sábado, 28 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 22

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 22



O capítulo 22 de Apocalipse trata do tema da nova Jerusalém que é uma obra-prima da Engenharia e Arquitetura de Deus.

O rio puro e a árvore da vida são tratados nos versículos 1-5.

Há um indicação de quanto tempo demorará ainda. No versículo 7 Ele assegura “presto venho”.

As admoestações, promessas finais e conclusão bem como a sublime frase das gerações que ansiosamente o aguardam expressando “Maranata, ora vem Senhor Jesus “ estão nos versículos 6-21. 

22.1 O rio fluindo com a água da vida lembra a água saindo do templo, em Ezequiel 47, assim como a expressão rios de água viva (Jo 7.38), usada por Jesus, simboliza o ministério da nova aliança pelo Espírito Santo (v.39).

22.2 A árvore da vida na criação original ficava no meio do jardim do Éden (Gn 2.9), de onde toda a humanidade foi excluída depois que o pecado entrou no mundo (Gn 3.22-24). A visão apocalíptica de Ezequiel incluía árvores dando fruto a cada mês com folhas medicinais (Ez 47.12). Como apenas uma árvore da vida é mencionada aqui — embora seja nas duas margens do rio —, é possível que seja um paralelo com Gênesis 2, indicando que um novo, melhor e eterno Éden chegou.

22.3 Nunca mais haverá maldição significa que a aflição do pecado, principalmente em relação à raça humana e à criação (Gn 3.14-19), será eliminada. Como Deus tinha comunhão com Adão e Eva antes de que eles caíssem em pecado (v.8), assim o Senhor estará novamente com os Seus servos eternamente. Por sua vez, estes servirão a Ele com dedicação (Rm 12.11).

22.4 A esperança do crente hoje é ver o Senhor face a face (1 Co 13.12), algo que nem Moisés ou qualquer outro ser humano jamais teve permissão para fazer (Ex 33.20). Na sua testa estará o seu nome é um contraste com a marca da besta (Ap 13,16,17) e o cumprimento da promessa aos crentes fiéis da igreja da Filadélfia (Ap 3.12). A descrição pode ser extensiva às 144 mil testemunhas em Apocalipse 14.1.

22.5 Não haverá mais noite e nem lâmpada; cumpre-se aqui a proclamação de Cristo sobre Ele mesmo como a Luz do mundo (Jo 8.12; 9.5; 12.46). Os habitantes eternos da Nova Jerusalém (Ap 21.27) reinarão para todo o sempre com o Senhor, como indicado em Apocalipse 1.6 e declarado em Daniel 7.18,27.

22.6,7 As visões em Apocalipse são para informar aos servos de Deus, crentes verdadeiros que servirão e reinarão com o Senhor eternamente (v.3-5), as coisas que, em breve, hão de acontecer. Bem-aventurado introduz a sexta das sete bem-aventuranças no Apocalipse (v. 14; 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6).

22.8,9 João quase adora um anjo (Ap 19.10). Novamente, o anjo lembra João de que ele é apenas um conservo dele e o adverte a adorar apenas a Deus.

22.10 Anteriormente, João foi ordenado a selar (isto é, não escrever) o pronunciamento dos sete trovões, em Apocalipse 10.4, como Daniel havia sido instruído a fazer (Dn 12.4,9). A razão pela qual João agora é ordenado a selar o livro é porque o tempo para o seu cumprimento, possivelmente, está muito próximo.

22.11 Injusto e sujo; justo e santo. Esse versículo, superficialmente, parece ser uma previsão de que crentes e descrentes viverão sua vida fiel às suas naturezas até o julgamento final (Ap 20.12-15). No entanto, é quase certo um apelo evangelístico implícito e indireto com base na oferta contínua do evangelho em Apocalipse 22.17 e 14.6,7.

22.12,13 A recompensa de cada crente de acordo com as suas obras é ensinada em 2 Coríntios 5.10. As recompensas de Cristo têm o propósito de fornecer um incentivo poderoso para uma vida de obediência. Não é de se admirar que o apóstolo Paulo disciplinasse rigorosamente a si mesmo de forma que não fosse desqualificado para a recompensa de reinar com Jesus (1 Co 9.24-27). O tribunal de Cristo não é um tribunal de acusações e condenações mas de recompensas aos que permaneceram fiéis a Cristo na terra. 

Poderá ser um momento de grande remorso, ou poderá ser uma ocasião de alegria extrema ou ambos  (2 Co 5.9-11). Depois da volta de Cristo, Ele dará recompensas aos seus. Isso é confiável porque Jesus está no controle de toda a história e da eternidade.

22.14.15 A expressão bem-aventurados introduz a última das sete bem-aventuranças no Apocalipse (v.7; 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6). Como a árvore da vida é literal, mas também é vista de modo figurado (Pv 3.18; 11.30; 13.12; 15.4), sugere uma qualidade de vida envolvendo uma comunhão íntima com Jesus Cristo, firmada em uma obediência persistente.

Esse pode ser um cumprimento da provisão de Cristo de vida e vida mais abundante (Jo 10.10). Como ninguém pode entrar na cidade pelas portas, a não ser que seu nome esteja escrito no Livro da Vida do Cordeiro (Ap 21.27), essa bem-aventurança está falando daqueles justificados pela fé que expressam essa fé em obediência (Ef 2.8-10). O vencedor obediente tem a promessa de receber a recompensa de entrar na Nova Jerusalém pelas portas da cidade, provavelmente um privilégio reservado para aqueles que compartilham do cortejo da vitória do Senhor.

22.15 A expressão cães era comum usada pelos judeus para se referir aos gentios (Mt 15.26); aqui, no entanto, parece referir-se aos falsos mestres (Fp 3.2). Quem ama e comete a mentira demonstra ter uma vida dominada pela falsidade (Ap 21.8).

22.16 A Raiz e a Geração de Davi. Jesus é tanto a Origem quanto o Filho de Davi, repetindo a palavra em Isaías 11.1,10. Jesus é maior do que Davi e o justo herdeiro do trono dele. A resplandecente Estrela da manhã significa que, para o cristão, Jesus é a confortante Luz em um mundo escuro até o amanhecer de Sua volta (Ap 2.28).

22.17 Esse convite feito pelo Espírito Santo permanece em aberto para que qualquer um venha a Cristo, pela fé, e aceite a graciosa oferta de vida eterna do Senhor.

22.18,19 O Apocalipse foi revelado para ser ouvido e obedecido (v.7; 1.3), e não adulterado. A pessoa que acrescentar ou tirar alguma coisa de seu conteúdo receberá de Deus a mais grave punição, uma correção com consequências eternas. Esse assustador aviso é mais forte até do que o de Deuteronômio 4-2 e Provérbios 30.6.

22.20 O fato de Jesus estar voltando cedo, dentro da extensão do plano global de Deus para esta criação, é um tema que se repete no Apocalipse (3.11; 22.7,12). João acrescenta a esperança de todos os crentes à declaração de Cristo, orando: Vem, Senhor Jesus.

22.21 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo inicia e conclui o livro do Apocalipse (Ap 1.4), indicando que a mensagem da graça e do dom da vida eterna em Cristo (Ef 2.8,9) e não apenas a mensagem de juízo sobre os infiéis, pode ser encontrada nesse livro.

Que a graça e a paz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo estejam sobre nossas vidas não só aqui na terra mas por toda a eternidade. 

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 



quinta-feira, 26 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 21

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 21


Este capítulo 21 de Apocalipse trata de Um Novo Céu e de uma Nova Terra. 

Um novo céu e uma nova terra são retratados nos versículos 1-8.

A nova Jerusalém, a cidade celestial, também chamada de a cidade de Deus é retratada nos versículos 9-27.

21.1,2  Novo aqui sugere novidade, não apenas um segundo começo. E o cumprimento das profecias em Isaías 65.17; 66.22 e em 2 Pedro 3.13. Significativamente, essa renovação eterna já começou na vida do crente, porque, usando o mesmo termo, Paulo diz: Se alguém está em Cristo, nova criatura é (2 Co 5.17).

O céu e a terra atuais, incluindo o mar, serão queimados no juízo do grande trono branco (Ap 20.11,13) e, assim, passarão antes da chegada do novo céu e da nova terra. O fato de que haverá a continuação de alguns aspectos da atual criação no novo céu e na nova terra está implícito na descrição da Nova Jerusalém como a cidade santa, um título aplicado à atual Jerusalém em Apocalipse 11.2. Ainda assim, a drástica diferença no novo estado eterno é óbvia pelo fato de não existir mais o mar, que era uma grande parte da criação original (Gn 1.6-10).

E impossível dizer se a Nova Jerusalém estará na nova terra, já que as três referências a ela descrevem a cidade santa como descendo do céu (Ap 21.10; 3.12). Adereçada como uma esposa é, essencialmente, a imagem em Apocalipse 19.7,8, onde o povo de Deus, ou, mais especificamente, a Igreja de Cristo, está preparado para as bodas do Cordeiro (Ap 19.9). O seu marido se refere mais uma vez a Cristo, o Cordeiro (v.9), mas a esposa é a Nova Jerusalém, de acordo com os versículos 9 e 10. Em outras palavras, a esposa de Cristo são os habitantes redimidos da cidade santa (v.3-7, 24-27).

21.3 Nesse versículo, Deus é descrito como habitando entre o Seu povo, o que lembra a encarnação, o fato de que Jesus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14), e é o cumprimento da promessa em Apocalipse 7.15, de que Deus habitará entre o Seu povo redimido. Uma promessa quase idêntica foi feita a Israel em Ezequiel 37.27,28.

21.4,5 Limpará de seus olhos toda lágrima cumpre a promessa em Apocalipse 7.17 e Isaías 25.8. Não haverá mais morte nem dor, vai muito além da promessa anterior em Apocalipse 7.16, a qual assegura que não haverá mais fome, sede nem calor escaldante. As primeiras coisas são passadas reproduz a ideia tanto em Apocalipse 21.1 como em 2 Coríntios 5.17.0 renascimento do crente, por meio da fé em Cristo, traz renovação para a vida dele, mas apenas na eternidade é que Deus fará novas todas as coisas.

21.6 Está cumprido reproduz a voz que vem do trono em Apocalipse 16.17, que proclama a ira de Deus sendo derramada sobre a Babilônia. Aqui, o foco é o término da nova criação por Ele, que é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim de todas as coisas. Água da vida pode apontar para as referências de Jesus à água viva em João 4.14; 7.38, em conexão com a vida eterna e a vida no Espírito Santo. Essa água é descrita mais adiante, em Apocalipse 22.1. Uma oferta parecida da graça de Deus a quem quer que tenha sede espiritual é repetida em Apocalipse 22.17.

21.7 Quem vencer herdará não só as promessas específicas para as igrejas em Apocalipse 2.7,11,17,26-28; 3.5,12,21, mas também todas as coisas. A parte mais maravilhosa dessa herança é que o cristão será um filho (uma pessoa herdeira por direito) de Deus para sempre. Filiação, como um conceito, abrange mais do que um relacionamento fundamentado em uma associada ao concerto davídico, incluindo o privilégio da intimidade e autoridade de governo (2 Sm 7.14).

Enquanto a adoção de filhos é pela graça (G1 4.5) e todos os cristãos são filhos adotivos pela virtude do nascimento espiritual, nem todos os filhos preenchem os requisitos de tal estado exaltado (Mt 5.9,43-45). Alguém pode ser filho e não necessariamente se comportar como tal. O verdadeiro filho reflete uma vida de obediência (Jr 7.23; 11.4). Uma disposição para render-se à liderança do Espírito Santo é uma característica dos filhos de Deus (Rm 8.14).

21.8 Aqui, são descritas as características dos que não estão em Cristo por meio da fé, os incrédulos. Esses descrentes estão destinados ao lago de fogo, que é a morte eterna depois do juízo final de Deus (Ap 20.12-14). 

Todos cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida (v.15) serão julgados de acordo com as suas obras (v.12) e serão provados como merecedores da morte eterna (Rm 6.23). Em 1 Coríntios 6.9-11, Paulo trata praticamente do mesmo assunto.

21.9,10 Como o início dessa passagem é parecida com o início do capítulo 17, parece que a noiva do Cordeiro, a Nova Jerusalém, está sendo contrastada com a Babilônia, a grande prostituta (Ap 17.1,5). 

Em espírito é o estado exaltado no qual João recebeu as visões apocalípticas (Ap 1.10), a última das quais o levou (Ap 17.3) a um grande e alto monte com visão para Jerusalém.

21.11 Essa descrição da cidade eterna, Nova Jerusalém, enfatiza a glória de Deus, a fonte de luz para a cidade (Ap 21.23). A glória de Deus é como uma pedra de jaspe (Ap 4-3). A luz na Nova Jerusalém será parecida com o reflexo cristalino e brilhante do inestimável jaspe.

21.12,13 A descrição do grande e alto muro com doze portas nomeadas como as doze tribos de Israel reproduz a ideia em Ezequiel 48.30-35. Comentaristas interpretam de maneira diversa essas doze portas como tipificando todo o povo de Deus, incluindo Israel e a Igreja, ou exclusivamente os israelitas.

21.14 Os doze fundamentos, as enormes pedras sobre as quais o muro da Nova Jerusalém está assentado, contêm os nomes dos doze apóstolos de Cristo (Lc 6.13-16), trazendo à mente a imagem de Paulo dos apóstolos como a fundação da casa de Deus em Efésios 2.20 (promessa de Jesus para Seus apóstolos, a qual assegurava, em Mateus 19.28, que eles ocupariam um lugar de destaque em Seu Reino).

21.15-17 A referência à cana de ouro para medir a cidade lembra Ezequiel 40.41, assim como a referência em Apocalipse 11.1,2. A cidade parece ser quadrangular como um cubo, antigo símbolo de perfeição, já que o seu comprimento era tanto como a sua largura. O Santo dos Santos no tabernáculo do Antigo Testamento e no templo tinham um desenho cúbico. As medidas simétricas da cidade são tão extensas (doze mil estádios, ou cerca de 2.250km), e o muro é tão grosso (cento e quarenta e quatro côvados, ou mais de seis metros), que superam a imaginação.

A representação indica que a cidade é o lugar de habitação da presença de Deus, assim como o tabernáculo e o templo tinham sido. E impossível ter certeza se medidas comuns poderiam ser aplicadas à condição eterna, embora a referência à medida de homem (aos padrões humanos) possa indicar que sim.

21.18 Assim como os muros da Nova Jerusalém são largos (6m; v. 17), eles são transparentes como o cristalino jaspe. A própria cidade (v. 16), principalmente as suas praças (v. 21), são como vidro puro, embora sejam feitas de ouro puro. O efeito geral é de uma cidade transparente e incrivelmente bela, simbolizando glória e pureza sem fim.

21.19,20 As pedras que servem de fundamentos do muro para a Nova Jerusalém receber o nome dos doze apóstolos (v. 14), embora não se tenha como saber qual das pedras preciosas representa cada apóstolo. 

Enquanto a cor exata de algumas delas seja incerta, é possível que o jaspe seja incolor, a safira seja azul, a calcedônia seja verde ou azul-esverdeado, a esmeralda seja verde claro, a sardônica tenha veios vermelhos e brancos, o sárdio seja vermelho como sangue, o crisólito seja amarelo, o berilo seja azul ou turquesa, o topázio seja dourado, o crisópraso seja verde claro, o jacinto seja azul ou arroxeado, e a ametista seja roxa ou violeta.

21.21 As doze portas da cidade eterna, representando as doze tribos de Israel (v.l2), são feitas cada uma de uma imensa pérola. O que se destaca imediatamente é que as praças na Nova Jerusalém são de ouro (v.18), porém, também é significante que apenas uma delas seja mencionada (Ap 22.2).

21.22 Não haverá um templo na Nova Jerusalém, porque o Pai e o Filho (o Cordeiro) estarão lá. Lembre-se de que Cristo se referiu ao Seu corpo como um templo (Jo 2.19,21) e de que a própria Igreja é chamada de templo de Deus (1 Co 3.16), templo santo e morada de Deus (Ef 2.21,22).

21.23 Por causa da luz da glória de Deus e do Cordeiro, a cidade não necessita de sol nem de lua na condição eterna (contraste com Gênesis 1.14-19). Especula-se que a glória divina foi a fonte de luz mencionada antes da criação do sol e da lua em Gênesis (Gn 1.3-5).

21.24 De todas as nações (Mt 28.19; Lc 24-47), Cristo resgatou Seu povo (Ap 5.9), chamando continuamente os infiéis a arrependerem-se de seus pecados e a crerem no Senhor (Ap 14.6,7).

Grandes multidões, que podem estar no meio desse grupo na eterna Jerusalém, vieram à presença do Senhor em Apocalipse 7.9 e 15.1-4. Outros sustentam que as nações, aqui, referem-se aos crentes de nações que existiram durante o milênio (Ap 20.1-10).

21.25 As portas da cidade eterna não precisarão ser fechadas, porque tudo o que podia ameaçar a cidade foi derrotado (v. 27) e lançado no lago de fogo (Ap 20.15).

21.26 Esse versículo se apoia na verdade no 24- No entanto, repare na glória. Na adoração de Israel, nenhum gentio podia entrar nos limites santos sem sofrer sérias represálias. 

Lembre-se da perseguição que Paulo sofreu quando algumas pessoas pensaram que ele tinha levado um gentio para dentro do templo (At 21.22-29). Mas não haverá barreiras na Nova Jerusalém, pois todo ali serão santificados.

21.27 Nunca mais o diabo (Ap 12.9), aquele por trás de toda abominação e mentira (Jo 8.44), poderá emergir para incitar o pecado (Gn 3). Seu destino eterno no lago de fogo é certo (Ap 20.10). 

Apenas os crentes, cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro, terão permissão divina para entrar na Nova Jerusalém.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 


terça-feira, 24 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 20

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 20


O capítulo 20 do livro de Apocalipse trata especialmente do Reino Milenial de Cristo. (1-15).

Dentre outros assuntos veremos o seguinte ainda neste capítulo:

Satanás é amarrado por mil anos. Os fiéis reinam com Cristo.  (1-6).

Satanás é solto e depois vencido por Cristo para sempre.  (7-10).

O juízo final. (11-15).

20.1,2 O poço do abismo é, atualmente, o lugar de prisão de alguns demônios (Lc 8.31); ele será o lugar do qual a besta subirá (Ap 17.8). Assim, é adequado dizer que o diabo ficará preso lá durante mil anos. O dragão, em Apocalipse 12.3,9, conhecido como Satanás, estava no controle da serpente no jardim do Éden (Gn 3). 

Deus tem um plano soberano para vencer e destruir Satanás: este será encerrado no abismo durante mil anos e, então, será solto por um pouco de tempo  para enganar as nações uma última vez (v.7-9) antes de ser lançado no lago de fogo (v.10). Importa que seja solto, indica que Satanás não escapará do abismo, mas terá permissão para sair para cumprir o soberano plano de Deus.

20.4-6 A interpretação do reinado de mil anos de Cristo tem sido objeto de muita controvérsia. Alguns estudiosos entendem mil anos como uma declaração específica de tempo, enquanto outros a interpretam de forma figurativa, para um período longo e indeterminado.

20.4 A expressão tronos, reinaram indica que os crentes participarão de forma significativa com Cristo durante o Seu reino milenar (Ap 1.6; 2.26,27; 5.10), o que pode ser um cumprimento parcial da profecia de Daniel 7.18,27. 

A aparência de julgamento durante o reinado é mencionado em 1 Coríntios 6.2-4. No início do Reino, a autoridade é oficialmente transferida dos anjos para os homens (Hb 2.5,8). Uma nova ordem mundial é estabelecida com a vitória dos santos da era da Igreja reinando com Cristo em Seu Reino (Rm 8.17).

Aqueles que foram degolados são os santos martirizados pela besta. (Ap 13.7,15), mas podem ser também a multidão vitoriosa que canta louvores ao Cordeiro em Apocalipse 15.2-4. João em breve poderia identificar-se com aqueles que perderam sua vida por causa do testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e o apóstolo já estava exilado na a ilha de Patmos pelas mesmas razões (Ap 1.9).

20.5 Falar que não reviveram indica que a ressurreição dos mortos não incluirá todas as pessoas ao mesmo tempo, como passagens como Daniel 12.2 e João 5.29 podem indicar também. Como 1 Coríntios 15.23,52, essa passagem indica que haverá uma primeira ressurreição dos crentes mortos antes dos mil anos do reinado de Cristo e uma ressurreição final, depois que o milênio tiver acabado, antes do juízo do grande trono branco (Ap 20.11-13).

20.6 Bem-aventurado inicia a quinta das sete bem-aventuranças em Apocalipse. Todas as outras seis (Ap 1.3; 14-13; 16.15; 19.9; 22.7,14) aguardam a vida com Cristo além da primeira ressurreição (Ap 20.5). 

A primeira ressurreição é garantida a todos os crentes, mas a bem-aventurança mencionada aqui pertence mais precisamente àqueles que têm parte na primeira ressurreição. E possível que se refira apenas àqueles crentes que se qualificam para a função de reis-sacerdotes no Reino de Cristo. Pode ser isso a que Paulo se referiu quando falou sobre seu alvo de obter o prémio de Cristo (1 Co 9.27; Fp 3.1-14). A segunda morte é a morte de tormento eterno no lago de fogo para os infiéis que enfrentaram o juízo do grande trono branco (v.l 1-15). Jesus já havia declarado que o que vencer não receberá o dano da segunda morte (Ap 2.11).

20.7-9 Ao término do reinado de mil anos de Cristo, Satanás será solto por Deus para enganar as nações da terra (v.2,3) mais uma vez, como ele tem feito ao longo da história (Ap 12.9). Como resultado do engano satânico, os exércitos mundiais se ajuntarão para batalhar contra Deus novamente, tal como fizeram antes da segunda vinda de Cristo (Ap 16.13,14; 19.19,20). Gogue e Magogue eram uma designação comum para as nações em rebelião contra o Senhor, entre os rabinos, em Ezequiel 38 e 39. 

Alguns estudiosos sustentam que a batalha nos versículos 8 e 9 é a mencionada em Ezequiel, mas existem grandes diferenças, assim como semelhanças, nas duas passagens. O uso de fogo do céu para destruir os exércitos reunidos é visto também em Ezequiel 38.22; 39.6.

Arraial é usado em outro lugar para se referir a exércitos (Hb 11.34) ou às suas fortalezas (At 23.10). Alguns estudiosos interpretam o arraial dos santos como sendo um simbolismo da unidade do povo de Deus. 

A cidade amada pode simbolicamente se referir à casa do povo do Senhor. No entanto, a Nova Jerusalém é normalmente chamada de a cidade do meu Deus (Ap 3.12) e santa cidade (Ap21.2). A cidade, aqui, pode ser a restaurada Jerusalém terrena, pronta para abrir caminho para a glória eterna e sem pecado da Nova Jerusalém (Ap 21.1—22.5).

20.10 Quando a rebelião final for sufocada pelo Senhor (v.8,9), o diabo se unirá à besta e ao falso profeta (Ap 19.20) em tormento para todo o sempre (Ap 14.10,11; Is 66.22-24; Mc 9.48). 

20.11 O grande trono branco é uma descrição do santo governo e juízo de Deus. Aquele visto ocupando o trono pode ser Deus Pai (1 Co 15.24-28) ou o Pai e o Cordeiro (Cristo) juntos, como na Nova Jerusalém (Ap 22.1,3). 

A terra e o céu fugiram é uma forma poética de descrever a destruição, pelo fogo, dessa criação e das obras relacionadas como é descrito em 2 Pedro 3.10-13. Não se achou lugar para essa criação contaminada pelo pecado no novo céu e na nova terra (Ap 21.1—22.5).

20.12 Os mortos, chamados de os outros mortos (v.5), são ressuscitados e colocados diante do trono do juízo de Deus. Para alguns, a primeira ressurreição (v. 5) inclui apenas os mártires (v. 4), para que tantos os crentes quanto os descrentes fiquem diante do grande trono branco. 

Outros mencionam as amplas promessas para os crentes reinarem com Cristo (Ap 1.6; 2.26,27; 5.10), no livro do Apocalipse, como evidência de que todos os fiéis experimentarão a primeira ressurreição e, assim, não terão de enfrentar o juízo do grande trono branco. Os livros referem-se ao registro de todas as obras feitas nesta vida. Como todos pecaram e ficaram abaixo do padrão de Deus (Rm 3.23), a abertura desses livros certamente conduzirá a sentenças eternas no lago de fogo.

O Livro da Vida, o registro de Deus do nome daqueles que foram salvos (Ap 17-8), também será aberto. Então, embora ninguém seja julgado aceitável com base em suas próprias obras (Ef 2.9), muitos serão salvos pela graça de Deus recebida pela fé em Jesus Cristo (v. 8).

20.13,14 O mar é o lugar de descanso de corpos não enterrados. A morte e o inferno referem-se não apenas à morte, mas também à existência além-túmulo (Ap 1.18; 6.8). A cena evocada aqui é de todos os lugares onde os corpos humanos foram sepultados sendo abertos com a ressurreição dos mortos para o juízo divino. Enquanto a humanidade infiel será julgada segundo as suas obras, a morte e o inferno, inimigos finais do Senhor (1 Co 15.26), também serão destruídos, sendo lançados no lago de fogo.

A segunda morte, segundo o relato bíblico, é real, é espiritual e eterna, a justa punição daqueles que são ou foram maus. A primeira morte é a física, a segunda é espiritual e eterna. Ambas estão incluídas no significado geral da morte que se abateu sobre a raça humana por causa do pecado de Adão e Eva (Gn 2.16,17; 3.1-19; Rm 5.12).

20.15 Apenas os eleitos de Deus, aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida, escaparão do lago de fogo. A rejeição do evangelho eterno resulta em condenação eterna, toda a raça humana foi condenada por causa do pecado de Adão e Eva, o pecado original. Cabe a cada um de nós decidirmos por livre e espontânea vontade qual o nosso destino eterno. (Ap 14.6,7).

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.