segunda-feira, 4 de março de 2019

COMO FOI A MORTE DE PILATOS, HERODES, ANÁS E CAIFÁS

COMO FOI A MORTE DE PILATOS, HERODES, ANÁS E CAIFÁS

As correspondências entre os líderes religiosos e políticos mais expressivos daquela época, revelaram os fatos pertinentes aos dias do ministério terreno de Jesus,  seus acontecimentos, seu espanto por tudo o que estava acontecendo pelas mãos e pelos passos de Jesus. 

Prosseguindo com a história dos líderes religiosos e políticos da época de Jesus, vamos observar e verificar na história o que aconteceu a esses e outros personagens mais “importantes” daquela época e o que os anais da história registram sobre eles.

Sobre Caifás destacamos que ele era o principal sumo sacerdote no templo e segundo a história secular ele era um dos Judeus mais ricos de Israel. 

Vejamos o que Aconteceu Com Pôncio Pilatos, Anas e Caifás, Arquelau, Herodes e Filipo depois da morte de Jesus. Dentre outros destacamos os referenciados.  

Vejamos o que registrou a literatura secular, às vezes  considerada apócrifa, portanto não oferecendo muita confiabilidade, mas serve para analizarmos o contexto da história já que os principais líderes religiosos achavam que eram donos da religião, do templo, dos bens materiais do povo, enfim achavam que eram os donos de tudo e de todos. 

Parece que estamos revivendo e repetindo a história com líderes religiosos hodiernos que fazem de tudo para não perder suas lideranças e polpudas rendas surrupiando seus fiéis e incentivando-os a darem tudo à eles e aos seus “projetos” com promessas de que, se assim fizerem, ficarão ricos e milionários em um curto espaço de tempo.

Os incautos e simples crentes são pressionados a assim proceder e a contribuir obrigatoriamente para manter as mordomias das creptocracias eclesiásticas dos tempos modernos. O Deus deles, assim como o de Anas e Caifáz, é o dinheiro, a fama e homens e mulheres beijando suas mãos e seus pés, entregando-lhes até o seu sustento. 

Sobre o Ciclo de  Pilatos.

Há, na literatura apócrifa e secular,  um ciclo chamado de ciclo de Pilatos.

Registram com vários textos sobre a descida de Cristo ao Inferno, da Ressurreição e dos fatos ocorridos na vida de Pilatos, Herodes e Tibério (Cesar) depois da Crucificação.

Todos foram escritos durante os séculos I e II, mas podem ter sofrido acréscimo e ou mutilações.

O que aconteceu com Pilatos, Anas, Caifás, Arquelau filho de Herodes e Filipo depois da morte de Jesus. 

Sobre o retrato de Jesus, está registrada na história antiga o seguinte relato.

Carta de Lentulus Publius ao imperador Tibério César. 

Eis aqui, enfim, a resposta que com tanta ansiedade esperáveis. 

Ultimamente apareceu na Judéia um homem de estranho poder, cujo verdadeiro nome é Jesus Cristo, mas a quem o povo chama "O Grande Profeta" e, seus discípulos, "O Filho de Deus".

Diariamente contam-se dEle grandes prodígios: ressuscita os mortos, cura todas as enfermidades e traz assombrada toda Jerusalém com a sua extraordinária doutrina.

É um homem alto e de majestosa aparência; sua face, ao mesmo tempo severa e doce, inspira respeito e amor a quem a vê. Seu cabelo é da cor do vinho e desce ondulado sobre os ombros; é dividido ao meio, ao estilo nazareno. Sua fronte, pura e altiva, sua cútis pálida e límpida; a boca e o nariz são perfeitos; a barba é abundante e da mesma cor dos cabelos; as mãos, finas e compridas; os braços, de uma graça encantadora; os olhos azuis, plácidos e brilhantes.

É grave, comedido e sóbrio em seus discursos. Repreendendo e condenando, é terrível; instruindo e exortando, sua palavra é doce e acariciadora. Ninguém o viu rir, mas muitos o têm visto chorar. Caminha com os pés descalços e a cabeça descoberta. Vendo-o à distância, há quem o despreze, mas em sua presença não há quem não estremeça com profundo respeito.

Quantos se acercam dele, dizem haver recebido enormes benefícios, mas há quem o acuse de ser um perigo para Vossa Majestade, porque afirma publicamente que os reis e os escravos são todos iguais perante Deus.

Sobre o retrato do Salvador informa:

Tinha Jesus um rosto belíssimo e vivo; o cabelo era alourado, não muito volumoso e ligeiramente ondulado; sobrancelhas negras e ligeiramente arqueadas. Seus olhos, da cor de azeitona, brilhavam com uma expressão admirável. Seu nariz era reto, barba loura, não muito comprida, os cabelos eram bem longos, pois nenhuma navalha nem mão de homem algum jamais tocaram-lhe a cabeça, à exceção de sua Mãe, na infância. Mantinha o pescoço algo inclinado, de sorte que não apresentava ar de arrogância. De tez clara, seu rosto não era redondo nem comprido, mas mais comprido que largo e ligeiramente corado, como as faces de sua Mãe. A seriedade, a prudência e a serenidade irmanavam-se e resplandeciam em seu semblante. Em uma palavra, era de todo parecido com sua Mãe.

Carta de Pôncio Pilatos ao Imperador Romano

Pôncio Pilatos saúda o Imperador Tibério César.

Jesus Cristo, que te apresentei explicitamente nos meus últimos relatórios foi, finalmente, entregue a um duro suplício a pedido do povo, cujas instigações segui por medo e contra minha vontade. Um homem piedoso e austero como esse, não existiu nem existirá jamais em época alguma. Mas a verdade é que houve um estranho empenho do povo para conseguir a crucificação deste embaixador da Verdade, além de uma conspiração de todos os escribas, chefes e anciãos, malgrado os avisos dos seus profetas, ou, como nós dizemos, as sibilas. E enquanto estava dependurado na cruz apareceram sinais que sobrepujavam as forças naturais e que pressagiavam, segundo o entendimento dos filósofos, a destruição de todo o mundo. Seus discípulos ainda vivem e não desdizem o Mestre nem suas obras e nem a pureza de sua vida; e continuam ainda fazendo muito bem em seu nome. Portanto, se não fosse pelo temor de uma possível revolta entre o povo que já estava quase enfurecido, talvez aquele insigne varão ainda pudesse estar entre os vivos. Atribui, pois, mais ao meu senso de fidelidade para contigo do que ao meu próprio capricho, o fato de não haver resistido com todas as minhas forças para que o sangue de um justo, isento de toda culpa, mas vítima da malícia humana, fosse perversamente vendido e sofresse toda a paixão.

Aliás, como dizem os intérpretes de suas escritas, poupá-lo redundaria em sua própria ruína. Adeus. O quinto dia das calendas de abril.

Carta de Tibério a Pilatos

O que se segue é a resposta de César Augusto a Pôncio Pilatos, governador da província  oriental. 

O próprio César acrescentou uma sentença de seu próprio punho e letra e enviou-a pelo mensageiro Rachaab, ao qual confiou, ainda, dois mil soldados:

"Uma vez que tiveste a ousadia de condenar Jesus Nazareno à morte, de uma maneira violenta e totalmente perversa e, antes mesmo de proclamar a sentença condenatória, puseste-O nas mãos dos insaciáveis e furiosos judeus; uma vez que, além disso, não tiveste compaixão deste justo, mas depois de ensanguentar o açoite e de submetê-lo a uma horrível sentença e ao tormento da flagelação, entregaste-o, sem nenhuma culpa de sua parte, ao suplício da crucificação, não sem antes haver aceitado presentes pela sua morte; uma vez que, enfim, manifestaste compaixão com os lábios, mas O entregaste de coração a alguns judeus sem lei; por tudo isto, serás tu próprio conduzido à minha presença, carregado de correntes, para que apresentes tuas desculpas e prestes contas da vida que entregaste à morte sem nenhum motivo.

Mas, ai da tua dureza e da tua falta de vergonha! Desde que este fato chegou aos meus ouvidos, estou sofrendo na alma e sinto que minhas entranhas se espedaçam, pois veio a mim uma mulher, que se diz discípula d'Ele (Maria Madalena, de quem segundo afirma, expulsou sete demônios) e testemunhou que Jesus operou portentosas curas, fazendo com que cegos vissem, coxos pudessem andar, surdos pudessem ouvir, leprosos fossem limpos, e que todas estas curas aconteceram apenas com a sua palavra. Como concordaste que fosse crucificado sem nenhum motivo? Porque, se não querias aceitá-lo como Deus, deverias, pelo menos, ter-te compadecido d'Ele como médico que era. 

Até o próprio relatório que me chegou de tua parte está reclamando o teu castigo, já que nele afirmas que Aquele era superior a todos os deuses venerados por nós. Que se passou para que o entregasses à morte? Saibas, pois, que, assim como tu O condenaste  injustamente e O mandaste matar, da mesma maneira eu, com todo o direito, farei justiça contigo; e não somente contigo, mas também com todos os teus conselheiros e cúmplices dos quais recebeste o suborno da morte”.

Então Tibério César entregou a carta aos emissários e, juntamente com ela, a sentença na qual ordenava por escrito que todo o povo dos judeus passasse pelo fio da espada e que Pilatos fosse trazido como réu até Roma, juntamente com os principais dentre os judeus, aqueles que à época eram governadores: Arquelau, filho do odiadíssimo Herodes, e seu cúmplice Filipo; o pontífice Caifás e Anás, seu sogro, e todos os demais judeus responsáveis.

Assim, pois, Rachaab marchou com os soldados e fez como lhe haviam ordenado, passando pela espada todos os varões dentre os judeus, enquanto que as suas impuras mulheres ficavam expostas à violação dos pagãos, o que fez brotar uma ralé abominável, como, aliás, fora engendrado por Satã. 

Depois o emissário cuidou de Pilatos, de Arquelau e Filipo, de Anás e Caifás e de todos os responsáveis dentre os judeus, e, carregando-os de correntes, pôs-se com eles a caminho de Roma. 

Aconteceu que, ao passar por certa ilha chamada Creta, Caifás perdeu a vida de uma maneira violenta e miserável. Então, carregaram-no para sepultá-lo, mas nem sequer a terra dignou-se admiti-lo em seu seio, já que o arremessava para fora. 

Quando os que ali estavam presenciaram esse fato, apanharam pedras e arremessaram-nas sobre o cadáver, que foi desta forma enterrado.

Os demais chegaram até Roma.

Existia entre os reis da antiguidade o costume de livrar da condenação um réu de morte que contemplasse o rosto real. César, então, deu as ordens necessárias para não se deixar ver por Pilatos. Assim, pois, meteram-no numa caverna e ali o deixaram, conforme as ordens do imperador.

Da mesma forma ordenou que Anás fosse envolto numa pele de boi, de modo que quando o couro secasse ao sol ele fosse constringido, comprimido e suas entranhas saíssem pela boca.

Assim, violentamente, perdeu ele sua miserável vida. Aos demais presos judeus executou-os mandando passá-los pelo fio da espada. 

Mas a Arquelau, o filho do odiadíssimo Herodes, e a seu cúmplice Filipo, condenou-os ao suplício da empalação. (Nota: empalação era um dos castigos mais terríveis e horríveis impostos a um condenado). 

Certo dia o imperador saiu de casa para uma caçada e ia em perseguição a uma gazela, quando esta parou precisamente em frente à boca da caverna onde estava Pilatos. Já próximo da execução, Pilatos tentou fixar seus olhos em César, mas não o conseguiu porque a gazela postou-se na frente dele. César então disparou uma flecha, visando o animal, mas o projétil atravessou a entrada da caverna e matou Pilatos. Todos aqueles que creem ser Cristo o verdadeiro Deus e nosso Salvador, glorificai-O e engrandecei-O, pois a Ele pertencem a bem-aventurança, a honra e a adoração junto ao seu Pai no princípio e seu Espírito, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

Relatório de Pilatos enviado a César Augusto.

Naqueles dias que se seguiram à crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao tempo de Pôncio Pilatos, governador da Palestina e da Fenícia, estas memórias foram compostas em Jerusalém e referem-se ao que os judeus fizeram contra o Senhor. Pilatos, então juntamente com a sua correspondência particular, enviou este relatório a César:

Ao excelentíssimo, piedosíssimo, diviníssimo e mui terrível César Augusto, o governador da província oriental, Pilatos.

Excelência: O relatório que lhe farei procede do fato de sentir-me coibido pelo temor e pelo tremor. Pois já sabeis que nesta província que governa, única entre as cidade quanto ao nome de Jerusalém, o povo judeu em massa entregou-me um homem chamado Jesus, acusando-o de muitos crimes que não puderam demonstrar com suficientes razões. Havia entre eles uma facção sua inimiga porque Jesus dizia-lhes que o Sabat não era dia de descanso nem de festa para ser guardado. Ele, efetivamente, operou muitas curas nesse dia: devolveu a visão a cegos e a faculdade de andar a coxos; ressuscitou os mortos; limpou os leprosos; curou os paralíticos, incapazes de ter impulsos corporais ou ereção de nervos, mas somente voz e articulações, dando-lhes forças para andar e correr. E extirpava qualquer enfermidade somente com o uso de sua palavra.

Outra nova ação mais assombrosa, desconhecida entre nossos deuses: ressuscitou um morto de quatro dias somente dirigindo-lhe a palavra; e é de se notar que o morto já tinha o sangue coagulado e estava putrefato por causa dos vermes que saíam de seu corpo e exalava um mal cheiro de cão. Vendo-o, então, imóvel como estava no sepulcro, ordenou que se levantasse e corresse; e ele, como se não tivesse um mínimo de cadáver, mas fosse como um esposo que sai do quarto nupcial, assim saiu do sepulcro, transbordante de perfume.

E a alguns estrangeiros, totalmente endemoniados, que moravam nos desertos e comiam suas próprias carnes, conduzindo-se como bestas e répteis, também a eles tornou-os honrados cidadãos, fê-los prudentes com a sua palavra e preparou-os para serem sábios, poderosos e gloriosos e para confraternizarem com todos os que odiavam os espíritos imundos e perniciosos que habitavam neles anteriormente, os quais arremessou nas profundezas do mar.

Além disso, havia outro que tinha a mão seca.

Melhor dizendo, não somente a mão, mas toda a metade do seu corpo estava petrificada, de maneira que não tinha nem a figura de um homem nem a dilatação de músculos. Também este foi curado com somente uma palavra e ficou sadio.

Havia uma outra mulher com problemas hemorrágicos, cujas articulações e veias estavam esgotadas pelo fluxo de sangue, a tal ponto que já nem sequer se podia dizer que tinha um corpo humano. Mais se assemelhava a um cadáver. Havia ficado até sem voz. Tal era a gravidade de seu estado que nenhum médico do território encontrou uma forma de curá-la ou sequer de lhe dar uma esperança de vida. Certa vez Jesus passava por ali em segredo e a mulher, retirando forças da sombra dele, tocou, por detrás, a fímbria de sua túnica. Imediatamente sentiu uma força que preenchia seus vazios e, como se nunca tivesse estado doente, começou a correr agilmente em direção à sua cidade, Cafarnaum, caminhando de tal forma que quase igualava qualquer pessoa que percorresse de uma só vez seis jornadas.

Isto, que acabo de relatar com toda a ponderação, Jesus fez num Sabat. Além disso, operou outros milagres maiores do que estes, de maneira que chego a pensar que suas façanhas são superiores àquelas que fazem os deuses venerados por nós.

Este, pois, é Aquele a quem Herodes, e Arquelao, e Filipo, Anás e Caifás, entregaram-me em conivência com todo o povo, pressionando-me para que eu o julgasse. E assim, embora sem haver constatado de sua parte nenhum tipo de delito ou má ação, mandei que O crucificassem depois de submetê-lo à flagelação.

E enquanto O crucificavam sobrevieram algumas trevas que cobriam toda a terra, deixando o sol obscurecido em pleno meio-dia e fazendo aparecer as estrelas, as quais não resplandeciam; a luz parou de brilhar, como se tudo estivesse tingido de sangue, e o mundo dos infernos foi absorvido; e, com a queda dos infernos, até mesmo o que era chamado de santuário desapareceu da vista dos próprios judeus. Finalmente, pelo eco repetido dos trovões, produziu-se uma fenda na terra.

E quando ainda o pânico se fazia sentir apareceram alguns mortos que havia ressuscitado, como testemunharam os próprios judeus, e disseram ser Abraão, Isaac, Jacó, os doze patriarcas, Moisés e Job, e, como eles diziam, os primeiros dos que haviam falecido três mil e quinhentos anos antes. E muitíssimos deles, que eu também pude ver que apareceram fisicamente, lamentavam-se por sua vez, por causa dos judeus, pela prevaricação que estavam cometendo, pela sua perdição e pela perdição de sua lei.

O medo do terremoto durou desde a sexta até a nona hora da sexta-feira. E, ao chegar a tarde do primeiro dia da semana, ouviu-se um eco vindo do céu, que por sua vez adquiria um resplendor sete vezes mais vivo que todos os dias.

Na terceira hora da noite chegou a aparecer o sol, brilhando mais que nunca e embelezando todo o firmamento. 

E da mesma forma que no inverno os relâmpagos sobrevêm de repente, assim também apareceram subitamente alguns varões, excelsos pelas suas vestes e pela sua glória, que tinham vozes semelhantes ao soar de um enorme trovão, dizendo: "Jesus, o que foi crucificado acaba de ressuscitar. Levantai do abismo aqueles que estão presos nas profundezas do inferno. E a fenda da terra era tamanha que parecia não ter fundo, já que deixava ver os próprios fundamentos da terra, entre os gritos daqueles que estavam no céu e passeavam fisicamente no meio dos mortos que acabavam de ressuscitar. E Aquele que deu vida aos mortos e acorrentou o inferno dizia: "Dai este aviso aos meus discípulos: Ele segue à vossa frente até a Galiléia; ali poderão vê-lo.

Durante toda aquela noite a luz não deixou de brilhar. E muitos dos judeus pereceram absorvidos pela fenda da terra, de maneira que no dia seguinte grande parte dos que haviam estado contra Jesus já não estavam ali. Outros viram aparições de ressuscitados que nenhum de nós havia visto.

Em Jerusalém não ficou nem uma só sinagoga dos judeus, pois todas  desapareceram naquele terrível terremoto.

Assim, estando fora de mim devido àquele pânico e tolhido ao extremo por um horrível tremor, fiz para vossa excelência o relatório escrito do que meus olhos viram naqueles momentos. 

E, além disso, rememorando o que os judeus fizeram contra Jesus, remeto este relatório à vossa divindade. Oh Senhor!

Correspondência entre Pôncio Pilatos e Herodes.

Carta de Pilatos a Herodes.

Pilatos, governador de Jerusalém, saúda o tetrarca Herodes.

Não foi nada bom o que fiz sob a tua orientação, naquele dia em que os judeus apresentaram-me Jesus, o chamado Cristo. Pois da mesma maneira que foi crucificado, assim também ressuscitou no terceiro dia de entre os mortos, como alguns acabam de anunciar-me dentre eles o centurião. Eu próprio decidi enviar uma expedição até a Galiléia e todos testemunham havê-lo visto em seus próprio corpo conservando o mesmo semblante.

Chegou a deixar-se ver por mais de quinhentas pessoas, com a mesma voz e com idênticos  ensinamentos. Estes indivíduos têm andado por aí dando testemunho disso e, longe de vacilar, têm pregado a sua ressurreição como um extraordinário fenômeno e anunciado um reino eterno, a ponto de os céus e a terra parecerem alegrar-se com seus santos ensinamentos.

E saberás que Procla, minha mulher, dando crédito às aparições que teve d'Ele, quando eu estava quase mandando crucificá-lo devido à tua instigação, deixou-me sozinho e foi-se com dez soldados e Longinos, o fiel centurião, para contemplar o seu semblante, como se tratasse de um grande espetáculo. E viram-no sentado numa plantação, rodeado de grande turba e ensinando as magnificências do Pai; de forma que estavam todos fora de si e cheios de admiração, pensando se aquele que havia padecido o tormento da crucificação havia ressuscitado de entre os mortos.

E, enquanto todos O estavam observando com grande atenção, Ele divisou Procla e Longinos e dirigiu-se até eles nos seguintes termos: "Ainda não acreditais em mim? Porventura não foste tu que fizeste a guarda durante a minha paixão e vigiaste meu sepulcro?

E tu, mulher, não é aquela que enviaste ao teu esposo uma carta sobre mim? [...] o testamento de Deus que o Pai dispôs. Então, eu que fui crucificado e sofri muitas coisas, vivificarei através da minha morte, tão vossa conhecida, toda a carne que pareceu. Agora, então, saberás que todo aquele que acreditou em Deus Pai e em mim não perecerá, pois eu fiz desaparecer as dores da morte e atravessei o dragão de muitas cabeças. 

E, por ocasião da minha futura vinda, cada um ressuscitará com o mesmo corpo e alma que tem agora e abençoará o meu Pai, o Pai daquele que foi crucificado na época de Pôncio Pilatos".

Ao ouvir dizer tais coisas, tanto minha mulher, Procla, como o centurião que teve a seu encargo a execução de Jesus, bem como os soldados que haviam ido em sua companhia, puseram-se a chorar, cheios de aflição, e vieram até minha presença contar-me essas coisas.

Eu, de minha parte, depois de ouvi-las, relatei-as aos meus grandes comissários e companheiros de milícia; estes, cheios de aflição e ponderando o mal que haviam feito contra Jesus, puseram-se a chorar; e mesmo assim eu, compartilhando a dor da minha mulher, estou entregue ao jejum e durmo sobre a terra. Nesse instante veio o Senhor e levantou-nos do chão a mim e à minha mulher; então fixei meus olhos nEle e vi que seu corpo ainda conservava as equimoses. 

E Ele colocou suas mãos sobre os meus ombros, dizendo: "Bem-aventurado chamar-te-ão todas as gerações e povos, porque na tua época  morreu e ressuscitou o Filho do Homem e agora subirá aos céus e sentar-se-á acima de tudo. E todas as tribos da terra dar-se-ão conta de que eu sou aquele que julgará os vivos e os mortos no último dia".

Carta de Herodes a Pilatos 

Herodes, tetrarca dos galileus, saúda o governador dos judeus, Pôncio Pilatos.

Estou tomado de uma grande aflição, conforme dizem as Sagradas Escrituras, pelas coisas que passarei a relatar-te, assim como penso que tu, de tua parte, afligir-te-ás ao lê-las. Saiba que minha filha Herodíades, a quem eu amo ardentemente, faleceu quando brincava junto à água coberta de gelo e ele quebrou-se. Seu corpo afundou e a cabeça, decepada pelo gelo, ficou na superfície. Então sua mãe a recolheu, pois o restante do corpo perdeu-se nas águas. Agora, minha mulher, chorando, aperta a cabeça nos joelhos, e toda a minha casa está entregue a uma dor sem fim.

Eu, de minha parte, encontro-me rodeado de muitos males, desde o momento em que soube que tu havias desprezado a Jesus, e quero pôr-me a caminho somente para vê-lo, adorá-lo e escutar alguma palavra de Seus lábios, pois pratiquei muitas maldades contra Ele e contra João Batista; certamente estou recebendo com toda a justiça o que mereço, pois meu pai derramou sobre a terra muito sangue de filhos alheios por causa de Jesus, e eu, por minha vez, degolei João, aquele que O batizou.

Justos são os desígnios de Deus, porque cada qual recebe a sua recompensa de acordo com os seus desejos. Assim, pois, já que te é dado ver Jesus novamente, luta agora por mim e diz-lhe uma palavra a meu favor; porque a vós, os gentios, vos foi entregue o Reino, conforme o que disseram Cristo e os profetas.

Asbonius, meu filho, está na agonia da hora da morte, preso a uma doença extenuante, já faz alguns dias, Eu, de minha parte, encontro-me gravemente doente, submetido ao tormento da hidropisia, ao ponto de saírem vermes da minha boca. Minha mulher chegou até a perder o olho esquerdo devido à desgraça que se abateu sobre minha casa. Justos são os desígnios de Deus, porquanto ultrajamos o Olho da Retidão. Não há paz para os que cometem maldades, disse o Senhor. Pois grande aflição abateu-se contra os sacerdotes e os escribas da lei. A morte chegará depressa a eles e ao senado dos filhos de Israel, pois iniquamente puseram suas mãos sobre o Justo. 

Tudo isto veio a cumprir-se na consumação dos séculos; e assim, as nações gentias receberão como herança o Reino de Deus, enquanto que os filhos da luz serão arremessados fora por não terem observado o que fora pregado com relação ao Senhor e ao seu Filho. 

Cinja, pois, teus rins, e abraça a Justiça, tu e tua mulher, lembrando Jesus dia e noite; e o Reino pertencerá a vós, os gentios, pois que os escolhidos rejeitaram o íntegro. E se é que há lugar para minhas súplicas, ó Pilatos, visto que estivemos no poder ao mesmo tempo, dá-nos sepultura, a mim e aos da minha casa, uma vez que queremos ser sepultados por ti e não pelos sacerdotes, aos quais em breve os espera o Juízo, segundo as Escrituras, na vinda de Jesus Cristo. Adeus a ti e a Procla, tua mulher. Enviei-te os brincos de minha filha e meu próprio anel, para que sejam uma memória de minha morte, pois já sinto os vermes aflorarem-se-me em todo meu corpo, pois que estou recebendo o castigo temporal; mas tenho mais medo do julgamento que advirá, pois em ambos estarei diante das obras do Deus vivo. Mas esse julgamento, que é temporal, é só durante um período, mas o outro, será eterno.

Fim da Carta de Herodes a Pilatos, o Governador.


Julgamento e condenação de Pilatos.

A carta chegou a Roma e foi lida a César na presença de não poucas pessoas. E todas ficaram atônitas ao ouvir que, por causa do delito de Pilatos, as trevas e o terremoto haviam afetado toda a terra. E César, encolerizado, enviou soldados para que prendessem Pilatos. 

Conduzindo Pilatos a Roma, e tendo César sido inteirado de sua chegada, sentou-se o imperador no templo dos deuses, à frente do senado, acompanhado de todos os militares e da multidão que integrava suas forças, e deu ordens para que Pilatos se aproximasse e ficasse em pé. E a seguir disse-lhe: "Por que tiveste a ousadia de fazer tais coisas, monstro de impiedade, depois de haveres visto prodígios como os que fazia aquele homem? Por teres te atrevido a cometer tal vilania, causaste a ruína do universo".

Mas Pilatos replicou: "Oh imperador!, eu não sou culpado disto; os incitadores e responsáveis são os judeus". E perguntou César: "E quem são eles?" Pilatos respondeu: "Herodes, Arquelau, Filipo, Anás, Caifás e toda a turba do judeus".

César retrucou: "E por que tu te curvaste ao propósito deles?" Pilatos disse: "Sua nação é revoltada e insubmissa; não se submete ao vosso império. Ao que César replicou: "Em lugar de tê-lo entregue, deverias tê-lo colocado em lugar seguro e O enviado a mim, e não deixar que eles te persuadissem a crucificar um ser notável como este, que era justo e que fazia prodígios tão bons como os que fazias constar de teu relatório. Pois sinais como estes permitem conhecer que Jesus era o Cristo, o rei dos judeus".

Mal César acabara de mencionar o nome de Jesus Cristo e toda a caterva de deuses desmoronou e ficou reduzida a uma nuvem de pó que, ocupou o recinto no qual César estava sentado na companhia do senado. 

E o povo que estava na presença de César ficou amedrontado ao ouvir pronunciar o nome e presenciar a queda daqueles deuses, e, aterrado pelo medo, correu para casa, cheio de admiração pelo que acabava de presenciar. Então César ordenou que Pilatos fosse submetido a uma severa vigilância, de forma que ele pudesse conhecer a verdade sobre o que se relacionava a Jesus.

No dia seguinte César sentou-se no Capitólio juntamente com o senado em peso e propôs-se a interrogar Pilatos novamente. Então César disse: "Dize a verdade, monstro de impiedade, pois, pela ímpia ação que levantaste a cabo contra Jesus, tua má conduta veio manifestar-se até aqui, com os deuses fazendo-se em pedaços. 

Dize-me, então, quem é aquele crucificado, já que seu nome trouxe a perdição até aos nossos deuses?" Pilatos respondeu: "Efetivamente, tudo o que d'Ele se fala é verdadeiro; eu próprio, ao ver suas obras, cheguei a persuadir-me de que aquela notável pessoa era de uma categoria superior aos deuses que nós veneramos". Então César perguntou: "Como, então, tiveste a ousadia de fazer aquilo contra Ele, conhecendo-O como O conhecias? Ou o fato é que tramavas algum mal contra o meu império?" Mas Pilatos respondeu: "Fiz isto pela iniquidade e pela sublevação desses judeus sem lei e sem Deus".

Então, encolerizado, César pôs-se a deliberar com todo o senado e com seu exército. 

E mandou escrever um édito contra os judeus nos seguintes termos: "A Liciano, governador da província oriental, saúde. Chegou ao meu conhecimento o ato atrevido e ilegal que teve lugar em nosso tempo por parte dos judeus que habitam Jerusalém e as cidades circunvizinhas, até o ponto de terem obrigado Pilatos a crucificar um certo deus chamado Jesus, crime tão horrendo que por ele o universo, envolto em trevas, quase ia sendo arrastado à ruína. Então, faz cair sobre eles tuas forças, e declara a escravidão por meio do presente édito. Sê obediente à ordem de atacá-los e esparramá-los pelo mundo; reduz à servidão os judeus em todas as nações, e, depois de expulsar de toda a Judéia até a relíquia mais insignificante de sua raça, faz com que nada deles se conserve, cheios como estão de maldade".

Tendo este édito chegado ao Oriente, Liciano obedeceu ao terrível teor da ordem e exterminou a nação inteira dos judeus; e os que ficaram na Judéia, lançou-os à diáspora das nações para serem escravos, de maneira que chegou ao conhecimento de César o que Liciano havia feito contra os judeus no Oriente, o que o agradou.

E César dispôs-se novamente a julgar Pilatos. 

Depois mandou que um chefe chamado Álbio lhe cortasse a cabeça dizendo: "Da mesma maneira que este levantou a sua mão contra aquele homem justo chamado Cristo, de maneira semelhante este também cairá sem remissão".

Mas Pilatos, quando chegou ao lugar indicado, pôs-se a orar em silêncio desta forma: "Senhor, não me faças perder na companhia dos perversos hebreus, pois eu não teria levantado a minha mão contra Ti não fosse o povo dos judeus iníquos, que se rebelaram contra Ti; mas sabes que agi sem saber. Assim, então, não me faças perder por este pecado, porém sê benigno comigo, ó Senhor, e com Tua serva Procla, que está ao meu lado nesta hora da minha morte e a quem dignaste designar como profetisa da Tua futura crucificação.

Não condenes também a ela pelo meu pecado, mas perdoa-nos e conta-nos dentre os teus escolhidos".

E eis que, após Pilatos terminar sua oração, sobreveio uma voz que dizia: "Bem-aventurado chamar-te-ão as gerações e as pátrias das gentes, porque no teu tempo cumpriram-se todas estas coisas que tinham sido ditas pelos profetas sobre mim; e haverás de ser testemunha por ocasião da minha segunda vinda, quando irás julgar as doze tribos de Israel e aqueles que não reconheceram meu nome". E o executor lançou por terra a cabeça de Pilatos, e eis que um anjo do Senhor recebeu-a. E Procla, sua mulher, transbordando de alegria ao ver o anjo que vinha para receber a cabeça dele, entregou também seu espírito no mesmo instante, e foi sepultada juntamente com seu marido.

A morte de Pilatos, o que condenou Jesus.

Tibério César, imperador dos romanos, encontrando-se acometido de uma grave doença e tendo-se inteirado de que em Jerusalém havia um médico chamado Jesus, o qual curava todas as doenças somente com a sua palavra, ignorando que os judeus e Pilatos Lhe haviam dado a morte, expediu a seguinte ordem a Volusiano, alguém muito chegado a ele: "Vai o mais cedo possível até o outro lado do mar e diz a Pilatos, meu servidor e amigo, que me envie este médico para que me restitua o estado de saúde no qual me encontrava antes".

Volusiano, ouvindo a ordem do imperador, partiu no mesmo instante e chegou até Pilatos, de acordo com a ordem recebida. E contou ao mencionado Pilatos, o que havia sido encarregado por Tibério César, dizendo: "Tibério César, imperador dos romanos, teu senhor, ao tomar conhecimento de que se encontra nesta cidade um médico capaz de curar todas as doenças somente com a sua palavra, roga-te encarecidamente que o envies para que o cure de seu mal. 

Quando Pilatos ouviu isto, ficou muito atemorizado, descobrindo que O havia feito matar por inveja. Então, assim respondeu Pilatos ao citado mensageiro:

"Aquele homem era um malfeitor e levava todo o povo atrás de si. Motivo pelo qual, depois de promover um conselho entre os sábios da cidade, mandei que fosse crucificado".

Quando o mensageiro em questão voltava para sua casa, encontrou-se com uma certa mulher chamada Verônica, que havia conhecido Jesus, e disse-lhe: "Mulher, havia um certo médico residente nesta cidade, que somente com a sua palavra curava os doentes, por que os judeus o mataram?" Mas ela começou a chorar, dizendo: "Ai de mim! O senhor, era o meu Deus e me Senhor, a quem Pilatos por inveja entregou, condenou e mandou crucificar".

Então ele, embargado por uma dor profunda, disse: "Sinto-o enormemente, porque não vou poder cumprir a missão que meu senhor me confiou". Verônica disse-lhe: "Quando meu Senhor ia pregar, eu me sentia mal, já que ficava privada da sua presença; então que me fizessem um retrato para que, enquanto eu não pudesse desfrutar sua companhia, pudesse ao menos consolar-me com a figura da sua imagem. E, estando eu a caminho para levar o lenço ao pintor para que O desenhasse, meu Senhor veio ao meu encontro e perguntou-me onde ia. Quando manifestei-lhe meu propósito, pediu-me o lenço e mo devolveu com a imagem de seu venerável rosto. Portanto, se teu senhor olhar sua imagem com devoção, ver-se-á imediatamente agraciado com o benefício da cura". Então ele disse-lhe: "Um tal retrato pode ser adquirido com ouro ou com prata?" Ela respondeu: "Não, tão somente com um piedoso afeto de devoção. Irei contigo e levarei a imagem para que César a veja; depois voltarei".

Então, veio Volusiano a Roma em companhia de Verônica e disse ao imperador Tibério:

"Aquele Jesus, a quem tu já ha algum tempo vens desejando ver, foi entregue por Pilatos e pelos judeus a uma morte injusta e por inveja foi pregado no patíbulo da cruz. Porém veio em minha companhia certa senhora que traz consigo um retrato do próprio Jesus; se tu o olhares com devoção, obterás de imediato o benefício da tua cura". Então César fez com que o caminho fosse atapetado com panos de seda e ordenou que a imagem lhe fosse apresentada. E, no instante em que a olhou, recobrou sua antiga saúde.

Em consequência, Pôncio Pilatos foi detido por ordem de César e trazido a Roma.

Quando o imperador tomou conhecimento da sua chegada, sentiu-se dominado por uma enorme fúria contra ele e ordenou que o levassem à sua presença. Deve-se esclarecer que Pilatos havia trazido consigo a túnica de Jesus, feita de uma só peça, dádiva que levou à presença do imperador. Assim que o viu, o imperador sentiu-se destituído de toda a sua ira, levantou-se imediatamente diante dele e não ousou em dizer uma única palavra dura. E, assim, ele, que na sua ausência parecia tão feroz e terrível, agora, na sua presença, estava até certo ponto manso. Mas, assim que o despediu, começou a exaltar-se terrivelmente contra ele, chamando-se a si mesmo, aos gritos, de miserável por não haver manifestado a indignação de seu peito. E no mesmo instante fez com que o chamassem novamente, jurando e declarando que era filho da morte e que não era lícito que ele vivesse sobre a terra. Porém, quando o viu de novo, saudou-o imediatamente e sentiu-se destituído de novo de toda a ferocidade de sua alma.

Todos, até ele próprio, estavam admirados com o fato de ele encolerizar-se na ausência de Pilatos, enquanto que na sua presença não era capaz de dizer sequer uma palavra áspera.

Finalmente, por inspiração divina, ou talvez por conselho de algum cristão, mandou que o despojassem daquela túnica. No mesmo instante recobrou sua antiga feracidade de alma contra ele. Grandemente admirado com esse fato, o imperador ficou sabendo que aquela túnica havia pertencido a Jesus. Então ordenou que atirassem Pilatos na cadeia, enquanto o conselho de sábios deliberava o que deveria ser feito com ele. Poucos dias depois ditou-se a sentença contra Pilatos para que fosse levado a uma morte extremamente infamante.

Quando isto chegou aos ouvidos de Pilatos, ele próprio suicidou-se com uma faca, e com esta morte pôs fim à sua vida.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, César disse:

 "Na verdade morreu ignominiosamente, já que sua própria mão não o perdoou". Então amarraram-no em uma enorme pedra e o atiraram nas profundezas do Tibre. Aconteceu, porém, que alguns espíritos imundos e malignos, aproveitando-se daquele corpo nas suas próprias condições, moviam-se naquelas águas e atraíram para elas raios e tempestades, trovões e granizo, até o ponto de todos assustarem-se e sentirem um grande temor.

Por causa disto os romanos tiraram-no do rio Tibre e levaram-no ao som de galhofas até Viena e o arremessaram nas profundezas do Ródano, já que Viena significa "Caminho para a Geena" (inferno), por ser naquele tempo um lugar maldito. Mas também ali os espíritos maus apareceram, fazendo as mesmas coisas, então a população, não suportando uma invasão tão grande de demônios, atirou para longe aquele maldito fardo e diligenciou para que recebesse sepultura no território de Lausane. 

Os habitantes desta região, sentindo-o excessivamente conturbados pelas invasões, atiraram-no por sua vez longe deles, num poço rodeado de montanhas, lugar que, se dermos crédito ao que algumas pessoas contam, dizem que ainda é agitado por algumas maquinações diabólicas.

A  sentença de Pilatos

"Cópia da sentença dada por Pôncio Pilatos, governador da Judéia no ano 18 (sic) de Tibério César, Imperador de Roma.

 Encontrada na cidade de Áquila, no reino de Nápoles. Sentenciou Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Maria, à morte na cruz, no meio de dois ladrões, no dia 25 de março. 

Achada milagrosamente dentro de uma belíssima pedra, na qual estavam duas caixinhas: uma, de ferro, tinha dentro dela outra de finíssimo marfim, onde estava a sentença, em letra hebraica, em pergaminho, do seguinte teor:

"No ano XVIII de Tibério César, imperador romano e de todo o mundo, Monarca Invencível na Olimpíada C.XXI, na Clíade XXIV e na Criação do Mundo, segundo os números e cálculos dos Hebreus, quatro vezes  M.C.IXXXVII, e da propagação do Império Romano I.XXIII, da libertação da escravidão da Babilônia M.CC.XI, sendo Cônsules do Povo Romano Lúcio Pisano e Maurício Pisarico; Procônsules Lúcio Balesma, público Governador da Judéia, e Quinto Flávio, sob o regimento e Governo de Jerusalém, Governador gratíssimo Pôncio Pilatos, regente da baixa Galiléia, e Herodes Antipas, Pontífices do Sumo Sacerdote Anás, Alit Almael o Mago do Templo, Roboan Ancabel, Franchino Centurião, e Cônsules Romanos e da Cidade de Jerusalém Quinto Cornélio Sublima e Sexto Pontílio Rufo; no dia XXV do mês de Março.

"EU, Pôncio Pilatos, aqui Presidente Romano dentro do Palácio da Arquipresidência, julgo, condeno e sentencio à morte a Jesus chamado pela plebe Cristo Nazareno, e de pátria Galiléia, homem sedicioso de Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César; e determino, e pronuncio, pela presente, que sua morte seja na cruz, e pregado com cravos como se usa com os réus, porque aqui congregando e juntando muitos homens ricos e pobres não parou de causar tumultos por toda a Judéia, fazendo-se filho de Deus e Rei de Jerusalém, ameaçando trazer a ruína para esta Cidade, e para seu Sagrado Templo, negando o tributo a César, e tendo ainda tido o atrevimento de entrar com palmas, em triunfo, e com parte da plebe, na Cidade de Jerusalém e no Sagrado Templo. 

Ordeno que meu primeiro Centurião Quinto Cornélio leve publicamente Jesus Cristo pela cidade, amarrado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado com alguns espinhos, com a própria Cruz nos ombros para que seja exemplo a todos os malfeitores; e com ele que sejam levados dois ladrões homicidas, e sairão pela Porta Sagrada, agora Antoniana, e que leve Jesus ao monte público da Justiça chamado Calvário, onde crucificado e morto fique o corpo na Cruz, como espetáculo para todos os malvados; e que sobre a Cruz seja colocado o título em três idiomas, e em todos três (Hebraico, Grego e Latim) diga: IESUS NAZAR. REX IUDAEORUM.

"Da mesma maneira, ordenamos que ninguém de qualquer estado ou qualificação atreva-se temerariamente a impedir tal Justiça por mim ordenada, administrada e executada com todo o rigor segundo os decretos e Leis Romanas e Hebréias, sob pena de rebelião ao Império Romano Testemunhos da Sentença: pelas 12 tribos de Israel, Rabain Daniel, Rabain seg.12, Joannin Bonicar, Barbasu, Sabi Potuculam. Pelos Fariseus, Búlio, Simeão, Ronol, Rabini, Mondagul, Boncurfosu. Pelo Sumo Sacerdócio, Rabban, Nidos, Boncasado, Notários desta publicação; pelos Hebreus, Nitanbarta; Pelo Julgamento, e pelo Presidente de Roma Lúcio Sextilio, Amásio Chlio”.

A vingança do Salvador 

Nos dias do imperador Tibério César, sendo Herodes tetrarca, sob o domínio de Pôncio Pilatos, Cristo foi entregue pelos judeus e declarado inocente por Tibério.

Por aqueles dias, estava Tito de chefe de estado, sob as ordens de Tibério, na região de Equitânia, em uma cidade da Líbia chamada Burgidalla. Sabe-se que Tito tinha uma chaga  na parte direita do nariz, originada, diz-se, por um câncer, que tornava seu rosto desfeito até o olho.

Naquele tempo saiu da Judéia um homem chamado Natan, filho de Naum. Este era um ismaelita que ia de região em região e de mar em mar, por todos os confins da terra. Natan vinha como enviado da Judéia ao imperador Tibério, sendo portador de um tratado que haviam feito com a cidade de Roma. Nota-se que Tibério estava doente, cheio de úlceras, febres malignas e nove tipos de lepra.

Natan tinha a intenção de dirigir-se a Roma, mas soprou o vento do norte e mudou sua rota, fazendo com que ele chegasse a um porto da Líbia. Tito, que viu a neve chegar, soube que vinha da Judéia. E todos encheram-se de admiração e concordaram que nunca haviam visto nenhuma embarcação chegar ali em semelhantes condições. Então Tito fez com que o chefe da nave fosse chamado e perguntou-lhe quem era. Ele respondeu: "Eu sou Natan, filho de Naum, de origem ismaelita, e vivo na Judéia sob o domínio de Pôncio Pilatos. Agora sou enviado a Tibério, imperador romano, com o objetivo de colocar em suas mãos um tratado proposto pela Judéia. Mas um forte vento jogou-se sobre o mar, e eis-me aqui numa região para mim desconhecida".

E Tito disse: "Se porventura fores capaz de encontrar algum medicamento, seja de misturas ou de ervas, que sirva para curar-me a ferida que, como vês, tenho no rosto, de maneira que eu possa sarar e recuperar minha antiga saúde, cobrir-te-ia de favores".

Natan respondeu: "Senhor, eu, de minha parte, não sei nem conheço coisas semelhantes a essas que me indicas. Não obstante, se estivesses estado há algum tempo em Jerusalém, ali terias encontrado um profeta eleito, cujo nome era Emmanuel (pois Ele há de salvar o povo dos seus pecados). Ele operou seu primeiro milagre em Canaã da Galiléia, convertendo a água em vinho; e com sua palavra limpou os leprosos, fez o demônio fugir, ressuscitou três mortos, libertou uma mulher surpreendida em adultério, condenada pelos judeus a ser lapidada, e a uma outra mulher chamada Verônica, que sofria de hemorragias desde os seus onze anos e que se aproximou dele por trás, tocando a fímbria de suas vestes, curou-a também; e com cinco pães e dois peixes saciou a cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, ficando doze cestos de vime de sobras. 

Todas estas e muitas outras aconteceram antes de sua paixão. Depois de sua ressurreição vimo-lo com o mesmo corpo que antes havia tido".

Então Tito disse: "Como ressuscitou de entre os mortos? Então Ele esteve morto'? Natan respondeu: "Sem dúvida alguma ele morreu; foi dependurado numa cruz e depois morto despendurado dela; esteve três dias no sepulcro; depois ressuscitou de entre os mortos e baixou aos infernos, onde libertou os patriarcas, profetas e a todo humano com descendência; depois apareceu aos discípulos e partilhou a refeição com eles; e, finalmente, viram-no subir ao céu. De maneira que é verdade tudo o quanto venho dizendo-lhes. Eu mesmo O vi com meus próprios olhos, bem como a casa inteira de Israel". 

Então Tito exclamou: "Ai de ti, imperador Tibério, cheio de úlceras e cercado de lepra, por haveres cometido um tal escândalo durante o teu reinado; por haveres promulgado algumas leis na Judéia, terra natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, as quais serviram para prender o rei e matar o governador dos povos, sem que O fizessem vir até nós para que limpasse de ti a lepra e a mim me curasse de minha doença. Porque se isso houvesse acontecido diante de meus olhos, com minhas próprias mãos teria dado a morte aos corpos daqueles judeus e os teria pendurado num pedaço de pau por terem acabado com o meu Senhor sem que meus olhos fossem dignos de ver o seu rosto".

E, no mesmo instante em que pronunciou essas palavras, a ferida do rosto de Tito desapareceu, deixando sua carne e seu rosto novamente curados. E todos os doentes que ali estavam recuperaram a saúde naquele mesmo momento.

E Tito, junto com todos eles, exclamou aos brados: "Meu rei e meu Deus, já que Tu me curaste sem que jamais O houvesse visto, manda-me ir navegando sobre as águas até a terra onde nasceste para que eu Te vingue dos teus inimigos; ajuda-me, Senhor, para que eu possa eliminá-los e vingar a tua morte; Tu, Senhor, os entregarás em minhas mãos".

E, dizendo isto, mandou que o batizassem, para o que chamaram Natan e ele disse-lhe: "Como viste serem batizados aqueles que acreditavam em Cristo, vem e batiza-me em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, absolve-me, pois creio firmemente em Nosso Senhor Jesus Cristo com todo o meu coração e com toda a minha alma, porque não há nenhum outro em nenhuma parte da terra que me tenha criado e que me tenha curado". E dito isto, enviou legados a Vespasiano par avisá-lo que viesse o mais rapidamente possível com os indivíduos mais fortes dispostos para a guerra.

Então Vespasiano tomou para si cinco mil homens armados e foi ter com Tito. E, ao chegar á Líbia, disse-lhe: "A que se deve o fato de me haveres feito vir até aqui"? Ele respondeu: "Hás de saber que Jesus veio a este mundo e nasceu na Judéia, num lugar chamado Belém; que os judeus entregaram-no e foi flagelado e crucificado no monte Calvário, e que, finalmente, manifestou-se aos seus discípulos e eles acreditaram Nele. Nós, de nossa parte, queremos nos tornar discípulos seus. Agora, então, marcharemos e eliminaremos os seus inimigos da superfície da terra para que se deem conta de que não há quem se assemelho a Nosso Senhor em toda a face da terra".

Assim, então, tomada a resolução, saíram da Líbia e embarcaram rumo a Jerusalém. 

Aí chegando, sitiaram o reino dos judeus e começaram a provocar a sua ruína. 

Quando os reis dos judeus tomaram conhecimento do que faziam e da devastação da terra, o medo apoderou-se deles e ficaram consternados. 

E Arquelao, deixando-se levar pela comoção em suas palavras, assim falou a seu filho: "Olha, filho, encarrega-te de meu reino e da sua administração; além disso, ouve o conselho dos demais reis que estão na terra de Judá, de maneira que possas escapar de nossos inimigos". 

E, dizendo isso, desembainhou sua espada e jogou-se sobre ela; depois vergou a espada mais penetrante que possuía, fundiu-a em seu corpo e morreu.

Então seu filho aliou-se aos outros reis que estavam sob as suas ordens. E, depois de deliberar entre si, dirigiram-se todos para o centro de Jerusalém, na companhia dos nobres que haviam assistido ao conselho, e ali permaneceram durante sete anos Tito e Vespasiano, por seu lado, tomaram a determinação de sitiar a cidade. E assim fizeram. Passados os sete anos, o problema da fome agravou-se muito e, forçados pela falta de pão, começaram a comer a terra.

Então todos os soldados pertencentes aos quatro reis reuniram-se e decidiram: "De  qualquer maneira nós vamos morrer. Que nos fará Deus? 

E de que nos adianta continuar vivendo, se os romanos vieram para apoderar-se de nossa terra e de nossa nação? Será melhor que tiremos nossas próprias vidas, para que os romanos não possam dizer que foram eles que nos mataram e nos derrotaram". E, então, tiraram suas espadas e feriram-se, morrendo entre eles doze mil homens.

E assim, por causa dos cadáveres daqueles mortos, produziu-se um grande mal cheiro na cidade. Os reis foram tomados por um pânico mortal e não puderam aguentar o odor deles, nem dar-lhe sepultura, nem atirá-los fora da cidade. E disseram entre si: "Que havemos de fazer? 

Na verdade nós matamos Cristo, mas já fomos, de nossa parte, entregues à morte.

Separemo-nos de nossas cabeças e entreguemos as chaves da cidade aos romanos, pois Deus já nos atirou nas mãos da morte". E ato seguido subiram nas muralhas da cidade e puseram-se a gritar, dizendo aos berros: "Tito e Vespasiano, tomais as chaves da cidade que  o Messias, chamado Cristo, acaba de entregar-lhes".

E assim dizendo entregaram-se a Tito e Vespasiano, exclamando: 

"Julgai-nos, pois vamos morrer, já que julgamos o Cristo e o entregamos sem nenhuma razão".

Então Tito e Vespasiano os aprisionaram. Depois lapidaram alguns e penduraram outros na cruz, com os pés para cima e a cabeça para baixo, e feriram-nos a golpes de lança; mas outro puseram à venda e outros tantos repartiram entre si, em quatro partes, como eles haviam feito com as vestes do Senhor. E disseram: "Eles venderam Cristo por trinta moedas de prata; vendamos da mesma forma trinta deles por um só dinheiro". E assim o fizeram. Depois apoderaram-se de todas as terras da Judéia e de Jerusalém. 

Fizeram então uma investigação sobre o retrato da face do Senhor, sobre como poderiam encontrá-lo. E ouviram dizer que estava em poder de uma mulher chamada Verônica.

Depois detiveram Pilatos e meteram-no na cadeia, onde haveria de ser custodiado por quatro pelotões de soldados, quatro de cada vez, postados à porta da prisão.

Ato seguido enviaram seus legados a Tibério, imperador de Roma, para que os enviaste a Velosiano. E o imperador lhe disse: "Leva contigo tudo que seja necessário para que te faças ao mar e navegues até a Judéia em busca de algum discípulo daquele que se chamava Cristo e Senhor, de maneira que ele venha até mim e em nome de Deus core-me da lepra e das doenças que duramente me acometem e de minhas chagas, pois estou muito abatido.

Além disso, contra os reis de Judá, submetidos ao meu império, manda teus açoites e terríveis instrumentos de tortura, pois mataram Jesus Cristo Nosso Senhor, e condena-os à  morte. E se encontrares um homem capaz de livrar-me desta doença, acreditarei em Cristo, Filho de Deus, e far-me-ei batizar também em seu nome. 

"Velosiano disse: "Senhor imperador, se eu encontrar um homem capaz de ajudar-nos e libertar-nos, que recompensa devo prometer-lhe?" Tibério disse: "Que sem dúvida alguma terá em suas mãos a metade do império”.

Então Velosiano partiu imediatamente, subiu no barco, levantou âncora e fez-se ao mar.

A viagem marítima durou oito dias, em cujo prazo chegou a Jerusalém.

Imediatamente citou alguns dos judeus para que se apresentassem diante dele e ordenou uma diligente investigação sobre o que havia sido feito com Jesus Cristo.

Então José de Arimatéia e Nicodemus apresentaram-se simultaneamente. Este último disse: "Eu tive ocasião de vê-lo e estou seguro de que Ele é o salvador do mundo", José, por sua vez, disse-lhe: "Eu baixei-O da cruz e coloquei-O num sepulcro novo, escavado na rocha. Razão pela qual os judeus levaram-me preso sexta-feira à tarde. E no Sabat seguinte, enquanto estava orando, a casa ficou suspensa pelos seus quatro ângulos e vi Nosso Senhor Jesus Cristo como um relâmpago e luz, e, consternado, caí por terra. 

E ouvi uma voz que me dizia: "Olhai-me, pois eu sou Jesus, aquele cujo corpo tu sepultaste em teu próprio sepulcro'. Eu lhe disse: "Mostra-me o sepulcro onde eu O coloquei'. Então Jesus tomou-me pela mão com sua direita e levou-me ao lugar onde eu O havia sepultado”.

Veio também uma mulher chamada Verônica e disse-lhe: "Eu, de minha parte, toquei-lhe a fímbria das vestes no meio da multidão, pois fazia já doze anos que padecia de hemorragias, e no mesmo instante ele me curou".

Então Velosiano disse a Pilatos: "E tu, ímpio e cruel, por que mataste o Filho de Deus"? Mas ele respondeu: "Acontece que o seu povo e seus pontífices Anás e Caifás mo entregaram." E Velosiano respondeu: "Ímpio e desalmado, és digno de uma pena cruel". E com isto mandou-o de volta à prisão. 

Finalmente, Velosiano pôs-se a procurar a pintura da face do Senhor. Disseram-lhe todos os presentes: "Certa mulher chamada Verônica tem a face do Senhor em sua casa".

Imediatamente ordenou que ela fosse levada diante dele e disse-lhe: "Tu tens em casa a face do Senhor"? Mas ela disse que não. 

Então Velosiano ordenou que a torturassem até que ela mostrasse a face do Senhor. 

Finalmente, sem outro remédio, ela disse: "Eu a tenho, meu senhor, envolta em um pano limpo e todos os dias rendo-lhe homenagem". Velosiano disse: "Dize-me onde está". Ela então mostrou-lhe a face do Senhor. 

Velosiano, no momento em que a viu, prostrou-se por terra; em seguida tomou-a em suas mãos com o coração aberto e uma límpida fé e envolveu-a num lenço de ouro e assim mesmo colocou-a num estojo que selou com seu dedo. Depois formulou um juramento nos seguintes termos: "Vive o Senhor Deus e pela saúde de César; nenhum homem sobre a superfície da terra a verás mais até que eu veja o rosto do meu senhor Tibério".

Depois de haver dito estas palavras, os nobres mais proeminentes de Jerusalém pegaram Pilatos para levá-lo até o porto.

Velosiano, por sua vez, pegou a face do Senhor com todos os seus discípulos e todos os seus tributos e no mesmo dia fizeram-se todos ao mar.

Esta Verônica deixou todos os seus bens por amor a Cristo e seguiu Velosiano. Este disse-lhe: "Mulher, que queres, que buscas"? Ela respondeu: "Eu busco a face do Nosso Senhor Jesus Cristo, que me iluminou, não por meus méritos, senão por sua santa piedade.

Devolve-me a face de meu Senhor Jesus Cristo, pois estou morrendo por este piedoso anseio. E se não me devolveres, não a perderei de vista até ver onde irás pô-la; e saiba que eu, miserável como ninguém, servi-lo-ei todos os dias da minha vida, pois estou persuadida de que meu Redentor em pessoa vive para sempre".

Então Velosiano mandou que Verônica fosse levada consigo até a embarcação. E, levantando âncora, empreendeu a navegação em nome do Senhor e todos fizeram-se ao mar. Mas Tito e Vespasiano subiram até a Judéia para vingar todas as nações daquela terra.

E, passados os dias, Velosiano chegou a Roma e deixou sua embarcação no rio chamado Tibre, entrando em seguida na cidade. Imediatamente enviou seu mensageiro a Tibério, para que ele tomasse conhecimento de sua feliz chegada.

Quando o imperador ouviu o mensageiro de Velosiano, alegrou-se imensamente e ordenou que viesse ter à sua presença. 

Assim que chegou, falou-lhe: "Velosiano, como foi a viagem e o que encontraste na terra da Judéia sobre Cristo e seus discípulos? Aponta-me, rogo-te, aquele que irá curar-me de minha doença, de maneira em que fique limpo desta lepra que tenho em cima de meu corpo, e no mesmo momento entregarei a ti e a ele todo o meu império".

E Velosiano disse: "Senhor meu imperador, encontrei na Judéia teus servos Tito e Vespasiano, tementes a Deus, os quais viram-se limpos de todas as suas chagas e doenças.

Averiguei também que Tito fez pendurar todos os reis e chefes da Judéia: Anás e Caifás foram lapidados, Arquelao matou-se com sua própria lança, e a Pilatos deixei-o preso em Damasco, encerrado na prisão, sob segura vigilância. Apesar de tudo, fiz investigações sobre Jesus, a quem os judeus barbaramente atacaram, armados de espadas e paus e depois crucificaram; Ele havia vindo para libertar-nos e iluminar-nos, e eles O penduraram numa cruz. 

E José de Arimatéia e Nicodemus levaram uma mistura de mirra e aloé, numa quantidade de umas cem libras, para ungir o corpo de Cristo; eles O baixaram da cruz e o colocaram num sepulcro novo. Mas ao terceiro dia com toda a certeza ressuscitou de entre os mortos e deixou-se ver por seus discípulos com o mesmo corpo com o qual havia nascido.

Finalmente, ao final de quarenta dias, viram-no subir aos céus. Além disso, Jesus fez muitos outros milagres antes e depois da sua paixão. O primeiro foi transformar a água em vinho; depois ressuscitou os mortos, limpou os leprosos, deu visão aos cegos, curou os entrevados, exorcizou os demônios, deu audição aos surdos e fala aos mudos; a Lázaro, morto já havia quatro dias, ressuscitou-o do sepulcro; Verônica, que vinha sofrendo de hemorragias durante doze anos, curou-se somente ao tocar-lhe as vestes.

"Então agradou ao Senhor nos céus que aquele Filho de Deus, enviado a este mundo como o primogênito a ser morto na terra, enviasse um anjo seu, e enviou Tito e Vespasiano, aos quais conheci nesse mesmo lugar onde está o teu trono. E agradou ao Senhor onipotente que partissem para a Judéia e Jerusalém e que prendessem os teus súditos e os submetessem a um julgamento parecido com aquele ao qual submeteram Jesus quando O prenderam e O amarraram".

E depois Vespasiano disse: Que havemos de fazer com os remanescentes?

Tito respondeu: "Eles dependuraram Nosso Senhor em um madeiro verde e O feriram com uma lança; penduremo-los da mesma forma, nós a eles, numa madeira seca e perfuremos seus corpos com uma lança. E assim fizeram. Então Vespasiano disse: 

E que haveremos de fazer dos remanescentes?

Tito respondeu: "Eles pegaram a túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo e dela fizeram quatro partes; peguemos, nós também, a eles e dividimo-los em quatro partes: uma para ti, outra para mim, outra para teus homens e uma última para meus servos”.

E assim fizeram. E Vespasiano disse: Dos remanescentes, que haveremos de fazer?

Tito respondeu: "Aqueles judeus venderam Nosso Senhor por trinta moedas de prata: vendamos, então, nós a trinta deles por uma só moeda". 

Depois prenderam Pilatos e o entregaram a mim; meti-o numa prisão em Damasco para que fosse custodiado por quatro pelotões de soldados, quatro de cada vez.

"Depois fizeram diligentes pesquisas para encontrar a face do Senhor, e,  encontraram uma mulher, chamada Verônica, que possuía a mencionada efígie”.

Então o imperador Tibério disse a Velosiano: 
"Como a conservas"?

Este respondeu: "Tenho-a envolta numa capa colocada num pano de ouro". Tibério disse: 

"Traze-a e descobre diante dos meus olhos para que eu a adore sobre o chão, caindo por terra de joelhos". Então Velosiano estendeu seu manto e o pano de ouro onde estava o lenço gravado com a face do Senhor, e o imperador Tibério pôde vê-la. 

Este, no instante seguinte, adorou a efígie do Senhor com o coração puro, e sua carne ficou limpa tal qual a de uma criança. E todos os cegos, leprosos, coxos, mudos, surdos, e aleijados de várias doenças, que estavam ali presentes, foram recuperando a saúde e ficaram sadios e limpos.

Porém o imperador Tibério, ajoelhado e com a cabeça baixa, considerando aquela frase: "Bem-aventurado o ventre que Te gerou, os peitos que Te amamentaram", gemeu e disse ao Senhor entre lágrimas: "Deus do céu e da terra, não permitas que eu peque, mas sim confirma minha alma e meu corpo e coloca-os em teu reino, pois confio sempre no teu nome: livra-me de todos os males assim como livraste os três meninos do forno de fogo ardente".

Depois o imperador Tibério disse a Velosiano:

"Velosiano, viste algum daqueles homens que poderiam ter contemplado Cristo"? Velosiano respondeu: "Sim, eu O vi". 

O imperador acrescentou: "E perguntaste como batizavam aos que acreditavam em Cristo"?

Então Velosiano disse: "Aqui, meu senhor, temos um dos discípulos do próprio Cristo".

Assim, então, mandou que chamassem Natan para que viesse à sua presença. E Natan veio e batizou-o em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, amém. Depois o imperador Tibério restabelecido já de todas as doenças, subiu ao seu trono e disse: "És Bendito, Senhor onipotente e louvável, que me livraste do laço da morte e me limpaste de todas as minhas iniquidades, pois cometi, ó Senhor, muitos pecados na tua presença e não sou digno de contemplar o teu rosto". Então o imperador Tibério foi completamente instruído sobre todos os artigos da fé.

Que o mesmo Deus Onipotente, que é rei dos reis e senhor dos que dominam, proteja-nos em sua fé, defenda-nos, livre-nos de todo o mal e perigo e, finalmente, digne-se levar-nos até a vida eterna uma vez terminada a vida temporal.

E que seja bendito por todos os séculos dos séculos. Amém.

Conclusão:

Muito embora estes relatos em vez de serem convergentes parecem ser mais do que divergentes, porém eu os trouxe aqui para mostrar que a história não parou de mencionar o fato de que Jesus o Senhor e Salvador havia nascimento em Belém da Judéia e  viveu entre os homens, cumprindo sua missão e deixando seu legado de vida, de que Ele foi, é e sempre será “O Caminho, a Verdade e a Vida “. João 14.6.

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor 





segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

QUEM ERAM ANÁS E CAIFÁZ

QUEM ERAM ANÁS E CAIFÁZ

Você sabe quem foram Anás e Caifáz e como atuaram no tempo de Jesus com relação ao Messias e a religião oficial(?) daquele tempo?  

É um fato curioso a história desses dois personagens da História Bíblica, que eram tão desacreditados diante de Pilatos, muito embora fossem indicados para os seus cargos equiparados a cargos políticos, pelo governador de Roma em Israel. 

Segundo a Bíblia quem eram Anás e  Caifáz?

O que a Bíblia e a história bíblico secular  nos informam sobre estes personagens.

Quem  foi Anás.

Anás foi um personagem do Novo Testamento citado nos Evangelhos como o sogro de Caifáz, o qual era o sumo sacerdote na época do julgamento de Jesus. Segundo o texto bíblico, Anás teria sido sumo sacerdote em Jerusalém e tinha grande influência na época do ministério de seu genro.

Quem na verdade era Anás o sumo sacerdote? 

Seu nome é a forma contraída de Ananias (no hebraico, “protegido por Yahweh”). Foi sumo sacerdote dos judeus (ver Luc. 3:2; João 18:13,24; Atos 4:6). Em Lucas ele é mencionado como sumo sacerdote juntamente com Caifáz, seu genro.

No tempo de Cristo, o ofício sumo sacerdotal tornara-se extremamente instável, extremamente improdutivo e quase desacreditado por estar sob domínio dos Romanos, a quem se submetiam, porquanto eram nomeados e destituídos sumos sacerdotes ao sabor do capricho das autoridades romanas, sendo Pôncio Pilatos o contemporâneo deles, governador em Jerusalém. 

Assim sucedeu que, embora removido do ofício, Anás reteve grande autoridade, quando seus filhos e seu genro, Caifáz tornaram-se sumos sacerdotes. Anos após haver sido deposto, continuava grande a sua autoridade, pois em Atos 4:6 ele é o primeiro nome a aparecer na lista de líderes sacerdotais.

No trecho de João 18:19,22, ele é o sumo sacerdote em questão, embora Caifáz esteja em foco nos vs. 13 e 24. Anás era filho de Sete, nomeado sumo sacerdote por Quirínio, governador da Síria, mas deposto por Valério Gratus. No Antigo Testamento, esse ofício era vitalício, e um novo sumo sacerdote só podia ser nomeado em face da morte do anterior. Porém, a ocupação romana alterou essa norma. 

Como sumo sacerdote oficial, Anás governou de 6 a 25 D.C. Ele é referido em conexão com o ministério de João Batista (ver Luc. 3:2). Quando Jesus foi aprisionado, foi levado diante desse homem (ver João 18:13). Foi ele quem interrogou Jesus acerca de seus discípulos e de Seu ensino, e quem também deu ordem a um dos soldados que batesse em Jesus com a mão. (ver João 18:19-22). Após ter sido interrogado, Jesus foi enviado amarrado para Caifás.

Semanas mais tarde, esteve presente à reunião do Sinédrio quando Pedro e João defenderam-se acerca da pregação da nova fé. (ver Atos 4:6). O fato de ser ele chamado de sumo sacerdote tem deixado alguns comentadores perplexos, posto que Caifáz, seu genro, nos evangelhos, é apresentado como o sumo sacerdote. Com base no trecho de Luc. 3:2, ficamos sabendo que Anás e Caifáz eram reputados, ambos, como sumos sacerdotes que atuavam ao mesmo tempo; e este versículo do livro de Atos (4:6), informa-nos que Anás ainda era considerado pelos judeus como o líder inconteste, embora deposto pelos romanos, tendo sido substituído no ofício por seu próprio genro, Caifáz.

Todavia, os judeus não reconheceram como legítima essa substituição vitalícia, isto é, o cargo era ocupado pelo mesmo indivíduo enquanto vivesse. No ano em que o Senhor Jesus foi crucificado no entanto, José Caifáz ou simplesmente Caifáz já era o presidente oficial do sinédrio, bem como o sumo sacerdote legal, por nomeação dos romanos. 

O historiador judeu Flavio Josefo (Antiq.  xviii. 2,1) revela-nos como o ofício sumo sacerdotal caíra em desordem. E esse mesmo escritor presta-nos a seguinte informação: Anás foi nomeado como sumo sacerdote com a idade de trinta e sete anos, no ano 7 D.C., por Quirínio, governador da Síria. Tendo sido deposto, foi substituído por Ismael, em 14 D.C.

Seguiram-se mais duas modificações antes que seu genro, José Caifáz, tivesse subido a essa posição. Caifáz permaneceu no ofício até o ano 37 D .C., ao passo que Anás continuou a ser uma espécie de sumo sacerdote “de jure” (por direito, segundo a opinião e a lei do povo judeu), embora Caifáz fosse o sumo sacerdote “de facto” ainda que, segundo o ponto de vista dos romanos, Caifáz fosse o sumo sacerdote “de jure”. A verdade, entretanto, é que para todos os efeitos práticos, Anás ainda retinha grande dose de autoridade, e Caifáz sempre pareceu relutante em tomar qualquer decisão importante, sem primeiramente consultá-lo.

No devido tempo, diversos dos filhos de Anás ocuparam, sucessivamente, o ofício sumo sacerdotal. O ofício sumo sacerdotal propriamente dito se tornara corrupto, por ter-se transformado em motivo de jogo político corrupto daquela época, sendo comprado e vendido a dinheiro. 

Caifáz sucedera a Simeão bem Camhith no ofício, mas sua permanência no posto sumo sacerdotal foi de curta duração. Simeão bem Camhith substituíra Ismael bem Phabi. Todos esses sumos sacerdotes foram nomeados por Valério Grato, governador romano. Josefo (ver Antiq.  xx.10) mostra-nos que, além de Caifáz, houve um total de vinte e oito sacerdotes, em um período de cento e sete anos.

Quem foi Caifáz?

Caifáz foi o sumo sacerdote durante a época em que Jesus foi julgado e crucificado. Seu nome era José Caifás, e ele era genro de Anás, com quem aparentemente esteve fortemente associado.
Acredita-se que Caifáz exerceu o cargo de sumo sacerdote durante cerca de dezoito anos, entre aproximadamente 18 a 36 d.C.


A história de Caifáz, o sumo sacerdote.

José Caifáz foi um sucessor de Anás, seu sogro, deposto do cargo de sumo sacerdote em aproximadamente 15 d.C. Caifáz foi nomeado pelo procurador romano Valério Grato, o homem que precedeu Pôncio Pilatos.

Caifáz ainda era o sumo sacerdote quando ocorreram as primeiras perseguições contra os cristãos registradas no começo do livro de Atos dos Apóstolos. Ele acabou sendo deposto por Vitélio.

Cronologicamente, Caifáz aparece pela primeira vez na Bíblia em Lucas 3:2. Nesse texto o evangelista fala sobre o início do ministério de João Batista, e faz uma citação incomum. Ele escreve: “Sendo Anás e Caifáz sumo sacerdotes”. Obviamente este não foi um erro do escritor bíblico.

Esta frase simplesmente reflete a realidade da época. Anás tinha sido deposto anos antes, mas “permanecia” sumo sacerdote ao lado de Caifáz. Essa permanência, no entanto, não era oficial, mas era real.

Enquanto Caifáz ocupava a posição de sumo sacerdote, seu sogro continuava a exercer autoridade equiparável a dele, talvez até maior. Alguns acreditam que Caifáz era o sumo sacerdote, mas Anás o dirigia nos bastidores.

Caifáz e o plano para matar Jesus.

Nas passagens bíblicas em que é mencionado, é possível ver quem foi Caifáz realmente. Caifáz era uma pessoa perversa e manipuladora. Ele não media esforços para obter o que queria. Ele não se importava em faltar com a justiça e derramar sangue inocente, desde que seus interesses estivessem protegidos. (Mateus 26:3,57; 18:13-28; Atos 4:6).

O comportamento astuto, oportunista, e pavoroso de Caifáz, fica claro na forma com que ele defendeu a condenação de Jesus. Ele afirmou que Jesus deveria ser sacrificado para o bem da nação.  (João 11:49,50). Mas Caifáz não pensava no bem-estar do povo, suas artimanhas tinham um propósito extremamente egoísta.

É possível que ele tivesse medo de que Jesus Cristo pudesse precipitar uma revolução em que Roma se voltaria contra Jerusalém e ameaçasse o seu conforto. Diante da discussão do Sinédrio, basicamente Caifáz afirmou que se Jesus continuasse vivo, a nação pereceria. Porém, se Ele fosse morto, então a nação seria salva.

Mas o apóstolo João afirma que as palavras de Caifáz tinham um significado que nem mesmo ele sabia. W. Hendriksen diz que Caifáz deu um significado às suas palavras, mas Deus deu outro.

Nos lábios de Caifáz suas palavras foram ditas com um tom perverso, e ele não foi absolvido da culpa de ser um daqueles responsáveis diretamente por crucificar o Filho de Deus.

Mas na providência divina essas mesmas palavras expressavam a essência do glorioso plano de redenção. Por isto o apóstolo escreve que mesmo sem saber, Caifáz  “profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos”.  (João 11:52).

O que ocorreu com Caifáz retrata muito bem a relação entre a soberania divina e a responsabilidade humana. Ele disse o que realmente queria dizer. Ele agiu livremente conforme sua natureza pecaminosa. Não obstante, através de suas palavras Deus estava cumprindo seus decretos eternos.

Caifáz  e o julgamento de Jesus.

O conselho de Caifáz surtiu efeito e foi seguido pelos líderes judeus. Eles começaram a conspirar contra a vida de Jesus. O desejo deles era conseguir prendê-lo e finalmente matá-lo. De certa forma eles temiam a reação popular diante de uma eventual prisão de Jesus. Mas nesse aspecto, Judas Iscariotes se encaixou como uma luva, quando propôs traí-lo secretamente.

Depois de ter comparecido preliminarmente diante de Anás, Jesus foi levado até Caifáz. (João 18:24). 

Caifáz presidia o Sinédrio que naquela ocasião e buscou qualquer tipo de motivo para acusar Jesus. Não encontrou.

Então o Sinédrio baseou seu julgamento em falsos testemunhos armados com a finalidade de levar Cristo à morte. (Mates 26:59).

Jesus se recusou a responder as falsas acusações dos líderes judeus. Então Caifáz lhe interrogou acerca de sua posição como Messias. Jesus respondeu Caifáz aplicando a si mesmo uma passagem do livro do profeta Daniel. (Daniel 7:13). Então sem perder tempo, Caifáz o acusou de blasfêmia. 

Toda a hipocrisia de Caifáz foi revelada quando no final do julgamento ele rasgou suas vestes como se estivesse profundamente triste, quando na verdade estava muito satisfeito por ter conseguindo a base para a condenação de Jesus.

Tendo sido considerado merecedor de pena de morte perante o Sinédrio, Jesus foi conduzido a Pilatos, o governador romano da província. 

Naquela ocasião ficou claro que Caifáz e os demais líderes judeus tinham inveja de Jesus. (Mateus 27:18).

O sumo sacerdote Caifáz é citado uma última vez na Bíblia no livro de Atos dos Apóstolos. 

Ele estava envolvido na perseguição aos apóstolos, e aparece no interrogatório de João e Pedro perante o Sinédrio. (Atos 4:6).

Conclusão 

Que lições Caifáz deixou para sua posteridade?

Certo erudito descreveu os sumos sacerdotes como “severos, astutos e experientes, e muito provavelmente arrogantes”. 

A arrogância fez com que Caifáz rejeitasse o Messias. Portanto, não devemos desanimar quando as pessoas rejeitam a mensagem da Bíblia. Alguns não têm suficiente interesse na verdade bíblica para abandonar crenças muito estimadas pelos seus antepassados. 

Outros talvez achem que pregar humildemente as boas novas os rebaixaria.

Os padrões cristãos repelem os desonestos e os gananciosos.

Na qualidade de sumo sacerdote, Caifáz poderia ter ajudado seus companheiros judeus a aceitar o Messias, mas sua avidez pelo poder fez com que rejeitasse Jesus. 

Essa oposição provavelmente continuou até a morte de Caifáz.

O registro de seu comportamento mostra que não são só os ossos que ficam depois da morte. 

Por meio das nossas ações, estabelecemos uma reputação duradoura aos olhos de Deus e dos homens quer seja para o bem quer seja para o mal.

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O QUE É CONVERSÃO

O QUE É CONVERSÃO 

O Que É Conversão?

Jesus disse a Pedro que também era conhecido como Simão:

"Simão, Simão, Satanás vos pediu para vos peneirar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos”. Lucas 22:31-32

Segundo o dicionário Bíblico de Almeida, o termo conversão significa "Mudança de vida, mudança de rumo, uma virada completa na vida operada por Deus. Essa mudança tem dois aspectos. 

O primeiro, relacionado com o pecado, chama-se arrependimento. 

O segundo, relacionado com Cristo Jesus que é a fé".

Desta forma, a conversão está intimamente ligada com a mudança de rumo na vida de alguém. Quando uma pessoa se arrepende de seus erros, confessa a Jesus como Único e suficiente Senhor e Salvador de sua vida, demonstrando fé e decide direcionar seus passos de acordo com os ensinos da Palavra de Deus, a pessoa está principiando um processo chamado conversão.

A conversão não está relacionada com o tempo que um indivíduo passa na igreja, nem com a quantidade de "glória a Deus" ou "Aleluia" que ele fala. Vejam o caso de Pedro citado nos versículos acima: ele já andava há mais de três anos com Jesus, ouvindo seus ensinos, comendo com Ele, viajando com Ele e servindo ao Senhor em todo tempo, mas ainda não era convertido, pois o Senhor disse: "... E tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos". Lucas 22:32b.

Existem muitas pessoas que estão há anos nas igrejas, ouvindo a Palavra, algumas até servindo a Deus como obreiros, mas que ainda não experimentaram a verdadeira conversão. Basta uma situação inesperada acontecer, ou alguém ofendê-los por algum motivo, e logo tiram a "capa" de crente, jogam a “máscara” de crente no chão e mostram realmente quem são. 

Misericórdia Jesus! Quantos há que estão em lugares de destaque nas igrejas,  nos púlpitos e que até oram pelos outros, porém ainda não se converteram de verdade. Isso parece que é próprio do ser humano. Mas os que assim agem serão revelados e se não se converterem de verdade perderão a salvação. Jesus é tão bom que dá a oportunidade a todos para serem salvos até na última hora. 

A verdadeira conversão é aquela que aplica a Palavra de Deus na vida prática do cotidiano. A verdadeira conversão é aquela que imita a Cristo, transformando o indivíduo em discípulo e Cristão verdadeiro. 

A pessoa torna-se um verdadeiro seguidor e imitador de Cristo. A verdadeira conversão não é vista em trajes sociais ou cabelos compridos, mas em trajes espirituais de mansidão, bondade e amor.

"Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo" I Coríntios 11:1.

A verdadeira conversão não é medida por quantos bens a pessoa possui. 

Jesus rejeitava, muitas vezes, aqueles que tentavam segui-lo por serem possuidores de muitos bens. A um jovem rico que buscava o seu conselho, ele replicou com palavras tão fortes que o homem foi embora entristecido, não disposto a seguir Jesus a tão alto preço (Mateus 19:16-22). A um importante líder religioso, Nicodemos, que tinha vindo louvando Jesus, o Senhor respondeu abruptamente: Você tem que nascer de novo, se quiser ao menos ver o reino de Deus. (João 3:1-8).

Jesus pintava francamente as dificuldades em segui-lo e rejeitava todos os que tentavam fazê-lo de forma inadequada (Lucas 9:57-62).

Jesus pregou sobre o tema: "Não pode ser meu discípulo", discutindo abertamente a necessidade de calcular o custo antes de embarcar na vida de discípulo. (Lucas 14:25-33).

Não era porque Jesus não quisesse seguidores. Ele veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos (Lucas 19:10). Ele estava profundamente comovido pelas multidões perdidas e ansiava pela sua conversão. (Mateus 9:35-38; Lucas 19:40-41). 

Mas Jesus sabia que não seria fácil para os homens segui-lo e que eles estariam inclinados a enganarem-se a si mesmos, pensando que eram discípulos, quando não o eram. O Senhor nunca deixou de declarar francamente o que a conversão real exige de cada um.

Em duas ocasiões separadas Jesus retratou a cena apavorante do julgamento, quando os homens condenados estivessem esperando ser aceitos por Deus, mas não seriam. (Mateus 7:21-23; Lucas 13:22-30). 

Há muitos, que se consideram fiéis a Deus, que Ele não os aceita como fiéis. É essencial examinarmo-nos a nós mesmos. Talvez nos sintamos confiantes em nossa salvação, mas assim o fizeram aqueles de Mateus 7 e Lucas 13.

O que Jesus exige para sermos realmente convertidos? Em Mateus 23 Jesus trata duramente com os que se declaravam tão santos a ponto de declarar que somente eles seriam salvos; nem Jesus seria salvo segundo a concepção errada dos sacerdotes do templo. 

Jesus os chamou de sepulcros caiados. 

Nosso comportamento depois da conversão equipara-se ao comportamento de uma criança.

Em Mateus 18:1-5 Jesus usou uma criança para ensinar a lição que temos que humilharmo-nos para entrarmos no reino de Deus. 

Frequentemente, a humildade era a qualidade que distinguia os verdadeiros discípulos. (Marcos 2:13-17; Lucas 7:36-50; 18:9-14). 

O primeiro passo em direção à bem-aventurança é ser pobre em espírito, isto é, reconhecer o nosso próprio vazio espiritual e a indignidade; somos indignos do reino de Deus por nossos próprios méritos.  (Mateus 5:3). 

Os sermões do livro de Atos sempre destacaram a culpa do homem. A verdadeira conversão nunca ocorre, a menos que a pessoa se tenha humilhado primeiro debaixo da potente mão de Deus. 

A troca de palavras entre Jesus e Nicodemos em João 3, é fascinante. Nicodemos era um chefe religioso. Ele veio a Jesus, louvando seus ensinamentos e milagres. É difícil saber o que se passava na mente de Nicodemos, enquanto falava. Talvez estivesse esperando louvor, uma posição na administração de Jesus ou um voto de confiança pela obra que ele mesmo estava fazendo, como mestre em Israel. Mas a resposta surpreendente de Jesus foi: "Nicodemos, você precisa começar tudo de novo, se quiser entrar no reino de Deus, você tem que nascer de novo”.

Seja o que for que Nicodemos estivesse esperando, não era isto! A resposta de Jesus significava que toda a religião de Nicodemos, toda a sua atividade no ensino, toda a sua posição no judaísmo, eram sem valor, em relação ao domínio de Deus. Nós também precisamos ver que toda a nossa religião e nossa própria grandeza nada valem. 

As realizações do passado nada representam.

Precisamos recomeçar tudo novamente para sermos capazes de entrar num novo e rico Caminho de um novo relacionamento com Deus.

Jesus ensinou que é loucura começar um projeto sem entender primeiro o que será exigido para terminá-lo. Ele ilustrou com a ideia de um homem que começou a construir uma torre, mas loucamente esqueceu de fazer um orçamento para determinar se teria fundos para completá-la, e assim teve que parar no meio do projeto. A verdadeira conversão necessita de um cuidadoso exame do estilo de vida que Deus espera do convertido.

Observe em Lucas 14:26, 27,33: "Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo". Para servir a Deus fielmente, ele precisa ter o primeiro lugar em minha vida. 

Preciso servi-lo acima das considerações de família, do bem-estar material e de meus próprios desejos. Jesus ressaltou a necessidade de tomar-se a própria cruz. 

A cruz daquele tempo era um instrumento de morte, e não um objeto ornamental. Jesus estava dizendo que haveria dificuldades e lutas para quem o servisse. (Hebreus 11; Mateus 10:24-25).

Não seria fácil. O conceito atual de uma religião confortável, socialmente correta, é bem diferente do ensinamento de Cristo, que é preciso sacrificar os próprios desejos, a si mesmo e até a própria vida se for necessário.  Lucas 9:23-24; Mateus 10:34-39; 16:24.

A conversão é o primeiro passo para uma nova vida. 

Para nascer de novo é necessário arrependimento.

O arrependimento, que é essencial à verdadeira conversão. Atos 2:38; 17:30, envolve morte ao pecado e não ao pecador. Rm.6.23. Rm.6. Jesus abomina, rejeita e condena o pecado, mas ama e quer salvar o pecador. 

A Bíblia o compara à morte e ressurreição de Cristo. Tem que haver uma mudança de estilo de vida radical, tem que haver um esforço total para mudança de comportamento. 

A Bíblia usa termos como matar o velho homem e revestir-se com o novo, e descreve com minúcias as mudanças exatas que precisam ser feitas. Haverá mudanças tais como nas seguintes referências bíblicas: Efésios 4:17-32; Colossenses 3. 

Os maus hábitos como embriaguez, imoralidade sexual, ira, ganância, orgulho, dentre outros que precisam ser eliminados da própria vida, ao passo que devem ser acrescentados o amor, a verdade, a pureza, o perdão e a humildade que são o fruto do Espírito de que trata Gálatas 5.22,23.

Este é o resultado do arrependimento e o nascimento para uma nova vida em Cristo.

Muitas pessoas tentam ser convertidas e converter outras, sem arrependimento. Elas ensinam um cristianismo indolor, que não exige sacrifício. Elas salientam as emoções, a felicidade e as bênçãos, porém pensam pouco sobre as mudanças reais que a conversão exige na vida diária da pessoa. 

Temos que lembrar dos dois caminhos. Um é espaçoso e largo, porém o outro é estreito e tem pedras (dificuldades, lutas, provações) no caminho que leva aos céus. 

Entendamos isto claramente: Não há conversão sem transformação. Aquele que creu e foi batizado, aquele que até mesmo foi aceito numa igreja e participa fielmente das atividades religiosas, mas que não se arrependeu, não é salvo. 

O arrependimento é um compromisso sério, determinado, para mudar sua própria vida.

Dentre muitas coisas que nos aperfeiçoam pelo caminho estreito temos que passar prli batismo nas águas como Jesus foi batizado.

Quase todas as religiões dizem alguma coisa sobre o batismo, mas os procedimentos que são aceitos como batismo variam muito. Atos 19:1-7 mostra que nem todo “batismo” é aceitável pelo Senhor; aqueles que tinham sido imersos com o batismo de João tiveram que ser batizados novamente, porque o batismo anterior não era válido. É verdade que só há um único batismo bíblico, mas pode haver muitas outras coisas chamadas batismo, que Deus não aceita. Se a pessoa não foi batizada corretamente, então não recebeu o batismo das Escrituras, e tem que ser imersa novamente.

Algumas ilustrações nos esclarecem melhor.

Algumas coisas nas igrejas são chamadas de Ceia do Senhor, que o Senhor não reconhece. Para tomar parte realmente na Ceia do Senhor, tem que ser a pessoa certa e é  preciso executar o ato certo bem como pelo motivo certo. 

A pessoa precisa ser um discípulo fiel. Se um ateu comesse do pão e bebesse do fruto da vinha, ele não estaria participando da Ceia do Senhor. O ato exigido é para comer do pão e beber do suco da uva. Se alguém repartisse um cachorro quente e um refrigerante, isso não seria a Ceia do Senhor. 

O motivo tem que ser relembrar a morte do Senhor. Se alguém tomasse a Ceia do Senhor pensando se vai chover ou não, o Senhor não o aceitaria. Não é difícil entender esta ideia.

Mas agora, para que o batismo seja correto, ele precisa envolver a pessoa certa, que realiza o ato certo e pelo motivo certo. A pessoa tem que ser um crente que se arrependeu de verdade. (Marcos 16:16; Atos 2:38). 

O ato tem que ser acompanhado do sepultamento da velha natureza que é o  batismo nas águas. (Colossenses 2:12; Romanos 6:3-4). 

O motivo tem que ser o perdão dos pecados. (Atos 2:38; 22:16). Muitos "batismos" não incluem estes pontos. 

Quando recém-nascidos, ou adultos que nunca realmente se arrependeram, são batizados, o batismo é inválido. Quando alguém é aspergido e não é imerso, isso não é batismo verdadeiro. Quando alguém é batizado por outros motivos que não para receber a remissão dos pecados, seu batismo é inútil.

É importante analisar cuidadosamente este último ponto, em vista dos falsos ensinamentos prevalecentes, no que dizem respeito ao propósito do batismo. É ensinado comumente que se é salvo pela fé somente, por aceitar Jesus no coração, ou simplesmente por levantar a mão, em resposta a um apelo a identificar-se com Cristo. 

Aqueles que assim ensinam dizem que o batismo é um sinal exterior de que já se foi salvo. Eles ensinam que o batismo é uma maneira de identificar-se visualmente com a congregação de crentes, mas que isso nada tem a ver com Deus perdoar os pecados de alguém. Assim, muitas pessoas são batizadas com a noção errada de que Deus já os tinha perdoado. 

Biblicamente, o batismo é essencial para se receber a salvação. (Marcos 16:16; Atos 2:38; 22:16; Romanos 6:3-4; 1 Pedro 3:21). O batismo bíblico precisa ser para a remissão dos pecados. Portanto, aquele que cria que já estava salvo quando foi batizado, não foi batizado para a remissão dos pecados, e ainda precisa receber o batismo bíblico, para ser salvo pelo Senhor.

Não vou entrar aqui nas exceções de pessoas que foram,  são ou serão salvas sem passar pelo batismo nas águas como o foi o ladrão da cruz que estava ao lado de Jesus .

A tendência das pessoas religiosas do século vinte e um teem sido a de amenizar as exigências da conversão e inventar um plano mais fácil para ser salvo. 

A mensagem deles é muito diferente da de Jesus, que até repelia os candidatos a discípulos, dizendo-lhes as condições estritas e restritas que Ele impunha. 

Muitos se surpreenderão ao saber, no dia do julgamento, que o Senhor jamais os tinha conhecido. (Mateus 7:21-23; Lucas 13:22-30). 

Vamos reexaminar nossa própria conversão. 

Vamos ensinar aos outros sobre a verdadeira conversão nos certificando, com cuidado, que não tentamos passar por cima das exigências de Deus.

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.








segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

CALEBE O AMIGO INSEPARÁVEL DE JOSUÉ

CALEBE O AMIGO INSEPARÁVEL DE JOSUÉ 

Como é bom ter bons amigos. O melhor amigo de Moisés foi Josué muito embora Moisés fosse muito amado e respeito por todos os hebreus. 

O melhor amigo de Josué foi seu grande amigo desde os tempos de Moisés chamado Calebe. 

Quem era essa figura importante da história dos Hebreus que foi contemporâneo de Moisés, de Josué e fez um sucessor depois dele chamado Otniel, que tornou-se seu genro e foi o primeiro juiz de Israel. Ninguém pode, com precisão, informar a data da morte de Josué. Nem em seu livro isso é informado. Calebe foi o sucessor natural de Josué depois da morte deste.

Calebe - O quenezeu de nascença.

 Seu nome significa = “ferocidade de cão”.

Calebe era filho de Jefoné, o quenezeu. O termo “quenezeu” ocorre pela primeira vez na Bíblia em Gn 15:19. Era um clã cujo patriarca foi Quenaz, um dos príncipes dos filhos de Esaú. (Gn 36:15, 42).

Calebe foi uns dos mais notáveis assessores de Josué após a travessia de Israel pelo deserto. Sabe-se que Josué lutou e venceu 31 reis e sem o apoio e fidelidade de um assessor como Calebe, a jornada não seria bem sucedida. A bem da verdade Josué não conseguiu expulsar todo o povo da terra prometida conforme o Senhor ordenara.

O nome Calebe não tem um significado preciso, mas é algo próximo de: “Ferocidade de cão”. Calebe era descendente de Abrão; portanto, de língua semita, mas não pertencia a descendência de Israel. Ele veio da descendência de Esaú, irmão de Jacó. (Israel).

Assim foram as gerações de Abraão até Calebe.

Abraão => Isaque.

Esaú / Elifaz / Quenaz / . . . / Jefoné / Calebe. (Ver Gn 36:15,35,36,42; 1Cr 4:15).

Jacó / Efraim / Berias / . . . / Taã / Ladã / Amiúde / Elisama / Num / Josué (1 Cr 7:23 a 27).

Calebe, o quenezeu, foi incorporado a tribo de Judá (Nm 13:6). Não se sabe como se deu esta associação porém muitos estrangeiros saíram do Egito misturados com Israel em direção ao deserto (Êx 12:38).

De todos os que foram enviados para espiar a terra prometida, somente JOSUÉ e CALEBE trouxeram relatório satisfatório e animador, pois demonstraram confiança no Deus de Israel.

Calebe recebeu o território de Hebrom por herança durante a liderança de Josué (Js 14:13-14) porquanto perseverara em seguir ao Senhor, o Deus de Israel.

Como vimos acima a origem de Calebe não é mencionada em detalhes na bíblia, mas foi um homem que fez parte da geração de escravos libertos do Egito conduzidos por Moisés. Era filho de Jefoné, um hebreu da família de Quenaz, (daí o nome quenezeu).

Trajetória no deserto

Calebe era um homem diferenciado e muito importante em sua tribo, pois foi levantado por Moisés como príncipe (chefe) da tribo de Judá e um dos 12 espias da Terra Prometida.

Passou por duas gerações da tribo de Judá como chefe, a primeira geração mencionada em Números 1.1 a 46, na entrada do ciclo do deserto, com 74.600 homens (Números 1.26 a 27), e a segunda geração, já próximo à terra prometida, com 76.500 homens (Números 26.19 a 21). O ciclo do deserto durou 40 anos, e todos os homens da primeira geração morreram prostrados no deserto, com exceção de Calebe em sua tribo (Hebreus 3.14 a 19). Imagine: Calebe viu quase 75 mil homens da sua tribo e 603.500 de todo o Israel morrerem no deserto. A maioria morreu por haver murmurando contra o Senhor, o Deus dos Hebreus. O motivo de morrer toda uma geração foi uma série de pecados e rebeliões cometida pelo próprio povo, narrada no livro de Números e resumida em 1Coríntios 10.1 a 13.

A geração que nasceu no deserto, sem dúvida, estava mais preparada para a conquista da Terra Prometida do que a geração de escravos que saiu do Egito. 

No Egito eles aprenderam a ser escravos e acostumaram com a servidão de tal forma que não queriam lutar pela sua libertação. 

Calebe e Josué foram a única exceção, porque estavam com disposição e sentimentos ajustados à palavra liberada pela boca de Moisés, que é notável na narração de Números 13 e 14, texto que expõe o conflito entre 10 espias que viam impossibilidades para conquista da Terra Prometida, por causa dos povos inimigos, em antítese ao posicionamento de Calebe e Josué (Números 26.64 e 65); Josué e Calebe acreditavam que era viável a vitória pela palavra de promessas de Deus. A bíblia ainda dá o detalhe que o sentimento de Calebe era diferenciado e que Deus o conduziria a conquista da Terra da Promessa:

"Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar na terra que espiou, e a sua descendência a possuirá”. (Números 14.24).

Calebe era forte, valente e posicionado diante da palavra da promessa (Números 13.30; 14.6 a 9); não se assustou com a ameaça de apedrejamento por parte do povo (Números 13.10) e foi protegido pelo Senhor no deserto. 

(Números 14.37 a 38; Deuteronômio 1.36).

Toda a trajetória da vida de Calebe foram marcadas de desafios e conquistas. 

Após toda a conquista da Terra Prometida, 33 reinos canaanitas ao todo, liderando a tribo de Judá, Calebe conquistou território tão grande quanto Manassés e Efraim, filhos de José. Judá ocupou boa parte da região sul de Canaã e os deserto mais íngremes, como a Judéia e o Neguebe. O auge da conquista de Calebe foi o monte Hebrom, lugar que pedira a Josué como herança particular de sua família. Vigoroso em sua velhice, aos oitenta e cinco anos (Josué 14.6 a 15), Calebe ainda dominou todo o monte, derrubando Sesai, Aimã e Talmai, os três posseiros anaquins (família de gigantes, exatamente o povo que colocou medo nos 10 espias – Juízes 1.10).

A excelência de Calebe é vista na expulsão de todos os posseiros da terra, diferente dos benjamitas que permitiram os jebuseus viverem conjuntamente com em Jerusalém, o que se tornou uma "dor de cabeça" até a conquista de Davi. (Juízes 1.16 a 21). Único povo que resistiu ao povo de Judá foi do litoral ao sul, possivelmente filisteus, (A Filistéia é hoje a conhecida Faixa de Gaza) que tinham armas de ferro, tecnologicamente avançados para aquela época, pois eram povos que vinham das ilhas gregas.

Calebe teve/fez ainda um sucessor, seu sobrinho, um juiz e guerreiro chamado Otniel, que além de se casar com a filha de Calebe ao conquistar Debir e o monte Quiriate Sefer (Juízes 1.11 a 15), liderou todo povo de Israel contra investida do rei da Mesopotâmia (Juízes 3.7 a 11). Calebe formou um líder sucessor, diferentemente de Josué, que apenas se despediu do povo. A bíblia não menciona a morte de Calebe, apenas que teve paz após suas conquistas.

Curiosidades sobre Calebe 

O nome de Calebe volta a aparecer 400 anos depois de sua morte: Um descendente distante, Nabal, foi um homem insensato do Monte Carmelo que se levantou contra Davi (1Sm 25). Nabal morreu e Davi casou com sua mulher, Abigail. Com ela e mais duas mulheres, Davi refugia-se em Hebrom (1 Samuel 2:2). Ou seja, Davi casa-se com a mulher do descendente de Calebe, refugia-se e é ungido no monte de Calebe.

Em Hebrom, o monte de Calebe, também moravam os descendente de Levi, da família de Coate (Josué 21.10 a 11) e havia ainda uma cidade-refúgio para os homicidas. (Josué 21.13).

Outros fatos importantes do Monte Hebrom que merece menção aqui:

O monte Hebrom foi chamado de Morada de Abraão. (Gênesis 13.18).

Ali foi o local da morte de Sara. (Gênesis 23.2).

Local do túmulo de Abraão, Isaque e Jacó. (Gênesis 23.14 a 20).

A unção de Davi como rei também se deu  ali no monte Hebrom. (1 Samuel 5.1 a 5).

Hoje, Hebrom é uma cidade da Cisjordânia (de domínio árabe), que está sob ocupação de Israel desde 1976, com população majoritariamente árabe.

Calebe é um referencial bíblico de perseverança nas promessas de Deus, de disposição nas batalhas e conquistas da vida. 

Saiu da escravidão egípcia, cruzou 40 anos de deserto, viveu sinais poderosos, venceu 33 reinos em Canaã e conquistou o monte Hebrom, o monte de sua herança. Que tenhamos, nestes dias de modernidade do século XXI a coragem e a perseverança de Calebe para alcançar grandes e completas conquistas em nome de Jesus. 

Devemos lutar com garra e determinação como Calebe para alcançarmos as vitórias do dia a dia.

1)  Nós vamos conquistar pela fé o inimaginável. Calebe andou contra todas as expectativas de frustrações. O segredo de Calebe foi crer, esperar em Deus e lutar as batalhas do Senhor. Calebe esperou mais de 45 anos para alcançar suas vitórias e não desistiu dos seus objetivos.

2)      Vitalidade, força e unção de conquista não lhe faltaram. Se você não desanimar, irá colher o que planeja colher do que você plantou. Calebe tinha uma aliança com Deus e celebrou com sua família as suas conquistas que ficaram para sua posteridade.

É hora de revermos nossos conceitos e confiar pela fé que vamos alcançar nossas tão almejadas vitórias. 

3) Precisamos buscar a nossa capacitação espiritual para adentrar no desconhecido do deserto até a terra prometida para lá lutarmos até atingirmos nossos objetivos e nossos sonhos. Se ficarmos na mesmice do dia a dia conformados com o conforto do sofá de nossa casa, nunca seremos vitoriosos como Calebe. Vejam que todas as conquistas de Calebe foram através de batalhas sangrentas que ele teve que enfrentar e vencer uma a uma de cada vez. Planejou suad estratégias de guerra para vencer em o nome do Senhor Deus de Israel. (Tiago 1.12). 

Depois de provado, você poderá ser aprovado.

Alegre-se pelas provações, porque essa momentânea tribulação produzirá um peso de glória. Só espera quem tem uma promessa e o que prometeu é fiel para completa-la. Deus nos capacita para a vitória mesmo a gente achando que não é capaz de conquista-la. (Hebreus 10.35).
Não abandone sua confiança no Senhor, tenha fé e suas bênçãos Deus vai te dar. Entrega seu caminha ao Senhor, confia nEle e o mais ele fará.

Do livro de Josué Capítulo 14 tiramos as seguintes lições sobre a trajetória da vida de Calebe. 

Calebe é um personagem que não pode ser ignorado nas escrituras. 

Sua vida, tem muito a nos ensinar. No hebraico seu nome significa simplesmente escravo. As lições que o capítulo 14 de Josué pode nos ensinar são;

1)  Nosso corpo pode deteriorar, pode envelhecer, adoecer, mas as promessas de Deus não. Jo.14.6.
É preciso guardar as promessas de Deus, apesar dos anos passarem tão velozmente.

2)   Não é o tempo que diz que você está velho demais, mas quando seus olhos já não  vislumbram mais a luz do horizonte, é o sinal de  que a velhice chegou. João 14.7 8.

Não permita que o envelhecimento do corpo   roube a luz de Deus em sua alma, em sua vida. Creia apesar das lutas , creia apesar dos anos.  Sempre creia no poder de Deus.

3) O fato de você estar vivo é uma demonstração de que Deus está te dando uma nova oportunidade para que você veja as realizações das promessas de Deus em sua vida. João 14.10.

O tempo não pode roubar de nós o desejo de novas conquistas, o tempo não pode nos fazer esquecer das promessas de Deus. João 10.6.

4)   Não usem as fragilidades do seu corpo como um obstáculo ou como um impedimento, mas creia na força e no poder que vem de Deus para te capacitar e você receberá a vitória em sua trajetória de vida. João 14.11,12.

Mesmo aos 85 anos Calebe acreditava no cumprimento das promessas de Deus; mesmo que ele já tinha 85 anos, ainda restava forças para  ir aos campos de batalhas e lutar para vencer. 

A lição aqui é que podemos ser velhos em corpos de trinta anos, ou podemos ser novos em corpos de setenta anos; no caso de Calebe era 85 anos. Deus é capaz de cumprir as promessas que Ele nos fez. Que Deus lhe abençoe grandemente e te fortaleça. Que você tenha bons amigos e muita vitalidade; que você seja fortalecido no Senhor e na força do seu poder.

Vamos batalhar as guerras espirituais do Senhor Jesus e teremos vitórias. 


Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.