quinta-feira, 12 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 14

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 14


Este capítulo 14 do Apocalipse trata de episódios que são passados em número de sete. Entre esses fatos episódicos destacamos:

O Cordeiro e os seus remidos no Monte Sião.  (1-5).

Tres Anjos proclamam os juízos de Deus. (6-13).

A ceifa e a vindima. (14-20).

14.1 O monte Sião é um sinônimo para a Jerusalém, colocando em evidência o local onde o templo foi construído. Existe alguma dificuldade em decidir se é uma referência ao monte Sião terrestre ou ao celestial (Hb 12.22). Os cento e quarenta e quatro mil trazem na fronte escritos o nome de Deus, no lugar do nome da besta (Ap 13.17). Em Apocalipse 7.2-4, a proteção para esse grupo é citada como um selo na fronte deles. O objetivo é que seja um contraste à marca da besta (Ap 13.16,17), ou pode ser um sinal visível apenas no céu, ou na nova terra e no novo céu (Ap3.12; 22.4).

14.2,3 O cântico novo provavelmente é aquele cantado diante do trono de Deus, em Apocalipse 5.9,10. Como essa canção é sobre a redenção e a vitória em Cristo, parece que apenas os que já estão no céu e aqueles comprados da terra, como os cento e quarenta e quatro mil, têm permissão para aprendê-lo.

14.4 Virgens simbolizam a pureza espiritual (2 Co 11.2). Os crentes redimidos não se comprometerão com o mal; eles rejeitarão a falsa doutrina e se recusarão a adorar a besta. No Novo Testamento, as primícias são a primeira parte de uma safra, indicando uma colheita muito maior a ser feita posteriormente (1 Co 16.15). De vez em quando, o termo enfatiza apenas a natureza santificada de um sacrifício (Tg 1.18). Certamente, o comprometimento dos 144 mil com Deus enfatiza que eles são santos, separados para o Senhor. No entanto, a oferta contínua do evangelho (Ap 14.15) também indica que muitos outros crerão em Jesus Cristo (v.12,13).

14.5 Os 144 mil não eram livres de pecado em sua vida terrena (Rm 3.23), mas não se achava engano neles pois eram irrepreensíveis em relação ao seu testemunho de Cristo. Em especial, não tinham participação na falsidade, porque rejeitaram a mentira do anticristo (2 Ts 2). Eles eram irrepreensíveis e sem engano porque recusaram a marca da besta.

14.6,7 O anjo que prega o evangelho a toda nação, e tribo, e língua, e povo ajuda a cumprir a promessa divina de que o evangelho será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes (Mt 24.14) antes da volta de Cristo. No Apocalipse, a palavra evangelho, que literalmente significa boas-novas, é usada apenas aqui. Mesmo nesse estágio do juízo de Deus, Ele continuava a oferecer vida eterna ao mundo (Jo 3.16). A mensagem do evangelho, a essa altura, pede aos infiéis que temam a Deus e deem glória a Ele, para escaparem da hora do seu juízo. Anteriormente, algumas pessoas tinham respondido dessa maneira depois do milagre da ressurreição das duas testemunhas (Jo 11.11-13). A atividade desse anjo pode estar acontecendo nos “bastidores”, estimulando uma proclamação mundial do evangelho por aqueles que declararão a verdade até mesmo à custa de sua própria vida.14.8 — Um segundo anjo proclama parte das más notícias do juízo àqueles entre todas as nações (Mt 28.19) que não receberão as boas novas do evangelho (v.6). A Babilónia é mencionada pela primeira vez em Apocalipse e passa a ser o foco do juízo divino na parte seguinte (Ap 16-18). A Babilónia é a grande cidade; anteriormente, esse termo foi usado para descrever a cidade onde nosso Senhor foi crucificado (Ap 11.8).

14.9-11 Um terceiro anjo anuncia com uma grande voz o trágico destino eterno de quem rejeita a oferta do evangelho (v. 6,7) e adora a besta (Ap 13). Em Romanos, Paulo fala sobre a ira de Deus descendo dos céus (Rm 1.18) contra os infiéis, conforme o Altíssimo permite que eles recebam as justas consequências de seu comportamento pecaminoso. Em Apocalipse 6.17, o grande Dia da sua ira foi anunciado (Ap 11.18). Agora, será experimentado em toda a sua extensão por aqueles que seguiram a besta. Na recente fúria de Deus, os infiéis que adoram a besta serão atormentados para todo o sempre, sem repouso de dia e de noite.

14.12 A paciência dos santos repercute em Apocalipse 13.10, assim como o lugar de João como companheiro de seus leitores na paciência de Jesus Cristo (Ap 1.9). Aqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus, mesmo em tempos de muita dificuldade (Ap 13), receberão uma bênção divina especial (v.13).

14.13 A expressão bem-aventurados sinaliza a segunda das sete bem-aventuranças em Apocalipse (Ap 1.3; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14). Seis das sete bem-aventuranças estão agrupadas na última terça parte do livro de Apocalipse, talvez como promessa para encorajar respostas cristãs exemplares em tempos de circunstâncias de extrema dificuldade no fim dos tempos. Desde agora pode significar a partir do ponto da tribulação ao qual João está referindo-se, ou desde a época em que João estava escrevendo aos seus leitores originais. Descanso espiritual está disponível a qualquer um que se achega a Jesus Cristo pela fé (Mt 11.28). O Senhor falou aos mártires debaixo do quinto selo que repousassem ainda um pouco de tempo (Ap 6.11), até que o plano de Deus estivesse terminado. Aqui também é dito aos crentes que morreram que descansem dos seus trabalhos, sabendo que suas boas obras serão lembradas e recompensadas (1 Tm 5.25).

14.14,15 A referência ao Filho do Homem com uma coroa de ouro na Sua cabeça indica que a figura é Jesus Cristo (Ap 1.13; Dn 7). Algumas pessoas, no entanto, hesitam em fazer essa identificação, principalmente porque outro anjo dá a ordem para a primeira figura ceifar, o que parece impróprio se o semelhante ao Filho do Homem é Cristo.
Ainda assim, não existe nenhuma impropriedade em ter um representante de Deus Pai transmitir em confiança juízo para o Filho do Homem (Jo 5.22). O Filho julgará a humanidade como aquele que compartilha a natureza humana. Uma foice aguda de pedra ou ferro era a ferramenta básica para a antiga ceifa de grãos. Como as 144 mil testemunhas foram recebidas por Deus como as primícias (v.4) de Sua colheita, o restante da colheita da terra, com certeza, já está maduro tanto para a salvação (Mt 13.37-43) como para o juízo.

14.16 O poder do Filho do Homem, Jesus Cristo, é demonstrado nisso: ao meter a Sua foice uma só vez, a colheita da terra é ceifada. Isso retrata os acontecimentos dos capítulos 16-19 como partes de uma rápida sucessão de juízos. Desse modo, esse juízo é experimentado pelos habitantes do mundo inteiro.

14.17,18 Outro anjo é designado para a colheita dos cachos da vinha que também estão maduros, significando serem merecedores de juízo. O outro anjo, citado como tendo poder sobre o fogo, pode ser o anjo no altar em Apocalipse 8.3-5. Talvez o fogo queime o joio ou a palha separada na colheita (Mt 13.38-43).

14.19,20 Um lagar era uma tina na qual os trabalhadores pisavam as uvas com os pés descalços, fazendo com que o suco escoasse para um barril. Esse sinal da ira e juízo de Deus (Is 63.3), comum no Antigo Testamento, aparentemente explica também como o vinho da ira de Deus (v.10) é produzido. A imagem do lagar é simbólica para uma quantidade inacreditável de sangue derramado. Essa descrição de um rio de sangue indica uma carnificina sem paralelo.

Mil e seiscentos estádios são, aproximadamente, 32km, Esse grande derramamento de sangue provavelmente é o resultado da vitória de Cristo sobre os exércitos humanos reunidos (Ap 19.17-19), já que Ele retorna antes da ceia do grande Deus (v.17), que alguns associam à batalha do Armagedom (Ap 16.16).

Rememorando e simplificando os principais temas das verdades Apocalípticas deste capitulo 14.

14.1-5 Vi o Cordeiro em pé no monte Sião. 

O momento de encontro com o ser de Deus revela a reverência diante da magnitude do Senhor. Ele é santo e puro, e na sua presença também estaremos totalmente purificados. Uma vez que estas passagens estão repletas de simbologia, ou seja, de figuras que apontam para uma realidade mais profunda, precisamos tomar cuidado para não fazer delas uma leitura legalista que nos levaria para conclusões discordantes dos ensinos de Jesus e de todo o restante do Novo Testamento. Assim, ao descrever aqueles que foram "comprados por Deus", o texto descreve uma forma de santidade que, se fosse entendida de forma literal, não simbólica, destoaria do que Cristo afirma, ou seja, que seus seguidores se caracterizariam sobretudo pelo amor a Deus, entre si, e aos demais. Lembremos que a santidade do cristão é resultado de uma ação do Espírito Santo em sua vida e se expressa primeiramente de uma forma positiva, por sua boa atuação no mundo, e só secundariamente se manifesta de forma negativa, por aquilo que ele não faz.

14.3 Os cento e quarenta e quatro mil. 

Este número, em vez de ser um grupo especial, representa provavelmente a totalidade do povo de Deus (12x12x1000), salvo e santificado pelo Cordeiro. Veja o quadro "Os números no Apocalipse" (Ap 4).

14.4-5 nem cometeram nenhuma falta. 

Enquanto na terra a verdadeira Igreja é perseguida e as testemunhas de Cristo são mortas, Deus revela que estão absolutamente todos no céu com Jesus, e todos são completamente puros, santificados e perfeitos, não haviam tido relações com mulheres. Refere-se provavelmente ao contraste com os cultos idólatras que incluíam a prostituição (2.14), mas aqui representa especialmente a purificação plena que os crentes terão no céu (tanto homens quanto mulheres), onde não há mais casamento humano, mas sim a união com o próprio Jesus Cristo, as "bodas do Cordeiro" (Ap 19.7; Ef 5.31-32).

14.6-20 chegou a hora de Deus julgar a humanidade. 

Novamente os cristãos são encorajados a aguentar o sofrimento com paciência e serem fiéis, o que consiste em obedecer aos mandamentos de Deus e ser fiéis a Jesus (v. 12), numa espécie de demonstração de harmonia entre Antigo e Novo Testamentos.

É apresentada bem resumidamente a proclamação do evangelho, que leva ao juízo, ao fim da civilização sem Deus ("Babilônia") e ao castigo eterno de todo o sistema maligno com seus monstros (cap. 13) e adoradores, retirando toda a vida do mal. Apesar de tanta destruição, a Bíblia garante que todo sofrimento terá um fim na vinda do Senhor (cap. 19) ou antecipadamente, com nossa morte (v. 13). Se muitas vezes parece que Deus não se importa com nosso sofrimento, os anjos que trazem as taças com as pragas (caps. 15-16) mostram que ele vingará toda vida ceifada por amor a Ele.

14.14-20 uma nuvem branca. Referência à profecia de Dn 7.13, que descreve a volta de Jesus à terra para executar o juízo final. Em outras passagens da Bíblia é referido o arrebatamento, o encontro dos cristãos com Jesus nos ares. (1 Ts 4.16-17). Mt 24 2 Ts 2).

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 









terça-feira, 10 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 13

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 13


À medida que o tempo vai passando e caminhando para o fim da grande tribulação, os acontecimentos e as situações vão se desenrolando com mais velocidade e com mais blasfêmias contra Deus. 

Destacamos aqui neste capítulo a ferocidade das Bestas do Mar e da Terra, as duas bestas mundiais. Apocalipse 13:1-18.

Satanás quer desesperadamente vencer os cristãos. Por causa do sacrifício de Jesus ele não pode mais acusá-los de pecado; assim sendo, agora ele só pode perseguir, enganar e seduzir. Para fazer isto, ele convoca todos os aliados possíveis.

A Besta que emerge do mar. (Ap.13.1-10).

A primeira besta surgiu do mar e guerreou contra os cristãos durante quarenta e dois meses. Esta besta representa a perseguição, que é uma das táticas do diabo para tentar render-nos. Toda oposição nos aflige, mas o ataque físico é uma prova especialmente severa. Somente pela fé e pela perseverança podemos permanecer fortes (Apocalipse 13:10).

Sabemos que esta besta do mar é o "monstro" de Daniel 7 por causa das semelhanças: emergência do mar (7:3), dez chifres (7:7), nomes blasfemos (7:8, 21), leopardo/urso/leão (7:4-6, 12), grande poder (7:7), palavras arrogantes (7:8, 21), período de tempo (7:25), guerra contra os santos (7:21, 25), etc. Estas comparações são tão próximas que não poderia haver dúvida de que a besta do mar em Apocalipse 13 é a mesma besta monstruosa de Daniel 7. Desde que a besta de Daniel é a quarta na série de impérios mundiais (os três primeiros são Babilônia, 2:37-38; Medo-Persa, 8:20; e Grécia, 8:21), ela deve ser o Império Romano. Durante os primeiros dias da igreja Satanás usou o Império Romano para perseguir os cristãos.

A Besta que emerge da terra. (Ap. 13.11-18).

A segunda besta saiu da terra. Esta besta produziu grandes sinais para fazer os homens adorarem a primeira besta. A besta da terra ilustra a segunda arma que o diabo usa para tentar conquistar os cristãos: a falsa religião. Observe como a besta da terra imitou Cristo: o cordeiro (Apocalipse 5:6), os sinais (11:4-5), marca nos seguidores (7:1-8), número seis (o número de Deus através de todo o livro é sete). Satanás é um mestre do disfarce (2 Coríntios 11:13-15). E procura constantemente falsificar as verdades de Deus.

Neste contexto histórico, a besta da terra simbolizava provavelmente a adoração do imperador Romano. Muitos dos imperadores consideravam-se divindades e exigiam que seus súditos se prostrassem diante da imagem deles e lhes oferecessem incenso. Aqueles que se recusassem eram perseguidos.

É uma infelicidade que o sensacionalismo domine a interpretação de Apocalipse. Alguns imaginam que a marca da besta e o número 666 espreitando em cada esquina é o verdadeiro sentido escatológico deste versículos e capítulos. Fazendo assim, eles não somente não entendem o significado do livro, mas também se descuidam das reais ameaças de Satanás hoje em dia. A marca da besta não era mais literal do que o selo de Deus (Apocalipse 7); 6 (repetido três vezes para ressaltar) é principalmente uma referência ao fracasso, em contraste com 7, que representa o sucesso.

Tudo isto tinha referência principalmente aos acontecimentos daqueles dias e se aplica a nós somente no sentido que o diabo continua a usar os aliados da perseguição e falsa religião em suas batalhas contra nós. Fiquemos firmes: assim como Jesus derrotou o diabo, assim nós também podemos derrota-lo. (17:14).

Ainda sobre o Apocalipse Capítulo 13 concluímos que:

13.1,2  A descrição da primeira besta (com sete cabeças, dez chifres e dez diademas) é muito parecida com aquela do grande dragão (que é Satanás) descrito em Apocalipse 12.3. Apesar de os diademas estarem nas cabeças do dragão, eles estão nos chifres da besta de mar. A besta de sete cabeças pode referir-se ao poder do mundo gentílico em relação a Israel, principalmente no fim dos tempos. As cabeças são identificadas tanto como montes como com reis (Ap 17.9,10).

Uma montanha é caracteristicamente um símbolo para um reino (Dn 2.34,35,44,45). As sete cabeças poderiam ser o Egito, a Assíria, a Babilônia, a Grécia, a Pérsia, Roma e uma outra nação que representa o império romano restaurado. Os dez chifres podem tipificar a forma final do poder do mundo gentílico. A besta recebe seu poder do dragão.

O paralelo entre as quatro bestas (principalmente a quarta) em Daniel 7 e a explanação da besta dada em Apocalipse 17.8-11 faz parecer que a besta simboliza tanto um império romano renovado, que exerce uma autoridade universal, como um regente específico, que João chama de anticristo, em 1 João 2.18.

O nome de blasfêmia pode ser a alegação comum dos antigos imperadores romanos de serem divinos ou a blasfêmia contra o nome do verdadeiro Deus (v.5,6), como Daniel profetizou sobre o voluntarioso rei durante o período da tribulação (Dn 11.36).

13.3,4  Uma de suas cabeças pode retratar um rei específico, porém, é mais provável que represente um império. A terra infiel é seduzida (Ap 12.9) por Satanás para seguir e adorar a besta. Aqueles que adoraram a besta também inconscientemente adoraram o dragão, que deu à besta o seu poder. Qualquer falsa adoração ou idolatria é, no final das contas, demoníaca e satânica (1 Co 10.20-22). A besta é adorada porque o mundo está convencido de que ninguém é semelhante a ela e de que ninguém pode batalhar contra ela de forma sucedida.

13.5-7  Quarenta e dois meses é a duração da supremacia mundial da besta, de acordo com a profecia em Daniel 7.25. Ela recebeu toda a medida de poder depois de matar as duas testemunhas (Ap 11.7) ao final dos três anos e meio do ministério delas (v.3). Os dois números sucessivos somam sete anos, o período total da tribulação.

13.6,7 Esse primeiro uso da palavra tabernáculo no Apocalipse (Ap 15.5; 21.3) pode relembrar a época quando o poder e a presença de Deus eram evidentes porque a glória divina era claramente vista no tabernáculo no deserto. Também pode referir-se à época quando o tabernáculo do Senhor estará entre o Seu povo nos novos céus e na nova terra (Ap 21.1,3). Nesse meio tempo, não existe resposta evidente para a blasfêmia da besta. Ela parecerá ser vitoriosa sobre o povo de Deus.

13.8  O Livro da Vida é o registro daqueles que receberão a vida eterna, em contraste com aqueles destinados ao lago de fogo (Ap 20.12,15). Como era o plano de Deus antes da fundação do mundo que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, seria morto pelos pecados da humanidade, então os nomes dos crentes foram incluídos no Livro da Vida desde o início (Ap 17.8).

13.9  A frase se alguém tem ouvidos, ouça parece indicar que tanto a declaração seguinte (v.10) quanto o contexto mais amplo têm significante aplicação atual, e não apenas referência futura. Então, ilusão espiritual e blasfêmia, assim como perseguição e martírio, não deveriam surpreender os crentes em nenhum ponto da história.

13.10  Mesmo quando os cristãos enfrentam o cativeiro ou são mortos, eles podem ter paciência e/é, sabendo que Deus os vingará (Rm 12.19) no dia da ira e do justo juízo (Rm 2.5).

13.11 Outra significa outra da mesma espécie, falando da estreita relação entre essa besta da terra e a besta anterior, que emergiu do mar (v. 1), mesmo que a aparência exterior delas seja acentuadamente diferente. Essas ações da besta descritas nos versículos 12-17 certificam, na prática, que ela é o falso profeta mencionado em Apocalipse 16.13; 19.20; 20.10.

As duas bestas podem simbolizar também a união do poder secular e político com a religião durante os últimos dias. Esse é o único lugar no Apocalipse onde o cordeiro não se refere a Cristo. Aqui, o cordeiro com dois chifres é um símbolo da adoração judaica e da autoridade religiosa. Falava como o dragão indica, provavelmente, que a segunda mensagem da besta vem de um dragão (Satanás), assim como a primeira recebeu seu poder e sua autoridade do dragão (Ap 13.2).

13.12-15  Grandes sinais, como fazer descer fogo do céu e dar espírito e fala à imagem da primeira besta, são convincentes e muito parecidos com aqueles realizados pelas duas testemunhas (Ap 11.5,6). A operação de grandes sinais por meio do poder de Satanás é parte da decepção em massa profetizada por Paulo em 2 Tessalonicenses 2.8,9.

13.16,17  O sinal é o nome da besta, ou o número do seu nome. Aparentemente, essa marca é algum tipo de prova identificável de propriedade e lealdade aplicada na mão direita ou na testa. Como não há evidência de tal prática na sociedade do primeiro século, essa marca parece ser uma falsificação maligna do selo na fronte dos servos de Deus em Apocalipse 7.3; 14.1.

13.18  Depois da descrição anterior da tirania da besta, é feito um comentário explicativo destinado a transmitir sabedoria e entendimento ao leitor. O número (o nome no versículo 17) da besta é seiscentos e sessenta e seis, descrito também como o número de homem. 

A besta é simplesmente um homem, não um deus, como os sinais poderiam sugerir. O número 6, logo abaixo do 7 (o número da perfeição), é intensificado pelo 666, o número do homem que não é Deus. A identidade desse homem algum dia será conhecida em relação ao número 666. É vital para identificar o anticristo.

Enquanto é tempo nós devemos preparar nossas vidas para subirmos no arrebatamento da igreja. 

Preparemos sim com muita vigilância e oração porque os dias são maus. O Apóstolo Paulo nos ensina em Romanos 12.1-2 a maneira que devemos nos portar nos dias atuais.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 

E não vos conformeis com este século (com este mundo), mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12: 1-2.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza.
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 






domingo, 8 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 12

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 12



"O que Apocalipse capítulo 12 significa?"

Qual a mensagem principal deste capítulo?

O capítulo 12 de Apocalipse trata da visão da mulher e o dragão. (1-17).


Em Apocalipse capítulo 12, João vê uma visão de uma mulher "vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas" (Apocalipse 12:1). Observe a semelhança entre essa descrição e a descrição que José deu de seu pai Jacó (Israel) e sua mãe e seus filhos (Gênesis 37:9-11). As doze estrelas referem-se às doze tribos de Israel. Assim, a mulher em Apocalipse 12 é Israel.

Evidência adicional para essa interpretação é que Apocalipse 12:2-5 fala da mulher estando grávida e dando à luz. Embora seja verdade que Maria deu à luz Jesus, também é verdade que Jesus, o filho de Davi da tribo de Judá, veio de Israel. Em certo sentido, Israel deu à luz (gerou) Cristo Jesus. O versículo 5 diz que o filho da mulher era "um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono". Isso está claramente descrevendo Jesus. Jesus ascendeu ao céu (Atos 1:9-11), um dia vai estabelecer o Seu reino, chamado de reino milenial de Cristo, sobre a terra (Apocalipse 20:4-6) e reinará com juízo perfeito (a "vara de ferro", Salmo 2: 7-9).

A fuga da mulher para o deserto por 1.260 dias refere-se ao tempo futuro chamado de Grande Tribulação, que terá dois tempos de três anos e meio bem definidos em suas duas fases. Esses mil duzentos e sessenta dias são 42 meses (de 30 dias cada), o que é o mesmo que três anos e meio. Na metade do período da Tribulação que são os primeiros três anos e meio, a Besta (o Anticristo) colocará uma imagem de si mesmo no templo que será construído em Jerusalém. Esta é a abominação de que Jesus falou em Mateus 24:15 e Marcos 13:14. Quando a Besta fizer isso, ela quebra o pacto de paz que havia feito com Israel e a nação tem de fugir por segurança, possivelmente à Petra (ver também Mateus 24; Daniel 9:27). Esta fuga dos judeus é retratada como a mulher fugindo ao deserto.

Apocalipse 12:12-17 fala de como o diabo vai fazer guerra contra Israel, tentando destruí-la (Satanás sabe que o seu tempo é curto, relativamente falando. (Apocalipse 20:1-3, 10). Essa passagem também revela que Deus vai proteger Israel no deserto. Apocalipse 12:14 diz que Israel vai ser protegida contra o diabo por “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” ("um tempo" = 1 ano; "tempos" = 2 anos; "metade de um tempo"= meio ano; em outras palavras, três anos e meio).

E, “Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias. Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta. Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca. Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar”. Apocalipse 12: 1-17.

Quem é a Mulher Vestida do Sol em Apocalipse 12?

Três personagens aparecem em Apocalipse 12: 
A mulher vestida do sol, o Dragão e o Menino.
O catolicismo romano, desconsiderando o simbolismo profético dessa passagem, afirma que a mulher é Maria, mãe de Jesus. Alguns teólogos ignorando o fato de a Igreja ter saído de Jesus (Mt 16.18), e não o inverso, têm afirmado que a mãe do Menino é a Igreja. Não há dúvida, à luz de um conjunto probatório, de que aquela mulher é Israel.

Em Apocalipse 12.17 vemos que o Dragão (Satanás) fará guerra “ao resto da sua semente”, numa clara referência ao remanescente israelita que será protegido e absolvido por Deus, no fim da Grande Tribulação (Rm 9.27). A mulher está vestida do sol, que representa a graça e a glória do Senhor (Sl 84.11; Ml 4.2), pelas quais Israel foi envolvido desde a sua origem.

A mulher tem a lua debaixo dos pés, numa referência à supremacia de Israel como nação escolhida por Deus desde os primórdios da humanidade (Dt 7.6). E também tem uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. O que isso representa? Os patriarcas que deram origem às doze tribos formadoras do povo de Israel, incluindo José, são chamados de estrelas (Gn 37.9). Sol e lua, no sonho de José, aludem aos seus pais.

Observe que ela está grávida, com dores de parto, gritando com ânsias de dar à luz. O privilégio de ter sido escolhido como a nação do surgimento do Messias (Jo 1.11,12) trouxe, e trará a Israel, experiências dolorosas (Is 26.17). Quanto ao Dragão, não pode ser outro, a não ser o Diabo (Ap 20.2).

O Dragão é grande. Isso prova que o Inimigo, como “deus deste século” (2 Co 4.4), possui grande força (Lc 10.19). Ele é vermelho. Numa tradução literal, “avermelhado como fogo”, o que representa a sua atuação violenta e sanguinária no mundo (Ap 6.4; Jo 10.10). Essa cor também está associada ao pecado (Is 1.18).

Ele tem dez chifres, que se referem, à luz da Palavra profética, aos dez reinos que formarão a base do império do Anticristo (Ap 17.12; cf. Dn 7.24). E também possui sete cabeças com sete diademas, que dizem respeito à plena autoridade que exercerá sobre os reinos da Terra. A semelhança do Dragão com a Besta enfatiza que esta virá com o poder de Satanás: “o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Ap 13.2).

Menciona-se também uma grande cauda. Isso alude à astúcia do Inimigo e ao seu baixo caráter (Is 9.15), ao levar consigo, no princípio, a terça parte dos anjos que não guardaram o seu principado (2 Pe 2.4; Jd v.6). Muitos hoje ficam impressionados com a facilidade que alguns falsos obreiros têm de “arrastar” multidões. Não nos esqueçamos de que o primeiro a fazer isso foi o próprio Diabo.

Em Apocalipse 12.4 está escrito que o Dragão parou diante da mulher, “para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”. Desde o princípio, o Inimigo tem lutado contra Israel, sabendo que por meio dessa nação o Senhor realizaria a redenção da humanidade. Mesmo assim, o Filho de Davi, o Filho de Abraão, o Unigênito do Pai (Mt 1.1; Jo 3.16), nasceu em Belém da Judeia (Mt 2.1), no tempo estabelecido pelo Deus soberano que tudo faz segundo o seu beneplácito. (Gl 4.4,5).

Alguns teólogos afirmam que o Filho da mulher vestida do sol representa a Igreja, ou os mártires, ou os 144.000 judeus selados durante a Grande Tribulação. Todavia, à luz de Salmos 2.9 e Apocalipse 2.27, não há dúvida de que o Menino é Jesus Cristo: “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Ap 12.5).

Foram muitas as tentativas do Dragão (Satanás), ao longo da história da humanidade, de destruir a mulher vestida do sol (Israel), para que não desse à luz. Caim matou Abel, mas Sete deu continuidade à linhagem santa e piedosa, da qual sugiram os primeiros hebreus (Gn 4-12). Nos dias de Moisés, quando Faraó mandou matar os meninos israelitas, Deus preservou a muitos deles com vida, inclusive o próprio Moisés, que se tornou o libertador do povo de Israel (Êx 1).

O rei Saul tentou matar a Davi, pois o Diabo sabia que o Messias descenderia do trono davídico. Deus mais uma vez frustrou o plano maligno, preservando a vida de seu servo (1 Sm 18.10,11). Mais tarde, o inimigo usou a rainha Atalia para matar os herdeiros do trono de Davi. Mas o futuro rei Joás foi escondido por sua tia, e, com apenas sete anos, assumiu o reino em Judá (2 Rs 11). Nos tempos do império medo-persa, o cruel Hamã convenceu o rei Assuero a exterminar, de uma vez por todas, “um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei” (Et 3.8). Deus interveio, e o mal se voltou contra aquele “adversário e inimigo” de Israel (7.6-10).

Já no período neotestamentário, Herodes intentou matar Jesus, ainda em sua primeira infância. Mas o Todo-poderoso avisou os magos e José, o qual levou o Menino para o Egito (Mt 2). No deserto, Ele, já adulto, ao ser tentado pelo Inimigo, venceu-o por meio da repetição de uma poderosa declaração: “Está escrito” (4.1-11). Em Nazaré, numa nova tentativa de impedir que o Senhor chegasse à cruz, o Diabo procurou matá-lo. Milagrosamente, Ele escapou, “passando pelo meio deles” (Lc 4.17-30).

O Inimigo também exerceu influência psicológica sobre Pedro, levando-o à tentativa de induzir Jesus a desistir de sua obra redentora. No entanto, a resposta do Senhor a essa tentação foi contundente: “Para trás de mim, Satanás” (Mt 16.22,23). No Gólgota, finalmente como o Diabo não conseguiu matar Jesus antes da cruz, tentou em vão convencê-lo a descer do madeiro (Mt 27.40-42; Lc 23.39), pois temia o poder do sangue do Cordeiro (1 Pe 1.18,19; Hb 2.14,15). Ali, o Senhor deu o brado da vitória: “Está consumado” (Jo 19.30).

Mesmo depois de Jesus ter sido assunto ao Céu (At 1.9-11), a perseguição contra a mulher (Israel) continuou. E ela se intensificará na segunda metade da Grande Tribulação, quando o Diabo terá maior liberdade, permitida por Deus, evidentemente para, através do Anticristo, atacar Israel: “Quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher, e a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente” (Ap 12.13,15).

Na simbologia profética, águas representam reinos, nações e povos (Is 8.7; Ap 17.5). Isso mostra que os exércitos do Anticristo marcharão contra Israel (Ap 16.12,16). Mas o Espírito do Senhor arvorará contra o Inimigo a sua bandeira (Is 59.19). Ele protegerá o remanescente israelita (Ap 12.6). “E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente” (v.14). Essas asas de águia representam a direção de Deus (Êx 19.4), através da qual Israel será levado a um lugar seguro (Sl:27.5; 91:1,4).

A mulher, Israel, também terá ajuda dos povos e nações a ela favoráveis, como vemos em Mateus 25.34-40 parabolicamente, ou seja por parábolas e em Apocalipse 12.16, simbolicamente: “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca”. Por fim, o remanescente israelita será absolvido pelo Justo Juiz e estará seguro, enquanto o inimigo sagaz ficará parado sobre a areia do mar sem poder prosseguir com seus intentos malignos contra o Israel de Deus.  (Ap 12.16-18).

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 


sexta-feira, 6 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 11

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 11



Este capítulo 11 do livro do Apocalipse trata do assunto do santuário e das duas testemunhas. (1-19).

O impacto da unção das palavras das duas testemunhas que são chamadas também de 'as duas oliveiras e os dois castiçais'. v.4. (1-14)

A sétima trombeta e tocada. vejam abaixo. (15-19).

11.1. João recebeu uma cana semelhante a uma vara, muito parecida com aquela usada por Ezequiel (Ez 40.3,5) em sua visão das medidas do templo (Ez 40-48).
Mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram. Esse é o templo do período da tribulação que em algum momento será edificado (Ap 13.14,15; Dn 9.27; Lc 21.24; 2Ts 2.4). 
A medida dos que nele adoram pode significar uma avaliação daqueles que prestam adoração ao Senhor no templo, bem como proteção para os fiéis e juízo, para os infiéis.

11.2. Em Lucas 21.24, é profetizado que os gentios pisarão a Cidade Santa até que os tempos dos gentios se completem. Aparentemente, o período de quarenta e dois meses é a conclusão do tempo dos gentios ou o período de três anos e meio do final da grande tribulação. A palavra gentios aqui pode ser traduzida também como povos, tribos e nações gentilicas. (Ap 11.9; 10.11).

11.3. Quarenta e dois meses (v.2) é o mesmo período que mil duzentos e sessenta dias (Ap 12.6). É certo que um tempo, e tempos, e metade de um tempo (v.14) seja também um período de três anos e meio formado por quarenta e dois meses lunares que são contados através das fases da lua, são de mês a mês de 29 e 30 dias alternadamente. Essas expressões também se encontrem nas profecias em Daniel.  (Dn 12.6,7,11,12).

As duas testemunhas profetizarão durante 1260 dias com impressionante poder (Ap 11.5,6). Então, parece que o período de dominação da besta (v.7; 13.5) sé dá durante a missão das testemunhas, cada uma ocupando em termos gerais metade do período da tribulação. As duas testemunhas sem nome são extraordinariamente semelhantes a Elias e Moisés (ver Êx 7-11; 1 Rs 17; Ml 4.5), que apareceram com Cristo no monte da transfiguração (Lc 9.29-32).

É possível também que essas duas testemunhas serão representantes simbólicos de todos os crentes fiéis do AT e do NT, bem como da Lei e dos Profetas, testificando durante a tribulação. 
Vestidas de pano de saco significa que as testemunhas estão de luto pelo mundo que não expressa arrependimento (Mt 11.21).

11.4. As testemunhas são descritas como duas oliveiras e dois castiçais, associando-as à visão em Zacarias 4, sobre os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra (Zc 4-14). Lá, os dois ungidos são Zorobabel e Josué, o sacerdote. Mas o princípio universal para essas e todas as outras testemunhas do Senhor é que o testemunho delas pela verdade não é por força, nem por violência, mas pelo Espírito do Senhor (Zc 4.6).

11.5. O fogo saindo da boca das duas testemunhas para que, se alguém se opuser a elas, seja morto é parecido com a descrição da praga de morte trazida pelo exército de cavaleiros em Apocalipse 9.16-18. Aparentemente, a missão delas é impossível de ser interrompida durante três anos e meio (Ap 11.3) até quando acabarem o seu testemunho (v.7). O fogo também lembra dois dos milagres de Elias (1 Rs 18; 2 Rs 1).

11.6. As duas testemunhas têm a autoridade para impedir a chuva durante os dias da sua profecia, identificando-as com Elias, cuja oração fez com que não chovesse durante três anos e meio (Tg 5.17). Transformar as águas em sangue (Êx 7.17-21) e assolar a terra com pragas (Êx 7-11) lembra a experiência vivenciada por Moisés no Egito.

11.7,8. O verbo traduzido como acabar é o mesmo que Jesus usou quando gritou triunfantemente na cruz: Está consumado (Jo 19.30). A besta tem a permissão para matar as duas testemunhas na cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito. A besta, que vem à tona como um governante mundial satânicamente autorizado nos capítulos 13 e 17, emerge do abismo, assim como a praga dos gafanhotos demoníacos da quinta trombeta (Ap 9.1-10). A grande cidade no Apocalipse geralmente é a Babilônia (Ap 14.8), que provavelmente representa Roma ou qualquer grande império mundial, ou sistema satânico que estará dominando o mundo sob a liderança e governo do Anticristo. (l Pe 5.13).

Porém, a descrição mais adiante, de onde o seu Senhor também foi crucificado, parece referir-se a Jerusalém. Alguns estudiosos entendem a frase como simbólica, significando o mundo pecaminoso no qual Cristo foi crucificado. Sodoma foi o primeiro modelo de degeneração moral em uma grande cidade (Gn 19); o Egito era o protótipo da idolatria desenfreada e da escravidão imposta.

11.9,10. Povos, e tribos, e línguas, e nações são aqueles para quem o testemunho do evangelho deve continuar até à consumação dos séculos (Mt 28.19,20). Os que habitam na terra são aqueles sobre quem o juízo de Deus recairá (Ap 6.10; 8.13). Estar morto por três dias e meio lembra os três anos e meio da missão das testemunhas (v.3). A morte das duas testemunhas (v.7) iniciará uma celebração global entre os infiéis que odiaram a mensagem verdadeira daqueles varões de Deus. 

11.11. O espírito de vida, vindo de Deus, lembra a profecia dos ossos secos (Ez. 37). Uma ressurreição pública assim poderia causar um grande temor por todo o mundo se fosse transmitido com a ajuda da tecnologia moderna de satélites. A sequência completa dos acontecimentos servirá para lembrar Israel da missão de Jesus Cristo: Sua morte, ressurreição e ascensão.

11.12. Subi cá é a mesma ordem dada a João em Apocalipse 4.1. Subiram ao céu em uma nuvem lembra a descrição da ascensão de Cristo (At 1.9) e o ensino de Paulo sobre o arrebatamento, em 1 Tessalonicenses 4.17. Alguns estudiosos acreditam que o arrebatamento da Igreja acontecerá nesse momento. Mas é difícil conciliar essa descrição de morte e ressurreição (At 11.9-11) com o recolhimento dos crentes vivos que serão tranformados num abrir e fechar de olhos no arrebatamento da igreja. 

11.13. E naquela mesma hora. Logo após as duas testemunhas ascenderem ao céu, um grande terremoto (Ap 6.12) destruirá a décima parte da cidade, resultando em sete mil mortes. Aqueles que sobreviverem ficarão apavorados e glorificarão a Deus.

11.14. O segundo ai inclui a sexta trombeta (Ap 9.12-21) e um segundo interlúdio (Ap 10.1-11.13). O terceiro ai, ao que tudo indica, é a sétima trombeta (v.15-19), pois é dito que cedo virá e, como Apocalipse 8.13, relacionados aos ais aos três últimos sopros de trombeta. O último ai pode estender-se, já que a palavra ai aparece novamente em Apocalipse 12.12.

11.15. Nosso Senhor reinará para todo o sempre e confirma o retorno de Cristo para seu reinado. (Ap 6.12-17; 19.11-21).

11.16-18. Os vinte e quatro anciãos foram previamente vistos adorando a Deus (Ap 4-10,11) e ao Senhor Jesus (Ap 5.8-10) continuamente. Aqui, a ação de graças deles ao Senhor Deus todo-poderoso entra em uma nova fase: eles glorificam o poder e a ira de Deus e a correspondente distribuição de galardão e juízo. Essa estrofe de ações de graças parece refletir no cumprimento da grande profecia messiânica no Salmo 2.

11.17. Reinaste pode referir-se a um governante atual no céu, ou ao fato de Cristo já ter vindo à terra para subjugar as nações (v.18) a essa altura. Também é possível que o tempo verbal no passado aluda à certeza, um acontecimento futuro tão certo quanto outros planos de Deus cumpridos para o mundo. Por exemplo, em Romanos 8.30, é dito que o crente é justificado e já está glorificado (tempo passado), embora a glorificação de fato acontecerá mais tarde, quando o cristão entrar na presença de Jesus, com um corpo incorruptível.

11.18. Veio a tua ira (Ap 6.16,17). A ira de Satanás também será vista em Apocalipse 12.12, mas a ira divina não pode ser rivalizada (Ap 14-19). O tempo dos mortos inclui a entrega dos galardões ao povo de Deus, Seus profetas, servos e santos (2 Co 5.10), e o pronunciamento do castigo eterno das nações infiéis (Mt 25.46). Isso é pelo que os mártires oraram em Apocalipse 6.10; não está terminado até Apocalipse 20.12-15. Aqueles que temem o nome de Deus são os que responderam com fé ao evangelho eterno (Ap 14.6,7), possivelmente incluindo os que temeram e glorificaram a Deus no versículo 13.

11.19. O templo de Deus, nesse caso, não é o mesmo dos versículos 1 e 2. Aquele templo terreno, também conhecido antigamente como templo de Salomão, tinha um átrio externo dado às nações (v.2); este templo, da revelação chamado aqui de templo de Deus, está no céu. Uma arca do concerto é citada aqui, embora a arca do concerto feita por Moisés, ao que tudo indica, foi destruída pelos babilônios quando eles saquearam e queimaram o templo em Jerusalém (2 Cr 36.18,19). A arca representava a presença, liderança e proteção de Deus sobre Israel no deserto (Nm 10.33-36) e na Terra Prometida (Js 3.3,15-17). Aqui, a arca pode representar bênçãos parecidas relacionadas ao novo concerto e à volta de Cristo (Hb 9.1,4,11,23-28). Pode também antecipar a proteção divina à mulher que deu à luz o Messias no deserto em Apocalipse 12.5,6,14.

Os relâmpagos e trovões provinham do trono de Deus no céu (Ap 4.5) e foram lançados sobre a terra no início do juízo anunciado pelas trombetas (Ap 8.5), juntamente com os terremotos (v.5) e a saraivada. (v.7).

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.





quarta-feira, 4 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 10

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 10



Este capítulo trata do assunto dos Sete Trovões e o Livrinho de dois sabores (doce-amargo). (Apocalipse 10:1-11).

Novamente, uma série de sete é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo selos, houve um intervalo para assegurar aos fiéis a proteção divina (capítulo 7). Agora, entre a sexta e a sétima trombetas, Deus oferece outras mensagens de consolação aos seus servos numa série de cenas no intervalo nos capítulos 10 e 11.

10:1 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo;
Vi outro anjo forte descendo do céu: Três anjos fortes aparecem no Apocalipse. O primeiro procurou alguém para abrir o livro que estava na mão direita de Deus (5:2). O terceiro anunciará, com um gesto dramático, a queda da Babilônia (18:21). O segundo, aqui no capítulo 10, desce com a glória do céu trazendo um livrinho aberto e as vozes dos sete trovões.
Alguns comentaristas acreditam que este anjo forte seja o próprio Jesus, pois algumas características nos lembram a descrição de Jesus no capítulo 1. Embora não haja provas desta interpretação, claramente o anjo forte vem do céu com a glória celestial e traz a revelação de Deus.
Envolto em nuvem: Desde a primeira vez que nuvens aparecem na Bíblia (Gênesis 9:13-16), há uma forte ligação entre elas e as demonstrações da glória e poder de Deus.
 Nuvens são citadas mais de cem vezes no Velho Testamento, frequentemente em relação às aparições de Deus ou demonstrações do poder de Deus.

Consideremos alguns exemplos pertinentes:

“O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho”. (Êxodo 13:21). 
“Disse o SENHOR a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo. Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:9,16). “E a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (Êxodo 24:16). 
“Então, disse Salomão: O SENHOR declarou que habitaria em nuvem espessa!” (2 Crônicas 6:1). 
Nuvens representam a justiça de Deus e a sua vinda para julgar: “Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a base do seu trono” (Salmo 97:2).
“Sentença contra o Egito. Eis que o SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito...” (Isaías 19:1). 
“Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador” (Isaías 30:27). 
Podemos ver a semelhança entre a descrição da vinda do anjo forte neste texto e a aparição da glória do Senhor em Ezequiel 1:4-5,26-28. 
Daniel descreveu uma das suas visões desta maneira: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” (Daniel 7:13). 
Naum fala sobre a soberania de Deus: “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3).
A grande maioria dos mais de 20 versículos no Novo Testamento que usam esta palavra referem-se também, a Deus ou à manifestação de sua glória ou poder. No monte da transfiguração, “Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Quando Jesus profetizou a destruição de Jerusalém pelos romanos, ele disse: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus 24:30). 
Quando Jesus avisou o Sinédrio sobre o iminente julgamento dos judeus rebeldes, ele usou linguagem semelhante: “Eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:64). 
Os fiéis encontrarão Jesus nas nuvens (1 Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse abre com a aparição divina nas nuvens: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (Ap.1:7).
Os outros aspectos da aparição deste anjo forte reforçam a origem celestial da sua mensagem:
Com o arco-íris por cima de sua cabeça: Deus usou o arco-íris para selar a sua aliança com os homens depois do dilúvio (Gênesis 9:12-13,16). Na visão de João do trono de Deus, houve um arco-íris ao redor do trono (Ap.4:3).
O rosto era como o sol: A luz brilhante da glória de Deus. A luz da presença de Deus é mais forte do que o próprio sol (Isaías 60:19-20). 
Malaquias mistura os temas de castigo e consolação quando nasce o sol da justiça: “Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:1-2). O brilho do sol é refletido nos servos do Senhor. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:43; veja 2 Coríntios 3:18).
E as pernas, como colunas de fogo: A perna ou pé na descrição dos quatro seres viventes, ou querubins, na visão de Ezequiel, “luzia como o brilho de bronze polido” (Ezequiel 1:7; veja a descrição dos pés de Jesus – Apocalipse 1:15).

10:2 e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,
E tinha na mão um livrinho aberto: Vamos ver o significado deste livrinho nos versículos 9-11. 
Aqui, observamos algumas diferenças entre este livrinho e o livro do capítulo 5: 
1. Este é um livrinho, mas Jesus recebeu um livro (maior) da mão de Deus. 
2. O livrinho está na mão do anjo que desceu do céu, não na mão de Deus no trono. 
3. O livrinho está aberto e, assim, não precisa de uma pessoa “digna” para abri-lo; o livro estava selado com sete selos e podia ser aberto somente pelo Leão/Cordeiro.
Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra: Imagine o tamanho e o poder deste anjo forte! Pode colocar os pés sobre a terra e o mar, assim mostrando domínio sobre o mundo inteiro. Daqui a pouco, bestas vão subir do mar e da terra (13:1,11). Antes de ver esses servos do diabo emergirem, Deus nos lembra que o anjo dele tem poder superior a toda a força de Satanás e de seus servos.

10:3 e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.
E bradou em grande voz, como ruge um leão: O anjo forte em 5:2 fez sua proclamação em grande voz. O segundo anjo forte, também, tem voz forte, como a de leão. O leão claramente representa a força da voz deste anjo. “O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás” (Provérbios 30:30; veja Isaías 21:8; Jeremias 25:30; Oséias 11:10).
Desferiram os sete trovões as suas próprias vozes: Agora chegamos a mais uma série de sete, os sete trovões. Com toda a força da voz que vem do céu, eles proclamam mais uma parte da vontade de Deus. Por diversas vezes nas Escrituras, trovões acompanham os castigos enviados por Deus. A sétima praga no Egito incluiu trovões, chuva de pedras e fogo (Êxodo 9:23-34). Deus pelejou contra os filisteus com seus trovões (1 Samuel 7:10).

10:4 Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.
Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever: Obediente às instruções recebidas no início do livro (Ap.1:19), João prepara-se para relatar as mensagens dos sete trovões.
Mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram: A instrução geral de Ap.1:19 é suplantada pela ordem mais específica dada aqui. A voz vem do céu, e João é obrigado a obedecê-la. Não escreva as coisas que os trovões falaram. Num livro com o propósito de revelar, por que guardar em segredo as mensagens que Deus enviou nos trovões? Devemos observar, pelo menos, dois motivos: 
1. Em geral, Deus não revela tudo aos homens, e não teríamos a capacidade de compreender todos os pensamentos sublimes de Deus (Isaías 55:8-9). Moisés disse que Deus revela o que precisamos para saber como servi-lo (Deuteronômio 29:29). João disse que o registro da vida de Cristo inclui uma pequena parte de tudo que Jesus fez, mas que foram relatadas as coisas necessárias para criar fé nos leitores (João 21:24-25; 20:30-31). 
2. Quando se trata da proteção dos fiéis, Deus faz muito mais do que ele mostra ao homem. De vez em quando, ele abre a cortina para revelar alguma batalha nas regiões celestiais, para nos confortar com o fato de ele estar constantemente lutando a favor dos servos. Antes da batalha de Jericó, o príncipe do exército do Senhor apareceu a Josué (Josué 5:13-15). Eliseu pediu que Deus mostrasse ao seu ajudante o exército do céu que os protegia dos siros (2 Reis 6:15-16). Daniel foi consolado por um mensageiro que explicou que estava ocupado com a guerra contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10:12-21). Os cristãos primitivos enfrentaram perseguições, mas recebiam, às vezes, confirmações do poder ativo de Deus lutando a favor deles (Atos 4:23-31). Romanos 8 enfatiza o papel ativo do Pai, do Filho e do Espírito Santo a nosso favor. E não é isso o que o Apocalipse ensina? O homem na terra pode ver o que acontece aqui, mas Deus e seus servos fazem muito mais, nas regiões celestiais, para ajudá-lo (Efésios 6:12).

10:5-6 Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu  e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora,
O anjo levantou a mão direita e jurou: Se precisa guardar em segredo as palavras dos trovões, será que o cumprimento será adiado? O juramento do anjo responde imediatamente a esta possível dúvida. Ele levanta a mão direita (veja Daniel 12:7) e jura pelo eterno Deus. Não há dúvida! Mesmo sem revelar todos os pormenores, a palavra de Deus será cumprida.
Já não haverá demora: Novamente, encontramos uma referência ao tempo de cumprimento que promete que as coisas profetizadas aqui aconteceriam em breve (veja, também, 1:1-3; 22:6-7,10,12,20). As muitas interpretações que sugerem que quase tudo no Apocalipse ainda acontecerá, mais de 1.900 anos depois de João, simplesmente contradizem a palavra do Senhor.

10:7 mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.
Nos dias da voz do sétimo anjo: Reforçando ainda mais a iminência do cumprimento do mistério de Deus, este anjo que domina a terra e o mar olha para a sétima trombeta. As primeiras seis já passaram. Não será necessário esperar muito, porque a sétima já trará o cumprimento esperado pelos santos perseguidos.
O mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas: A palavra mistério, na Bíblia, refere-se a coisas ocultas, frequentemente à palavra de Deus outrora oculta e agora revelada. No Velho Testamento, o único livro que usa a palavra mistério é Daniel. A revelação do sonho de Nabucodonosor, no qual o servo de Deus profetizou sobre a missão do Cristo em estabelecer o reino do céu durante o período romano, usa a palavra “mistério” várias vezes (Daniel 2:18-19,27-30,47). A palavra aparece mais uma vez, em Daniel 4:9. A grande maioria das ocorrências desta palavra no Novo Testamento fala do evangelho de Jesus Cristo. Paulo disse: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos” (Romanos 16:25). Ele descreveu seu papel de apóstolo aos gentios: “da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos” (Colossenses 1:25-28). Veja outros exemplos em Mateus 13:11; 1 Coríntios 2:7; 4:1; Efésios 1:9; 3:3,4,9; 6:19; Colossenses 2:2; 4:3; 1 Timóteo 3:9,16. 
No Apocalipse, “mistério” refere-se a aspectos das visões explicados a João (1:20; 17:5,7). 
Somente aqui tem o sentido mais amplo do “mistério de Deus”. O cumprimento do mistério de Deus, então, seria relacionado à divulgação do evangelho para salvar judeus e gentios, e ao estabelecimento do domínio de Cristo sobre as nações.
Deus já anunciou estes planos aos profetas. Quais profetas? Alguns comentaristas citam apenas profetas do Novo Testamento, como o próprio João. Mas, a Bíblia fala sobre os “servos, os profetas” 13 vezes no Velho Testamento antes de usar esta expressão duas vezes no Apocalipse (aqui e em 11:18). 
Não devemos descontar a importância de profecias do Velho Testamento na interpretação do mistério revelado no Apocalipse.
No Antigo Testamento, os “servos, os profetas” foram enviados para avisar o povo do perigo da desobediência (Esdras 9:10-12; Jeremias 7:25-28; 25:4-7) e dos castigos que Deus traria sobre os infiéis (2 Reis 17:23; Jeremias 26:4-6; 44:4-6).
De especial interesse são algumas profecias do Velho Testamento que olharam para o estabelecimento do reino de Jesus e a sua soberania sobre as nações. Ezequiel 36 e 37 profetizam da restauração de Israel, ou seja, do estabelecimento do reino de Cristo, Israel espiritual. Uma vez estabelecido, o reino seria ameaçado pelas nações, representadas pela multidão liderada por Gogue de Magogue. Mas Gogue não prevaleceria, pois o Senhor chamaria “contra Gogue a espada em todos os meus montes” e contenderia“ com ele por meio da peste e do sangue; chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre....” (Ezequiel 38:21-22). O resultado destes castigos divinos: “Assim, eu me engrandecerei, vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o SENHOR” (38:23). Davi disse que o estabelecimento do reino do Messias seria acompanhado por desafios e rebeliões dos gentios, povos, reis e príncipes, mas que o Rei os despedaçaria com sua vara de ferro (Salmo 2). Joel profetizou da vinda do Espírito (Joel 2:28-32), profecia esta cumprida a partir do Dia de Pentecostes (Atos 2:16-21). Logo em seguida, ele disse que as nações ameaçariam o povo de Deus (Israel espiritual) e seriam julgados por Deus no vale de Josafá ou vale da Decisão (Joel 3). Desta maneira, Deus venceria os inimigos e estabeleceria, em segurança, a sua habitação em Jerusalém (Joel 3:18-21). 
As comparações entre Joel 3 e vários temas do Apocalipse são inegáveis. Ainda mais óbvias são algumas comparações entre Daniel e o Apocalipse. O reino de Deus seria estabelecido durante o período do império romano e teria domínio eterno sobre todas as nações (Daniel 2:44). Daniel até profetiza sobre vários reis ou imperadores romanos, e especialmente sobre a derrota de um destes reis (7:7-11). Veremos mais sobre as ligações entre Daniel 7 e o Apocalipse em outras lições, especialmente quando chegamos ao capítulo 17.
O que podemos esperar, então, na sétima trombeta? Que será cumprida a missão de Jesus de se estabelecer como o Soberano Rei, dominando as nações com a vara de ferro e despedaçando os inimigos rebeldes.
 Mas, antes de ouvir a sétima trombeta, ainda precisamos ver o resto das coisas que João viu no intervalo.

10:8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.
A voz que ouvi estava de novo falando comigo: A mesma voz do versículo 4. A primeira vez, esta voz proibiu que João escrevesse sobre os sete trovões. Esta vez, ela lhe dará outra instrução.
Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo: Já observamos vários pontos de contraste entre este livrinho e o livro do capítulo 5 (veja comentários sobre 10:2). Agora a voz manda João a tomar o livro da mão do anjo.
Anjo em pé sobre o mar e sobre a terra: Novamente, o narrativo destaca a posição deste anjo (cf. 10:2). Muito diferente do anjo caído do céu que abriu o poço do abismo, este anjo tem seus pés firmemente plantados sobre a terra e o mar. A estrela caída do céu dominou os gafanhotos durante cinco meses. O anjo forte no capítulo 10 pode garantir o cumprimento do plano de Deus. Que consolo saber que João recebe as suas ordens da mão deste anjo forte.

10:9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.
Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho: João foi obediente à voz do céu e foi pedir o livrinho.
Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o: Esta cena é semelhante à de Ezequiel 2:8 - 3:6. No início do sexto século a.C., Ezequiel foi enviado como profeta à casa de Israel. O rolo do livro que ele comeu representou a sua incumbência como profeta. O sabor era doce, mas a tarefa difícil. O anjo avisou João que este livrinho seria doce na boca, mas amargo no estômago. João recebeu uma tarefa desagradável.

10:10 Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.
Tomei o livrinho e o devorei: João foi obediente. Ele não fez desculpas e não fugiu da sua missão. Comeu o livrinho.
Na minha boca, era doce como mel; quando, porém. O comi, o meu estômago ficou amargo: O livrinho foi exatamente como o anjo dissera. Veremos a amargura da missão de João no próximo versículo. O trabalho no reino do Senhor envolve esses dois aspectos. 
Traz uma grande alegria quando presenciamos as transformações de vidas que o evangelho causa. Por outro lado, o servo fiel tem a obrigação de avisar sobre as consequências da rejeição da palavra e sobre a punição preparada para os desobedientes. João não fugiu da sua responsabilidade, mas muitos pregadores hoje negligenciam o lado severo do evangelho e divulgam uma mensagem incompleta e desequilibrada. 
É muito mais agradável falar da bondade do que da severidade (Romanos 11:22). É bom falar sobre o perdão e a salvação (Hebreus 9:28), mas não devemos excluir a mensagem de vingança e castigo (Hebreus 10:26-31). Deus é santo, e assim não pode manter comunhão com o pecado. Ele é, também, amor, e quer salvar todos dos seus pecados. A tendência do homem é de exagerar um lado do caráter de Deus e diminuir a importância do outro, esquecendo que o mesmo Deus que oferece alívio tomará vingança e banirá de sua face os que não o conhecem ou que não o obedecem (2 Tessalonicenses 1:6-10).

10:11 Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.
É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis: Este versículo reforça o significado do livrinho. João é obrigado a profetizar sobre nações e reis. Já falou sobre pragas e castigos atingindo um número cada vez maior de pessoas, até causando a morte de grandes multidões. Mas tem mais pela frente. A difícil missão de João incluirá profecias sobre muitos povos.

O intervalo entre a sexta e a sétima trombetas enfatiza vários fatos importantes dentre os quais destacamos:

1. Deus e seus servos sempre são mais fortes do que o diabo e seus seguidores. O anjo forte do Senhor tem poder sobre a terra e o mar, enquanto o Destruidor recebeu autoridade por alguns meses sobre os gafanhotos. 

2. Deus faz muito mais do que ele revela aos seus servos. Os sete trovões servem como exemplo.
3. A sétima trombeta anunciaria o cumprimento do mistério de Deus. 

4. A missão do servo de Deus tem seu lado doce, mas inclui, também, a amargura de pregar a pessoas condenadas por sua rebeldia. No próximo capítulo, veremos mais duas cenas do intervalo antes de ouvir a sétima trombeta.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.