segunda-feira, 21 de julho de 2025

DECÊNCIA E ORDEM NA IGREJA

DECÊNCIA E ORDEM NA IGREJA


A primeira carta de Paulo aos Coríntios (1 Coríntios 14.26-40), nos esclarece sobre o verdadeiro culto a Deus. Você quer saber se um culto, uma reunião da igreja está acontecendo dentro dos padrões bíblicos? Observe se há paz ou confusão, se há exaltação do homem ou a honra e a glória é do Senhor Jesus ou do ministrante. Se houver qualquer tipo de confusão ou qualquer tipo de exaltação do ser humano o culto não é de Deus e nem para Deus. Se houver desordem não é de Deus, se houver coisas estranhas, se houver manifestação de aparentes milagres ou profecias, Se houver exibicionismo dentre tantas coisas, então o culto não é de Deus. Se não houver edificação, ensino sólido da Bíblia para o aprendizado dos crentes, se não houver consolação para o seu coração, então o culto não é de Deus. Nos textos do Antigo Testamento, onde encontramos extensas referências a cultos, as reuniões do povo de Deus, as manifestações de Deus no meio do seu povo, nunca encontraremos o registro de nenhum momento de culto com confusões, com algazarras, com danças, com gritarias. Encontraremos, sim, nos cultos prestados a deuses falsos, como no caso do povo de Israel quando saiu do Egito e, na ausência de Moisés, começou a adorar um bezerro de ouro; no culto dos profetas de Baal querendo que o deus deles mandasse fogo do céu e gritavam, lamentavam, se feriam. Além disso, o apóstolo Paulo faz uma referência que tem passado desapercebida por muitos, a de que em todas as igrejas, com exceção da de Corinto, havia paz nos cultos a Deus. Em 1 Coríntios 14.27-31,34-40 encontramos o apóstolo Paulo falando explicitamente sobre essa necessidade de decência e ordem nas reuniões da igreja. Importante se dizer aqui que a palavra grega utilizada pelo apóstolo (taxis) é derivada de “Tasso” que significa literalmente colocar as coisas em uma determinada ordem, situar, organizar, arrumar. Quanto a essa ordem encontramos nos versículos 27-31 do mesmo capítulo, e sobre a decência encontramos na referência às mulheres ficarem caladas nas igrejas por causa da lei (34) e quando aconselha a perguntarem em casa a seus maridos, afirmando que era indecente que as mulheres falassem na igreja. Anteriormente havia comentado o fato de ser indecente as mulheres usarem cabelos curtos na igreja. Tudo isto porque, naquele tempo, era indecente as mulheres falarem em público, nas igrejas por alguns motivos que o próprio Apóstolo Paulo explica que era uma coisa local, devido às mulheres que eram prostitutas cultuais e quando se convertiam a Jesus, às vezes levavam estes e outros costumes pagãos para dentro das igrejas. Hoje isto não é mais aplicado literalmente. Não há indecência alguma em a mulher falar em público nos púlpitos bem como perguntar e ensinar. Mas existem outras manifestações de indecência, sejam elas apenas costumes sociais ou imorais realmente. Em um culto não há lugar para danças sensuais, sejam elas masculinas ou femininas; não há lugar para palavras de baixo calão; não há lugar para vestimentas indecentes; não há lugar para gestos obscenos; não há lugar para piadas imorais; não há lugar para manifestações homossexuais e nem sexuais de maneira alguma. Quanto à ordem não há espaço para o costume de se fazer coisas de improviso, em meio a uma desordem total, sob a alegação de que é o Espírito Santo quem dirige o culto. O Espírito Santo é Deus e Deus não é Deus de confusão. Deus tem prazer nas coisas que valorizam princípios e valores bíblicos. 
A - O diabo não gosta de limpeza, de decência e de ordem na igreja. Pra ele quanto mais bagunça, sujeira e desordem nas igrejas, inclusive e principalmente nos púlpitos, mais ele gosta daquelas igrejas. Há muitas pessoas que se utilizam da mentira e do engano para esconder os seus pecados e jogam toda a sujeira para debaixo do tapete querendo esconder podridão de seus pecados. Mas, Gálatas 6.7 nos adverte: “De Deus não se zomba, tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Estes são adeptos das mentiras do diabo que é o pai da mentira. Jo.8:44. O diabo é astuto como uma serpente e destruidor como um dragão. Em suas teias de mentiras, destacamos duas: Na primeira mentira, diz para você que o pecado é inofensivo. Depois que o induz ao pecado vem a segunda mentira: diz para você que o pecado não tem solução. Você não deve pecar, pois o pecado é maligníssimo. Mas, se você pecar, existe uma saída: “é o sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado”. Não ande debaixo da escravidão da culpa e do pecado. Ande na liberdade da santificação onde há perdão em Cristo Jesus. 
B – 1 João 1:7-9 nos diz: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. Todos somos falhos e imperfeitos, e na igreja, em todas as igrejas, encontraremos falhas, erros e limitações. Encontramos pessoas na igreja que deliberadamente são contumazes em suas práticas erradas e pecaminosas e não se sujeitam aos conselhos das autoridades eclesiásticas daquela instituição, daí então entra em ação a necessária disciplina. A maneira de se lidar com estes erros e com as pessoas erradas é com amor e paciência; vamos nos ajustando aos poucos e assim prosseguimos. Mas quando se trata de pecado, a igreja deve agir diferente, deve usar de disciplina.
C - A disciplina na Bíblia é um ato de amor que visa o arrependimento e a restauração do pecador. A disciplina na igreja tem basicamente três objetivos: Restabelecer o pecador, Manter a pureza da igreja e dissuadir outros para não incorrer naqueles mesmos erros. A disciplina pode ser corretiva ou educativa. A disciplina corretiva é ordenada e descrita no Novo Testamento em passagens como Mateus 18.15-17, 1Coríntios 5.1-13, 2 Coríntios 2.6 e 2 Tessalonicenses 3.6-15. A disciplina educativa é abordada em passagens como Efésios 4.11-32 e Filipenses 2.1-18. Já em 1 Timóteo 5:20-22 vem a sentença mais dura para os incorrigíveis e diz o seguinte: 20. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor. 21. Conjuro-te, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção, guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade. 22. A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro. 
D - Na igreja encontramos todo tipo de gente; aqueles que querem levar Deus a sério, e os que não. O Senhor Jesus disse que quando a rede é lançada ao mar, recolhe todo tipo de peixes: bons e ruins, (Mt 13.47,48); nesta mesma ocasião Jesus também ilustrou isto de outra forma, falou acerca do joio e do trigo para mostrar que na igreja temos todo tipo de gente. O Senhor nos preveniu que haveria escândalos em nosso meio, (Mt 18.7), deixando claro que estes por quem vem os escândalos serão julgados, mas que é inevitável que isto ocorra. Quando o evangelho é proclamado, a pessoa é convidada a vir a Deus como está, mas depois que passa a pertencer à Igreja do Senhor terá que se ajustar à sã doutrina. Todos somos falhos e pecamos. Como diz a Escritura: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. (1 Jo 1.4). Portanto, não é qualquer pecado que nos fará sermos disciplinados, senão viveríamos só de disciplina. Quando pecamos, devemos nos arrepender e confessar nossos pecados, nossas culpas diante de Deus e seremos perdoados, (1 Jo 1.9); a disciplina é para tratar com quem peca e não quer se arrepender, insistindo em viver no pecado. 
1 - A igreja do Senhor Jesus é um corpo vivo na terra. Não podemos perder de vista que ninguém vive espiritualmente isolado; somos membros uns dos outros e constituímos um só corpo. Quando alguém passa a viver no pecado fere não só a si mesmo, mas também ao corpo de Cristo. Todo o corpo sente a dor e o sofrimento que o pecado causa nas pessoas. O Velho Testamento nos revela como o pecado de um só homem, Acã, prejudicou todo Israel e como foi necessário que ele fosse julgado, (Js 7.11-26). O Novo Testamento enfatiza muito a ideia do corpo; quando Jesus envia sua mensagem a cada uma das sete igrejas da Ásia, (Ap.2 e 3), ele as trata como um todo tanto ao falar de suas virtudes como também de seus erros e defeitos. 
2 - Jesus foi quem primeiro falou de disciplina no Novo Testamento: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas se não te ouvir, leva contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. E se não ouvir, dize-o à igreja; e, se também não ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano”. (Mt 18.15-17). Há cinco níveis ou parâmetros distintos no processo de disciplina que o Senhor Jesus ensinou: 1. Repreensão pessoal; Repreensão individual. Advertência, repreensão com disciplina branda e repreensão, até pública, com exclusão. 2. Repreensão com testemunhas, confirmação da necessária disciplina. 3. Repreensão pública, individual e ou coletiva. Disciplina de confirmação da inobservância da disciplina. 4. Exclusão depois de esgotado todos os esforços para o excluído se retratar, se arrepender, se reconciliar. 5. Exclusão severa e repreensão pública dos desobedientes contumazes. 
3 - Não praticamos a disciplina quando a pessoa se arrepende, mas sim quando ela se recusa a arrepender-se. E neste caso, dentro de uma progressividade; com a repreensão pessoal primeiro, a seguir com testemunhas em segundo lugar, depois diante da igreja em terceiro lugar e só então a exclusão em quarto lugar e em quinto lugar expulsão dos que causam rebeliões. Não podemos excluir alguém sem ter dado antes estes passos e um amplo direito de defesa. Porém, alguém pode não querer receber os primeiros níveis da repreensão fugindo deles; neste caso, constatada a indiferença e relutância da pessoa, passamos então ao quarto nível, subentendendo terem sido os outros insuficientes ou impraticáveis. Quando a repreensão se torna pública, ainda que seguida de arrependimento, e a pessoa em questão é um líder, a disciplina se manifestará afastando a pessoa de sua posição de liderança até comprovada restauração de sua comunhão. 
4 - No caso explicado em 1 Timóteo 5:20-23 é a disciplina mais severa que existe para ainda tentar, mesmo distante, recuperar os rebeldes e traiçoeiros desobedientes contumazes nos seus erros e pecados. Vários textos bíblicos falam sobre a necessidade de repreensão. E não são necessariamente ligados ao pastorado, pois no corpo de Cristo ministramos uns aos outros. Neste nível se enquadram os líderes das igrejas , obreiros e membros e todos que exercem cuidado por outras pessoas no Corpo de Cristo que é a igreja. “Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos…”. (1 Ts 5.14). “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais vedes que aquele dia se aproxima”, (Hb 10.25). 
5 - “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade”. (2 Tm 2.24,25). Note que corrigir não significa contender, mas demonstrar cuidado com mansidão. Quando porém, a situação se agrava, é necessário que o governo da Igreja, os membros das diretorias e do ministério assumam a situação, que pode ser delicada e necessitar que a autoridade espiritual seja imposta, como Paulo fez com os coríntios. (2 Co 13.2 e 10). 
6 - Além da instrução do Senhor Jesus, não encontramos outro texto que fale com tanta clareza sobre este nível de disciplina, mas ele é muito eficaz por tirar a situação do aspecto pessoal e colocá-la num patamar de formalidade. E se as pessoas escolhidas para acompanharem a repreensão forem pacificadoras, serão de grande proveito para promoverem o arrependimento com argumentação mansa e amorosa. Em caso de resistência da pessoa que está sendo repreendida, ela deve ser avisada que assim como o segundo parâmetro de repreensão não foi aceito, será necessário o terceiro num culto público, e que permanecendo ainda inflexível ela chegará ao quarto parâmetro: a exclusão. 
7 - Como é feita a repreensão pública no templo? Ao dizer que levasse a repreensão para o terceiro parâmetro, que é à Igreja, Jesus se referia a tratar a questão na Igreja (templo) e com os líderes da Igreja, como alguns gostariam que fosse. Na verdade, Ele se referia a tratar a questão em público e não mais sigilosamente em reuniões no gabinete pastoral ou em reuniões ministeriais. Paulo também falou sobre este princípio ao escrever para seu discípulo Timóteo: “Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, (publicamente), para que também os demais temam”. (1 Tm 5.20). A razão para isto é clara: “Para que outros tenham temor”. Toda a Igreja precisa ser ensinada sobre a disciplina cristã e vê-la funcionando na medida certa e quando necessário. 
8 - Somos um corpo no Senhor; o pecado contínuo de alguém prejudicará a todos. O único meio de evitar isto é cortando o mal pela raiz, expurgando o mal do pecado com arrependimento ou cortando a pessoa (quando ela não quer se arrepender) da comunhão do corpo de Cristo. Diante da Igreja ela, a pessoa, será obrigada a optar entre um ou outro caminho. A exclusão é a parte mais dolorida para a igreja. Ninguém quer ver alguém excluído da sua convivência, por isso é que e dada todas as oportunidades possíveis para a pessoa se arrepender e se consertar com Deus diante de todos, ou seja publicamente. 
9 - Na Igreja de Corinto, alguém chegou ao ponto de se envolver sexualmente com a madrasta (1 Co 5.1). Tão logo isto chegou ao conhecimento do apóstolo Paulo, ele ordenou: “Tirai do meio de vós a esse iníquo”. Antes, contudo, deixou claro em que condições isto deve acontecer: “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo, ou avarentos, ou roubadores, ou idólatras, pois neste caso teríeis que sair do mundo. Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor”. (1Co 5.9-13). Observe o detalhe que Paulo inseriu ao falar do pecador: “dizendo-se irmão”. Isto se refere a quem quer se parecer irmão sem o ser; não fala de uma queda ou tropeço espiritual, mas de uma prática continuada nestes pecados. 
10 - Excluir não significa proibir a pessoa de colocar os pés na Igreja, mas sim deixar de reconhecê-la como parte do corpo de Cristo, e isto envolve deixar de se relacionar como membro da igreja, (Tt 3.10,11), deixar de ter comunhão com a pessoa. Isto fica claro quando o apóstolo Paulo diz: “com o tal nem ainda comais”. Paulo explica melhor esta distinção na sua carta aos tessalonicenses: “Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão”. (2 Ts 3.14,15). Este princípio já havia sido estabelecido desde o Velho Testamento, onde havia vários motivos pré-estabelecidos para exclusão. O motivo é poupar o corpo de prejuízos espirituais, e não tentar manter um controle sobre as pessoas. Os casos não manifestos não chegam a ser tratados na Igreja, só os que chegam a ser conhecidos. 

Deus abençoe você e sua família. 

Pr. Waldir Pedro de Souza. 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

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