quarta-feira, 4 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 10

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 10



Este capítulo trata do assunto dos Sete Trovões e o Livrinho de dois sabores (doce-amargo). (Apocalipse 10:1-11).

Novamente, uma série de sete é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo selos, houve um intervalo para assegurar aos fiéis a proteção divina (capítulo 7). Agora, entre a sexta e a sétima trombetas, Deus oferece outras mensagens de consolação aos seus servos numa série de cenas no intervalo nos capítulos 10 e 11.

10:1 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo;
Vi outro anjo forte descendo do céu: Três anjos fortes aparecem no Apocalipse. O primeiro procurou alguém para abrir o livro que estava na mão direita de Deus (5:2). O terceiro anunciará, com um gesto dramático, a queda da Babilônia (18:21). O segundo, aqui no capítulo 10, desce com a glória do céu trazendo um livrinho aberto e as vozes dos sete trovões.
Alguns comentaristas acreditam que este anjo forte seja o próprio Jesus, pois algumas características nos lembram a descrição de Jesus no capítulo 1. Embora não haja provas desta interpretação, claramente o anjo forte vem do céu com a glória celestial e traz a revelação de Deus.
Envolto em nuvem: Desde a primeira vez que nuvens aparecem na Bíblia (Gênesis 9:13-16), há uma forte ligação entre elas e as demonstrações da glória e poder de Deus.
 Nuvens são citadas mais de cem vezes no Velho Testamento, frequentemente em relação às aparições de Deus ou demonstrações do poder de Deus.

Consideremos alguns exemplos pertinentes:

“O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho”. (Êxodo 13:21). 
“Disse o SENHOR a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo. Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:9,16). “E a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (Êxodo 24:16). 
“Então, disse Salomão: O SENHOR declarou que habitaria em nuvem espessa!” (2 Crônicas 6:1). 
Nuvens representam a justiça de Deus e a sua vinda para julgar: “Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a base do seu trono” (Salmo 97:2).
“Sentença contra o Egito. Eis que o SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito...” (Isaías 19:1). 
“Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador” (Isaías 30:27). 
Podemos ver a semelhança entre a descrição da vinda do anjo forte neste texto e a aparição da glória do Senhor em Ezequiel 1:4-5,26-28. 
Daniel descreveu uma das suas visões desta maneira: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” (Daniel 7:13). 
Naum fala sobre a soberania de Deus: “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3).
A grande maioria dos mais de 20 versículos no Novo Testamento que usam esta palavra referem-se também, a Deus ou à manifestação de sua glória ou poder. No monte da transfiguração, “Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Quando Jesus profetizou a destruição de Jerusalém pelos romanos, ele disse: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus 24:30). 
Quando Jesus avisou o Sinédrio sobre o iminente julgamento dos judeus rebeldes, ele usou linguagem semelhante: “Eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:64). 
Os fiéis encontrarão Jesus nas nuvens (1 Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse abre com a aparição divina nas nuvens: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (Ap.1:7).
Os outros aspectos da aparição deste anjo forte reforçam a origem celestial da sua mensagem:
Com o arco-íris por cima de sua cabeça: Deus usou o arco-íris para selar a sua aliança com os homens depois do dilúvio (Gênesis 9:12-13,16). Na visão de João do trono de Deus, houve um arco-íris ao redor do trono (Ap.4:3).
O rosto era como o sol: A luz brilhante da glória de Deus. A luz da presença de Deus é mais forte do que o próprio sol (Isaías 60:19-20). 
Malaquias mistura os temas de castigo e consolação quando nasce o sol da justiça: “Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:1-2). O brilho do sol é refletido nos servos do Senhor. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:43; veja 2 Coríntios 3:18).
E as pernas, como colunas de fogo: A perna ou pé na descrição dos quatro seres viventes, ou querubins, na visão de Ezequiel, “luzia como o brilho de bronze polido” (Ezequiel 1:7; veja a descrição dos pés de Jesus – Apocalipse 1:15).

10:2 e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,
E tinha na mão um livrinho aberto: Vamos ver o significado deste livrinho nos versículos 9-11. 
Aqui, observamos algumas diferenças entre este livrinho e o livro do capítulo 5: 
1. Este é um livrinho, mas Jesus recebeu um livro (maior) da mão de Deus. 
2. O livrinho está na mão do anjo que desceu do céu, não na mão de Deus no trono. 
3. O livrinho está aberto e, assim, não precisa de uma pessoa “digna” para abri-lo; o livro estava selado com sete selos e podia ser aberto somente pelo Leão/Cordeiro.
Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra: Imagine o tamanho e o poder deste anjo forte! Pode colocar os pés sobre a terra e o mar, assim mostrando domínio sobre o mundo inteiro. Daqui a pouco, bestas vão subir do mar e da terra (13:1,11). Antes de ver esses servos do diabo emergirem, Deus nos lembra que o anjo dele tem poder superior a toda a força de Satanás e de seus servos.

10:3 e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.
E bradou em grande voz, como ruge um leão: O anjo forte em 5:2 fez sua proclamação em grande voz. O segundo anjo forte, também, tem voz forte, como a de leão. O leão claramente representa a força da voz deste anjo. “O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás” (Provérbios 30:30; veja Isaías 21:8; Jeremias 25:30; Oséias 11:10).
Desferiram os sete trovões as suas próprias vozes: Agora chegamos a mais uma série de sete, os sete trovões. Com toda a força da voz que vem do céu, eles proclamam mais uma parte da vontade de Deus. Por diversas vezes nas Escrituras, trovões acompanham os castigos enviados por Deus. A sétima praga no Egito incluiu trovões, chuva de pedras e fogo (Êxodo 9:23-34). Deus pelejou contra os filisteus com seus trovões (1 Samuel 7:10).

10:4 Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.
Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever: Obediente às instruções recebidas no início do livro (Ap.1:19), João prepara-se para relatar as mensagens dos sete trovões.
Mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram: A instrução geral de Ap.1:19 é suplantada pela ordem mais específica dada aqui. A voz vem do céu, e João é obrigado a obedecê-la. Não escreva as coisas que os trovões falaram. Num livro com o propósito de revelar, por que guardar em segredo as mensagens que Deus enviou nos trovões? Devemos observar, pelo menos, dois motivos: 
1. Em geral, Deus não revela tudo aos homens, e não teríamos a capacidade de compreender todos os pensamentos sublimes de Deus (Isaías 55:8-9). Moisés disse que Deus revela o que precisamos para saber como servi-lo (Deuteronômio 29:29). João disse que o registro da vida de Cristo inclui uma pequena parte de tudo que Jesus fez, mas que foram relatadas as coisas necessárias para criar fé nos leitores (João 21:24-25; 20:30-31). 
2. Quando se trata da proteção dos fiéis, Deus faz muito mais do que ele mostra ao homem. De vez em quando, ele abre a cortina para revelar alguma batalha nas regiões celestiais, para nos confortar com o fato de ele estar constantemente lutando a favor dos servos. Antes da batalha de Jericó, o príncipe do exército do Senhor apareceu a Josué (Josué 5:13-15). Eliseu pediu que Deus mostrasse ao seu ajudante o exército do céu que os protegia dos siros (2 Reis 6:15-16). Daniel foi consolado por um mensageiro que explicou que estava ocupado com a guerra contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10:12-21). Os cristãos primitivos enfrentaram perseguições, mas recebiam, às vezes, confirmações do poder ativo de Deus lutando a favor deles (Atos 4:23-31). Romanos 8 enfatiza o papel ativo do Pai, do Filho e do Espírito Santo a nosso favor. E não é isso o que o Apocalipse ensina? O homem na terra pode ver o que acontece aqui, mas Deus e seus servos fazem muito mais, nas regiões celestiais, para ajudá-lo (Efésios 6:12).

10:5-6 Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu  e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora,
O anjo levantou a mão direita e jurou: Se precisa guardar em segredo as palavras dos trovões, será que o cumprimento será adiado? O juramento do anjo responde imediatamente a esta possível dúvida. Ele levanta a mão direita (veja Daniel 12:7) e jura pelo eterno Deus. Não há dúvida! Mesmo sem revelar todos os pormenores, a palavra de Deus será cumprida.
Já não haverá demora: Novamente, encontramos uma referência ao tempo de cumprimento que promete que as coisas profetizadas aqui aconteceriam em breve (veja, também, 1:1-3; 22:6-7,10,12,20). As muitas interpretações que sugerem que quase tudo no Apocalipse ainda acontecerá, mais de 1.900 anos depois de João, simplesmente contradizem a palavra do Senhor.

10:7 mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.
Nos dias da voz do sétimo anjo: Reforçando ainda mais a iminência do cumprimento do mistério de Deus, este anjo que domina a terra e o mar olha para a sétima trombeta. As primeiras seis já passaram. Não será necessário esperar muito, porque a sétima já trará o cumprimento esperado pelos santos perseguidos.
O mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas: A palavra mistério, na Bíblia, refere-se a coisas ocultas, frequentemente à palavra de Deus outrora oculta e agora revelada. No Velho Testamento, o único livro que usa a palavra mistério é Daniel. A revelação do sonho de Nabucodonosor, no qual o servo de Deus profetizou sobre a missão do Cristo em estabelecer o reino do céu durante o período romano, usa a palavra “mistério” várias vezes (Daniel 2:18-19,27-30,47). A palavra aparece mais uma vez, em Daniel 4:9. A grande maioria das ocorrências desta palavra no Novo Testamento fala do evangelho de Jesus Cristo. Paulo disse: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos” (Romanos 16:25). Ele descreveu seu papel de apóstolo aos gentios: “da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos” (Colossenses 1:25-28). Veja outros exemplos em Mateus 13:11; 1 Coríntios 2:7; 4:1; Efésios 1:9; 3:3,4,9; 6:19; Colossenses 2:2; 4:3; 1 Timóteo 3:9,16. 
No Apocalipse, “mistério” refere-se a aspectos das visões explicados a João (1:20; 17:5,7). 
Somente aqui tem o sentido mais amplo do “mistério de Deus”. O cumprimento do mistério de Deus, então, seria relacionado à divulgação do evangelho para salvar judeus e gentios, e ao estabelecimento do domínio de Cristo sobre as nações.
Deus já anunciou estes planos aos profetas. Quais profetas? Alguns comentaristas citam apenas profetas do Novo Testamento, como o próprio João. Mas, a Bíblia fala sobre os “servos, os profetas” 13 vezes no Velho Testamento antes de usar esta expressão duas vezes no Apocalipse (aqui e em 11:18). 
Não devemos descontar a importância de profecias do Velho Testamento na interpretação do mistério revelado no Apocalipse.
No Antigo Testamento, os “servos, os profetas” foram enviados para avisar o povo do perigo da desobediência (Esdras 9:10-12; Jeremias 7:25-28; 25:4-7) e dos castigos que Deus traria sobre os infiéis (2 Reis 17:23; Jeremias 26:4-6; 44:4-6).
De especial interesse são algumas profecias do Velho Testamento que olharam para o estabelecimento do reino de Jesus e a sua soberania sobre as nações. Ezequiel 36 e 37 profetizam da restauração de Israel, ou seja, do estabelecimento do reino de Cristo, Israel espiritual. Uma vez estabelecido, o reino seria ameaçado pelas nações, representadas pela multidão liderada por Gogue de Magogue. Mas Gogue não prevaleceria, pois o Senhor chamaria “contra Gogue a espada em todos os meus montes” e contenderia“ com ele por meio da peste e do sangue; chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre....” (Ezequiel 38:21-22). O resultado destes castigos divinos: “Assim, eu me engrandecerei, vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o SENHOR” (38:23). Davi disse que o estabelecimento do reino do Messias seria acompanhado por desafios e rebeliões dos gentios, povos, reis e príncipes, mas que o Rei os despedaçaria com sua vara de ferro (Salmo 2). Joel profetizou da vinda do Espírito (Joel 2:28-32), profecia esta cumprida a partir do Dia de Pentecostes (Atos 2:16-21). Logo em seguida, ele disse que as nações ameaçariam o povo de Deus (Israel espiritual) e seriam julgados por Deus no vale de Josafá ou vale da Decisão (Joel 3). Desta maneira, Deus venceria os inimigos e estabeleceria, em segurança, a sua habitação em Jerusalém (Joel 3:18-21). 
As comparações entre Joel 3 e vários temas do Apocalipse são inegáveis. Ainda mais óbvias são algumas comparações entre Daniel e o Apocalipse. O reino de Deus seria estabelecido durante o período do império romano e teria domínio eterno sobre todas as nações (Daniel 2:44). Daniel até profetiza sobre vários reis ou imperadores romanos, e especialmente sobre a derrota de um destes reis (7:7-11). Veremos mais sobre as ligações entre Daniel 7 e o Apocalipse em outras lições, especialmente quando chegamos ao capítulo 17.
O que podemos esperar, então, na sétima trombeta? Que será cumprida a missão de Jesus de se estabelecer como o Soberano Rei, dominando as nações com a vara de ferro e despedaçando os inimigos rebeldes.
 Mas, antes de ouvir a sétima trombeta, ainda precisamos ver o resto das coisas que João viu no intervalo.

10:8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.
A voz que ouvi estava de novo falando comigo: A mesma voz do versículo 4. A primeira vez, esta voz proibiu que João escrevesse sobre os sete trovões. Esta vez, ela lhe dará outra instrução.
Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo: Já observamos vários pontos de contraste entre este livrinho e o livro do capítulo 5 (veja comentários sobre 10:2). Agora a voz manda João a tomar o livro da mão do anjo.
Anjo em pé sobre o mar e sobre a terra: Novamente, o narrativo destaca a posição deste anjo (cf. 10:2). Muito diferente do anjo caído do céu que abriu o poço do abismo, este anjo tem seus pés firmemente plantados sobre a terra e o mar. A estrela caída do céu dominou os gafanhotos durante cinco meses. O anjo forte no capítulo 10 pode garantir o cumprimento do plano de Deus. Que consolo saber que João recebe as suas ordens da mão deste anjo forte.

10:9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.
Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho: João foi obediente à voz do céu e foi pedir o livrinho.
Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o: Esta cena é semelhante à de Ezequiel 2:8 - 3:6. No início do sexto século a.C., Ezequiel foi enviado como profeta à casa de Israel. O rolo do livro que ele comeu representou a sua incumbência como profeta. O sabor era doce, mas a tarefa difícil. O anjo avisou João que este livrinho seria doce na boca, mas amargo no estômago. João recebeu uma tarefa desagradável.

10:10 Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.
Tomei o livrinho e o devorei: João foi obediente. Ele não fez desculpas e não fugiu da sua missão. Comeu o livrinho.
Na minha boca, era doce como mel; quando, porém. O comi, o meu estômago ficou amargo: O livrinho foi exatamente como o anjo dissera. Veremos a amargura da missão de João no próximo versículo. O trabalho no reino do Senhor envolve esses dois aspectos. 
Traz uma grande alegria quando presenciamos as transformações de vidas que o evangelho causa. Por outro lado, o servo fiel tem a obrigação de avisar sobre as consequências da rejeição da palavra e sobre a punição preparada para os desobedientes. João não fugiu da sua responsabilidade, mas muitos pregadores hoje negligenciam o lado severo do evangelho e divulgam uma mensagem incompleta e desequilibrada. 
É muito mais agradável falar da bondade do que da severidade (Romanos 11:22). É bom falar sobre o perdão e a salvação (Hebreus 9:28), mas não devemos excluir a mensagem de vingança e castigo (Hebreus 10:26-31). Deus é santo, e assim não pode manter comunhão com o pecado. Ele é, também, amor, e quer salvar todos dos seus pecados. A tendência do homem é de exagerar um lado do caráter de Deus e diminuir a importância do outro, esquecendo que o mesmo Deus que oferece alívio tomará vingança e banirá de sua face os que não o conhecem ou que não o obedecem (2 Tessalonicenses 1:6-10).

10:11 Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.
É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis: Este versículo reforça o significado do livrinho. João é obrigado a profetizar sobre nações e reis. Já falou sobre pragas e castigos atingindo um número cada vez maior de pessoas, até causando a morte de grandes multidões. Mas tem mais pela frente. A difícil missão de João incluirá profecias sobre muitos povos.

O intervalo entre a sexta e a sétima trombetas enfatiza vários fatos importantes dentre os quais destacamos:

1. Deus e seus servos sempre são mais fortes do que o diabo e seus seguidores. O anjo forte do Senhor tem poder sobre a terra e o mar, enquanto o Destruidor recebeu autoridade por alguns meses sobre os gafanhotos. 

2. Deus faz muito mais do que ele revela aos seus servos. Os sete trovões servem como exemplo.
3. A sétima trombeta anunciaria o cumprimento do mistério de Deus. 

4. A missão do servo de Deus tem seu lado doce, mas inclui, também, a amargura de pregar a pessoas condenadas por sua rebeldia. No próximo capítulo, veremos mais duas cenas do intervalo antes de ouvir a sétima trombeta.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 



segunda-feira, 2 de abril de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 9

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 9


Este capítulo do Apocalipse trata do toque da Quinta e da Sexta Trombetas (Apocalipse 9:1-21).

Depois do quarto anjo tocar a sua trombeta e os corpos celestes escurecerem, passou uma águia avisando sobre as últimas três trombetas. Ela clamou: “Ai! Ai! Ai dos que moram na terra....”. As últimas três trombetas são os três ais. Falaremos aqui sobre os primeiros dois deles.

A Quinta Trombeta é tocada: O Primeiro Ai (9:1-12).

9:1 O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.
Vi uma estrela caída do céu na terra: João já viu uma estrela caindo do céu (8:10), mas agora ele vê uma que já caiu. 
Esta estrela representa uma pessoa, pois recebe a chave do poço do abismo. Estrelas são usadas na Bíblia, às vezes, para representar autoridades (Números 24:17; Daniel 8:10; Mateus 24:29). 
Uma estrela caída seria uma pessoa de autoridade punida ou derrotada, como aconteceu com o rei da Babilônia (Isaías 14:12). Quando Jesus demonstrou seu poder sobre os demônios, os servos do diabo, ele disse: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Lucas 10:18). 
Em Apocalipse 12, presenciaremos a derrota de Satanás numa batalha no céu, resultando na expulsão do diabo (12:7-9). 
Tudo sugere que a estrela caída aqui seja o próprio Satanás. 
Observamos o contraste entre o diabo, a estrela caída que traz trevas, e Jesus, a “brilhante Estrela da manhã” (22:16). 
Satanás recebe a chave do poço do abismo, mas Jesus segura a chave da morte e do inferno (1:18). Não há dúvida sobre a superioridade do poder do Cordeiro!
E foi-lhe dada a chave do poço do abismo: A chave representa autoridade, e aqui Satanás recebe autoridade sobre o poço do abismo. O diabo age dentro dos limites estabelecidos por Deus (Jó 1:12; 2:6). 
Aqui, ele tem autoridade sobre as criaturas da região infernal, a região dos demônios (Lucas 8:31). 
O Destruidor é o rei do abismo (9:11). É do abismo que subirá a besta para perseguir e matar os servos de Deus (11:7; 17:8). Mais tarde, o abismo servirá como a prisão de Satanás (20:1-3,7).

9:2 Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar.
Subiu fumaça, escureceu-se o sol e o ar: Esta estrela traz trevas, não luz. Quando ela abre o poço do abismo, sobe tanta fumaça que escurece a terra. As trevas são a ausência da luz. “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”. (1 João 1:5). O trabalho do diabo sempre tem sido de ocultar a luz de Deus, tentando manter o mundo nas trevas (2 Coríntios 4:3-4; Mateus 4:16; João 3:19; Atos 26:18; Efésios 5:8,11; Colossenses 1:13; 1 Pedro 2:9). Aqui, ele abre o poço do abismo e o mundo se escurece. Ele traz as trevas do erro e da iniquidade para enganar os homens e os manter longe de Deus. No sentido que Deus permite este trabalho de Satanás, que ele lhe deu a chave, percebemos que Deus permite os homens a serem castigados com o engano e as mentiras, consequências do próprio pecado. Paulo disse que “Deus entregou tais homens à imundícia “pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira”. E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável”. (Romanos 1:24-28).
A ignorância que vem como resultado do pecado é, de certa forma, um castigo divino.

9:3 Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra,
Saíram gafanhotos para a terra: Leitores do Antigo Testamento entendem bem que gafanhotos são usados em pragas divinas. A oitava praga no Egito foi a invasão pelos gafanhotos (Êxodo 10:1-20). Gafanhotos aparecem entre as pragas citadas na oração de Salomão na dedicação do templo (1 Reis 8:37) e como exemplo de praga na aliança de Deus com o filho de Davi (2 Crônicas 7:13). Veja outros exemplos em Amós 7:1-3 e Joel 1:4.
Foi-lhes dado poder como escorpiões: Os gafanhotos da quinta trombeta, porém, não são insetos que devoram plantações. Eles recebem veneno como o de escorpiões para atacar homens. Serpentes e escorpiões representam o poder do diabo. (Lucas 10:19). Isso revela também o poder bélico das nações através de armas químicas, biológicas, sonoras, radioativas, etc.

9:4 e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte.
Foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma: Esta praga de gafanhotos, com seus ferrões venenosos, atingiria homens, não plantas! Os gafanhotos são instruídos a não prejudicar nenhum tipo de planta. 
Tão somente aos homens que não têm o selo de Deus: As vítimas deles são homens, mas somente os homens que não pertencem a Deus. (7:3-8). Os homens atingidos por esta praga são aqueles que vivem nas trevas, que seguem o Diabo e suas mentiras, que perseguem os fiéis. Os servos de Deus são protegidos. O fato que esta praga afeta os homens na terra (9:3) serve como mais uma prova de que os 144.000 são servos de Deus na terra, não no céu.

9:5 Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém.
Não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses: O efeito deste castigo não é a morte, e sim o tormento. Dura cinco meses, mostrando que o período do castigo seria determinado e limitado por Deus. Esta praga não é fatal nem final. Não causa a morte, mas traz grande sofrimento aos ímpios.
O seu tormento era como tormento de escorpiões quando ferem alguém: O escorpião raramente mata o homem, mas o seu veneno causa dor intensa e ataca o sistema nervoso. Os opressores do povo de Deus sofreriam muita dor, mas não seriam mortos, por enquanto.

9:6 Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.
Os homens buscarão a morte e não a acharão: Esta frase frisa a intensidade do sofrimento. A morte seria considerada um alívio da dor infligida pelos escorpiões. Jó expressou o mesmo sentimento durante a sua aflição (Jó 3:20-22), e Jeremias usou linguagem semelhante para descrever o sofrimento de Judá (Jeremias 8:3).
Terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles: Novamente, ele enfatiza a natureza desta praga. Os gafanhotos do abismo não receberam autoridade para matar, mas causam sofrimento terrível. Mesmo procurando a morte, os homens não conseguem escapar desta praga (veja 6:16).

9:7 O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem;
O aspecto dos gafanhotos era semelhante a...vejamos:
A descrição da aparência dos gafanhotos nos lembra de Joel 1:4,6; 2:4-10. São opressores terríveis, inimigos fortes que vêm com uma força quase irresistível contra os homens.
Cavalos preparados para a peleja: A cavalaria deu uma vantagem enorme aos exércitos antigos (1 Reis 20:1; 2 Reis 6:15). Salomão importava cavalos do Egito para fortalecer a defesa de Israel (2 Crônicas 9:28). Os homens sempre enfrentavam a tentação de confiar na sua força militar, representada por cavalos, ao invés de confiar em Deus (Salmo 20:7; Isaías 31:1). Cavalos aparecem frequentemente nas figuras proféticas de castigo e destruição: “Eis aí que sobe o destruidor como nuvens; os seus carros, como tempestade; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! Estamos arruinados!” (Jeremias 4:13; veja 6:23; 8:16; 47:3; 50:42; 51:27; Ezequiel 26:11; Naum 3:2; Habacuque 1:8).
Como que coroas parecendo de ouro: Esta é a única vez que a palavra “stephanos”, a coroa da vitória, aparece em relação aos ímpios. Em todos os outros casos, mostra a vitória de Cristo ou dos santos. Aqui, os servos do diabo dão a impressão de ser vitoriosos, mas a própria linguagem sugere uma falsa vitória: 
“como que coroas parecendo de ouro”. Os servos do inimigo podem imitar a vitória dos santos, mas jamais terão a vitória final.
O seu rosto era como rosto de homem: Figuras de animais ou insetos com características humanas normalmente sugerem a inteligência. Estes servos do diabo são seres inteligentes, capazes de agir conforme as instruções do seu líder.

9:8 tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão;
Cabelos, como cabelos de mulher: Qualquer explicação reconhece uma criatura estranha. Não são gafanhotos comuns! Os cabelos da mulher representam sua submissão (1 Coríntios 11:15). Pode significar a submissão dos gafanhotos a Satanás. Cabelos femininos sugerem, também, a beleza, um aspecto mais suave do que a aparência das outras características. O diabo usa coisas que parecem boas, inofensivas e atraentes para conquistar sua presa, e depois ataca com a astúcia (rosto de homem) e força (dentes de leão).
Dentes, como dentes de leão: Mais uma figura do poder destrutivo desses gafanhotos do abismo. Podem usar a inteligência e a beleza para seduzir, mas mordem com a ferocidade de um leão (1 Pedro 5:8).

9:9 tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja;
Couraças, como couraças de ferro: Estes guerreiros do diabo estão preparados para a guerra. Eles têm condições de se defenderem na batalha contra os homens. Mesmo quando os homens resistem,

9:10 tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses;
Cauda, como escorpiões, e ferrão, poder para causar dano aos homens, por cinco meses: Este versículo repete as informações dadas nos versículos 3 a 5. Os gafanhotos com ferrões de escorpiões causariam sofrimento entre os homens durante cinco meses.

9:11 e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.
Seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom: Parece que o anjo do abismo e a estrela caída que recebeu a chave do poço do abismo são a mesma pessoa, Satanás. Se não for o próprio diabo, certamente seria um servo dele com poder sobre outros servos. O nome é dado em dois idiomas, e o sentido é o mesmo: Destruição ou Destruidor. Este versículo é o único no Novo Testamento que usa estas palavras. A palavra hebraica aparece algumas vezes no Antigo Testamento em referência à morte e à destruição (veja Jó 26:6; 28:22; 31:12; Salmo 88:11; Provérbios 15:11; 27:20). Deus cria, dá vida, edifica, causa crescimento, etc. O diabo destrói e provoca o sofrimento e a morte. “Ele foi homicida desde o princípio” (João 8:44).

9:12 O primeiro ai passou mas, vêm ainda dois ais: As últimas três trombetas são os três ais anunciados pela águia (8:13). 
O primeiro ai, a quinta trombeta, passou. Neste ai percebemos o poder destrutivo do pecado, a arma principal do anjo do poço do abismo. O pecado provoca sofrimento e tormento, mesmo antes dos homens chegarem à morte. Entendendo a quinta trombeta desta maneira, podemos ver aqui os efeitos de decadência, perversão e corrupção que vêm de dentro, uma sociedade pecaminosa se destruindo na iniquidade.
Ainda aguardamos mais dois ais, as sexta e sétima trombetas (veja 11:14).

A Sexta Trombeta é tocada: O Segundo Ai (9:13-21).

9:13 O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus,
O sexto anjo tocou a trombeta: Ele anuncia a mensagem da sexta trombeta.
Ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro: É o mesmo altar que encontramos no sétimo selo (8:3-5), o altar do incenso que pertence ao Santo dos Santos (Hebreus 9:3-4). As trombetas são respostas divinas às orações dos santos. A voz procede dos ângulos ou chifres do altar (veja a descrição do altar do incenso, em Êxodo 37:25-28).

9:14 dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.
O sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: A voz do altar manda o anjo que acabou de tocar a trombeta agir.
Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates: A destruição da quinta trombeta veio de dentro. A sexta anuncia castigo que vem de fora. O rio Eufrates, de onde vieram antigos inimigos de Israel e Judá, representa a força militar de um poder invasor usado por Deus como instrumento de castigo: “Eis que o Senhor fará vir sobre eles as águas do Eufrates, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; águas que encherão o leito dos rios e transbordarão por todas as suas ribanceiras. Penetrarão em Judá, inundando-o, e, passando por ele, chegarão até ao pescoço” (Isaías 8:7-8). Os versículos subsequentes apoiam esta interpretação, mostrando a ideia de um ataque militar. Se o poder perseguidor que afligia os cristãos na Ásia foi o império romano, o castigo aqui seria um ataque contra o mesmo império. Deus tem poder para usar a força militar de uma nação para castigar outra, como ele tem feito muitas vezes ao longo da história.
Alguns comentaristas procuram identificar aqui um exército ou uma nação específica, especialmente olhando para países na região do Eufrates. Parece mais coerente entender o significado simbólico do Eufrates em relação à força militar e o castigo divino, sem tentar identificar um certo país invasor.

9:15 Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens.
Foram, então, soltos os quatro anjos: O sexto anjo obedeceu a ordem da voz e soltou os quatro anjos.
Que se achavam preparados: Como instrumentos de Deus, os anjos estavam preparados para o momento exato determinado pelo Senhor. Esta trombeta responde às orações dos santos, mas somente quando Deus manda. “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade” (Atos 1:7). Os anjos são soltos para castigar os perseguidores quando Deus determina.
Para que matassem a terça parte dos homens: Pragas que afetam a terça parte são típicas das trombetas. A primeira afetou a terça parte da terra e das plantas (8:7). A segunda atingiu a terça parte do mar, da vida marinha e das embarcações (8:8-9). A terceira prejudicou a terça parte das águas doces (8:10-11). A quarta escureceu a terça parte dos céus (8:12). Agora, a sexta traz a morte da terça parte dos homens. A quinta trombeta causou dor, mas não matou. A sexta traz a morte para alguns, mas não para todos.

9:16 O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número.
O número dos exércitos da cavalaria: Já temos observado que os números no Apocalipse são, geralmente, simbólicos. Aqui o número de soldados (da cavalaria) é enorme, 200 milhões. O poder do perseguidor pode causar medo, mas não compara ao poder do Deus que protege seus servos selados. O diabo pode atormentar os seus próprios servos com gafanhotos que parecem com cavalos, mas Deus envia sua cavalaria enorme para esmagar o inimigo! A mesma ideia do poder irresistível de Deus se encontra em Ezequiel, avisando os inimigos e confortando os protegidos: “Assim diz o SENHOR: Eis que eu sou contra ti, e saberão que eu sou o SENHOR. Farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome, e as nações saberão que eu sou o SENHOR, o Santo em Israel” (Ezequiel 39:1-7).

9:17 Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre.
Os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre: As cores das couraças são, provavelmente, vermelho (fogo), azul (jacinto) e amarelo (enxofre), e apresentam a imagem aterrorizante do exército usado como instrumento de Deus para castigar os malfeitores. 
Enxofre, na Bíblia, é sempre ligado ao castigo divino (veja alguns exemplos: Gênesis 19:24; Deuteronômio 29:23; Salmo 11:6; Isaías 30:33; Ezequiel 38:22; Apocalipse 14:10; 19:20; 20:10; 21:8).
A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre: 
A imagem do forte exército vencedor enviado por Deus. Estes cavalos têm cabeças de leões e fogo saindo de suas bocas! Não servem apenas para levar os soldados à batalha. Os próprios cavalos são ferozes com o poder para trazer julgamento divino contra os opressores.

9:18 Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens;
Por meio destes três flagelos: O que sai das bocas dos cavalos é, certamente, um castigo de Deus. O fogo, a fumaça e o enxofre são pragas usadas para castigar.
Foi morta a terça parte dos homens: Ele já disse, no versículo 15, que esta trombeta causaria a morte de um terço dos homens. Aqui, ele diz que estas mortes vêm por causa dos flagelos das bocas dos cavalos.

9:19 pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.
A força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda: Já falou sobre as pragas que saem da boca. Agora destaca as caudas bem diferentes destes cavalos. 
O mais que procuramos visualizar os cavalos desta visão, o mais que percebemos a impossibilidade de serem literalmente cavalos. As imagens fortes comunicam, simbolicamente, uma mensagem do poder do exército enviado por Deus para castigar e matar.
A sua cauda se parecia com serpentes: Os cavalos chegaram com suas couraças e suas cabeças de leões, soprando as pragas de fogo, fumaça e enxofre. Deixaram para trás o sofrimento causado pelo veneno de suas caudas, que pareciam serpentes causando dano.

9:20 Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar;
Os outros homens. não se arrependeram: Isso é incrivelmente lamentável.   Depois de vários outros castigos, Deus mandou um exército para matar um terço dos homens, e os sobreviventes não se arrependeram dos seus pecados. Mas não é isso a tendência dos homens, até hoje? Mesmo quando a pessoa sofre consequências diretamente ligadas ao seu próprio pecado, recusa aprender a lição. Procura qualquer outra explicação, mas não admite a possibilidade de um castigo divino. E quando outros sofrem por seus erros, parece tão fácil virar os olhos e dizer que isso nunca acontecerá conosco. Podemos ver o estrago na vida dos outros, causado por imoralidade, ou abuso de álcool, ou uso de drogas e, ainda assim, conseguimos nos enganar. Podemos fazer as mesmas coisas sem sofrer a mesma consequência. Os cemitérios ao nosso redor estão cheios dos corpos de pessoas que pensaram assim, e morreram cedo demais. Certamente, o inferno estará cheio de homens, mulheres e jovens que compartilharam o mesmo pensamento errado.
Deixando de adorar os demônios e os ídolos: Tanto no Velho como no Novo Testamento, a idolatria é associada à adoração de demônios (Levítico 17:7; Deuteronômio 32:17; Salmo 106:37; 1 Coríntios 10:20-21). A idolatria era um dos problemas graves na Ásia e no império romano em geral, e aparece aqui como o principal motivo deste castigo. A idolatria está presente, infelizmente, em todo o universo.  A perseguição dos cristãos pelo governo romano veio principalmente por causa da insistência dos santos em adorarem o único Deus verdadeiro, recusando os falsos deuses dos romanos, sejam os antigos ídolos, sejam os próprios imperadores representados por seus templos e imagens.
Que nem podem ver, nem ouvir, nem andar: Os ídolos, feitos por mãos humanas, são totalmente impotentes. Isaías fala da loucura de fabricar e adorar seus próprios deuses. Antes de descrever esse processo ridículo, ele relata o desafio e a afirmação de Deus: “Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça” (Isaías 44:8). Ele termina a sua descrição com estas palavras sobre os homens que adoram ídolos: “Nenhum deles cai em si, o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira em quem eu confio?” (Isaías 44:19-20).

9:21 nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.
Nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, feitiçarias, prostituição, furtos: A lista dos erros do povo começou com a idolatria, uma atitude errada contra Deus, mas incluiu outros erros, pecados contra outras pessoas. 
Uma vez que desprezaram o conhecimento do Senhor Deus, Ele “os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem todas essas aberrações e coisas “inconvenientes”;  e “conhecendo” eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”.(Romanos 1:28-32).

Os pecados principais condenados aqui são:

1. Homicídio: Desrespeito para com a vida santificada pelo Criador, um crime que merece a morte (Gênesis 9:6).

2. Feitiçarias: A palavra grega usada aqui, “pharmakeia”, aparece somente três vezes no Novo Testamento (aqui, 18:23 e Gálatas 5:20). Nossa palavra farmácia vem desta palavra, sugerindo o uso de drogas, especialmente nos encantamentos de bruxaria.

3. Prostituição: Relações sexuais ilícitas são, frequentemente ligadas à prática de idolatria (2:14,20; 1 Coríntios 10:7-8).

4. Furtos: A pessoa que não honra Deus, nem respeita as pessoas criadas na imagem de Deus, não tem motivo para respeitar as coisas dos outros. Quando decidimos servir a Cristo, deixamos tais práticas. (Efésios 4:28; Tito 2:10).
Estas duas trombetas avisaram os perversos de alguns dos castigos que viriam. Os servos do diabo atormentam os homens durante 5 meses, e os servos de Deus matam a terça parte dos perversos e idólatras. 

Ainda aguardamos a última trombeta, o terceiro ai. Mas antes de ouvir o sétimo anjo tocar a sua trombeta em Apocalipse 11:15, veremos as visões do intervalo.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 




domingo, 1 de abril de 2018

JESUS CRISTO É A NOSSA PÁSCOA

JESUS CRISTO É A NOSSA PÁSCOA

Feliz Páscoa para todos. 

“Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”, 1Co 5.7.

A palavra páscoa, quer dizer “passagem”, tem sua origem na língua hebraica, uma das línguas originais da Bíblia. O povo de Israel, o povo de Deus, esteve escravizado por mais de 400 anos no Egito. Chegou o dia, porém, em que Deus daria libertação ao seu povo.

Deus colocou Moisés à frente do seu povo para o grande momento de libertação. O mesmo Moises conduziria aquele povo a uma terra diferente, a uma terra de liberdade, à Terra Prometida. 

Deus ordenou que na hora da libertação, o povo celebrasse a páscoa e que fosse sempre lembrada através dos anos. Êxodo 12. 

A páscoa consistia na morte de um cordeiro, cujo sangue seria colocado nas ombreiras e vergas de todas as portas, pães sem fermento e ervas amargosas, que seriam comidos um dia antes. Cada um teria que cingir os lombos, ter calçados nos pés e cajados nas mãos. Nm 9.1,2 diz: “E falou o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, no ano segundo da sua saída da terra do Egito, no primeiro mês, dizendo: Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado”.

Tudo isto simboliza a passagem da morte para a vida. Um símbolo que veio concretizar-se no Novo Testamento, através da pessoa de Jesus Cristo, que morreu por nossos pecados e que nos aproximou de Deus, pois estávamos escravizados e mortos espiritualmente. Ele, como o Cordeiro de Deus, propiciou a vida eterna, a verdadeira vida para os que nele cressem. Ef 2.13 diz: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. “Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”, 1Co 5.7.

Hoje, domingo de Páscoa, estamos celebrando a ressurreição de Jesus Cristo. Este pode ser um dia maravilhoso como um marco de vitória sobre a morte e o princípio da vida eterna. 

Nem todos entendem o porquê de Cristo ter sido morto e ressuscitado, pois com o seu ato de justiça e amor, ele pode hoje mesmo dar resposta aos problemas sobre a morte espiritual, a morte física e as interrogações da vida.

“Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais”, Ef 2.1-3. 

Ele faz passarmos por verdadeiras mudanças de vida! Por isto ele é chamado de a nossa páscoa. Depois de ter cumprido sua missão de salvar os que cressem nele, hoje está à direita do Pai intercedendo por nós. Hoje sua vida em nós permite que tenhamos uma nova vida, plena e abundante. É a nossa nova natureza em Cristo. 

Independentemente da forma tradicional que as pessoas e as religiões comemoram a páscoa nesta data (com coelhinhos, ovos de chocolate, cestinhas com papéis coloridos, etc), comemoremos, acima de tudo, aquele que deu sua vida por nós, nos fazendo passar da morte para a vida e que um dia vai governar sobre tudo e sobre todos, para todo sempre.

Jesus Cristo ressuscitado, é o motivo da Páscoa do Cristão. Nosso símbolo da Páscoa não deve ser o coelho,  porque o Cordeiro de Deus é o que tira o pecado do mundo e salva o mais vil pecador. 

Então a Páscoa é a celebração da morte e ressurreição de Jesus. Na cruz, Jesus levou todos os nossos pecados, tomando nosso castigo em nosso lugar. Mas Jesus não permaneceu morto, no terceiro dia ele ressuscitou.

Jesus venceu a morte e agora nos oferece a salvação. Todos que creem em Jesus como seu salvador têm seus pecados perdoados, recebem uma vida nova como filhos de Deus e teem a promessa da vida eterna.

Assim como Deus libertou os israelitas da escravidão no Egito, ele nos liberta da escravidão do pecado. Não precisamos mais ter medo da condenação porque Jesus morreu em nosso lugar. Agora podemos viver para Jesus, aprendendo a fazer a vontade de Deus.

Feliz Páscoa para todos em nome de Jesus. 

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor



sábado, 31 de março de 2018

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 8

LIVRO DO APOCALIPSE CAPÍTULO 8


Este capítulo 8 do livro do Apocalipse trata das quatro trombetas, da abertura do sétimo selo, dos sete anjos com as sete trombetas e das quatro primeiras trombetas que são tocadas. (1-13).

As Primeiras Quatro Trombetas (Apocalipse 8:1-13).

Neste capítulo 8, havia uma grande expectativa do aguardado sétimo selo que ainda não tinha sido aberto. Os primeiros seis foram abertos no capítulo 6, e o sexto foi especialmente severo. O intervalo do capítulo 7 nos assegurou a proteção de Deus aos fiéis que não negaram o nome de Jesus no período da grande tribulação. Chegamos ao capítulo 8 esperando a abertura do sétimo selo. Ao invés de nos trazer, de uma vez, ao fim da revelação do plano de Deus, o sétimo selo abre uma outra série de sete. Este capítulo relata os acontecimentos resultantes quando os anjos tocam as primeiras quatro de sete trombetas.

O Cordeiro Abre o Sétimo Selo (8:1-6).

8:1  Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.

O Cordeiro abriu o sétimo selo: Depois do intervalo do capítulo 7, o Cordeiro volta ao último selo.

Houve silêncio no céu cerca de meia hora: Aumentando ainda mais a expectativa dos ouvintes, este selo abre com silêncio. Nenhum ser vivente fala. Não se ouve o clamor das almas dos mártires. Não há nenhum terremoto ou outros eventos da ira de Deus por enquanto. O silêncio é total no céu. Novamente a apresentação dramática destaca a importância da revelação e da reverência devidas a Deus. Moisés, em um de seus discursos finais a Israel, disse: “Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás à voz do SENHOR, teu Deus, e lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno”. (Deuteronômio 27:9-10). 

Quando Habacuque questionou a execução da justiça de Deus e ouviu as advertências dirigidas aos malfeitores, ele ouviu a proclamação que “O Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”. (Habacuque 2:20). 

O silêncio diante de sofrimento reflete a confiança em Deus: “Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio”. (Lamentações 3:26). Dizem os pregadores que quando Deus está em silêncio é porque está trabalhando.

8:2 Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.

Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas: De novo, fica claro que Deus manda e que as revelações das trombetas veem do Senhor. Sete anjos em pé diante do trono do Senhor recebem as trombetas. Trombetas tinham diversas funções no Antigo Testamento. (Números 10:1-10). 

Dois usos têm significado relevante aqui. 

Serviam para soar o alarme no caso de guerra, e para convocar a multidão ao santuário de Deus. 

As sete trombetas vão anunciar guerras divinas contra os ímpios.

8:3  Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono;

Outro anjo ficou de pé junto ao altar: O altar de incenso, que ficava diante do trono de Deus.

Incensário de ouro, muito incenso, orações de todos os santos: Este anjo age como se fosse um sacerdote levando o incenso e as orações ao trono do Senhor. Foi uma das responsabilidades importantes dos sacerdotes levitas no Velho Testamento. (Êxodo 30:7-9). O sangue sacrificial e o incenso aromático serviam para evitar a morte dos servos de Deus. (Levítico 16:11-14; Números 16:46).

8:4 e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.

Subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos: Davi falou para o Senhor: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso”. (Salmo 141:2). 

As taças de incenso representam as orações dos santos. (5:8). O anjo entrega as orações, que sobem à presença de Deus.

8:5  E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.

O anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra: O incensário servia para levar as petições dos santos ao Senhor. Agora, serve também para trazer uma resposta divina. Se os santos pedem justiça (6:10), é justiça que verão e terão. O anjo enche o incensário do fogo do altar e o atira à terra. Encontramos uma cena semelhante em Isaías 6, onde um serafim tira uma brasa do altar para purificar o profeta. (Isaías 6:6-7). A purificação que segue no Apocalipse vem por meio do castigo dos ímpios. Fogo do céu tem duas funções na Bíblia:

1. Consumir os sacrifícios oferecidos ao Senhor. (1 Crônicas 21:26; 2 Crônicas 7:1). 

2. Castigar os inimigos de Deus. (2 Reis 1:10,12; Lucas 9:54). 

Podemos ver aqui os dois sentidos, pois a morte dos inimigos de Deus apazigua a ira divina. Ouve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto: Os servos aguardam em silêncio, e Deus responde com trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.

 Asafe escreveu: “Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar. Os céus anunciam a sua justiça, porque é o próprio Deus que julga. Escuta, povo meu, e eu falarei: Eu sou Deus e fora de Mim não há outro”. (Salmo 50:3-7).

8:6 Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar.

Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar: O sétimo selo revela as sete trombetas. Este versículo é a transição que introduz a próxima série de sete. Os sete selos foram divididos em quatro (anunciados pelos quatro seres viventes) e três, com um intervalo entre o sexto e o sétimo que mostrou a proteção divina para os fiéis. De modo semelhante, as trombetas podem ser divididas em quatro e três (estas últimas chamadas de ais). 

Depois do anjo tocar a sexta trombeta, encontramos cenas diferentes que tratam da missão de João, da proteção dos fiéis, e da vitória das testemunhas do Senhor.

A Primeira Trombeta. (8:7).

8:7 O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.
O primeiro anjo tocou a trombeta: Cada uma das sete trombetas será tocada por um dos anjos apresentados no versículo 2.

Houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. A primeira trombeta nos lembra das pragas usadas para castigar os egípcios. Na sétima praga, caiu “chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras”. (Êxodo 9:24). 

Na primeira, as águas se tornaram em sangue.(Êxodo 7:17).

Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde e ainda não chegamos ao castigo total ou final, pois esta trombeta fala da destruição da terça parte da terra, especificamente das plantas. A terça parte é citada em outros castigos desta série. (veja 8:8,9,10,11,12; 9:15,18).

A Segunda Trombeta. (8:8-9).

8:8 O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue,

Observe que uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar: nada pode aqui ou em qualquer lugar impedir o poder de Deus. Somente o Senhor tem tal poder sobre montanhas. Deus cria os montes e pode pisar os altos. (Amós 4:13). 

É somente quem pode queimar uma montanha em julgamento. (Miquéias 1:3-5), ou até atirá-la no mar para cuidar dos seus servos, se for necessário. (Mateus 21:21). Deus deu a Zorobabel a vitória sobre o grande monte. (Zacarias 4:7). Quando Deus revelou as suas intenções de castigar a Babilônia, ele usou linguagem semelhante à da segunda trombeta: “Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o SENHOR, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas.

De ti não se tirarão pedras, nem para o ângulo nem para fundamentos, porque te tornarás em desolação perpétua, diz o SENHOR”. (Jeremias 51:25-26).

Montanhas frequentemente representam autoridades ou reinos. (Isaías 2:2). O mar servia como um dos principais meios de comércio. (Isaías 23:2; Ezequiel 27:3). Neste sentido, a segunda trombeta pode sugerir um castigo que atinge a economia. O mar, também, pode representar os povos do mundo (Salmo 98:7; Isaías 23:11; 41:5; Ezequiel 26:16-18; Daniel 7:2-3). O castigo aqui seria a derrota de uma grande autoridade, atingindo os povos da terra. 

O termo “Cuja terça parte se tornou em sangue”: Significa que novamente ele usa linguagem da primeira praga no Egito. (Êxodo 7:17). 

É um castigo grave, mas não total.

8:9 e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações.

E morreu a terça parte da criação que tinha vida, significa que foi destruída a terça parte das embarcações. O mar está cheio de vida, mas esta trombeta destrói um terço das criaturas do mar. Também afeta o comércio, destruindo um terço das embarcações. Na época do Novo Testamento, os romanos dominavam um império construído pelo controle do Mar Mediterrâneo. A expansão do poder romano durante quase quatro séculos havia garantido domínio sobre as principais rotas comerciais entre três continentes a Europa, a Ásia e a África. Uma praga que destrói a terça parte das embarcações deixaria o império aleijado e enfraquecido.

A Terceira Trombeta. (8:10-11).

8:10  O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha.

Vejam que caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela: 

A terceira trombeta desta série de castigos usa uma estrela para atingir as águas doces que os homens precisam para beber. As estrelas, como parte da criação de Deus, lhes servem como guia noturno para as fontes das águas.  (Salmo 148:3). 

Ele tem poder para usar as estrelas nas suas batalhas a favor dos fiéis e assim Ele o fará (Juízes 5:20) e como instrumentos de castigo também. (Mateus 24:29; Apocalipse 6:13). 

O efeito desta estrela é a poluição da terça parte dos rios e das fontes de águas.

8:11 O nome da estrela é Absinto.

“e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas”.

O nome da estrela é Absinto; Absinto é uma erva que aqui representa amargura (Lamentações 3:15,19) e especialmente o veneno de castigo divino. (Provérbios 5:4; Jeremias 9:15; 23:15).

Aqui, Deus ataca as águas potáveis, nos lembrando do efeito da primeira praga no Egito. (Êxodo 7:20-21). 

Quando Deus abençoou o seu povo, ele tornou doces as águas amargas de Mara. (Êxodo 15:25-26). Aqui, ele faz ao contrário para castigar os ímpios.

A Quarta Trombeta. (8:12).

8:12 O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite.

Foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles não brilhassem. 

A linguagem usada para descrever o efeito da quarta trombeta é típica de profecias de visitações divinas, pois Deus controla os corpos celestiais em qualquer dimensão ou galáxia. (Isaías 40:26; Jeremias 31:35).

Isaías transmitiu a profecia contra a Babilônia da seguinte forma: “Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz”. (Isaías 13:10). 

Ezequiel usou a mesma linguagem na profecia contra Faraó, rei do Egito (Ezequiel 32:7). Joel a empregou nas suas descrições de castigos divinos (Joel 2:10; 3:12). 

Como nos cumprimentos das profecias do Velho Testamento, a profecia da quarta trombeta não é do fim do mundo, é apenas a cólera de Deus sobre os desobedientes que blasfemarem contra o próprio Deus. Descreve também o castigo empregado à muitas pessoas e multidões aqui na terra. O fato de envolver a terça parte do sol, da lua e das estrelas confirma a interpretação de um castigo parcial.

O Aviso da vinda das três últimas trombetas. (8:13).

8:13 Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda teem de tocar.

Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu: Os sete selos foram divididos, com uma série de quatro seguida por outra série de três. As trombetas são divididas da mesma maneira. Já passaram quatro. Agora, uma águia anuncia a vinda das últimas três, evidentemente mais severas do que as primeiras.

A águia é conhecida universalmente como um forte predador, aqui voando pronta para descer e tomar a sua presa.

“Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar”. A palavra “ai” demonstra dor, lamento e pranto. Repetida três vezes, sugere dor extrema, um pré-anuncio dos castigos mais severos por vir. Novamente, a mensagem se aplica às pessoas na terra.

Concluímos sobre este capítulo do Apocalipse que:

As primeiras quatro trombetas anunciarão  terríveis castigos divinos sobre a terra. O que virá nas últimas três trombetas (nos capítulos 9, 10 e 11), serão ainda mais aterrorizante do que as aflições que já passaram.

Deus abençoe você e sua família.


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.