio modo de segui-lo. Se alguém
tem por hábito orar antes de cada coisa que vai fazer, mesmo que sejam em
momentos corriqueiros, surge diante dos olhos uma pessoa que entende que Deus é
soberano e que sabe que os cristãos são inteiramente dependentes dEle.
Aquele
que ora a Deus pedindo que cuide de certa situação, que faça sua boa vontade e
que seja presente em cada detalhe, receberá de Deus a resposta, no tempo de
Deus. Contudo, apesar da correta oração, não sabe esperar em Deus e passa
imediatamente a atuar como se não tivesse orado e como se Deus nada fosse fazer
no sentido de atender a oração. A pessoa pede ajuda de Deus e, em um instante,
nega a ajuda que pediu tomando a frente, ela mesma, da solução dos problemas.
Davi dá um bom exemplo para os discípulos do
Senhor Jesus. Basta notar as condições do seu dia a dia expressas no Salmo
5. Ele enaltece, diante de Deus, os justos (v.12) e os que confiam e amam o
Senhor, (v.11), justamente porque eram as pessoas que ele tinha em menor número
ao seu lado. É provável que os vv.4-6 demonstrem as características
das pessoas que causavam problemas e riscos para o rei de Israel. São pessoas
iníquas, (v.4), arrogantes, (v.5), enganadoras e violentas (v.6). Gente assim
causa sofrimento a todos quantos estão ao seu redor.
Sabendo da presença e do risco que os
inimigos representavam, Davi fez o correto: buscou a Deus em oração.
Entretanto, dizer isso é tratar o assunto vagamente, visto que, em oração,
podem-se fazer e falar muitas coisas, inclusive contraditórias. Temos visto,
por exemplo, pessoas que oram repreendendo os males como se neles mesmos
estivesse o poder para tanto; pessoas que ordenam bênçãos espirituais como se
Deus fosse seu servo pessoal; pessoas que dizem para Deus que não aceitam algum
mal que os acometa; e pessoas que, por incrível que pareça, oram perdoando o
Senhor por ter-lhes infligido alguma provação.
Davi não orou assim, mesmo que estivesse
preocupado com a violência e a maldade dos seus inimigos. Na verdade, ele
teve três atitudes necessárias à oração baseada no ensino bíblico. Em
primeiro lugar, ele clama a Deus por ajuda (v.1). O rei de Israel não
repreendeu o problema, nem colocou Deus na parede, nem tampouco perdoou o
Senhor por permitir a presença de inimigos. Davi, simplesmente, foi a Deus e
fez uma petição pela solução do sofrimento. Com o coração compungido, ele diz
“ouça as minhas palavras, ó Senhor, considera o meu gemido”, é como se
dissesse: “Senhor, veja como estou sofrendo e me ajude”.
Em segundo lugar, Davi sabe seu lugar
diante de Deus (v.2). Ele, o rei de Israel, se dirige ao Senhor e o chama
de “Rei”. Na verdade, Davi diz “meu Rei e meu Deus”. Ele não se sente apenas
como o grande rei cheio de súditos, mas sabe que também é um súdito, súdito de
Deus. O orgulho que costuma, infelizmente, acompanhar um cargo como o seu, não
nubla a visão de que há alguém que reina sobre ele. Isso faz com que ele não
busque seus direitos ou seus próprios recursos na solução do sofrimento. Ele,
antes, busca o Rei exatamente com a mesma humildade e dependência que os seus súditos
o buscavam.
Finalmente, em terceiro lugar,
ele espera pela atuação de Deus (v.3). Depois de orar a Deus, Davi
conclui com uma observação no mínimo intrigante. Quando a primeira reação que
imaginamos que alguém em problemas teria, a saber, iniciar rapidamente algumas
ações no sentido de dar fim ao mal, o rei de Israel leva em conta que expôs sua
angústia ao Deus Todo-Poderoso e confia na sua sábia resposta. Depois de abrir
seu coração a Deus, Davi diz: “E eu aguardo”. Uma outra tradução possível seria
“e fico observando”. Na verdade, essa palavra demonstra que Davi confiava tanto
no poder, na sabedoria e no amor de Deus que, depois de orar, ele, realmente
esperava pela resposta, qualquer que fosse. Isso não significa deixar de fazer
o que é de sua responsabilidade, mas deixar de fazer o que não é, além de se
abster de atitudes erradas por uma “boa causa”. Apesar de ser rei, Davi
esperava como um servo, que seu Senhor e nosso também, agisse em favor de
resolver os seus problemas e da nação de Israel.
Que exemplo a ser seguido por todos nós!
Afinal, homens iníquos, arrogantes, enganadores e violentos cercam quase todos
os cristãos. Que esse seja o incentivo e o exemplo para deixarmos de tomar
caminhos tortuosos a fim de fazer o que é da alçada do Deus eterno e nos
dediquemos, cada vez mais à oração. Mas não uma oração qualquer, a oração e as
atitudes dignas daquilo que Deus nos ensinou nas Escrituras.
Quem ora a Deus constantemente não vive dos
milagres dos outros, mas vive experimentando em suas vidas os milagres de Deus
diuturnamente.
O apóstolo Paulo em sua primeira epístola à
Igreja em Tessalônica recomenda a importância da oração: “Orai sem cessar”. 1
Tessalonicenses 5:17.
A oração é o fortificante do cristão, um
crente que não ora, é um crente fraco, está constantemente sujeito às ciladas
do inimigo, tem uma vida espiritual “duvidosa”, vive de milagres dos outros,
imagine uma pessoa que não se alimenta direito, que está com deficiências de
vitaminas e minerais, vive doente, uma pessoa desta nunca viverá com plenitude
as promessas de Deus se não tiver saúde espiritual.
Em contra partida o crente de oração é um
crente vitaminado, vive as promessas de Deus, dá frutos, recebe um alimento
novo do Senhor todos os dias de sua vida, constantemente está em comunhão com o
Pai e está conectado a Ele e divide as bênçãos recebidas.
Não existe uma fórmula secreta para se
alcançar este nível com o Senhor, mas como no início desta postagem citamos o
Salmo 5, faça como Davi e ore sem cessar, com dedicação, com fé, crendo na
vitória, buscando e perseverando.
A oração sem dúvida nenhuma é a chave da
vitória, quanto mais orarmos, mais perto ficamos do nosso Criador, é como se o
céu descesse até nós ou se nós subíssemos até o céu quando falamos com Ele. A
oração não é algo pronto, pré-concebido, é uma coisa que vem do coração, da
alma, é algo feito com sinceridade, a única oração deixada pelo Senhor a nós é
o Pai-nosso, demais é como se nós estivéssemos conversando com nosso melhor
amigo, fale assim com Ele, coloque suas alegrias a Ele, suas angústias, seus
problemas, agradeça pelo que Ele é, pelas coisas que têm feito por você. Não
fale com Deus em oração apenas para pedir, pedir e pedir como nós muitas vezes
fazemos, alegre-se com Ele, converse com Ele, agradeça também.
A oração tem tanto poder que tem a capacidade
de fazer com que Deus incline seus ouvidos para ouvir nossas petições, quando é
feita de coração, na própria palavra de Deus nos diz que nossas orações chegam
ao seu trono como incenso. Salmos 141:2.
O Senhor anseia por nossas orações, para
alcançar o favor de Deus nós precisamos nos humilharmos e orarmos e nos
convertermos de nossos erros, Ele nos ouvirá e nos sarará, conforme está escrito
em 2 Cr.7:14.
A chave da nossa vitória é a oração, é a
nossa auto-humilhação, e nos prostrarmos diante de Deus até com o rosto no pó.
Deus hoje quer te entregar a sua vitória,
entregue-se completamente diante dEle com todo seu ser, com toda a sua alma e
com todo o seu entendimento.
Deus abençoe você e sua família.
Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.
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