DEFEITOS E VIRTUDES DAS SETE IGREJAS DA ÁSIA
Igrejas da Ásia. As sete cartas
às sete Igrejas da Ásia. Nenhuma igreja sem defeitos.
A bem da verdade é bom termos o discernimento
de que assim como aquelas igrejas representavam as igrejas dos séculos que se
passaram até nós, as igrejas e os líderes evangélicos de hoje superaram em
muito os defeitos e quase não se vê mais exemplos de fidelidade a Deus, com
raras exceções dos verdadeiros conservadores, como aqueles do passado.
As cartas individuais aos sete anjos
(pastores) das sete igrejas da Ásia estão registadas em Apocalipse, capítulos 2
e 3.
Cada carta segue um padrão comum segundo as
virtudes e defeitos de cada uma. Em primeiro lugar, Jesus identifica cada
igreja pela cidade em que se localiza.
Cada carta tem uma descrição única de Jesus
Cristo, que é o remetente. Cada uma ajusta-se apropriadamente às necessidades
de cada igreja.
O Senhor elogia cada igreja, exceto Laodicéia,
pelo serviço particular que lhe presta.
Vamos ver os defeitos, pecados e virtudes de
cada uma delas. Cada igreja é admoestada, algumas vezes severamente, por causa
de seu compromisso com o mundo. Há duas exceções, “Esmirna e Filadélfia,
que eram as mais fiéis e as mais perseguidas”.
Primeira igreja: Éfeso. Éfeso, a Igreja do
Amor Esquecido.
Se não voltarmos urgentemente ao primeiro
amor, jamais viveremos o refrigério de um grande e poderoso avivamento.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. (Ap 2.5).
Uma característica marcante da igreja de
Éfeso era a sua intolerância à heresia. Quanto à doutrina, era ortodoxa e
implacável. Mas quanto à prática do amor, tornara-se heterodoxa, fria e seca.
A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vez praticada sem
amor, esfria e mata a verdadeira vida espiritual de quaisquer povo, de qualquer
igreja. Não podemos, a pretexto de “zelar” pela verdade, desconsiderar o
cultivo de uma profunda espiritualidade banhada em amor. A nossa mensagem deve
tocar mentes e corações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso,
devemos voltar ao primeiro amor e encharcarmo-nos do Evange1ho da Graça da
Deus.
O ensino sistemático da Bíblia (ortodoxia)
requer de seus leitores uma ação concreta no caminho existencial da vida
(ortopraxia). A igreja de Éfeso era poderosa nas Escrituras, mas atrofiada na
prática do amor cristão. Jesus de Nazaré ensinou-nos que devemos ouvir e
praticar a sua palavra. Então, seremos comparados ao homem que edificou a sua
casa na rocha (Mt 7.24). Eis o nosso grande desafio: ouvir, aprender e
agir segundo as Escrituras.
Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais obreira,
dinâmica e ortodoxa do que a de Éfeso. O seu preparo teológico era tão sólido,
que o seu pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam
apóstolos (Ap 2.2). Éfeso era a igreja apologética por excelência. Ela
destacava-se também por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela
expansão do Reino de Deus.
Até o próprio Senhor Jesus elogiou os Efésios.
Eles eram uma referência em toda aquela região. Apesar de todas as suas
inegáveis virtudes e qualidades, havia um sério problema com Éfeso. Se ela,
porém, se dispusesse a resolvê-lo seria uma igreja perfeita.
Éfeso era uma igreja que amava aprender o
Evangelho.
Paulo em Éfeso. O Evangelho chegou a Éfeso,
a mais notável metrópole da Ásia Menor, durante a segunda viagem missionária
de Paulo (At 18.19). Mas a igreja só viria a florescer entre os efésios a
partir da terceira viagem do apóstolo. A chegada do Reino de Deus à cidade foi
acompanhada por um grande avivamento. Houve batismos com o Espírito Santo,
curas divinas e não poucas conversões (At 19).
A solidez doutrinária de Éfeso. O preparo
bíblico e teológico de Éfeso era singular. Afinal, tivera o privilégio de ter
como pastor, durante três anos, o maior teólogo do Cristianismo (At 20.31).
Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Pode
haver um curso bíblico mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou?
(Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus.
Uma igreja de ministros excelentes. Além de
Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada, também, por Timóteo e Tíquico.
Dizem alguns estudiosos que o seu púlpito teria sido ocupado, ainda, por João,
o discípulo amado. Os obreiros que por lá passaram eram de comprovada
excelência. Que outra igreja, excetuada a de Jerusalém, desfrutou de mais privilégios?
No entanto, conforme já dissemos, havia um sério problema com Éfeso.
A igreja de Éfeso tinha um grave
problema. Qual era o maior problema de
Éfeso?
Sim, havia um sério problema com a igreja em
Éfeso. A sua lua de mel com o Senhor Jesus havia chegado ao fim. E ela não o
percebera. Já não se lembrava do amor, primeiro e belo amor que dedicara ao
Cordeiro de Deus. Não agira assim Israel em relação a Jeová? (Jr 2.1-13). No
entanto, não podemos evitar a pergunta: Se ela foi, de fato, pastoreada pelo
discípulo do amor, como veio a esquecer-se, justamente, do primeiro amor?
O que é o primeiro amor? Não sei como definir
o primeiro amor, mas posso senti-lo. Para mim, é a alegria da salvação que o
salmista temia perder (Sl 51.12). Sim, uma alegria que nos impulsiona a
declarar toda a nossa afeição a Deus: “Amo o Senhor”. (Sl 116.1). O primeiro
amor é o enlevo que, no início, fez com que os efésios vivessem nas regiões
celestiais em Cristo Jesus. (Ef 1.3). É também a disposição que leva o obreiro
a semear, num misto de lágrimas e júbilo, a preciosa semente do Evangelho. (Sl
1 26.5).
A amnésia espiritual (esquecimento) do
primeiro amor. Sendo o primeiro amor tão sublime e inefável, pode alguém vir a
esquecê-lo? Apesar de Éfeso ainda entregar-se denodadamente à obra de Deus, não
mais se entregava amorosamente ao Deus da obra. Embora teológica e biblicamente
ortodoxa, já não conservava o ardor daquele sentimento que, um dia, fez a
Sulamita palpitar pelo esposo: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele
se alimenta entre os lírios”. (Ct 6.3). Era-lhe, urgente, pois, voltar ao
primeiro amor.
A igreja de Éfeso foi alertada a voltar ao
primeiro amor.
Esquecer o primeiro amor não é incidente
teológico, é queda espiritual. Semelhante pecado demanda contrição e arrependimento.
Por isso, o Senhor Jesus insta, junto ao pastor em Éfeso, a que volte de
imediato ao primeiro amor.
A igreja de Éfeso era rica em obras, porém
pobre em amor, assim como muitas igrejas evangélicas e ministérios atualmente.
Apesar de já não se lembrar do primeiro amor, Éfeso ainda era rica em obras.
Aliás, o próprio Cristo realçou-lhe esta característica (Ap 2.2). No
entanto, já não praticava as obras que a haviam distinguido no início da fé: o
amor que santificara ao Senhor Jesus. Sim, a igreja em Éfeso era rica em obras
e paupérrima em amor.
Se as obras sem a fé nada são, o que delas
resta sem o amor? Até mesmo o auto sacrifício sem amor nada é,
conforme destaca o apóstolo Paulo: “E ainda que distribuísse toda a minha
fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria". (1 Co 13.3).
Amar é a mais elevada das obras. Não há obra
tão elevada como amar a Deus: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Dt 6.5). Há
crentes que se limitam a amar as bênçãos. Há outros que, mesmo sem as bênçãos,
amam o abençoador. Que belo exemplo temos em Habacuque.
(Hc 3.17,18).
A igreja de Éfeso foi incentivada a voltar ao
primeiro amor.
Como voltar ao primeiro amor, já que os
Efésios haviam se esquecido o que era o primeiro amor? A resposta vem do
próprio Cristo: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as
primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu
castiçal, se não te arrependeres". (Ap 2.5).
Lembrar-se de onde caístes. A Bíblia
exorta-nos a lembrar-nos de Deus, porque Ele jamais se esquece de nós. (Ec
12.1; Is 44.21; 49.15). O cristão, infelizmente, corre o risco de
esquecer-se daquEle que se esquece somente de nossos pecados. (Hb
8.12). Não é constrangedor esquecer o nome de um amigo? No entanto, se não
formos diligentes, corremos o risco de não mais lembrarmos
daquele amigo que é mais chegado que um irmão. (Pv 18.24).
Voltar à prática das primeiras obras. Se
Éfeso já era rica nas segundas obras, por que voltar à prática das primeiras?
Nenhuma obra é completa e perfeita sem o amor. É o que poetiza o apóstolo
Paulo no décimo terceiro capítulo de sua Primeira Epístola aos Coríntios. Leia
atentamente esta passagem; medite nela e, através dela, afira o seu amor. Veja
se você ainda ama a Cristo como Ele tem de ser amado. Ou será necessário que o
próprio Senhor pergunte-lhe: “Amas-me mais do que estes”? (Jo 21.1 5).
Se não devotarmos a Cristo o primeiro amor,
como haveremos de ansiar por sua volta? Talvez, o anjo de Éfeso já não
almejasse o retorno do Senhor. O ativismo acabara por matar-lhe o
primeiro amor e o segundo também. Era-lhes urgente e necessário, pois, não
somente amar a Cristo como antes, como também amar-lhe a vinda como nunca.
A igreja de Éfeso foi incentivada a amar a
vinda de Cristo. Assim como o Cristo ama a Noiva e suspira por sua chegada aos
céus, também devemos nós, como o seu corpo místico, almejar por sua
vinda: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor,
justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda”. (2 Tm 4.8). Você realmente ama a vinda de Cristo? Em breve
Ele voltará. Amém. Maranata, ora vem Senhor Jesus!
Sem amor não pode haver Cristianismo. Sem o
primeiro amor a igreja pára de evangelizar, sem amor a igreja para de ganhar
almas para o Senhor Jesus. O Cristão verdadeiro tem como sua base o amor
primeiro e belo do início de nossa fé. Um amor que jamais deve morrer, mas
renovar-se a cada manhã. Se você já não ama a Cristo em primeiro lugar como
antes, arrependa-se desse pecado grave e evite que as consequências se
agravem. Voltar ao primeiro amor não significa voltar à imaturidade
espiritual, mas ao ardor do início de nossa fé. O amor pelas vidas que precisam
serem salvas, o amor pela pregação do genuíno evangelho de Jesus, que salva,
que cura, que liberta e que nos dá a certeza de que Jesus um dia vai voltar
para arrebatar a Sua Igreja querida.
Lembre-se de onde caístes. Lembre-se sempre
que o Senhor Jesus te resgatou das garras de satanás, lembre-se que o Senhor
Jesus te tirou da lama do pecado. Volte imediatamente ao primeiro amor. Rogue
ao Pai que o reconduza à sala do banquete, à sala do trono, onde o Noivo está à
nossa espera: “Levou-me à sala do banquete, e o seu
estandarte em mim era o amor”. (Ct 2.4). O amor tudo supera. O amor tudo
suporta.
“Jesus nos exorta hoje: Lembra-te de onde
caíste. Noutras palavras, lembre-se de quando aceitou a Jesus. Reviva aquele
sentimento inicial, quando você realmente amava a Jesus. Você pode lembrar-se
de como amava a Jesus? De como era apaixonado por Ele”?
Igrejas são como pessoas. Não há duas
iguais. Cada uma tem sua própria personalidade, forma e tamanho. Possuem suas
próprias forças e fraquezas, vivendo também em lugares diferentes.
Isto acontecia no primeiro século. Jesus
endereçou-se às igrejas de Apocalipse 2 e 3, porque elas não eram iguais. Cada
uma tinha sua identidade e sua personalidade própria e sua individualidade.
Consequentemente, o que Jesus tem a dizer a
cada igreja é algo singular. Cada carta é feita sob medida; leva em
conta as necessidades específicas, forças e fraquezas de cada congregação.
O Cenário da igreja de Éfeso daquela época. Uma
viagem à velha Éfeso era como ir hoje a Nova Iorque ou Los Angeles de hoje
em dia. Era uma próspera metrópole, a mais proeminente cidade da Ásia Menor.
Localizada no Rio Caster, a 4,8 Km do Mar Egeu, Éfeso era o maior centro
comercial da Ásia. Aí, embarcavam-se as mercadorias através do Mediterrâneo,
subindo o Caster, onde eram distribuídas ao mundo todo.
Éfeso ficava na encruzilhada do mundo. Aqui,
entrelaçavam-se quatro grandes estradas, trazendo negociantes e mercadores das
mais importantes províncias romanas. Os efésios, por isso, eram mui avançados
culturalmente. Eram cosmopolitas nas artes, dramas e urbanização.
Éfeso era uma cidade livre. Por sua lealdade
a Roma, estava autorizada a ter governo próprio. Nela, não havia guarnição romana.
Nenhuma opressão pairava sobre a cidade. Era imune à influência e à tirania
romanas.
Éfeso era também o centro do
paganismo. Uma das sete maravilhas do velho mundo está ali: o
templo da deusa Diana. Lugar de intensa idolatria, o templo era tão extenso
quanto dois campos de futebol. Nele, floresciam a prostituição, as bebedeiras e
as orgias. Não admira que tantos negócios viessem ao templo de Diana.
No templo, criminosos achavam asilo. Era um
céu para o perverso. Com suas prostitutas, eunucos, dançarinas e
cantores, era o esgoto da iniquidade. Mas no meio dessa cidade, Deus plantara
uma próspera igreja. É melhor desempenhar uma missão nas portas do inferno do
que pregar ao coral dos anjos. Deus sempre constrói sua Igreja onde as
circunstâncias parecem menos favoráveis. Esta é a graça de Deus.
Informações sobre o remetente da carta ao
anjo da igreja de Éfeso, assim como das outras igrejas também.
Para esta igreja, localizada em meio à
tamanha idolatria e imoralidade, Jesus identifica-se da seguinte maneira:
Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso:
Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos
sete castiçais de ouro: (Ap 2.1)
O Remetente não é nominado, não se declara. Mas,
obviamente, trata-se de Jesus Cristo. Ele é o mesmo que se revelara a João na
estrondosa visão de Patmos. É o próprio Senhor ditando e elaborando a carta.
Jesus dirige a carta ao anjo da igreja. A
palavra anjo significa mensageiro. Refere-se ao que tem como ministério
primordial levar a mensagem à congregação. Hoje, o chamaríamos de
pastor. É através dele que esta mensagem é trazida à igreja.
Segunda igreja: A igreja de Esmirna.
Igreja confessante, amorosa e martirizada.
Nada poderá calar a Igreja do Senhor Jesus na face da terra, nem a própria
morte.
"Se fiei até à morte, e dar-te-ei a
coroa da vida". (Ap 2.10c).
Na igreja de Esmirna deparamo-nos com um
paradoxo: a cidade era rica e opulenta, mas a igreja era pobre e padecia das
mais sórdidas calúnias e perseguições. Diferentemente da igreja
de Laodiceia, Esmirna era pobre materialmente, mas rica espiritualmente
("Mas tu és rico," - v.9). Era blasfemada e perseguida pelos que se
diziam judeus, mas apreciada e elogiada pelo Rei dos judeus. A partir
dessa igreja, Jesus de Nazaré nos ensina que as aparências podem enganar.
Enquanto muitos, pela opulência exalada, pensam estar de pé aos olhos do mundo
(mas não passam de caídos aos olhos divinos); outros, pela humildade e
padecimento, estão em pé aos olhos de Deus.
A Igreja de Cristo na terra bem como os
Cristãos estão sendo impiedosamente perseguidos e até martirizados. Embora
localmente pareça tranquila, universalmente está sob fogo cerrado. A
perseguição não é apenas física. Os santos são pressionados tanto pela cultura,
quanto pelas instituições de um século que, por jazer no maligno, repudia e
odeia os que são luz do mundo e sal da terra.
Esmirna é o emblema da igreja
mártir. Se Laodiceia é a cara do mundo, Esmirna é o rosto do
Cristo humilhado e ferido de Deus. Por isso, devota-lhe o mundo uma aversão
insana e inexplicável. Mas como calar a voz daqueles, cujo sangue continua a
clamar ao Juiz de toda a terra? Seu testemunho não será silenciado. Haverá de
erguer-se tanto dos túmulos como dos lábios que se abrem com mansidão,
para mostrar as razões da esperança cristã.
Compartilhemos o testemunho de Esmirna Mesmo
pressionada pelo inferno, soube como manter-se nas regiões celestiais em
Cristo Jesus.
A igreja de Esmirna foi muito perseguida e
Martirizada.
Esmirna, uma cidade soberba. A cidade de
Esmirna, apesar de inferior a Éfeso e de não possuir os atrativos
de Laodiceia, ufanava-se de ser a mais importante da região. Afinal,
tinha lá as suas vantagens. Localizada na região sudoeste da Ásia Menor, era
também afamada por seu porto e pela mirra que produzia.
Utilizada na conservação de cadáveres, a
essência era obtida espremendo-se a madeira chamada de “commiphora myrrha”.
Não é uma figura perfeita para uma igreja convertida e martirizada?
Apresentamos abaixo um paradoxo entre
as igrejas de Esmirna (Ap. 2.8-10), e Laodicéia (Ap. 3.14-22).
Esmirna era: (Apocalipse 2.8-10).
Fervorosa e espiritual. (v.9).
Pobre materialmente. (v.9).
Dependente de Deus. (v. 10.)
O Senhor Jesus disse: "Nada temas das
coisas que hás de padecer"; “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida” (v. 10).
Laodiceia era: (Apocalipse 3.14-22).
Morna. (v. 16).
Rica materialmente. (v. l7).
Autossuficiente. (v. 17).
Cega espiritualmente. (v. 16,18).
O Senhor Jesus disse: “Assim, porque és morno
e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca"; “aconselho-te que
de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas,
para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os
olhos com colírio, para que vejas”. (vv.
16,18).
A igreja em Esmirna ouviu a palavra de Deus
diretamente do apóstolo Paulo. Informa Lucas que, durante a estadia de
Paulo em Éfeso, toda a Ásia Menor foi alcançada pelo Evangelho: “E durou isto
por espaço de dois anos, de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia
ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos". (At.19.10).
Infere-se, pois, tenha sido a igreja em Esmirna estabelecida nesse período.
Conquanto plantada numa cidade opulenta, ela era pobre, mas ricamente florescia
em Deus. (Ap.2.9).
Um dos mais notáveis bispos de Esmirna foi
Policarpo (69-155 d.C.). Diante do carrasco romano, não negou a fé em
Cristo.
Esmirna era uma igreja que não negou a fé
e por isso foi martirizada. A igreja em Esmirna era confessional e mártir. Professando
a Cristo, demonstrava estar disposta a sustentar-lhe o testemunho até
o fim; sua fidelidade ao Senhor era inegociável. (Ap 2.10). Como está a nossa
confissão nestes tempos difíceis e trabalhosos?
Esmirna era uma igreja ameaçada no tempo, apresentava
Jesus como a própria eternidade: “Isto diz o Primeiro e o Último, que foi
morto e reviveu” (Ap 2.8). Nem a morte pode separar-nos do amor de Deus. (Rm
8.35).
Esmirna mostrou ao mundo do seu tempo que
Jesus é o Primeiro e o Último. Sendo Jesus o Primeiro, todas as coisas
foram criadas por seu intermédio. Sem Ele nada existiria, porque Ele é
antes de todas as coisas (Jo 1.1-3). Por isso, o Senhor lembra ao anjo da
Igreja em Esmirna que tudo estava sob o seu controle. Até mesmo os que lhe
moviam aquela perseguição achavam-se-lhe sujeitos; tudo era criação sua. Aliás,
o próprio Diabo estava sob a sua soberania, pois também era criatura sua,
apesar de reivindicar privilégios de criador. (Ez 28.1 4,1 5).
Sendo também o Último, Jesus estará na
consumação de todas as coisas como o Supremo Juiz (Jo 5.27; Rm 2.16; 2 Tm 4.1).
Portanto, os que se levantavam contra Esmirna já estavam julgados e
condenados, a menos que se arrependessem de suas más obras.
Esteve morto e tornou a viver (Ap 2.8).
Conforme Jesus antecipara ao pastor de Esmirna, o Diabo estava para lançar
algumas de suas ovelhas na prisão, onde seriam postas à prova (Ap 2.10).
Todavia, nada deveriam temer, pois ao seu lado estaria Aquele que é a
ressurreição e a vida (Jo 11.25). Somente Jesus tem autoridade para fazer-nos
semelhante exortação, pois somente Ele venceu a morte e o inferno.
Não desejava o Senhor Jesus que o anjo de
Esmirna temesse aqueles, cujo poder limita-se a tirar-nos a vida física, mas
aquele que, além de nos ceifar a vida terrena, tem suficiente autoridade para
lançar-nos no lago de fogo (Mt10.28). Por conseguinte, o martírio daqueles
santos iria tão-somente antecipar-lhes a glorificação ao lado de Cristo.
Esmirna sabia da tribulação que haveria de
enfrentar por permanecer fiel. (Ap 2.9). O anjo da igreja em Esmirna
sabia perfeitamente que a tribulação é um legado que recebemos do Senhor Jesus:
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (Jo 16.33). Tranquilizado por essa
promessa, o pastor de Esmirna refugiava-se na paz que excede todo o
entendimento (Fp 4.7). Roguemos, pois, ao Senhor que console os que, neste
momento de suprema provação, estão selando a fé com o próprio sangue. Oremos
pelos mártires do século XXI.
Esmirna teve que se acostumar com a pobreza
aqui na terra para ser rica da graça de Deus. Se Laodiceia de nada
tinha falta, Esmirna carecia de tudo. O próprio Senhor reconhece lhe a extrema
pobreza: “Conheço a tua (...) pobreza”. (Ap 2.9). Essa pobreza, todavia,
era rica. Complementa o Cristo: “Mas tu és rico”. Sim, ela era rica, pois fora
comprada por um elevadíssimo preço: o sangue de Jesus. (1 Pe1.18,19).
Esmirna também sofreu muito com a perseguição
dos falsos irmãos. Os ataques dos falsos crentes eram constantes. Além dos
ataques externos, internamente a igreja em Esmirna era perseguida por falsos
crentes a quem o Senhor Jesus desmascara: “Eu sei as tuas obras, e tribulação,
e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são,
mas são a sinagoga de Satanás.” (Ap 2.9). O que buscava essa gente?
Corromper a graça de Cristo através de artifícios humanos. Eles eram tão
afoitos na disseminação de suas heresias e modismos, que se desfaziam em
blasfêmias contra o pastor e a sua igreja. Mas na verdade estavam blasfemando
de Cristo. Todavia, não haviam de ir adiante, pois em breve seriam julgados por
aquele que sonda mentes e corações. (Ap 2.23).
Fazendo um paralelo entre aquela igreja e a
igreja hodierna vemos que a igreja de Cristo nestes últimos dias, vem sendo
atacada por falsos mestres e doutores. Disseminando heresias e modismos em
nossos redis, fazendo comércio dos santos. E abertamente blasfemam o nosso bom
nome. Não irão, porém, adiante; sobre os tais paira o juízo de Deus.
Esmirna foi mui perseguida e muitos crentes
foram levados para a prisão. Além dessas contrariedades, alguns membros da
igreja em Esmirna (talvez os integrantes do ministério) seriam lançados na
prisão, onde uma tribulação de dez dias aguardava-os (Ap 2.10). Foram
eles executados? O que sabemos é que perseveraram até o fim, pois
almejavam receber a coroa da vida.
Não são poucos os crentes que, neste momento,
acham-se presos pelo único crime de professar a fé em Cristo (Mt 24.9).
Nossos irmãos são torturados e executados. Em nossas orações, não nos
esqueçamos dos mártires.
Oremos para que o nosso país jamais
caia sob ideologias totalitárias e tirânicas como o nazismo e o
comunismo.
Somente os que conhecem a natureza da segunda
morte não temem as angústias da primeira. Esta, posto que é morte
física, termina uma jornada temporal; aquela, ainda que morte, não morre:
inicia um suplício eterno. Eis porque Esmirna sujeitava-se à primeira, porque
temia o dano da segunda. Mas a sua principal motivação não era o medo da
segunda morte e, sim, o amor que tinha por aquele que é a ressurreição e a
vida.
Oremos pela igreja perseguida e mártir! As
catacumbas de Roma não ficaram no passado. Num século que se diz tolerante e
democrático, acham-se catacumbas e covas tanto nas metrópoles do Oriente
quanto nas megalópoles do Ocidente.
Esmirna era uma igreja exemplar. Não há
repreensão para Esmirna. Nenhum membro é censurado. Embora não haja igreja
perfeita aos olhos de Cristo, diante de quem todas as coisas estão expostas e
descobertas, Esmirna não apresenta nenhuma falha gritante diante de Deus, o
dono da igreja.
“Os Vencedores Não Sofrerão o Dano da
Segunda Morte. (Ap 2.11)
‘Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte’.
Esmirna foi instada a permanecer fiel. Ao concluir esta carta, o Espírito relembra
a todas as igrejas de que há alguma coisa pior do que a morte física. Há a
‘segunda morte', a separação final (Ap 20.11-15; 21.8). Esta morte implica
numa eterna separação do plano, promessas, amor, misericórdia e graça de Deus.
Fé, ou confiança, em Deus, não mais existirão; a salvação será
impossível, e ninguém esperará por mudanças no futuro. A comunhão com Deus será
para sempre perdida.
Por outro lado, os que são vitoriosos à
medida que habitam no amor de Cristo pela fé, nunca terão medo da segunda
morte, pois Deus tem lhes reservado um lugar na Nova Jerusalém, no novo céu e
na nova terra.
A implicação contida nesse versículo é que,
se alguém não for vitorioso, sofrerá a segunda morte, no lago de fogo. Em
Mateus 25.41, Jesus enfatiza que o fogo eterno não foi preparado para os
homens, mas ‘para o diabo e seus anjos’. Mas os que se recusarem a se
arrepender, e se desviarem, ou descrerem no Filho de Deus, compartilharão do
mesmo destino de Satanás”.
A “Perseguição Governamental Romana contra os
Cristãos. Esmirna sofria sob a tirania de Roma. Mais adiante, Jesus identifica
tal tribulação como prisão ou encarceramento.
A palavra tribulação (thlipsis, no grego) é
muito radical. Literalmente, significa esmagar um objeto, comprimindo-o.
Descreve a vítima sendo esmagada, e seu sangue, extraído. Descreve pessoas
esmagadas até a morte por uma enorme pedra. Também descreve a dor duma mulher
ao dar à luz a filhos.
Em Esmirna, os crentes eram dolorosamente
esmagados sob as rígidas cláusulas da lei romana. Eram arrancados de suas
casas, capturados nas feiras livres e levados cativos. César jogava toda a
força de seu poderoso império sobre esta pequena igreja. E muitos desses santos
já haviam selado seus testemunhos com o próprio sangue.
Quando a igreja foi fundada em Jerusalém, era
Israel quem lhe avultava como ameaça, e não Roma. Além do mais, vigorava naqueles
dias a pax romana. Embora cada país conquistado pudesse conservar
seus próprios líderes e costumes, tinha de prestar cega obediência ao
imperador.
Aparentemente nada havia mudado. O povo ainda
gozava certas liberdades políticas, religiosas e culturais, mas lá estava o
Império Romano pronto a reprimir qualquer indisciplina.
Mas tudo mudou repentinamente. Em
67 d.C., um louco chamado Nero subiu ao trono de Roma. Temendo perder o
trono, Ele matou suas três primeiras esposas e a própria mãe. Sob sua insanidade,
as chamas da perseguição foram inflamadas contra a Igreja. Nero culpou os
cristãos por muitos de seus erros políticos. Foi esta a perseguição
mencionada nas duas epístolas de Pedro.
Mas Nero morreu cedo, proporcionando momentâneo
refrigério à Igreja. Em 81 d.C., porém, outro insano assume o poder.
Domiciano era mais cruel que Nero. E logo uma segunda onda de perseguição
levanta-se contra os cristãos. Esta é a perseguição a que Jesus se refere
na carta à Esmirna.
Ao expandir-se, Roma conquistou muitos
territórios e países, gerando grande diversidade de línguas e culturas no
império. Como unificar tantas diversificações? A adoração ao imperador
foi a resposta. Uniria o império, pois obrigaria cada cidadão romano
a prestar, uma vez por ano, pública lealdade diante do busto de César.
Mas para os cristãos, adorar a César era uma
traição ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ao invés de declarar: ‘César é
Senhor’, os primeiros cristãos bravamente confessavam: ‘Jesus Cristo é Senhor!’ Como
resultado, passou a Igreja a sofrer dolorosamente.
Terceira igreja: Pérgamo. A Igreja Casada Com
o Mundo.
Só há um modo de a Igreja de Cristo destronar
a Satanás: manter a Deus no trono e combater a apostasia com a espada do Espírito.
“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há.
Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no
mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba
da vida, não é do Pai, mas do mundo. (1 Jo 2.15,16).
A terceira carta de Jesus enviada ao pastor
da igreja de Pérgamo. Esta encontrava-se inserida numa cidade
marcada pela idolatria, onde o trono de Satanás estava estabelecido (Ap 2.12).
Manter-se santo e fiel ao Senhor em meio aquela sociedade idólatra não era nada
fácil. Porém, os crentes de Pérgamo eram fiéis e não negaram a fé em Jesus.
Mesmo passando por muitas perseguições. Os crentes tinham fé, mas parece
que lhes faltavam o discernimento bíblico e espiritual para combater os falsos
ensinos. Havia um grupo de pessoas que tolerava os pseudo-mestres e
práticas contrárias à Palavra de Deus. O povo do Senhor corrompia-se ao aceitar
as doutrinas de Balaão. A Igreja do Altíssimo deve conhecer mais a Palavra de
Deus a fim de que ensine a sã doutrina.
Primeiro, vieram os discípulos de Balaão
que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e exótica, logo acharam guarida
na igreja em Pérgamo.
Depois, chegaram
os nicolaítas que, embora atrevidos e afoitos, também não encontraram
dificuldades para se acomodar entre as pobres e desprotegidas
ovelhas. Quando o ministério local deu por si, já não havia mais nada a
fazer: o terreno já estava tomado pelo inimigo. E o pastor da
igreja? Ele sabia que a situação era grave, mas não ignorava o que
acontecera ao seu antecessor.
Ao reagir aos ataques de seus oponentes, o
destemido Antipas foi assassinado pelo grupo que sustentava o trono
de Satanás naquela igreja.
As coisas, porém, não haveriam de continuar
daquele jeito. Já enojado, Jesus, através de João, envia uma carta ao anjo de
Pérgamo, urgindo-o a retomar o cajado e apascentar o rebanho de conformidade
com a sã doutrina. Caso contrário, o próprio Senhor batalharia contra aqueles
iníquos com a espada que sai de sua boca.
Como estão nossas igrejas no mundo de hoje?
Será que, de alguma forma, não permitimos que o Diabo se entronizasse entre nós
e não o percebemos? É hora de reagir contra o império das trevas.
Pérgamo era a cidade dos livros, da
ignorância espiritual e do trono de satanás. Situada às margens do Caíco e
distante trinta quilômetros do Mar Egeu, Pérgamo era a mais importante
metrópole da Mísia. Cidade antiga e rica, fizera-se afamada por sua
biblioteca, cujo acervo chegou a ser estimado em duzentos mil volumes. De tal
forma ela se achava ligada aos livros, que o seu nome tornou-se sinônimo
destes: pergaminho. Seus operários sabiam como industriar a pele animal
como suporte à escrita.
Como uma cidade tão rica em livros podia ser
tão pobre quanto ao conhecimento do verdadeiro Deus? Faltava-lhe a sabedoria do
Livro dos livros. (Pv 1.7).
Como era a Igreja em Pérgamo. Pérgamo, em
grego, significa casado. É bem provável que a Igreja de Cristo haja sido
implantada em Pérgamo quando da estadia de Paulo em Éfeso. (At 20.31). Apesar
de a cidade ser a guardiã do trono do próprio demônio, o Reino de Deus
prevaleceu em seus termos. Se o trono era do Diabo, o cetro estava nas mãos de
Cristo. (Is 9.6).
A lição da espada de dois gumes. A espada
afiada de dois gumes. A uma igreja casada com o mundo e que já se havia
acomodado a duas ardilosas heresias, apresenta-se Jesus como “aquele que tem a
espada aguda de dois fios ( dois gumes)”. (Ap 2.1 2). Sim, contra as
apostasias, só existe uma arma realmente poderosa: a Bíblia Sagrada, a espada
do Espírito Santo. (Ef 6.17; Hb 4.12).
Manejando bem a espada do Espírito. Se
temos semelhante arma, combatamos as mentiras que nos chegam aos arraiais como
verdades. Cortemos pela raiz as heresias, misticismos e modismos que teimam
brotar em nossos campos. Nessa luta, porém, saibamos como manejar a Palavra de
Deus: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. (2 Tm 2.15).
Guerreamos contra as inverdades doutrinárias
que o Diabo, velada e abertamente, vem semeando na seara do Mestre.
(2 Pe 2.1).
"Contra as apostasias, só existe uma
arma realmente poderosa: A palavra de Deus que é a Bíblia Sagrada e a espada
do Espirito Santo”.
Havia um anjo (Pastor) lá. Era como um anjo
numa cidade infernal. Não era nada fácil ao anjo de Pérgamo habitar nessa
cidade. Se por um lado, era coagido pelos pagãos a incensar o altar no qual
César era divinizado; por outro, era constrangido a conviver com o paganismo
que, a princípio sutil, ameaçava agora o remanescente fiel da igreja. Mas o
Senhor Jesus estava de tudo ciente: “Eu sei as tuas obras, e
onde habitas, que é onde está o trono de Satanás”. (Ap 2.13).
"Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito
diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei
uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão
aquele que o recebe”. Ap 2.17
Nota-se que a frieza espiritual dominava a
vida daquela igreja, pois, que os crentes infiéis e casados com o mundo, haviam
entronizado Satanás na casa de Deus.
Pérgamo era uma cidade infernal, mas o
Senhor queria o seu anjo ali, para que ali fosse manifestado o Reino dos Céus.
O paganismo não ficou restrito à igreja de
Pérgamo. Nestes últimos dias, o Diabo vem repaganizando o mundo através
dos meios de comunicação. Há um panteão em cada praça, em cada rua, em cada
cidade, enfim, pelo mundo inteiro se vê a frieza espiritual dominando as
igrejas com o modernismo patrocinado pelo ecumenismo.
O testemunho e a perseverança de um anjo
causou impacto positivo para os que queriam ser fiéis. Embora habitasse num
lugar espiritual e moralmente hostil, o anjo da igreja em Pérgamo porfiava em
manter o seu testemunho, como realça o próprio Senhor: “Reténs o meu nome e
não negaste a minha fé”. (Ap 2.1 3). Ele mantinha uma postura impecável
como servo de Deus. Se parte de sua igreja achava-se casada com o
mundo, ele e o remanescente fiel encontravam-se aliançados com o Cordeiro de
Deus.
Antipas, a fiel testemunha, muito
provavelmente havia precedido o destinatário da carta no pastorado de
Pérgamo. E pelo que depreendemos das palavras do Senhor, o fiel Antipas,
cujo nome em grego significa “contra todos”, levantara-se para combater os
apóstatas que haviam entronizado o Diabo naquela igreja. Por isso,
ajuntaram-se todos para tirar-lhe a vida, conforme denuncia Jesus: “o qual foi
morto entre vós, onde Satanás habita”. (Ap 2.13).
Sim, Antipas não foi morto pelas
autoridades romanas. Ele foi morto pelos que se diziam irmãos. Por
conseguinte, caberia ao atual anjo de Pérgamo continuar a luta de Antipas.
Levantar-se-ia ele contra os que detinham a doutrina de Balaão e sustentavam o
ensino dos nicolaítas.
A igreja de Pérgamo era muito dada às
heresias. As heresias de Pérgamo eram equivalentes às Doutrinas de Balaão. O ensino pseudobíblico que,
torcendo as Sagradas Escrituras através de artifícios teológicos e
hermenêuticos, corrompia a graça de Deus, apresentando aos santos uma teologia
permissiva e eticamente tolerante, porém valorizava mais os erros e pecados dos
errados do que a busca por santificação. (Jd 4).
O objetivo dessa doutrina era levar o povo de
Deus à prostituição e à idolatria, a fim de, enfraquecendo-os com suas
falsidades, moral e espiritualmente, extorquir-lhes os bens materiais. Era
a teologia dos ladrões.
O patrono desta doutrina era Balaão, filho
de Beor que, embora profeta e teólogo, utilizou-se da profecia e da
teologia para levar a maldição ao arraial dos hebreu. (Nm 25). Subornado
por Balaque, rei de Moabe, ensinou-lhe como levar a maldição às
tendas hebreias. Por isso, o apóstolo Pedro taxa-o de louco.
(2 Pe 2.15,16). E Judas acusa-o de venalidade, profeta vendilhão. (Jd
11).
Balaão tinha os seus discípulos em Pérgamo,
por isso suas falsas doutrinas e seus estímulos ao engano, encontrou sucesso no
meio daquela igreja. Estimulados pela ganância, utilizavam-se de sua influência
teológica sobre a igreja, a fim de levá-la a noivar-se com o mundo.
Também a doutrina pervertida
dos nicolaítas dominava no meio do povo. Não sabemos muita coisa acerca
dos nicolaítas. O que sabemos é que a sua doutrina não destoava quase
nada do ensino de Balaão. Pelo menos quanto ao conteúdo.
Se Balaão era dissimulado, sutil e teológico,
os nicolaítas, fazendo abertamente comércio dos santos, publicamente
apregoavam a repaganização da igreja, afirmando ser possível servir
a Deus e aos ídolos. Utilizando-se de um linguajar bem elaborado, levaram
muitos fiéis a se desviarem pelos caminhos da fornicação, do adultério e da
idolatria.
Escrevendo aos filipenses, o apóstolo
Paulo afirmou: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador,
o Senhor Jesus Cristo”. (Fp 3.20). Embora o cristão não tenha como evitar o
lado “temporal” da vida, seu olhar deve fixar-se em sua redenção eterna. Jesus
sabia da sedução que os bens materiais e terrenos podem exercer sobre nós e por
isso advertiu: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso
coração”. (Mt 6.21). Por esse motivo, coloquemos o Senhor Jesus sempre em
primeiro lugar.
Apesar da fragilidade daqueles crentes da
igreja de Pérgamo, ela é chamada ao arrependimento.
Apesar também de a igreja em Pérgamo, como um
todo, ser fiel a Cristo e às verdades do Evangelho, alguns dentre eles
faziam-se passíveis da repreensão do Senhor. Os tais estavam comprometendo sua
fé com os baixos padrões morais e costumes pagãos daqueles dias. Tinham um
comportamento idêntico aos dos israelitas nos dias de Moisés. Seguindo os
conselhos de Balaão, um vidente e falso profeta, Balaque, rei
de Moabe, usou belas jovens de seu reino para seduzir os israelitas, e
induzi-los a participarem de suas festas idólatras, nas quais a imoralidade era
praticada em nome da religião. (Números 25.1-5; 31.15,16). Jesus chama isto de
prostituição. (Ap 2.14). Deus não aceita ritos e cerimônias como desculpa
para se quebrar os seus mandamentos, (2 Pe2.15,16), onde por dinheiro,
Balaão tenta manipular Deus para que amaldiçoasse a Israel.
Alguns estudiosos veem no nome hebreu de
Balaão (Ap 2.14) um equivalente na palavra grega Nikolaos,
identificando os balaamitas como os nicolaitas do versículo 15.
Entretanto, pelo contexto parecem ser
dois grupos diferentes. Pode ser que os tais nicolaítas encorajassem
o mesmo tipo de desregramento desenfreado que os balaamitas, mas sem
envolver idolatria. É claro que ambos os grupos possuíam perspectivas erradas
acerca do amor e da liberdade do cristão".
Quarta igreja: Tiatira, a Igreja Tolerante.
O verdadeiro amor tudo suporta, mas não pode
tolerar o pecado, porque o amoroso Deus exige santidade e justiça de seus
filhos.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem
a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que
parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14,15).
Das sete cartas enviadas por Jesus às igrejas
da Ásia Menor, a de Tiatira é a mais extensa. A cidade de Tiatira não era
política e nem religiosamente importante.
Sua singularidade residia no aspecto
comercial. Através da sua posição geográfica, o intercâmbio comercial da cidade
se dava entre Europa e Ásia. Mas, no entanto, a idolatria estava presente
nessa prática comercial. Os membros da igreja de Tiatira deveriam decidir o que
fazer nessas circunstancias, já que muitos eram profissionais da área do comércio.
Todavia, a igreja de Tiatira não sofria perseguição religiosa; o perigo estava
dentro da própria igreja, e tinha um cognome: Jezabel; a mulher que sustentava
o seguinte ensino:
“Não havia problema nenhum de os
cristãos amalgamarem-se e ou misturarem-se com os pecadores e
praticarem de tudo o que praticavam". É nessa perspectiva cultural que se encontrava
a igreja de Tiatira.
Ao contrário de Éfeso, a igreja em Tiatira
fizera-se conhecida pelo amor. Mas se a primeira foi elogiada por odiar os
maus, a segunda foi repreendida por tolerar o mal. Àquela faltava amor; a esta,
o amor até sobejava. Mas nenhum dos dois amores era perfeito. O amor de Éfeso
já não amava como antes; o amor de Tiatira amava mais do que antes, mas ainda
não era capaz de repulsar o mal a ponto de não permitirem e nem praticarem o
mal.
Sim, Tiatira era amorosa. No entanto, fez-se
réproba ao mostrar-se indulgente com uma profetisa que, à semelhança da mulher
de Acabe, vinha induzindo os santos ao adultério e à idolatria. O espírito
de jezabel continua a rondar o rebanho do Senhor. Vigilância e oração
são os pontos principais para a igreja não cair nesse engodo, nessa fraqueza.
Nem tudo que parece espiritual vem do Espírito de Deus.
A igreja em Tiatira mostrava-se equidistante
das outras igrejas em vários quesitos. A cidade de Tiatira, embora rica, não
podia ostentar a riqueza de Éfeso nem era tão importante quanto Pérgamo. Mas
sabia como usufruir do progresso que os romanos haviam trazido à região ao
transformar a Ásia Menor numa província imperial. Sua produção de tecidos,
principalmente o índigo (tecido tipo jeans atualmente e de coloração azul),
tornou-a famosa em todo o mundo.
Tiatira fizera-se afamada também pelas
guildas (grupos de interessados em determinados itens e ou utensílios), que
agrupavam os profissionais das mais diversas áreas; eram uma espécie
de sindicato.
Hoje, quem visita a moderna Akhisar, na
Turquia, depara-se com as ruínas de uma Tiatira que, outrora florescente,
perdera todo o viço ao honrar mais a criatura do que ao Criador.
Como chegou o evangelho para formação de uma
igreja em Tiatira. É bem provável que o Evangelho tenha chegado a Tiatira
através de Lídia. Evangelizada por Paulo em Filipos, retornou à cidade natal
como portadora das Boas Novas de Salvação. (At 16.14). O apóstolo haveria de
confirmar o trabalho ali estabelecido em sua terceira viagem missionária. (At
19.10).
Apresentando-se como o Filho de Deus, o
Senhor Jesus se torna bem patente, ao anjo da igreja em Tiatira, ser igual ao
Pai. (Jo 5.18; Fp 2.6; Ap 2.18). Implicitamente, declara-se o
cabeça da Igreja. Sim, Jesus Cristo é o chefe supremo e incontestável
tanto da igreja local quanto da Igreja Invisível, Militante e Universal.
Portanto, peregrinemos de acordo com a sua vontade. (1 Pe 1.1 7).
Quando Deus o Pai fez de Jesus Senhor e
Cristo, estava aplicando o carimbo de aprovação total à vida e ministério de
Jesus.
Jesus Cristo é Onisciente, Onipresente e Onipotente. Seus olhos são “como chama de
fogo”. (Ap 2.18). Sim, Jesus é onisciente. Ele tudo sabe, tudo conhece,
tudo vê. (Jo 2.25; 16.30). Sonda-nos as mentes e os corações (Ap 2.23).
Portanto, o Senhor sabia muito bem o que se passava na igreja em Tiatira. Tudo
o que ocorre em nossas igrejas não está oculto aos olhos do Filho de Deus. É
tempo de conserto e avivamento. É tempo de nos humilharmos debaixo da potente mão
de Deus.
Deus é
o Supremo Juiz em todas as causas, mas principalmente da igreja, a noiva
do Cordeiro. O poder judiciário do Filho
de Deus é simbolizado pelo bronze polido de seus pés. Ele é o Juiz Supremo de
todas as coisas, porque todas as coisas foram-lhe confiadas pelo Pai. (Jo
5.22; Ap 2.18). Em breve, pois, Jesus haveria de submeter a severo
julgamento tanto Jezabel quanto os que com ela adulteraram. Deus não mudou.
Continua a julgar os lobos que, em sua Igreja, vestem-se como cordeiros, a fim
de levar as ovelhas ao pecado. (Mt 7.15).
Uma igreja rica em obras e pobre na vida
espiritual, assim era Tiatira. Antes de o Senhor Jesus censurar o anjo da
igreja em Tiatira, passa a destacar-lhe as qualidades. Aliás, Tiatira,
conforme já adiantamos, era tão rica em obras quanto Éfeso. Além disso,
fizera-se elogiável pelo amor que consagrava a Deus. No entanto, ainda não
havia alcançado o padrão de Filadélfia.
O amor de Tiatira era maior do que antes, mas
ainda não era perfeito porque sua imperfeição não estava em amar os maus;
residia no aquiescer ao mal. (1 Co 13.6,7). O amor que tolera o erro, ainda
desconhece o que é certo. Deus ama o pecador, mas odeia o pecado de Jezabel e a
abominação dos que, com ela, fizeram-se repugnantes aos seus olhos.
Tiatira vinha notabilizando-se no serviço a
Cristo em favor dos santos. (Ap 2.19). Evangelizava, socorria os mais
necessitados e tudo fazia por expandir o Reino de Deus. Imitando a apostólica
Jerusalém, erguia-se como exemplo para as demais igrejas. Todavia, seu amor
carecia de perfeições. (1 Co 13.1-13).
Por suas obras, Tiatira demonstrara a sua fé
(Tg 2.18). Uma fé, aliás, que não se limitava a um mero assentimento
intelectual. (Tg 2.19). Sua confiança em Deus era bem fundamentada. Tinha
forças não somente para realizar o impossível, mas para mostrar uma
perseverança que ousava além dos limites humanos.
Tiatira era uma igreja paciente. A paciência
é a virtude que nos capacita a suportar o insuportável. (Rm 5.4). Sabemos
que, juntamente com a luta, o Senhor vem com o escape sempre oportuno. (1 Co
10.13). É por isso que o anjo de Tiatira mantinha-se perseverante e calmo continuando firme na realização da abundância em
obras. O anjo da igreja em Tiatira jamais se mostrou remisso. Trabalhando
e esforçando-se cada vez mais, foi elogiado por Cristo por serem as suas
últimas obras mais abundantes do que as primeiras. (Ap 2.19). Se as
primeiras eram boas, as últimas tinham a marca da excelência.
Jezabel e as profundezas de Satanás tinham
toda liberdade de atuação na igreja de Tiatira. Ou os líderes daquela igreja
eram coniventes com o que ela fazia, ou eles perderam totalmente o controle
espiritual da igreja por outros motivos. Não obstante suas inigualáveis
virtudes, o anjo da igreja em Tiatira foi reprovado por Cristo por estar
tolerando uma mulher que, dizendo-se profetisa, encontrava-se a desencaminhar
os fiéis à idolatria e à prostituição.
A Jezabel de Tiatira parecia pior do que a
original. Ela era Idólatra e adúltera bem assim era a mulher de Acabe conhecida
entre as tribos hebreias. Por causa de sua reputação, ela serviu para nomear a
profetisa que, em Tiatira, induzia os homens ao adultério e à apostasia. Curiosamente,
Jezabel, em hebraico, significa casta, mas em nada diferia ela de uma rameira,
ou seja, de uma prostituta profissional do sexo. (2 Rs 9.22).
Assim como existia as mulheres prostitutas
cultuais dos templos pagãos, Jezabel queria implantar este sistema pernicioso e
pecaminoso na Igreja de Tiatira, o que se tornou aparentemente um “ministério
de Jezabel” dentro de uma igreja que deveria ser totalmente temente à Deus. Jezabel
apareceu em Tiatira com uma nova doutrina que, em essência, era a velha mentira
do Diabo. (Gn 3.1-5). Apresentou um ensino novo, uma “unção nova” e,
quem sabe, até um método novo de crescimento da igreja. Nos bastidores, era
tudo isso conhecido como as profundezas de Satanás. (Ap 2.24). O que parecia
uma nova revelação era, na verdade, o engano antigo e caduco que levou nossos
pais à ruína. (2 Co 11.3).
Além de profetizar, pasmem, Jezabel ascendera
à categoria de mestra na igreja. (Ap 2.20). Profetizando e ensinando,
seduzia a todos com a sua doutrina. Como lhe fora possível tamanha ascensão
sobre o ministério? Não havendo ninguém que lhe barrasse os passos, ela
transtornou todo o redil e comprometeu a ortodoxia e a
pureza da igreja.
A obra de Jezabel cresceu através de seus
ensinos e profecias do engano; a perversa Jezabel induzia alguns homens à
idolatria e ao adultério. (Ap 2.20). Devemos ter muita vigilância e muita observação
quanto aos que se destacam, se despontam no seio da igreja. Não são poucos os
que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e caricata, desviam os fiéis a
práticas vergonhosas e abomináveis.
Cuidado com o rebanho que o Senhor lhe
confiou. (At 20.28,29). Zele pela sã doutrina e pelos bons costumes.
Jamais permita que o lobo lhe devore as ovelhas, utilizando-se de seu
púlpito. (1 Tm 1.3; 4.16).
Em sua misericórdia, Deus concedeu um tempo
de arrependimento a Jezabel e aos que com ela pecaram. (Ap 2.21).
Buscaram eles o favor do Senhor? Não
temos o desfecho dessa história. Apesar de estarmos em plena era da graça, o
Deus do Antigo Testamento não mudou. Deus puniu a Acã, não deixou impunes
Ananias e Safira e não tolera a intervenção de Satanás na igreja que foi
comprada e lavada com o sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, pois,
nosso Deus é Deus de amor; Deus é a perfeição de nosso amor.
Não basta amar mais do que antes, é urgente
amar como nunca: perfeita e integralmente. O perfeito e íntegro amor, embora
suporte os maus, não pode tolerar o mal; apesar de amar o pecador, não pode
indultar o pecado.
"Jesus reconhece que nem todos na igreja
de Tiatira haviam dado ouvidos às falsas profecias e aos ensinos sedutores desta
Jezabel. Por isto, deixa uma palavra de conforto ao restante dos crentes: não
imporá ‘outra carga’ (ou responsabilidade) sobre eles”.
A carta à Igreja em Tiatira foi um marco
histórico do que já vinha. A cidade de Tiatira estava localizada a aproximadamente
sessenta quilômetros a nordeste de Pérgamo. Era um importante centro industrial
e comercial da região de Lídia. Na época em que o livro do Apocalipse foi
elaborado, essa cidade estava em grande desenvolvimento e ainda viriam dias
mais prósperos. Era também a sede de um grande número de associações de
mercadores, inclusive daqueles que trabalhavam com vários metais. O nome da cidade
aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento, como a cidade natal
de Lídia, uma cristã vendedora de tecidos de púrpura na cidade de Filipos. (At
16.14).
A descrição de Jesus, com “os olhos como
chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente", (2.18) tem sido,
há muito, entendida como referência à florescente indústria de metais de
Tiatira. Uma descrição semelhante aparece duas outras vezes no Apocalipse.
(1.14,15; 19.12; Dn 7.9). Essa impressionante imagem lembra o quarto homem,
“semelhante ao filho dos deuses” que se colocou no fogo, ao lado
de Sadraque, Mesaque e Abedenego no livro do profeta
Daniel. (Dn 3.25).
O leitor se lembrará que esses três
homens se recusaram a inclinar-se perante a estátua de um outro imperador com
alusões à divindade e que Deus os livrou da fornalha de fogo ardente.
Jezabel é julgada e condenada por todas as
suas ações maldosas em Tiatira. Apesar de todas as coisas boas que Jesus disse
sobre a igreja em Tiatira, Ele tem contudo outras contra ela. O problema
em Pérgamo parece ter se originado de pressões vindas de forças pagãs (‘o trono
de Satanás’ 2.13), de fora da igreja. Mas o problema em Tiatira foi iniciado e
fomentado por uma mulher apóstata, membro da igreja. No lugar de ‘aquela
mulher’, alguns antigos manuscritos trazem a palavra mais forte ‘sua mulher’,
que poderia significar ‘sua esposa’, ou seja: esposa do pastor. Qualquer que
seja o caso, o pastor e a igreja toleravam-na porque a consideravam profetisa.
Jesus, entretanto, a chama Jezabel.
Na realidade, ela é pior do que
a jezabel do Antigo Testamento, esposa do rei Acabe, que
tentou substituir a adoração ao Senhor, em Israel, pelo culto a Baal, buscando
fazer deste um deus nacional. Esta Jezabel, que se dizia profetisa, colocava
suas palavras e ensinamentos acima dos de Cristo e dos apóstolos. Não somente
ensinava que era lícito, aos olhos de Deus, cometer adultério espiritual e
corporal, participar das adorações idólatras e imorais, como também seduzia,
com muita perspicácia os crentes que realmente procuravam servir ao Senhor, e
que lhe eram fiéis. Note que Jesus chama a estes de ‘meus servos’. As boas
coisas que Jesus disse da igreja poderiam ser ditas sobre eles. Contudo,
estavam agora sob a influência das profecias e ensinos desta Jezabel. Dando-lhe
atenção, tornaram-se vítimas.
As profecias devem ser testadas pelas Escrituras;
não podem estar baseadas num único versículo, ou metade num versículo aqui e a
outra noutro lugar. As profecias devem estar de acordo com os grandes
ensinamentos da Bíblia. Os que pertencem ao corpo de Cristo devem julgá-las. (1
Co 14.29). Assim, à medida que nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras,
o Senhor mesmo iluminará nossos corações e mentes, concedendo-nos sua
maravilhosa luz.
Jesus já havia tratado com esta Jezabel, e
lhe dado um período de tempo (‘espaço’) para que se arrependesse. Mas ela não
se arrependeu de sua fornicação, o adultério moral e espiritual. Ela não
mudou suas atitudes básicas, e ainda ensinava que a mistura da verdadeira
adoração com práticas e adorações pagãs não constituíam qualquer pecado.
Quinta igreja: Sardes, a Igreja Morta.
Somente o Espirito Santo pode reavivar a
Igreja e levá-la a posicionar-se como a agencia por excelência da Reino de
Deus.
"Desperta, o tu que dormes, e levanta-te
dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" (Ef 5.14).
A igreja de Sardes se encontrava
morta espiritualmente. Aparentemente estava bem, o seu exterior físico era
excelente. No entanto, podemos definir essa igreja da mesma maneira que Cristo
definiu os escribas e os fariseus: “Pois que sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão
cheios de ossos de mortos e de toda imundícia”. (Mt 23.27).
Mesmo sendo uma igreja morta
espiritualmente, Sardes abarcava um pequeno remanescentes de crentes
fiéis ao Senhor. Atualmente há igrejas que se encontram como a de Sardes:
mortas na vida espiritual. Mas, graças ao Senhor, há dentro dessas igrejas
homens e mulheres que permanecem fiéis a Deus. A carta à Igreja
de Sardes é um aviso de Cristo para que não nos descuidemos da
comunhão com Ele.
A igreja em Sardes foi morrendo
aos poucos até esvaziar-se por completo do Espírito Santo. Agora, já não
passava de um cadáver. Mas aos olhos humanos, parecia bem viva. Assemelhava-se
aos defuntos preparados em ricas funerárias. Bem maquiada e vestida ricamente,
impressionava por sua vida sem vida. Ela, porém, já começava a cheirar mal.
Muitas igrejas, hoje, assemelham-se
a Sardes. Morreram e não o sabem. Vivem do passado, pois já não existem no
presente. Ao invés do registro do novo nascimento, o atestado de um óbito que
poderia ter sido evitado. Era só angustiar-se por um avivamento.
Todavia, o Senhor Jesus quer reavivá-las. O
Espírito Santo haverá de soprar-lhes a vida, para que se reergam neste vale de
ossos sequíssimos. Somente um reavivamento ressuscitará as igrejas que,
apesar de terem história, já não fazem história.
A igreja e a cidade de Sardes eram bem
supridas pelas riquezas de seus tesouros em abundância naquela região
A cidade de Sardes, por estar situada a
quinhentos metros acima do nível do mar, considerava-se inexpugnável. Ela
orgulhava-se também de seus fabulosos tesouros. Suas abundâncias que vinham,
em parte, do rio Pactolos, que lhe fornecia ouro e prata em grandes
quantidades. Suas águas, de tão excelentes, eram tidas como indispensáveis à
boa saúde.
Sardes fazia parte do Reino da Lídia,
cujos monarcas tornaram-se notórios por sua magnificência. Haja vista o
fabuloso Creso, ascendendo ao trono
no sexto século a.C., este rei acumulou tantos bens, que o seu nome veio a
tornar-se sinônimo de riqueza. No mundo antigo, este ditado era corrente: “Rico
como Creso”.
Quem visita, hoje, a Turquia, espanta-se com
as ruínas de Sardes. Nem sombra há daquele reino que se elevava aos céus.
A igreja em Sardes foi fundada
provavelmente pelo apóstolo Paulo, a igreja em Sardes exalava
abundante vida. De um amontoado de gente oriunda de várias etnias, o Espírito
Santo batizou a todos no corpo de Cristo. (Rm 6.3). E apesar da diversidade
cultural, todos agora achavam-se irmanados no Autor da vida, Jesus
Cristo. (Nm 27.16; Jo 17.2; At 3.15).
Mas, não demorou muito,
e Sardes começou a necrosar-se; morria e não percebia que estava
morrendo. (Ap 3.1).
Sardes, agora, vivia de aparências. Embora
parecesse avivada, jazia sem vida. Sua liturgia até lembrava o cenáculo, mas
não passava de uma bem ritmada marcha fúnebre. Este é o retrato de algumas
igrejas. No exterior, a caiadura bela; no interior, o acúmulo de
mortos. (Mt 23.27). E os que ainda vivem já não suportam
o mal cheiro dos que apodrecem moral e espiritualmente.
Jesus apresenta-se à igreja em Sardes, como
aquele que tem os sete Espíritos de Deus. Dessa forma, o Senhor realça a ação
plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo. Somente o Consolador pode
vivificar uma igreja morta. Lembra-se do vale de ossos secos visto por Ezequiel
37? Se buscarmos a Deus, o Senhor Jesus assoprará sobre nós o seu Espírito.
Cada osso com o seu osso se ajuntará; os nervos e tendões aparecerão e as carnes
vestirão todos os esqueletos, prontificando-os como o poderoso exército de
Deus. (Ez 37).
O que tem os sete Espíritos de Deus
(Ap 3.1). Era urgente que Sardes soubesse: sem o Espírito
Santo, a vida é impossível. Foi Ele quem transmitiu movimento e beleza a uma
terra sem forma e vazia. (Gn 1.1,2). No ventre da virgem de Nazaré, concebeu a
Jesus Cristo o Filho do Deus vivo. (Lc 1.35). E no Pentecostes, derramou-se
sobre os discípulos (At 2.1-4). Sem o Espírito Santo, não há regeneração, pois
o novo nascimento é operado por Ele. (Jo 3.5). Se Sardes estava
morta, carecia com urgência do Espírito da vida. (Rm 8.2).
Os sete Espíritos de Deus. Existe apenas um
único Espírito Santo. (Ef 4.4). Sua ação, todavia, é tão perfeita e eficaz, que
Isaías setuplamente o descreve da seguinte maneira: “E repousará
sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e
o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor
do Senhor”. (Is 11.2). Através da sétupla ação do Espírito Santo, o
Senhor Jesus traz novamente vida às igrejas que, à semelhança de Sardes,
deixaram-se esvaziar de Deus.
As sete estrelas referidas na carta. Apresenta-se
Jesus, também, como o soberano da Igreja. Tanto local, quanto universalmente,
Ele é a cabeça da Igreja, pois resgatou-a com o seu precioso sangue.
(Ef 5.23; 1 Pe 1.17-19). Eis porque os pastores, no Apocalipse, são
representados como as estrelas que se acham na destra do Cordeiro.
(Ap 1.20; 3.1). Portanto, se alguém quer brilhar, que brilhe nas mãos do
Senhor como luz de um mundo que jaz no maligno.
Aos olhos das demais
igrejas, Sardes exibia-se bela e viva. Mas aos olhos de Cristo, não
passava de um defunto bem produzido. Aliás, a sua certidão de óbito já estava
lavrada com a explicitação da causa mortis.
A primeira doença a atingir a igreja
em Sardes foi a perda de sua memória espiritual. Embora
vivesse do passado, já não conseguia lembrar-se do que recebera de Deus. A
exortação do Senhor é urgente: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido,
e guarda-o, e arrepende-te”. (Ap 3.3).
A situação de Sardes era mais grave
do que a de Éfeso. Esta igreja ainda podia lembrar-se do primeiro amor e voltar
ao local onde caíra. Mas aquela, posto já estar morta, carecia de uma
ressurreição; um grande e poderoso reavivamento. O Senhor Jesus, porém,
tanto nos restaura a memória espiritual, como nos faz ressurgir dentre os
mortos. (Ef 5.14).
Esta foi a segunda doença
de Sardes: desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras têm de
primar pela excelência. A igreja em Sardes, todavia, desprezando o padrão
divino, fizera-se tão relapsa, que o Senhor já não a suportava: “Não achei as
tuas obras perfeitas diante de Deus”. (Ap 3.2).
No âmbito do Reino de Deus, a perfeição é o
padrão mínimo aceitável, conforme recomenda o apóstolo: “se é ministério, seja
em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse
dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com
cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”. (Rm 12.7.8). A perfeição na
Igreja de Cristo só é possível se amarmos o Cristo da Igreja.
De que forma tratamos a Obra de Deus?
Lembremo-nos da advertência de Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do
Senhor fraudulentamente!” (Jr 48.10).
Descaso para com o remanescente fiel. No
necrotério de Sardes, havia alguns crentes que ainda respiravam. E o
Senhor estava preocupado com eles: “Sê vigilante e confirma o restante que
estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”.
(Ap 3.2). Jesus queria preservar a vida daqueles poucos homens e mulheres
que não haviam contraído as moléstias deste século: orgulho, rebelião, adultério,
fornicação, heresias, roubo, cobiça, calúnias.
É hora de confirmar os que ainda respiram.
Confirmemo-los através da Palavra de Deus, da oração, da comunhão dos santos e
do serviço evangelístico e missionário. Quanto aos que já morreram, que
ouçam a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Desperta, ó tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”. (Ef 5.14).
Se o anjo da igreja em Sardes não
cumprisse os seus deveres, teria o nome riscado do Livro da Vida: “O que vencer
será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus
anjos”. (Ap3.5). Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus. Sim,
desempenhar o ministério cristão de forma relapsa e profana pode levar o
obreiro a comprometer a própria salvação. Todo cuidado é pouco.
Finalmente, irmãos, a Igreja de Cristo é
lugar de vivos. Nosso Deus não é Deus de mortos. (Mc 12.27).
O que vencer será vestido de vestes brancas,
e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu
nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. (Ap 3.5). Sabe o que isso
significa? Separação eterna de Deus.
O que Tem os Sete Espíritos. Jesus declara
ser o que possui os sete Espíritos de Deus. Sete é o número da perfeição e da
plenitude. Isto não significa que haja sete Espíritos Santos. Há apenas um
Espírito de Deus. Mas quando o Espírito chega, vem pleno e com perfeição de
poder. Apenas um espírito cheio de energia pode inflamar os corações, dar
energia ao louvor, convencer do pecado, quebrantar, tirar o fardo e habilitar
ministros.
A chave para o reavivamento nesta e
em todas as igrejas mortas está com Cristo. Apenas Jesus pode derramar o
Espírito sobre uma congregação. E apenas o Espírito Santo pode reavivar a
igreja.
O reavivamento acontece apenas
através da prerrogativa divina, jamais pela vontade humana. O profeta
Zacarias disse: Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o
Senhor dos Exércitos. (Zc 4.6).
Sexta igreja: Filadélfia, a Igreja do Amor Perfeito.
Amar não é suficiente. É urgente que o nosso
amor seja perfeita como perfeito é o amor com que Deus nos amou.
“Mas qualquer que guarda a sua palavra, o
amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que
estamos nele". (1 Jo 2.5).
Essa igreja e a de Esmirna
foram as únicas que não receberam nenhum tipo de repreensão do
Senhor.
Sabemos que não existem igrejas ou
pessoas perfeitos. Como ser humano, estamos sujeitos ao erro. Todavia,
como servos de Cristo e igreja do Senhor, não amamos o pecado e não
somos mais dominados por ele. Não temos mais prazer no erro. Devemos viver de
modo santo, buscando sempre guardar a Palavra de Deus e exaltar o nome de
Jesus, a fim de que no Dia do Senhor, que está bem próximo, possamos ouvir:
"Vinde benditos de meu Pai, possui por herança o Reino que está preparado
desde a fundação do mundo”. (Mt 25.35).
Filadélfia não era tão importante quanto
Éfeso, nem tão rica como Laodiceia. No entanto, possuía um amor que tirava
forças da fraqueza. E, de sua pobreza temporal, extraía bens eternos para
enriquecer o mundo. Se a igreja em Filadélfia tinha algum segredo, era o amor
que ela santificava a Cristo.
A uma igreja amante como Filadélfia, o Amado
abre uma porta que ninguém poderia fechar. Sim, Jesus escancara-lhes os
portais da evangelização e da obra missionária, levando-a a avançar como Reino
de Deus além de suas fronteiras. Quando a igreja local é amorosa, logo Deus a
universaliza.
A história de Filadélfia nos mostra que ela
era uma igreja do amor fraternal. Filadélfia foi estabelecida pelo
rei Átalos Filadelfos II de Pérgamo em 189 a.C. Ao
construir a cidade, tinha como objetivo helenizar a região que, até aquela
época, usava como língua comum, o gálico.
O território da bíblica Filadélfia é ocupado,
hoje, pela cidade turca de Alasehir, situada a 130 quilômetros ao leste
de Esmirna.
A igreja em Filadélfia à semelhança das
demais igrejas da Ásia Menor também foi estabelecida ou pelo apóstolo Paulo, ou
por algum membro de sua equipe. (At 19.10). Poucas informações
temos dessa congregação, que passaria à história como a igreja do amor
fraternal. A essa igreja, endereçou o Senhor Jesus uma carta carinhosa e
terna.
Ao anjo da igreja em Filadélfia, apresenta-se
o Senhor Jesus como aquele que é Santo e Verdadeiro. (Ap 3.7). Somente
alguém com essas credenciais far-se-ia digno de receber do Pai a
chave da casa de Davi, para abrir-nos todas as portas da oportunidade. (Is
22.22).
Jesus, o Santo de Deus estava presente na
igreja de Filadélfia. (Ap 3.7). A santidade é um dos principais atributos
de Cristo. Embora separado do pecado, Ele não se separou dos pecadores, mas
ofereceu-se, amorosa e sacrificialmente, para salvar-nos de nossas
iniquidades. (Hb 2.14).
Se Ele é santo, de sua Igreja requer
santidade e pureza. (1 Pe 1.16). Portanto, Filadélfia deveria
fazer-se notória também pela santidade, pois sem esta ninguém verá o
Senhor. (Hb 12.14). Nossa igreja é santa? Ela segue a paz com todos?
Jesus se apresenta à igreja de Filadélfia como
o Verdadeiro. (Ap 3.7). Apresentando-se também como verdadeiramente o é,
o Senhor Jesus demanda de sua Igreja uma postura verdadeira e confessante.
Filadélfia tinha tais características. Por isso, estava disposta a professar o
nome de Cristo até o fim. Ela não se conformava com este mundo.
A chave da Casa de Davi estava com Jesus.
Jesus é o representante mais autorizado da casa de Davi, pois somente Ele
reuniu as condições necessárias para exercer o tríplice ministério messiânico: Profeta,
Sacerdote e Rei. (Sl 110.1-7). Dessa forma, ficou ao seu encargo a chave da
Casa de Davi que, no Antigo Testamento, fora confiada a Eliaquim. (Is
22.22-25).
Apresentando-se assim a Filadélfia, Ele deixa
bem claro que, na expansão do Reino de Deus, nenhuma porta haverá de prevalecer
contra a Igreja, porque Ele as abrirá. (Mt 16.13-19). Portanto, se nos
dispusermos a alcançar os confins da terra, certamente seremos bem sucedidos.
O que estamos esperando? Aleluia! Não há portas fechadas aos que
se dispõem a ganhar o mundo para Cristo.
A igreja de Filadélfia era amorosa, paciente e
confessante de sua fé inabalável em Jesus Cristo como único e suficiente
Salvador. Sendo rica em amor,
Filadélfia era também abundante em obras e virtudes teológicas. (Ap3.8). Eis alguns
traços da personalidade dessa igreja tão amorosa e tão amada:
O amor é a maior das obras. Embora nenhuma de
suas obras haja sido particularizada por Cristo, a igreja em Filadélfia cumpria
zelosa, e perseverantemente, os termos da Grande Comissão. (Mt 28.19,20;
At 1.8).
O que disso concluímos? Somente uma igreja
amorosa se preocupa com a evangelização e com a obra missionária. Que lindos exemplos
temos nas igrejas da Macedônia. (2 Co 8.1-6).
Tinha força na fraqueza. Filadélfia não
era uma igreja forte. (Ap 3.8). Mas pela fé, sabia como tirar forças da
fraqueza. (Hb 11.34). Portanto, não importa se a sua igreja é pequena:
faça grandes coisas para Deus. Ela é pobre? Enriqueça os miseráveis com o
Evangelho de Cristo. Ela é desconhecida? Leve os pecadores a serem conhecidos
como filhos diante do Pai.
Filadélfia era um exemplo de igreja amorosa e
vivia em perseverança. Em meio às perseguições, Filadélfia jamais negou o nome
do Senhor Jesus. (Ap 3.8). Ela não
capitulou diante do Império Romano, pois estava compromissada com o Reino de
Deus.
Além das tribulações externas, a igreja em
Filadélfia enfrentava, no âmbito doméstico, as investidas de um grupo
denominado de sinagoga de Satanás. (Ap 3.9). Tratava-se de uma gente
herege e ímpia que, desfraldando impiamente a bandeira da Lei de Moisés,
buscava anular a graça de Cristo. Paulo, aliás, tivera muitas dificuldades com
esses indivíduos. (Cl 1.1-7).
As dificuldades que os falsos obreiros
causavam à Filadélfia não eram pequenas. Todavia, haveriam eles de
reconhecer que a igreja, embora fraca, contava com um forte defensor: “Eis que
eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se dizem judeus e não são, mas
mentem), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que
eu te amo". (Ap 3.9).
Estejamos, pois, tranquilos. Jesus batalha
nossas batalhas e guerreia nossas guerras.
A Filadélfia dos últimos dias é uma igreja convertida,
conservadora e perseverante na fé. Enquanto Laodiceia existia para o
aqui e o agora, Filadélfia tinha uma perspectiva escatológica verdadeiramente
bíblica. Ela encarava com seriedade a iminência da volta de Jesus Cristo.
A iminência da volta de Jesus era e continua
sendo real. Em sua carta à igreja em Filadélfia, o Senhor Jesus alerta-nos: “Eis
que venho sem demora”. (Ap 3.11). Nunca estas palavras fizeram-se tão
urgentes quanto hoje. Basta ler os jornais, para se confirmar o cumprimento das
profecias que preanunciam o arrebatamento da Igreja. Tenho certeza de que
Filadélfia, ao receber tal exortação, alegrou-se muito, pois, amante como era,
suspirava pelo Amado. (2 Tm 4.8). E nós? Amamos realmente a volta do Senhor?
A Grande Tribulação vai chegar, não tardará.
Muitas eram as tribulações que se abatiam sobre Filadélfia. De uma coisa,
porém, sabia aquela amantíssima igreja: o Senhor não permitira que viesse ela a
ser alcançada pela Grande Tribulação. É o que nos promete Jesus: “Como
guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da
tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”.
(Ap 3.10).
Não tenha medo é a recomendação de Jesus.
Antes que chegue a angústia, Jesus virá arrebatar-nos. E assim estaremos
para sempre com o Senhor. (1 Ts 4.13-17).
A coroa de glória será dada para quem for
vencedor. A igreja em Filadélfia já havia recebido sua inteira aprovação do
Senhor. No entanto, haveria ela de mostrar-se vigilante e cuidadosa para que
ninguém lhe furtasse o galardão: "Guarda o que tens, para que ninguém tome
a tua coroa”. (Ap 3.11).
Estamos nós vigilantes e cuidadosos com o
que nos confiou Jesus? Não permita que o Diabo lhe roube no tempo os bens que o
Senhor lhe preparou na eternidade. (Ap 2.10).
Mantenhamo-nos fiéis porque o Senhor Jesus
não tardará. Em seu inconfundível amor, promete-nos: "A quem vencer, eu o
farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele
o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce
do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome". (Ap 3.12).
Sabe você o que significa esta promessa? Além
de termos o privilégio de morarmos nos céus por toda a eternidade, seremos lá
tidos como ilustres. Sobre nós estará o nome de Deus, do Noivo e da Jerusalém Celestial.
Quem tem ouvidos ouça o que o Espirito diz às
Igrejas. A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca
sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu
Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome:. Ap 3.12.
Filadélfia tinha sido fundada pelos cidadãos
de Pérgamo, em uma região fronteiriça, como uma porta de entrada ao platô
central da Ásia Menor. De Filadélfia, saíam rotas de comércio que levavam
a Mísia, Lídia, e Frigia. A rota postal do império romano também passava
por Filadélfia, e a cidade ganhou o nome de “Porta para o Oriente”. As planícies
ao norte eram propícias para a plantação de uvas, de maneira que a economia de
Filadélfia se baseava na agricultura e na indústria. O terremoto de
17 d.C., que tinha, destruído Sardes, também tinha sido
particularmente devastador em Filadélfia, porque a cidade estava próxima a uma
linha de falha geológica e sofreu muitos tremores de terra subsequentes. Isto
fazia com que a população se preocupasse e levava muitos deles a viver
fora do limites da cidade. Filadélfia era uma igreja pequena em uma
área difícil, sem prestígio e sem riquezas, desencorajada porque tinha
crescido. Mas Cristo não tinha palavras de repreensão para esta igreja pequena
e aparentemente insignificante, e Ele descreveu-se à igreja de Filadélfia como
o que é santo, o que é verdadeiro. Este era um título familiar de Deus. (veja
Is 40.24; Hc 3.3; Mc 1.24; Jo 6.69).
Sétima igreja: Laodiceia, uma
Igreja Morna.
A igreja que não busca os interesses do
Reino de Deus está fadada ao fracasso, ao esquecimento e à indigência
espiritual.
"Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a
sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas".
(Mt 6.33).
A igreja de Laodiceia recebe a
sétima e última carta. Infelizmente a situação espiritual dessa igreja era
miserável. Uma igreja em que os bens materiais sobejavam, mas era totalmente desprovida
espiritualmente. Nem quente, nem fria, uma igreja morna, indiferente à Palavra
de Deus. Porém, o Senhor Jesus a amava e por isso aconselhou que buscasse um
genuíno avivamento. (Ap 3.18). O Senhor Jesus não quer
que seus filhos se percam. Ele é aquele que traz o nosso pecado à tona, nos
ensina como abandoná-lo e nos perdoa quando de coração sincero nos
arrependemos.
Laodiceia de nada tinha falta; possuía
tudo em abundância. Aos olhos do Senhor, porém, não passava de uma igreja
pobre, cega, miserável e nú. O que lhe sobejava em riquezas temporais,
faltava-lhe em bens eternos. Ela retrata as igrejas que, desconstruindo-se
como Reino de Deus, reconstroem-se como impérios humanos.
Jesus não mudou. Continua a zelar pela
qualidade espiritual de sua Igreja. Ele requer sejamos fervorosos no espírito,
porque não haverá de aturar crentes mornos e indiferentes às reivindicações de
sua Palavra. A mornidão espiritual é repugnante ao Senhor.
Observemos, pois, com reverência e temor, as
advertências que nos reservou o Filho de Deus nesta carta.
Jesus se identifica e traz à tona a situação
daquela igreja. Tendo em vista a soberba e a presunção espiritual da igreja
em Laodiceia, uma das principais cidades da Ásia Menor, apresenta-se o
Senhor Jesus com irrecorríveis credenciais: “Isto diz o Amém, a testemunha fiel
e verdadeira, o princípio da criação de Deus". (Ap 3.14).
A testemunha fiel e verdadeira clama por
verdadeiros adoradores que O adorem em espírito e em verdade. Se Laodiceia
vive de mentiras e de aparências, Jesus não tem outra alternativa senão a
de apresentar-se, ao seu pastor, como a Testemunha Fiel e Verdadeira.
Conclui-se, pois, que a Igreja de Cristo tem a obrigação de sustentar a verdade
evangélica neste século maligno e mentiroso. (1 Tm 3.15). Mas como poderá
uma igreja morna e que tem a cara do mundo levantar-se como a voz profética de
Deus?
O anjo da igreja em Laodiceia,
ignorando a suficiência divina, extravasa-se em sua arrogância e em
presunções: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta".
(Ap 3.1 7).
Agora, porém, ele terá de saber que Jesus,
como o princípio da criação de Deus, é o dono de todas as coisas, porque todas
as coisas foram por Ele criadas. (Jo 1.3). Sim, tudo quanto há no mundo existe
por causa dele e para Ele. (Rm 11.36).
Igreja rica não é aquela que tem ouro e
prata, mas aquela que ainda pode declarar no poder do Espírito Santo: “Em nome
de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda". (At 3.6). Sim, igreja
abastada é aquela que, embora pobre, consagra ao Senhor preciosas almas.
Se Laodiceia fosse fria, buscaria o
calor de um avivamento; se quente, espalharia esse mesmo avivamento até aos
confins da terra, porém a mornidão espiritual deixou aquela
igreja inerte, parada no tempo.
A situação espiritual da igreja de Laodicéia
era extremamente negativa e cadavérica. O Senhor Jesus, onisciente que é conhecia
a situação real da igreja de Laodicéia. Esta igreja, que vivia uma vida de
aparências e mentiras, é desmascarada pela Testemunha Fiel e Verdadeira.
Se Laodiceia fosse fria, buscaria o
calor de um avivamento; se quente, espalharia esse mesmo avivamento até aos
confins da terra. Morna, porém, faz-se indiferente a Deus e à sua Palavra. Por
isto, o Senhor repreende-a: "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem
quente. Tomara que foras frio ou quente”. (Ap 3.1 5).
A igreja de Laodicéia era possuidora de uma arrogância
espiritual que não invejava ninguém. Além dessa indiferença doentia e crônica
às coisas de Deus, o anjo da Igreja em Laodicéia era soberbo e
arrogante. Supunha que, por ser rico e de nada ter falta, achava-se acima das
providências divinas. A prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo
diria tal coisa: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”.
(Ap 3.17).
O que nos lembra esse discurso? A
retórica do querubim ungido ao apostatar-se de sua posição junto ao trono do
Altíssimo. (Is 14.13,14). Comportam-se assim as igrejas que, por causa de sua
prosperidade material, julgam-se ricas, mas espiritual e ministerialmente são
paupérrimas.
A falta de percepção do próprio eu fez aquela
igreja mergulhar na lama. Apesar de todos os seus bens materiais, Laodicéia em
nada diferia de um esmoler espiritual: "e não sabes que é um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu”? (Ap 3.17).
Se Adão logo após a Queda percebeu-se nu, o
pastor da igreja em Laodicéia julgava-se bem vestido e ornado. Se o
primeiro homem teve os olhos abertos para enxergar a própria nudez, o anjo
de Laodicéia achava-se, mesmo despido, em trajes de gala. E se Adão,
reconhecendo a própria carência, coseu aventais da figueira, aquele obreiro,
embora descoberto, desfilava toda a sua nudez diante das ovelhas. Infelizmente,
ninguém tinha coragem de dizer que o pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor
dos pastores endereçasse-lhe uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a
pobreza e a cegueira espiritual.
Como estão as suas vestes espirituais? São
ainda alvas? Ou anda você nu sem o saber? "Em todo tempo sejam alvas as
tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça". (Ec 9.8).
Tem jeito de avivar ou reavivar uma igreja
morta?
Temos a impressão de que Laodicéia era
um caso perdido. Todavia, o Senhor Jesus não havia desistido dessa ainda amada
e querida igreja. Juntamente com a reprimenda e a censura, envia-lhe Ele a
receita de um grande e poderoso avivamento: “Aconselho-te que de mim compres
ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te
vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos
com colírio, para que vejas”. (Ap 3.18).
O anjo daquela igreja deveria fazer, com a
máxima urgência, as seguintes aquisições junto ao Cordeiro de Deus:
Ouro refinado pelo fogo. A menos que o anjo
da Igreja em Laodicéia adquirisse os tesouros da sabedoria e da
ciência em Cristo, continuaria a levar uma vida miserável. (Cl 2.2,3).
Como adquirir tais tesouros? Cristo no-los coloca
à disposição. Não quer você apossar-se desses tesouros e ter uma comunhão mais
íntima com o Senhor?
Vestiduras brancas. Redimidos pelo sangue do
Cordeiro, nossas vestes tornaram-se mais alvas que a neve (Is 1.18). Sim, Ele
mudou-nos as vestiduras que, manchadas pela iniquidade, envergonhavam-nos
diante de sua justiça e santidade (Zc 3.1-10).
Como está você diante de Deus? Nu? Ou
revestido da graça divina?
Colírio. A cegueira espiritual era o grande
problema da igreja em Laodiceia: não conseguia ver a própria miséria nem
podia perceber a sua nudez. Por isso o Senhor Jesus aconselha o seu anjo:
“aconselho-te que de mim compres colírio, para que vejas”. (Ap 3.18).
Sabe onde poderá você encontrar o colírio
recomendado pelo Senhor? Nas Sagradas Escrituras. Lendo-a, conseguimos ver
todas as coisas perfeitamente. (Sl 119.105).
Embora abastada e próspera, a
orgulhosa Laodiceia não era rica diante de Deus.
Voltemos à manjedoura!
Enriqueçamo-nos daquEle que se fez pobre por amor de nós. Vençamos a
mornidão espiritual, pois o Senhor Jesus promete-nos uma grande e verdadeira
recompensa: “Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono,
assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono”. (Ap 3.21).
Haveria esperança aos Laodicenses caso
eles se arrependessem. Mas isto implicaria numa mudança de atitude, de coração;
enfim: um retorno ao antigo fervor. Acontecendo isto, deveriam
consagrar-se a si mesmo num zelo contínuo.
"Laodicéia era um rico centro de
comércio. A prosperidade tão grande era a causa da mornidão daquela igreja.
Eles haviam se tornado ricos e cheios de bens materiais. Com o
dinheiro que já tinham, multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora,
tão envolvidos com a vida material que eram induzidos a negligenciar a
espiritual. (Mt 13.22). Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição.
Era muito tolerante com o pecado dos membros da igreja. Não havia sido invadida
pelas falsas doutrinas nem pelos falsos apóstolos. Para as outras
igrejas, sua situação era excelente, ideal.
Os cristãos de Laodicéia haviam se tornado
tão satisfeitos e eufóricos com as coisas que o dinheiro pode comprar, que
foram levados a perder o desejo pelas coisas de Deus. Infelizmente, não haviam
aprendido ainda a viver em prosperidade. (Fp 4.12) Como resultado, sua
satisfação era falsa por ignorarem as coisas de Deus.
A coincidência com as igrejas de hoje é
gritante. Só se fala em dinheiro, bens, riquezas, prosperidade, glamour, passeios,
viagens de lazer, fortunas, luxúria, modas atuais, jóias raras e caras, sonhos impossíveis
para realizar e que vão realizar, hospedagem em cidades turísticas das mais
caras do mundo, comprar, comprar, comprar
coisas materiais e alimentos, bebidas exóticas, mansões e por aí vai.
A igreja elitizada do mundo moderno perdeu a
unção. Não se pensa mais em ser exemplo dos fiéis e nem em orar e estender as
mãos aos mais fracos e necessitados.
Deus tenha misericórdia e traga um novo
avivamento constante para a igreja que é conservadora e permanece fiel aos
princípios da palavra de Deus, aguardando a volta de Jesus para arrebatá-la.
Deus abençoe você e sua família.
Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.