O BOM COMBATE DA FÉ
Disse o Apóstolo Paulo: “Combati o bom
combate, acabei minha carreira e guardei a fé”. 2 Timóteo 4:7.
Ainda deixou escrito para Timóteo, "Porque
eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me
dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda". (2 Timóteo 4:6-8).
O que é “se oferecer por libação”? O que
significa a palavra libação? É uma figura tirada da terminologia do sacrifício
cerimonial. Aqui sugere que seja o martírio de Paulo.
O que significa nesta passagem bíblica
escrita pelo Apóstolo Paulo, a palavra “Partida”: vem do gr. 'analusis' lit. (O
soltar das cordas; para a saída do navio); 'dissolução'; refere-se a morte do
apóstolo Paulo.
O apóstolo Paulo sempre foi muito
disciplinado. A disciplina do servo fiel inclui:
a) A coragem do bom soldado para enfrentar
situações difíceis.
b) A perseverança do atleta forte numa
corrida com muitos desafios desconhecidos.
c) A hospitalidade do fiel mordomo, do dono
generoso da casa, contribui para o aperfeiçoamento do servo fiel a Deus na
jornada de fé na obra de Deus.
O ser oferecido por libação literalmente significa
ser derramado como uma oferta de vinho, (Lv 23.10-14). Para o apóstolo Paulo, a
morte correspondia ao derramamento de sua vida como oferta ao Senhor.
Para o Apóstolo Paulo a sua partida, a sua
libação e a sua morte eram de seu conhecimento. Paulo sabia que, dessa vez, não
seria solto e que sua prisão já estava definida como sua execução também em
breves dias.
Então ele disse: guardei a fé; guardei o que é
o essencial no conjunto reconhecido de doutrinas cristãs de Judas, versículo 3.
O apóstolo Paulo guardou a fé em dois
sentidos, em dois aspectos diferentes: ele foi obediente a ela a tal ponto de
se oferecer ou de se sacrificar por ela. Ele foi fiel em ensinar o Caminho da
fé para os seus filhos na fé a transmitiu da mesma maneira como havia recebido
do Senhor Jesus.
Paulo foi obediente à fé em Jesus e a
transmitiu da mesma maneira como havia recebido do Senhor.
Ele disse: “Já agora”, quer dizer daqui por
diante, e afirmou que sua coroa da justiça, já lhe estava reservada mesmo que
ele fosse executado naquela hora.
A coroa da justiça era e é uma das recompensas (galardões) oferecidas
aos cristãos que permanecerem fiéis até o fim, neste caso por amarem a vinda de
Cristo, (1Co 3.14).
E assegura que "Se a obra que alguém
edificou nessa parte (ou na vida de conversão a Cristo), permanecer, esse
receberá galardão". (1 Coríntios 3:14).
À medida que se aproximava o fim de sua vida,
Paulo podia olhar para trás sem arrependimento ou remorsos e nestes versículos
abaixo, Ele examina sua vida por três aspectos:
a) A realidade presente do fim da sua vida,
para o qual Ele estava preparado, (1 Co3:6), o passado, quando ele havia sido
fiel, (1Co: 7), e o futuro, uma vez que Ele esperava sua recompensa celestial.
(1 Co 3:8).
b) A afirmação “Já” tinha o significa que sua
morte era iminente e se aproximava.
A libação era chegada, e Paulo já sentia isso,
ele estava ali no abatedouro, como uma ovelha muda sem abrir a sua boca. No sistema
de Sacrifícios do AT, essa era a oferta final que se seguia ao holocausto e a
oferta de grãos prescritos para o povo de Israel, (Nm 15.1-16). Paulo via sua
iminente morte como sua oferta final a Deus depois de uma vida que já havia
sido repleta de sacrifícios a Ele, (Fp 2.17).
E Paulo mesmo confirma: "E, ainda que
seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me
regozijo com todos vós". (Filipenses 2:17).
c) Sentindo o momento chegar ele afirmou
dizendo: a Minha partida é chegada.
Sobre a morte de Paulo podemos que a palavra grega
refere-se, em essência, a soltar algo, como as cordas de ancoragem de uma
embarcação ou as cordas de uma tenda. Portanto, a expressão acabou adquirindo o
significado secundário de partida.
"A forma dos 3 (três) verbos gregos, combati,
completei, guardei, indicam uma ação completa que tem resultados contínuos.
Paulo via sua vida como tendo sido completada. Ele havia conseguido
realizar, por meio do poder do Senhor
Jesus, tudo o que Deus o havia chamado para fazer.
Foi um soldado guerreiro, brilhante em toda a
sua carreira de fé. (2 Tm 2.3-4; 2 Co 10.3; 1 Tm 6.12; Fm 2), correu como um
atleta (1 Co 9.24-27; Ef 6.12). Defendeu a obra de Deus e seu ministério como um
guardião, (2 Tm 1.13-14; 1 Tm 6.20-21). A sua fé, as verdades e os parâmetros
da palavra de Deus ministradas por ele, eram reveladas por Deus e causavam um
grande impacto nos seus ouvintes. Vejam como Deus usou Paulo no Areópago, Atos
17, na Grécia.
A coroa da justiça lhe estava guardada. O significado
literal da palavra grega traduzida para 'coroa' é 'que envolve', e o termo era
usado como referência às grinaldas ou guirlandas trançadas que eram colocadas
na cabeça de dignitários e militares ou atletas vitoriosos.
O termo “da justiça” linguisticamente pode
significar que a justiça é a fonte da coroa ou que a natureza da coroa é a
justiça. Como nas expressões “coroa da
vida", (Tg 1.12), a “coroa em que exultamos"
(1 Ts 2.19), a “coroa incorruptível”, (1Co 9.25) e a “coroa de glória”, (1 Pe
5.4), nas quais vida, exultação, incorruptibilidade e glória descrevem a
natureza da coroa, o contexto aqui parece indicar que as coroas representam a
justiça eterna de Deus. Os cristãos recebem a justiça imputada de Cristo
(justificação) na salvação (Rm 4.6,11). O Espírito Santo opera no Cristão a
justiça prática (santificação) ao longo de sua vida de luta contra o pecado,
(Rm 6.13,19; 8.4; Ef 5.9; 1 Pe 2.24). Mas somente quando a luta chegar ao fim é
que o cristão receberá a justiça de Cristo aperfeiçoada nEle, que é a
glorificação do salvo ao adentrar no céu
nas moradas eternas".
"Porque nós pelo Espírito Santo e pela
fé aguardamos a esperança da justiça". (Gálatas 5:5).
A coroa da justiça tem um tom triunfante. O
apóstolo Paulo não tem dúvida alguma quanto a esta coroa. Ele provavelmente
está pensando na coroa de vitória obtida por aqueles que competiam nas corridas
de atletismo. A descrição dela como de justiça, no entanto, mostra a natureza
espiritual do prêmio com que ele será honrado. A justiça não é obtida pelo
próprio apóstolo Paulo, mas é algo que lhe é dado, visto que Deus é um justo
Juiz, Ele não pode conferir ou dar nada que não seja justo.
O Dia aqui é o dia final da vinda de Cristo,
que aponta para o que Paulo chama em outros trechos de tribunal de Cristo. Ele
enxerga esse dia futuro como aplicável à todos os Cristãos que foram e que
serão salvos, que ele supõe que desejarão estar neste evento glorioso.
O pregador fiel deve cuidar de sua vida
espiritual e desequilibrado. O apóstolo Paulo deixou vários conselhos como:
a) seja equilibrado; fique sempre alerta.
b) sofre às aflições do seu chamado ao
ministério. (2Tm 2.3)
c) faze a obra de um evangelista, seja um anunciador
das boas novas de grande alegria, seja anunciador de que Jesus morreu para
salvar os pecadores.
e) cumpre e execute seu ministério com amor e
gratidão a Deus. Sirva a Deus plenamente cumprindo integralmente seu serviço
com máxima eficiência.
"Tu pois, sofre as aflições, como bom
soldado de Cristo". (2 Timóteo 2:3).
Este é o triunfo daquele que pregou a Palavra
de Deus em tempo e fora do tempo. Paulo afirma que está “sendo derramado como
oferta de libação”, pronto para derramar sua vida como libação ou oferenda
líquida, tendo já gasto a vida em sacrifício para propagar o Evangelho de
Jesus, (Fp 2.17). O tempo da sua partida pela morte estava próximo. Ele
combatera o bom combate, viveu a agonia da luta terrena e do labor da luta
espiritual, Ef 6.10-20), e agora concluirá seu caminho, sua carreira de dedicação
exclusiva à pregação e ensino da palavra de Deus. Aqui o termo carreira é “dromos”
e refere-se à uma corrida nos jogos públicos e é usada figuradamente para
simbolizar a carreira ou ministério apostólico. O apóstolo Paulo havia guardado
a fé, (Jd 3), protegendo-a dos erros da apostasia.
Quanto às recompensas. Aqui a fé se verbaliza
em radiante esperança. A “coroa da justiça” é uma recompensa pela fidelidade e
é reservada àqueles que amam sobremaneira a vinda de Jesus Cristo. A coroa é
gr. “Stephanos”, ou coroa da vitória, a guirlanda de oliveira brava ou pinheiro
dada ao vencedor dos jogos gregos.
Paulo afirma com segurança: :Combati o bom
combate”. “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” foram as
palavras do apóstolo Paulo a Timóteo enquanto estava preso em Roma próximo ao
seu martírio iminente. Este versículo está registrado em 2 Timóteo 4:7, e certamente
transmite um ensino valiosíssimo para todo cristão verdadeiro. A seguir, vamos
entender o que significa a frase “combati o bom combate” segundo o apóstolo
Paulo.
O contexto de “combati o bom combate”: Esta
frase está dentro de um contexto onde o apóstolo simplesmente exorta Timóteo,
seu filho na fé e companheiro de ministério, a permanecer firme, sempre com
fidelidade e zelo na pregação do Evangelho, (2 Timóteo 4:1-5). O apóstolo Paulo
também diz que ele próprio já estava de partida desde mundo, (2 Timóteo 4:6-8).
Quando estudamos os três versículos que
compõe todo esse pensamento do apóstolo Paulo, percebemos algo interessante
neles. É possível perceber que o apóstolo analisa sua fé em três perspectivas
diferentes: passado, presente e futuro.
No tempo presente, ele disse: “o tempo da
minha partida é chegado”.
No versículo 6 ele utiliza uma metáfora
baseada na linguagem sacrifical do Antigo Testamento. Ele faz referência à
ocasião onde o vinho era derramado junto ao altar como uma oferta de gratidão a
Deus, isto é, a libação, (Números 15:5-10). Com isso, ele estava olhando para
sua situação presente, e admitindo que sua vida estava chegando ao fim. Seu
tempo de partida havia chegado, porém ele via o seu martírio como uma oferta de
gratidão a Cristo.
Obviamente esse era o comportamento esperado
de quem durante toda a carreira na fé entendeu que o verdadeiro seguidor de
Cristo apresenta seu próprio corpo como “sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus”, como culto racional. (Romanos 12:1).
Na frase “o tempo da minha partida é
chegado”, o apóstolo Paulo usa no original o termo grego “analusis”, que
significa “desprendimento”, “libertação” ou “soltura”. Esse termo era uma
metáfora utilizada para se referir ao desamarrar das amarras que prendem uma
embarcação antes da navegação. Por este motivo esse termo foi traduzido para o
português como “partida”. Paulo via a sua morte como sua libertação plena, a
fim de poder navegar diretamente para os braços de Cristo, (Filipenses
1:21-23).
Quando refere-se ao passado, ele diz com toda
segurança e com toda confiança na determinação do Senhor Jesus quando da sua
conversão: “Combati o bom combate”.
Após fazer a analise da sua situação no
presente, o apóstolo agora olha para o passado. É aí então que ele declara:
“Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”.
Não podemos desprezar o fato de ele ter dito
“o bom combate”. No original, o apóstolo posicionou o objeto antes do verbo, ou
seja, ele escreveu “o bom combate eu combati”. Dessa forma ele deu ainda mais
ênfase ao termo que nos foi traduzido como bom. Esse termo é o grego “kalos”,
que significa “excelente”, “gracioso”, “insuperável”, “bonito”, “precioso”,
“recomendável”, “magnífico” e ou “admirável”.
Percebemos o quão importante o apóstolo
considerava ser uma vida em prol do Evangelho de Cristo. Do ponto de vista
humano, essa vida era repleta de privações, sofrimentos, dificuldades e dor.
Mas do ponto de vista da fé, essa mesma vida era um combate nobre, notável, singular
e inigualável, que faz valer a pena qualquer desafio e adversidade.
Essa mesma regra do objeto antes do verbo
segue no restante da frase. Isto significa que ele escreveu: “a carreira
completei” e “a fé guardei”. Com isto, que a princípio parece ser uma diferença
insignificante, o apóstolo está simplesmente apontando para a verdade de que
nele mesmo não há qualquer mérito. É como se aquele que se denominou como “o
principal dos pecadores” estivesse dizendo: “Olhem, vejam o que a graça
Salvadora de Jesus Cristo fez comigo”, o magnífico combate combati, a carreira
completei e a fé guardei”.
Agora que entendemos o princípio da frase
“combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”, vamos analisar o
significado de cada parte dessa declaração.
A figura do bom combate da fé, significa que Paulo
utiliza a figura de uma luta, uma batalha ou um tipo de competição. A forma com
que ele constrói essa expressão, conforme vimos acima, transmite a idéia de que
o bom combate realmente significa algo extremamente duro, algo que exige muito
de alguém. Quando estudamos sobre a história de Paulo podemos facilmente
perceber que tal expressão descreveu perfeitamente sua vida com Cristo.
O apóstolo combateu principados e potestades,
combateu a Satanás, combateu às perseguições dos Judeus, dos gentios e dos
pagãos, ou seja, o apóstolo Paulo vivia pela fé. Ele também se opôs às falsas
doutrinas, falsos profetas, falsos apóstolos impostores. Ele denunciou a
cultura depravada do pecado, da idolatria, as contendas e os vícios pecaminosos
da carne entre os próprios cristãos. Além disso, ele enfrentou a hipocrisia, a
rejeição de seus próprios filhos na fé e sua própria velha natureza dentro de
si. Assim, o apóstolo olha para todas essas coisas e exclama triunfante: “Combati
o bom combate”.
Ele, Paulo, assegura com toda segurança:
“acabei a carreira”. O apóstolo agora utiliza o simbolismo de uma corrida de
obstáculos. Ele aponta para o fato de que pela graça de Deus ele conseguiu
completar o ministério para o qual foi chamado. Em nenhum momento de sua
carreira ele desviou-se de seu serviço no Reino de Deus. Antes, ele não mediu
esforços para que Deus fosse glorificado como Senhor do universo em toda a sua
trajetória ministerial.
O grande objetivo da carreira de Paulo
obviamente era a salvação de pecadores através do Evangelho de Cristo (1
Coríntios 9:22-24; 10:31-33). Ele mesmo nos ensina sobre a principal motivação
da evangelização, que consiste em Deus ser glorificado entre os homens (Romanos
1:16, 3:20).
O apóstolo Paulo fala, escreve o motivo da sua
luta e diz “guardei a fé”, ou seja, não desviei nem para a esquerda e nem para
a direita, mas caminhei olhando firme para o autor da minha fé.
Esta expressão, “guardei a fé” conclui a
declaração de Paulo ao analisar seu ministério que estava chegando ao fim.
Ao dizer “guardei a fé”, o apóstolo estava reafirmando
sua confissão de fé. Ele estava dizendo que sua confiança no Deus que o
escolheu, permaneceu inabalável.
Perceba que essa é uma conclusão muito
apropriada para quem disse “combati o bom combate, acabei a carreira”. Essa
conclusão explica o porquê desse resultado final, a saber, a fé em Jesus Cristo
foi o que o manteve firme até o fim. Ele só combateu o bom combate e completou
a carreira porque a fé genuína o sustentou.
Diante dessa declaração, nunca devemos pensar
que ele estava reivindicando para si qualquer mérito próprio, como se ele
mesmo, por seus próprios esforços, por seus próprios méritos, por seus estudos
e conhecimentos ou por seu diploma de cidadão Romano, tivesse guardado a fé sem
negá-la em nenhum momento. Ao contrário disto, o próprio apóstolo já havia
ensinado anteriormente que Deus é quem mantém seu povo firme na fé até o fim.
(1 Coríntios 1:8,9).
A certeza do Apóstolo Paulo era tanta que ele
profetizava para si mesmo que “no futuro a coroa da justiça me está guardada”.
Após ter olhado para o presente e para o
passado, o apóstolo foca o futuro e faz outra importante declaração. Ele disse:
“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me
dará naquele Dia; e não apenas a mim, mas também a todos quantos amam a sua
vinda”, (2 Timóteo 4:8).
Esta frase do apóstolo reflete uma sublime
esperança acerca não só de seu futuro, mas de todos que, como ele, seguem
verdadeiramente a Cristo. Além disso, também expressa uma plena confiança na
soberania de Deus na condução da História.
Perceba o que ele diz: “já agora a coroa da
justiça me está guardada”. Ele utiliza um verbo composto grego que enfatiza que
nada poderá lhe privar de receber essa coroa.
Esta declaração do Apóstolo Paulo está
completamente fundamentada na certeza de que aqueles que combatem o bom
combate, completam a carreira e guardam a fé, recebem de Deus a promessa da
coroa da justiça plena, isto é, a vida eterna, (1 Timóteo 6:12; Tiago 1:12; 1
Pedro 5:4; Apocalipse 2:10).
Esta coroação representa a plenitude do
processo de santificação do cristão. Ela é conferida pelo justo Juiz, não pelos
méritos próprios de cada fiel, mas pelos méritos de Cristo e quem a mereceu Ele
a reservou para cada um deles. (Tito 3:5,6).
O justo Juiz a qual Paulo se refere é o
próprio Cristo, que no grande Dia, isto é, o dia do julgamento, entregará a
coroa da justiça a todos os que amam a sua vinda. Diante do retorno glorioso de
Cristo, os ímpios temem, enquanto os santos amam; os perversos se escondem,
enquanto os justos exclamam: Maranata, ora vem Senhor Jesus!
O conforto em combater o bom combate, acabar
a carreira e guardar a fé.
Paulo estava prestes a ser condenado
injustamente, e estava certo de que receberia a pena capital. Mas ele não
estava preocupado com o juízo de Nero. Na verdade ele estava confortado na
certeza de que há um justo Juiz, que é Soberano sobre tudo e todos. Diante
desse Supremo Juiz, todos os juízes da terra terão de se dobrar! No dia que já
está determinado, esse Juiz presidirá o julgamento do qual ninguém poderá
escapar.
Combati o bom combate, completei a carreira e
guardei a fé! Esta deve ser a declaração presente nos lábios de todo cristão
genuíno que almeja a qualquer momento encontrar-se com o Senhor Jesus.
O apóstolo Paulo estava fechando a cortina da
vida e a cena que estava diante dos seus olhos não era nada bela. Ele estava
preso numa masmorra em Roma, uma prisão úmida, escura e insalubre.
“Desde o primeiro momento de sua conversão
enfrentou duras provas: foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém,
esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de
Tessalônica e Beréia, chamado de tagarela em Atenas, de impostor em Corinto, e
enfrentou feras em Éfeso. Foi preso em Jerusalém, acusado em Cesaréia, sofreu
um naufrágio indo para Roma e foi mordido por uma víbora na Ilha de Malta. Na
sua primeira prisão em Roma, ao ir a julgamento ninguém foi a seu favor. Foi
abandonado por Demas, perseguido por Alexandre, e sentenciado a morte por Nero”.
O maior de todos os apóstolos encerra sua
carreira como um homem pobre, trazendo no corpo as marcas de Cristo, caminhando
sozinho de um calabouço para a guilhotina. Na perspectiva humana isso é uma
fragorosa derrota. Aquele que foi o maior bandeirante do cristianismo não
granjeou riquezas, não buscou popularidade, não lutou para estar no topo da
lista dos famosos do seu tempo.
Mas, este homem foi temido no inferno e amado
nos céus.
Ele tombou na terra como um mártir e
levantou-se no céu como um príncipe. Seu
nome é mais conhecido hoje do que todos os imperadores romanos somados.
Ele, mesmo morto ainda fala e, inspira milhões de pessoas, todos os dias a
viver para a glória de Deus.
Esse grande gigante do cristianismo escreve
sua última carta de uma masmorra e mesmo sofrendo solidão, abandono,
perseguição, ingratidão e privações se ergue e sua escrita veio a interferir na
história como uma voz para glorificar a Deus. Em vez de lamentar suas
desventuras, ele praticou o que ensinou e morreu pelos mesmos ideais pelos
quais viveu. Ele é um monumento vivo da graça de Deus a revelar-nos que a vida
de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui. Mesmo pobre ele
enriqueceu a muitos. Mesmo nada possuindo ele foi possuidor da maior de todas
as riquezas, trabalhou incessantemente pela sua própria salvação como a
salvação dos que o ouviram.
Paulo não termina sua carreira como um
fracassado. Ao contrário, ele olha para o passado e diz: “Eu combati o bom
combate, completei a carreira e guardei a fé”.
Paulo não desperdiçou sua vida vivendo de
forma banal. Ele não investiu seu tempo correndo atrás do vento. Ele lutou por
cousas permanentes e verdadeiras. Ele olhou para o seu presente e disse: “O
tempo da minha partida é chegada, já estou sendo oferecido por libação, por oferta
agradável a Deus”. Ele vê a morte como uma viagem rumo ao céu. Para ele a morte
era aliviar o fardo e descansar das fadigas. Para ele a morte era tirar as
amarras e ficar livre. Para ele a morte era levantar acampamento e mudar
de endereço, pois era deixar esse mundo
de dores para desfrutar das bem-aventuranças da Casa do Pai. Para ele morrer
era desatar o bote da vida e singrar as águas profundas até chegar no outro
lado, nas praias áureas da eternidade. Paulo olhou para o futuro e viu com
alegria que sua recompensa estava nas mãos do Senhor Jesus, o rei vitorioso que
voltará em breve. Para Paulo “o viver é ganho e o morrer é lucro.
Paulo viveu uma vida superlativa, maiúscula e
abundante. Sua vida teve significado no tempo e resultados benditos na
eternidade. Que Deus nos ajude a viver de tal maneira que outras pessoas nesta
geração e nas vindouras possam também dizer: valeu a pena, foi bom demais viver
em Cristo e para Cristo Jesus meu Senhor e Salvador.
O apóstolo Paulo disse em 2 Timóteo 4.6 que a
sua morte era uma morte como oferta de sacrifício.
O Espírito Santo que guiava o apóstolo Paulo
em tudo o fez sentir que “o tempo da sua partida estava próximo”. Nesse
sentido, o apóstolo via o seu martírio iminente como uma oferta voluntária
apresentada sobre o altar do sacrifício. Essa consciência clara de que haveria
de padecer pelo nome de Jesus, não o permitia ter medo, ou frustração diante da
morte. É preciso ter a consciência de que se não encontrarmos o Senhor por meio
do Arrebatamento da Igreja, o encontraremos por meio da morte. Por intermédio
do Espírito Santo, nos prepararemos para esse tempo em esperança, (1Ts 5.13-18),
todos os heróis da fé de Hebreus capítulo 11 vivenciaram isso e deixaram o
exemplo para os verdadeiros Cristãos.
Os originais do grego nos ensinam sobre o
significado maior destes termos: “…Combati
o bom combate…”. No grego temos o termo “agonidzomai”, em forma verbal; e o
substantivo é “agon”, que se deriva da mesma raiz. Originalmente, o termo “agon”
indicava uma “assembleia” de qualquer natureza; em seguida veio a indicar a
multidão que se reunia para ver as competições atléticas; e, finalmente, passou
a indicar a própria competição em que homens se esforçavam por alcançar o
prêmio ou coroa daquelas competições. Por extensão, veio a significar qualquer
forma de luta ou batalha. A forma verbal, aqui empregada, é o termo de onde nos
vem a palavra moderna “agonizar”. No original grego significava “entrar em
combate”, “lutar”, “contender”.
Todas estas expressões, usadas no presente
versículo de 1 Timóteo 4.6, envolvem metáforas baseadas no atletismo.
a) A primeira destas expressões provavelmente
se alicerça sobre a luta corpo a corpo, ou sobre alguma outra forma de luta na
arena;
b) a segunda, alude às corridas dos fundistas
ou desportistas de grandes distâncias como maratonistas, onde os corredores
tinham que percorrer longas distâncias, eivadas, cheias de obstáculos;
c) e a terceira destas metáforas é uma alusão
à “promessa” feita pelos atletas de que competiriam de conformidade com as
regras impostas aos competidores. (2Tm
2:5 e 1Tm 5:12).
d) Quanto a outras metáforas usadas pelo
apóstolo Paulo com base na vida atlética, ver os trechos de c (1 Co 9:24,25; Fp
2:16 e 3:13,14).
Na passagem bíblica de 1 Timóteo 6:12
encontramos as seguintes palavras Paulo, de que ele: "Esforçadamente luta
a boa luta de a Fé e já, a partir de agora, deseja que seus filhos na fé também
tomem posse da vida eterna, e incita a Timóteo a entrar no propósito para
dentro do qual também foste chamado e confessaste a boa confissão diante de
muitas testemunhas". (1Tm 6.12).
A analogia como luta de arena, não com
batalha militar, é demonstrada em Lc 18:8 e Jd 3), e demonstra também o caráter
cristão do bom combate e é demonstrado aqui que é o verdadeiro combate o bom combate,
“o bom combate da fé”, onde o mesmo vocábulo grego é empregado. A verdadeira
vida cristã é pintada aqui como uma luta, como uma competição atlética, como
uma experiência árdua e testadora, embora o seu propósito seja elevado, pois há
uma coroa a ser obtida. Mas essa coroa só pode ser conquistada por aqueles que
lutarem de conformidade com as regras, e assim se saírem vencedores. Ora, isso
exige a aceitação do verdadeiro Cristo conforme é este exposto nos evangelhos e
nas doutrinas de Paulo; e, por outro lado, exige a negação de si mesmo e a
oposição contra os ensinamentos contrários. Também envolve o cumprimento fiel
dos deveres cristãos e do ministério da Palavra em que o crente observa todas
as exigências próprias da vida cristã.
É preciso, pois, seguir a santidade, propagar
o evangelho e ensinar devidamente, coerentemente a Palavra de Deus, àqueles que
já confiaram em Cristo, que já aceitaram a Jesus como seu Único e suficiente
Salvador. Notemos aqui o uso do artigo definido, no original grego, “Combati
‘o’ bom combate…” ou seja, “o combate Cristão”, aquele combate no qual Paulo
fora posto pelo próprio Senhor. E trata-se de um “…bom …” combate, visto que
tem por escopo bons e nobres propósitos, em defesa e propagação do bem eterno
entre os homens, em prol do qual se esforçam todos os legítimos ministros do
evangelho para a salvação de todo aquele que nEle, Jesus, crer.
Paulo também disse: "A boa luta tenho esforçadamente lutado. A minha carreira
tenho completado. A genuína fé tenho preservado e obedecido". (2Tm 4.7).
Devemos olhar para o passado, como Paulo, com
um senso de dever cumprido, (2Tm 4.7). “Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé”.
Muitos se cansam da obra e na obra e não
concluem a carreira. Outros carregam peso desnecessário e, por isso, não
conseguem chegar ao fim da jornada. Há aqueles que são desqualificados por não
correrem de acordo com as normas. Ainda há aqueles que tropeçam e caem já no
final da carreira e colocam tudo a perder. Paulo, testemunha, ainda, que jamais
vendeu sua consciência pelo lucro.
Paulo jamais prostituiu o seu ministério para
alcançar favores transitórios. Ele guardou a fé e permaneceu fiel até o fim.
Como você tem corrido a carreira cristã? Tem
combatido o bom combate? Tem corrido de acordo com as normas? Permanece firme
na fé?
Também devemos olhar para o presente com um
senso da entrega plena da nossa vida a Jesus, (2Tm 4.6). Como Paulo disse: “Já
estou sendo oferecido por libação e o tempo da minha partida é chegado”. Paulo
está na antessala do martírio, com os pés na sepultura e com a cabeça debaixo
da espada de Roma. Tinha plena consciência que a hora de sua morte havia
chegado. Entretanto, está convicto de que não é Roma que vai lhe matar; é ele
quem vai se entregar e entregar-se não para Roma, mas para Deus.
Seu martírio não era uma oferta para César,
mas para Deus. Usando um eufemismo, Paulo diz que não vai morrer, vai partir.
Essa palavra tem um tríplice significado:
a) Primeiro, significa tirar o fardo das
costas de alguém. Morrer para um crente é descansar de suas fadigas, (Ap
14.13).
b) Segundo, significa desamarrar um bote e
atravessar o rio para a outra margem. Morrer para um crente é atravessar o rio
da vida e chegar do outro lado, no porto seguro da bem-aventurada esperança da
glória.
c) Terceiro, significa afrouxar as estacas da
barraca, levantar acampamento e ir para a sua casa permanente, para sua morada
eterna. Morrer para o cristão é mudar de endereço. É ir para a casa do Pai.
A morte não teve poder de apavorar Paulo,
pois para ele o viver é Cristo e o morrer é lucro. Morrer para o cristão é
deixar o corpo e habitar com o Senhor. É partir para estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor. Devemos olhar para o futuro com um senso profundo da
imerecida recompensa de Deus, (2Tm 4.8). “Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim,
mas a todos quantos amam a sua vinda”. Paulo mesmo no corredor da morte tem
plena consciência dos acontecimentos. Está convencido de que caminha não para o
patíbulo do martírio, mas para o pódio da coroação. Ele não está com medo de
morrer porque sabe em quem tem crido e para onde está indo.
Portanto sua morte não era uma derrota, mas
um triunfo; não era um fracasso, mas uma premiação; não era uma vergonha, mas
uma recompensa. Porque foi justificado pela graça diante de Deus, pela justiça
e sacrifício de Cristo imputada a ele, agora, salvo não da morte, mas na morte,
vai receber a imerecida recompensa, a coroa da justiça.
À semelhança de Paulo, não caminhamos para o
entardecer; caminhamos para a gloriosa manhã da eternidade, onde reinaremos com
Cristo pelos séculos sem fim.
A bem-aventurada esperança da glória completa
a nossa gratidão pela nossa luta aqui na terra. (2 Tm 4.7-8)
Além de combater o bom combate, o apóstolo
Paulo também “acabou a carreira” e “guardou a fé”. Mais importante do que
começar, é a forma como terminaremos a carreira. O apóstolo Paulo tinha a
consciência da carreira que percorreu e da fé que guardou. Durante os anos de seu
ministério, sua fé permaneceu pujante e robusta, o que lhe permitiu olhar para
a sua circunstância com atitude serena. Embora não pudesse evitar a morte
física, sabia que estar com o Senhor era a coroação da sua trajetória, ele
disse que é preciso: “termos confiança e desejarmos, antes, deixar este corpo,
para habitar com o Senhor” (2 Co 5.8) e “partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor”. (Fp 1.23).
O apóstolo Paulo também nos ensina que é
preciso olhar para o futuro com a certeza do nosso galardão, e enxergar, pela
fé, que o nosso trabalho não é vão no Senhor, (1Co 15.58), pois há uma coroa de
justiça guardada para cada crente em Jesus, (2Tm 4.8). Estamos nas mãos do
Justo Juiz.
"E, se alguém também milita, não é coroado
se não militar legitimamente", (2 Timóteo 2:5).
A vida aqui na terra não é simplesmente
viver; a morte não é simplesmente morrer, em (2Timóteo 4.6-8), Paulo faz uma
profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos
uma luminosa clareira com respeito ao seu ministério pastoral e sua dedicação
na obra de Deus, bem como isso terminaria. Paulo olhou para o tempo presente
que estava vivendo com serenidade, (2Tm 4.6). O veterano apóstolo sabia como e
quando iria morrer. Mas sabia também que não era Roma que lhe tiraria a vida.
Disse ele “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da
minha partida é chegado”.
O apóstolo Paulo foi o maior bandeirante do
Cristianismo. Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e
Ásia Menor.
Pregou nos lares e em lugares públicos. Viajou
por mares e desertos. Percorreu cidades e vilarejos. Pregou com entusiasmo e
fervor. Foi preso, açoitado e apedrejado. Enfrentou naufrágios e toda sorte de
ameaça. Terminou seus dias pobre e cheio de cicatrizes. Porém, nem todos os
Césares de Roma influenciaram tanto a história como ele. Na sua segunda prisão
em Roma, de onde saiu para o martírio fez um balanço completo da sua vida nas
cartas pastorais endereçadas a Timóteo seu filho na fé.
Deus abençoe você e sua família.
Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.
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