segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

HOJE ENTROU SALVAÇÃO NESTA CASA

HOJE ENTROU SALVAÇÃO NESTA CASA

 

Zaqueu foi um chefe dos publicanos em Jericó que se tornou seguidor de Jesus. A história de Zaqueu na Bíblia está registrada em Lucas 19:1-10 e destaca seu arrependimento genuíno. Além disso, esse relato bíblico mostra como o Senhor Jesus se misturava com as pessoas desprezadas pela sociedade religiosa da época.

Nada se sabe sobre quem foi Zaqueu além do que é dito sobre ele no Evangelho de Lucas. Alguns estudiosos dizem que seu nome parece ser uma forma contraída de Zacarias, que significa algo como “aquele de quem Yahweh se lembra”. Outros, no entanto, sugerem que o nome Zaqueu significa “aquele que é justo”.

 

Quem foi Zaqueu, o publicano?

Zaqueu morava e trabalhava no distrito de Jericó. Importantes rotas comerciais passavam naquela região, que também contava com um palácio herodiano. Aliás, Herodes o Grande e seu filho Arquelau, realizaram obras significativas naquela região.

Segundo o historiador Flávio Josefo, Jericó também possuía um importante polo de produção de palmeiras e bosques de bálsamo. O unguento derivado do bálsamo de Jericó era muito desejado na época. Tudo isso significa que aquela área era uma fonte de impostos muito significativa. Jericó era uma das três principais coletorias de impostos da Palestina, e Zaqueu era um dos principais responsáveis por essa arrecadação.

Como foi dito, a Bíblia diz que ele era um “chefe dos publicanos”. Essa designação traduzida do grego indica que ele era um subcontratante de outros coletores.

Portanto, Zaqueu tinha sob sua supervisão alguns coletores responsáveis por arrecadar os impostos indiretos para o governo romano. Isso significa que Zaqueu era um homem importante, uma pessoa proeminente em sua região. Por isso o texto bíblico completa a informação dizendo que ele era um homem rico.


Jesus foi em busca de um inveterado pecador.

O encontro de Jesus com Zaqueu aconteceu da seguinte forma. Zaqueu aparece na narrativa bíblica como alguém que estava muito desejoso de se encontrar com o Senhor Jesus. Quando ele ficou sabendo que Jesus estava passando por sua cidade, ele procurou vê-lo a qualquer custo.

Mas o problema é que Zaqueu era de baixa estatura, e por causa da multidão ele não conseguia ver o Mestre. Então, sem se importar com sua posição social, ele subiu em uma figueira brava, um sicômoro, para ver Jesus passar.

Quando Jesus se aproximou de onde Zaqueu estava, logo lhe disse: “Zaqueu, desça depressa, porque hoje eu vou ficar, vou pousar, em sua casa”. Lucas 19:5. A Bíblia diz que Zaqueu desceu depressa e recebeu Jesus gostoso, prazerosamente.

É interessante notar que apesar da ansiedade de Zaqueu em querer ver Jesus, ele parece ter ficado surpreendido pelo fato de a iniciativa do contato entre eles ter partido do próprio Senhor, e não dele. Isso significa que Zaqueu desejava vê-lo, mas era Jesus quem estava buscando por ele. Além disso, Jesus não pediu permissão a Zaqueu para pousar em sua casa. Ele também não propôs uma possibilidade de encontro. Literalmente o Senhor Jesus simplesmente disse: “hoje eu vou ficar em sua casa”.

Diante da atitude de Jesus, todo o povo começou a reclamar. Eles ficaram indignados porque Jesus havia dito que visitaria a casa de Zaqueu. Os judeus odiavam os publicanos. Eles consideravam os coletores de impostos como ladrões, extorquidores e traidores. Mas Jesus havia prometido pousar justamente na casa do principal desses coletores. Jesus estava buscando um dos homens mais detestados daquela cidade.

 

Jesus na casa de Zaqueu, o publicano.

No encontro com Jesus, Zaqueu demonstrou realmente a natureza de seu arrependimento genuíno. Esse arrependimento não ficou apenas na teoria, ou se limitou a palavras vazias. Ele revelou esse arrependimento na prática ao declarar estar doando, naquela mesma hora, metade de suas possessões aos pobres. Ele não estava tentando obter a salvação através de boas obras, mas estava entregando diante de Jesus simplesmente sua oferta de ação de graças.

Mas Zaqueu não parou nesse ponto. Ele se comprometeu diante de Jesus e dos presentes a devolver quadruplicadamente qualquer quantia que tivesse defraudado de alguém. Normalmente a Lei Mosaica exigia que numa restituição fosse acrescentado um quinto do valor a ser restituído como um tipo de juros e ele se comprometeu a devolver até mais. Levítico 6:1-5; Números 5:7.

Zaqueu, no entanto, decidiu fazer ainda mais do que isso. Ele não ofereceu um quinto de acréscimo em sua restituição, mas quatro vezes mais.

Considerando o fato de ele ter doado metade de suas posses aos pobres, e declarado na presença de todos uma restituição tão generosa, parece claro que Zaqueu tinha sido desonesto ao longo de sua vida. Direta ou indiretamente, o chefe dos cobradores de impostos havia permitido uma cobrança excessiva.

Muitas pessoas se esforçam para tentar provar que Zaqueu não teria sido um extorquidor, como se Cristo não pudesse, jamais, ter olhado para um corrupto. Todavia, todo o contexto da história de Zaqueu aponta para outra direção. Naquele dia Jesus mostrou compaixão para com alguém que certamente não merecia. Sim, Jesus entrou numa casa que ninguém mais dentre o povo gostaria de entrar.

 

A conversão e a transformação de Zaqueu.

Zaqueu pôde ouvir de Jesus as doces palavras: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque até este homem é um filho de Abraão”. Lucas 19:9. Jesus não disse que um mero conforto, uma alegria superficial ou uma prosperidade terrena e passageira havia entrado na casa de Zaqueu. Ele foi claro ao dizer que a salvação, não menos que isto, havia entrado em sua casa. Zaqueu e as demais pessoas daquele lar estavam diante da maior bênção que poderiam receber.

Consequentemente Jesus declarou que Zaqueu era filho de Abraão. Obviamente o objetivo de Jesus não era dizer que o publicano Zaqueu era um descendente físico do grande patriarca Abraão. Mas ao dizer que ele também era um filho de Abraão, Jesus estava se referindo ao sentido espiritual. Naquele dia Zaqueu estava se juntando pela fé no Filho de Deus à verdadeira descendência de Abraão. Gálatas 3:9,29.

A história de Zaqueu termina com a confirmação por parte de Jesus que de fato havia sido Ele quem encontrou o chefe dos publicanos, e não o contrário. Ele disse: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido”. Lucas 19:10. Jesus buscou, encontrou e salvou Zaqueu. O Bom Pastor havia encontrado uma de suas ovelhas perdidas. Lucas 15:1-7.

Poucos dias depois, Aquele a quem Zaqueu recebeu em sua casa, derramaria seu sangue e entregaria sua vida também em seu favor.

Depois que Jesus entrou na vida de Zaqueu, ele decidiu dar aos pobres metade dos seus bens e restituir quatro vezes mais aquilo que roubara dos contribuintes. Daí a exclamação de Jesus. “Hoje, entrou salvação nesta casa”. Lucas 19:9.


A maneira como Jesus definiu salvação, neste contexto, não é muito popular, nos dias de hoje. A idéia corrente, na atualidade é: “ o que é que a salvação pode me dar?”.

De preferência muitos acreditam que salvação dá saúde, garantia contra assaltos e, acima de tudo, muita prosperidade.

Igrejas que anunciam este tipo não bíblico de salvação estão se enchendo de membros.


Pegando o testemunho de Zaqueu e a declaração de Jesus, fica claro que salvação tem tudo a ver com ética, com honestidade e não com prosperidade. A prosperidade vem também mas segundo o trabalho de cada um e segundo a fidelidade individual de cada um concernente às dádivas para a obra de Deus. Eclesiastes: 9.2.

 

A história de Zaqueu nos revela que ele teve um encontro de fé e salvação com o Senhor Jesus.  

Dos encontros de Jesus com outras pessoas, este daqui de Zaqueu tem semelhança com alguns no aspecto de que Jesus foi ao seu encontro.

Dentre os encontros que pessoas tiveram com Jesus Cristo em seu ministério terreno, talvez o de Zaqueu seja um dos mais conhecidos em nossos dias. Recentemente, uma música sobre ele fez tanto sucesso que até os descrentes costumava-se parar para cantar “Como Zaqueu, quero subir, o mais alto que eu puder…”.

O publicano Zaqueu, possivelmente, era bem conhecido na cidade de Jericó, mas, nem por isso, benquisto. Seu ganha-pão, cobrar impostos, causava repulsa, ojeriza em seus conterrâneos, o que provavelmente o relegava a um ambiente de isolamento social, ainda que tivesse feito uma boa fortuna. Tanto que, quando Jesus resolveu se hospedar em sua casa, a murmuração tomou conta das ruas, diziam: “como um rabino do porte de Jesus poderia se engajar em comunhão com um maldito cobrador de impostos”?

O resultado de tamanha ousadia não poderia ser outro: transformação de vida e salvação de Zaqueu; e aqui eu gostaria de ressaltar algumas lições que podemos aprender a partir deste texto:

Não interessa o tamanho da multidão, Jesus nos vê e nos conhece. A multidão que acompanhava Jesus já era grande, e ainda aumentou após Ele ter curado o cego Bartimeu, mais conhecido como o cego de Jericó. (veja o final de Lucas 18).

Entretanto, Jesus “acha” Zaqueu em cima da árvore e o chama pelo nome, evidenciando saber sobre a vida daquele homem ao se convidar para ficar hospedado em sua casa. O mesmo acontece conosco, Jesus sabe quem somos, o que fizemos e o que fazemos. Ele sabe os detalhes mais íntimos do nosso coração e, mesmo assim, nos busca em meio à multidão de pecadores.

Não interessa o que os outros achem de você, para Jesus, você é alvo de seu amor. A profissão de Zaqueu fazia dele uma pessoa desprezada, evitada por todos, mas não para Jesus. Pelo contrário, o Senhor vai em sua direção, não com palavras de desprezo, mas de vida eterna. Da mesma forma, quem você acha que é ou a maneira como as pessoas costumam lhe tratar não tem relação com a maneira como Jesus Cristo olha para sua vida.

 

Os caminhos dEle são incomparavelmente superiores.

Quando conhecemos a Cristo, até as trevas se tornam algo para abençoar. Talvez Zaqueu tenha aceitado ser um cobrador de impostos por ganância, mas, depois da ilustre visita, o seu dinheiro passou de motivo de ódio para um instrumento de bênção, especialmente aos mais pobres. Deus não joga nada de sua vida na lata do lixo, a não ser os seus pecados que aliás, Ele os apaga com o sangue purificador de Jesus. Até as experiências negativas com o pecado podem ser usadas pelo Pai para fortalecer outros em luta.

Não é à toa que Zaqueu é um personagem tão cantado em músicas. Sua experiência com Jesus é também nossa experiência, pois Jesus continua nos buscando “pelo nome”, nos transformando de dentro para fora e nos usando para abençoar o próximo.

Quando achamos que estamos buscando a Cristo, na verdade, é Ele quem nos busca e nos encontra para nos abençoar com toda sorte de bênçãos.

 

Deus abençoe você e sua família

 

Pr. Waldir Pedro de Souza

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

 

 

 

 

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