segunda-feira, 7 de novembro de 2022

VITÓRIAS EM MEIO AO SOFRIMENTO

VITÓRIAS EM MEIO AO SOFRIMENTO.

 

Davi no Salmo vinte e dois nos mostra como seria o sofrimento futuro do Messias baseado em um pouco destas experiências que ele próprio já havia passado e ainda passaria por outras mais fortes ainda. Ele declara sua vitória no meio das perseguições e investidas do rei Saul contra ele, para matá-lo, mesmo nunca ter feito qualquer coisa contra o rei. Aliás Davi sempre honrou e defendeu o rei Saul mesmo o rei tendo feito tantos males contra Davi.

 

Quero compartilhar com vocês as palavras importantes de Davi no Salmo vinte e dois. Também vamos meditar no desafio que  Davi  teve para derrotar o gigante Golias que zombava e blasfemava do Deus de Israel, (1 Samuel 17). Davi com uma pedra e em nome do Senhor dos exércitos derrotou aquele gigante e o jogou por terra. Nossa pedra para vencer o gigante Golias de hoje,  que zomba e blasfema do nosso Deus, é a nossa fé,  firme e inabalável, no Senhor Jesus. Então vamos todos com fé sairmos para lutar e vencer o inimigo do povo de Deus.

 

Salmo 22. O Messias sofre, mas triunfa.

1. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias?

2. Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.

3. Porém tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel.

4. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.

5. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram e não foram confundidos.

6. Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.

7. Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:

8. Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.

9. Mas tu és o que me tiraste do ventre; o que me preservaste estando ainda aos seios de minha mãe.

10. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.

11. Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.

12. Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.

13. Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.

14. Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim.

15. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte.

16. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés.

17. Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam.

18. Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.

19. Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.

20. Livra a minha alma da espada e a minha predileta, da força do cão.

21. Salva-me da boca do leão; sim, ouve-me desde as pontas dos unicórnios.

22. Então, declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.

23. Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, descendência de Israel.

24. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.

25. O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.

26. Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.

27. Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor; e todas as gerações das nações adorarão perante a tua face.

28. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações.

29. Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele; como também os que não podem reter a sua vida.

30. Uma semente o servirá; falará do Senhor de geração em geração.

31. Chegarão e anunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto ele o fez.

O Salmo 22 é um dos mais famosos clamores por socorro que encontramos em todo o Antigo Testamento.

Nele, o salmista Davi suplica por ajuda divina em uma situação de extrema adversidade, na qual se depara com a possibilidade real de sua morte.

A angústia do salmista, além de aguda, é completa. O salmista suplica por ajuda de Deus em uma situação de extremo perigo, na qual se depara com a possibilidade real e a proximidade de sua morte traçada pelo rei Saul.

A angústia do salmista, além de aguda, é sufocante. As tribulações que atravessa afetam todas as esferas relacionais de sua vida: sua percepção acerca do cuidado providencial de Deus está enfraquecida (versos 1-2), seus adversários fazem chacota de sua desgraça (versos 6-8, 12-13, 16-18), e seu vigor emocional é dissipado como vapor, diante da penúria que o acomete. (versos 14-15).

Mas, até mesmo quando se vê abandonado, o salmista interpreta sua experiência à luz de seu relacionamento com Deus: “Meu Deus! Meu Deus! Porquê me abandonaste, porquê me desamparaste?” (Sl 22.1). Ou seja, ainda que sinta-se desamparado, recorre ao Senhor, que o conhece e o chama pelo nome.

Davi recorda-se, então, de que suas circunstâncias não poderiam corromper o caráter do Deus que havia feito uma aliança com seu povo: “Tu, porém, és o Santo, és rei, és o louvor de Israel. Em ti os nossos antepassados puseram a sua confiança; confiaram, e os livraste. Clamaram a ti, e foram libertos; em ti confiaram, e não se decepcionaram”. (Sl 22.3-5). E, justamente porque depositou toda a sua esperança no Senhor, (Sl 22.19-21), o salmista é vindicado perante seus inimigos, de maneira que seu livramento torna-se o paradigma do que Deus fará a todos aqueles que o temem. (Sl 22.22-31).

A ênfase temática de Salmo 22 está em ampla continuidade com o retrato apresentado em Salmo 1. Aqueles que “louvarão o Senhor, tendo vida longa”. (Sl 22.26) participarão da congregação dos justos, que são “como árvores plantadas à beira do rio”. (Sl 1.3).

Não é por acaso que, na longa história da interpretação do saltério, a pessoa descrita no Salmo 22 tenha sido associada ao rei da nação, apresentado anteriormente no Salmo 2. Ambos passam por situações adversas, ambos vivem em fidelidade às promessas de Deus, ambos são exaltados na presença do Senhor. Os Salmos 1 e 2 formam uma introdução dupla a todo o livro e têm uma função hermenêutica importante para o restante do Saltério. No livro dos Salmos, o saltério é mencionado em diversas passagens. No geral, essas passagens encorajam o louvor ao Senhor através de cânticos acompanhados com certos instrumentos, como o saltério. É assim que, por exemplo, o salmista escreve no Salmo 150: “Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa”. (Salmo 150:3; Salmo 33:2; 81:2; 92:3; 108:2; 144:9).

E nós mesmos podemos nos apropriar das palavras de Salmo 22, à medida que nos identificamos com o salmista, cuja experiência exemplifica a própria jornada trilhada por todo o povo de Deus, contudo, ninguém viveu a experiência de Salmo 22 como Jesus de Nazaré.

O evangelho de Marcos apresenta Jesus como o representante definitivo do povo de Deus, usando um vocabulário comum ao Saltério: assim como a figura real do Sl 2.2, Jesus é chamado no evangelho de Marcos como “Cristo” e “Filho de Deus”. (Mc 1.11; 8. 29; 9.7; 14.61-62).

Além disso, todos os evangelistas narram a morte de Jesus, destacando que seus sofrimentos representaram, precisamente, a plenitude do Salmo 22. No ápice de sua tribulação, Jesus também foi zombado por sua insistente confiança em Deus, (Mc 15.25-32; Sl 22.6-8), sentiu o choque causado pelo desgaste de seu corpo, (Jo 19.28; Sl 22.15) e teve sua honra pisoteada quando dividiram suas vestes, deixando-o praticamente nú e lançaram sortes por elas. (Mt 27.35; Sl 22.18).

A grande diferença é que, enquanto o salmista teve o privilégio de cantar sobre o livramento do Senhor quando ainda vivo, o hiato entre os versos 18 e 19 de Salmo 22 jamais foi transposto por Jesus no Calvário. Ele clamou por socorro divino, fazendo coro com a prece sincera do salmista  ‘Eloí, Eloí, lamá sabactâni’, que significa ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste, porquê me desamparaste?’ (Mc 15.34), mas a única resposta que recebeu foi a incompreensão daqueles que assistiam a sua dor com curiosidade indiferente. “Bom, ele deve estar pedindo ajuda a Elias”, diziam alguns espectadores. “Seria interessante se isso acontecesse… Vejamos se Elias volta para socorrê-lo”. (Mc 15.35-36). De fato, o Ungido do Senhor teria de permanecer morto por três dias, antes que sua súplica fosse finalmente ouvida. Ninguém viveu a experiência de Salmo 22 como Jesus de Nazaré.

Conforme nos lembramos da paixão de Cristo em isolamento social, a verdade mais urgente que podemos destacar, à luz de Salmo 22, talvez seja esta: ao reviver a história do salmista de forma plena, Jesus Cristo tomou sobre si a manifestação mais cabal do sofrimento humano e sentiu na própria pele o resultado mais profundo da maldade presente no mundo.

Não há quem saiba o que é padecer como Jesus na cruz e, portanto, não há calamidade, nem mesmo a última pandemia que assolou o mundo inteiro,  a respeito da qual ele não se compadeça de nós. (Hb 5.1-10). E isso ele fez para que as mazelas decorrentes de nossa separação fundamental de Deus pudessem finalmente ser superadas. Ele, Jesus, morreu por nós, morreu em nosso lugar, morreu para nos salvar. Depois de três dias Ele ressuscitou e está vivo e vive e reina para sempre.

Ao entregar seus cuidados ao Pai, enquanto absolutamente abandonado na cruz, Cristo Jesus desbravou o caminho do justo com perfeição, mostrando que a herança da glória é daqueles que confiam no Santo de Israel, principalmente quando a paz desaparece do horizonte. Assim, no corpo desfigurado de Cristo, Isaías 53 nos descreve como Ele ficou desfigurado, descobrimos que Deus conhece todos os males que sobrevêm a nós e responde aos problemas do mundo, identificando-se com nossa situação caótica e assegurando a reversão dessa realidade por meio da fidelidade de seu Filho.

De fato, a veracidade das promessas feitas no Sl 22.19-31 é comprovada, de uma vez por todas, no terceiro dia após a morte de Jesus, quando Ele ressuscitou dentre os mortos, tornando-se as primícias dos que dormem. “Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”. 1 Coríntios 15.20. Nós somos fruto disso: “Todos os confins da terra se lembrarão e se voltarão para o Senhor, e todas as famílias das nações se prostrarão diante dele, pois do Senhor é o reino; ele governa as nações”. (Sl 22.27-28).

Tão certo quanto a condição caída do mundo encontrou seu clímax na paixão de Cristo, a ressurreição de Jesus concretizou o reinado de Deus sobre a terra e sua vitória sobre a morte, por que Jesus Cristo venceu a morte ao ressuscitar ao terceiro dia.

Antes, porém, era necessário que Cristo obedecesse até a morte, era necessário confiar até a morte. E era necessário que, após a consumação de sua morte, os discípulos passassem mais um tempo sob a densa escuridão do aparente fracasso de Jesus.

Não sabemos até quando padeceremos os efeitos e as últimas consequências do pecado, porque o salário do pecado é a morte. Ninguém está enxergando qualquer luz no fim desse túnel, somente através de Jesus Cristo encontramos a saída, porque Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. João 14.6.

Deus conhece bem a nossa angústia e a nossa história. Deus sempre tem a resposta, mesmo que pareça tardia. Deus conhece tão bem a nossa insegurança e para Ele, a nossa angústia e sofrimento logo chegam ao Seu trono onde a presença do Espírito Santo é sublime e maravilhosa e o Consolador amado se manifesta para nos socorrer. Podemos passar pelas incertezas terrenas mas sabemos que é Ele que nos acompanha até o outro lado da nossa história.

 

Deus abençoe você e sua família.

 

Pr. Waldir Pedro de Souza.

Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

 

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