domingo, 31 de março de 2019

ANÁLISE DA CRUCIFICAÇÃO DE JESUS

UMA PEQUENA ANÁLISE DA CRUCIFICAÇÃO DE JESUS 

Para fazermos esta  análise da crucificação de Jesus, vamos tomar como  base a profecia de Isaías 53 versículos 2-12.

2. Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. 

3. Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

4. Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. 

5. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. 

6. Todos nós andavamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. 

7. Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.

8. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido. 

9. E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca.

10. Todavia, ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.

11. O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. 

12. Pelo que lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos, repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.

O relatório do que era a crucificação.
  
Um relato do que era a crucificação nos tempos do império de Roma, mostra toda a agonia física e mental que Jesus Cristo passou. O que vemos nos evangelhos e nos filmes é apenas uma simples alusão do que realmente essa tortura era na realidade.

Um olhar mais específico sobre o que foi essa crucificação.

Era uma das mais terríveis formas de punição na Roma antiga, a crucificação combinava vergonha, tortura, agonia e morte. Era a mais humilhante das formas de execução. Despojado de suas vestes, o condenado era açoitado impiedosamente pelos carrascos com um azorrague, espécie de chicote com cerca de oito tiras de couro cujas pontas eram reforçadas com objetos perfuro cortantes, como pregos e pedaços de ossos, para aumentar o sofrimento da vitima.

Muitos não resistiam ao açoitamento e morriam antes da crucificação. Os que sobreviviam ao flagelo eram, muitas vezes, obrigados a carregar a sua cruz pelas ruas da cidade até o local da execução. Seminus, com a pele e a carne dilaceradas pelo castigo, eram expostos ao escárnio popular.

Pessoas cuspiam, atiravam coisas e insultavam os condenados.

O peso da cruz era insuportável para eles que já estavam fragilizados e exaustos pela longa sessão de tortura. Durante o percurso, as quedas eram frequentes e os condenados obrigados a retomar a caminhada com a cruz sobre os ombros. Hoje, acredita-se que os condenados carregavam apenas a viga horizontal da cruz, a outra parte era fincada antes, no local da execução.

Finalmente, os braços do condenado eram atados à trave e seu corpo içado. Normalmente, os punhos eram atados à viga por cordas, mas no caso de Jesus, foram usados cravos de ferro, que perfuravam a carne, destruindo nervos e ossos, multiplicando ainda mais o sofrimento.

Um estudo mais aprimorado da agonia de Jesus.

O cirurgião francês Pierre Barbet, do hospital Saint Joseph, de Paris, descreve a agonia da crucificação no livro “A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o cirurgião“:

Com a carne e a pele dilaceradas pelas chibatadas com o azorrague, Jesus recebeu na cabeça espécie de coroa ou capacete feita com galhos entrelaçados de uma planta com espinhos, que perfuram seu couro cabeludo, provocando fortes dores e sangramento abundante. Em seguida, foi vestido com uma túnica. O tecido, em contato com as feridas abertas, gruda na carne.

O braço horizontal da cruz é posto sobre seus ombros e ele é exposto à multidão feroz. Já sem forças, Jesus é rebocado com cordas pelos soldados, num percurso de cerca de 600 metros. Seus passos são arrastados, o peso da trave e a fadiga causam várias quedas, ferindo seus joelhos. Os soldados o agridem, o açoitam e o forçam a prosseguir.

Chegando ao Gólgota, os carrascos lhe arrancam violentamente a túnica, a carne grudada no tecido é dilacerada, gerando violentas dores.

Deitado de costas sobre a trave da cruz, Jesus tem os pulsos transpassados por longos cravos que se fixam na madeira e depois são rebatidos. 

Outros especialistas defendem a hipótese de que, além dos cravos, os algozes tenham usado cordas para prender seus braços a cruz. Então foi içado rapidamente para o alto da estaca. O nervo mediano lesionado pelos cravos se estica como uma corda de violino quando o corpo é suspenso.

A cada solavanco, o nervo exposto em contato com o cravo provoca dores atrozes. As pontas dos espinhos rasgam o couro cabeludo e o crânio, cada vez que Jesus mexe a cabeça. Em seguida, seus pés são pregados a uma espécie de apoio fixado na estaca, para prolongar sua agonia.

A posição da cruz provoca o enrijecimento da musculatura dos braços, numa contração progressiva que se espalha pelos músculos do tórax, pescoço e abdômen. O processo, chamado de tetania, vai aos poucos tornando a respiração cada vez mais penosa até provocar a parada respiratória . O ar entra nos pulmões e não sai e, com isso, a vitima não consegue puxar o ar e lentamente vê chegar a morte por asfixia.

Nos momentos finais de sua agonia, Jesus, num esforço sobre humano, se apoiava nos pregos cravados em seus pés e erguia o corpo, aliviando a tração dos braços, para poder respirar e falar. 

Jesus pede ao pai que perdoe seus carrascos, e desabafa:

Eloí,  Eloí, lamá  sabactani ”(Pai, Pai, porque me abandonastes? Ou “ Porque me desamparastes"?

Num último e derradeiro esforço, grita:

“Pai em tuas mãos entrego meu espírito”. “Tudo está consumado”.

E Jesus morre, cumprindo com seu sacrifício da lei ditada por Moisés. O Cordeiro de Deus livra, com seu sangue derramado, os pecadores do mundo inteiro, da condenação da morte, porque diz o apóstolo Paulo “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor “. Rm.6.23.

Continuando nosso raciocínio vejamos o que tudo isso significa e o porquê desse acontecimento.

O sentido principal da crucificação de Jesus.

O capítulo 15 do Evangelho segundo Marcos nos narra uma triste sequência de dor e sofrimento por que passou Jesus Cristo: julgamento por Pilatos, sua condenação e crucificação, além de seu sepultamento. Desejo refletir sobre a crucificação. É preciso não se perder o foco sobre a verdade da cruz. É preciso que sejam despertadas em nós as emoções dos sofrimentos por que passou Jesus ao ser crucificado:

I – O início do sofrimento.

Jesus começou a carregar a cruz como se exigia dos condenados. Fragilizado, exausto, após as muitas chicotadas, caiu sob o peso do madeiro. Os romanos, então, obrigaram Simão, um judeu de Cirene a carregar-lhe a cruz. E assim Jesus é levado ao Gólgota, colina situada fora da cidade de Jerusalém. Segundo o costume, deram-lhe uma mistura de vinho com mirra, na tentativa de aliviar os sofrimentos, mas Ele não aceitou.

II – Ele foi cravado na cruz e morreu após seis horas de dores e agonia.

Foi na terceira hora judaica (9 horas da manhã) que pregaram Jesus no madeiro.

Os sofrimentos se prolongaram até a nona hora judaica (3 horas da tarde). A crucificação era uma morte lenta e dolorosa, e a vítima podia ficar assim até por 36 horas. Mas Jesus suportou intensamente seis longas e terríveis horas de dor e sofrimento. Suas roupas foram divididas entre os algozes. Sendo o manto feito de uma só peça, lançaram sortes para saber a quem caberia. 

A humilhação sofrida por Ele nas últimas horas com a traição de um discípulo, a farsa do julgamento, a condenação das autoridades religiosas e do procurador romano, os apupos da multidão, a preferência por Barrabás, sendo anistiado, seu desnudamento e a violência das marteladas dos cravos em seus pulsos e pés, o abrupto puxão da cruz sendo enterrada no chão, soma-se o espólio de suas vestes. Mas isso, também, aconteceu em cumprimento à promessa messiânica. (Sl 22.16-18).

Sendo colocado ao lado de dois ladrões e malfeitores fica evidente aos olhos daqueles que ali se encontravam, aos pés da cruz, a sua condição de vergonha e degradação, principalmente por que, por ironia, ainda lhe cravaram na cabeça uma coroa de espinhos, e uma inscrição de que era “o Rei dos Judeus”. 

Ali aos pés da cruz identificamos algumas pessoas com três tipos de atitudes. 

O primeiro grupo de pessoas: cercado de apatia e indiferença. Era formado pelos soldados que estavam em mais uma missão a serviço do império romano; ali eles tiravam sorte para saber quem seria contemplado por aquele lindo manto. Esse grupo tipifica os que vivem como se Cristo nunca tivesse existido.

O segundo grupo de pessoas: movido pela simpatia e solidariedade. Era formado pelas mulheres que acompanhavam Jesus. Este grupo tipifica os que são, verdadeiramente, fiéis seguidores de Cristo, e se posicionam junto a Ele em qualquer situação.

O terceiro grupo de pessoas: impelido por antipatia e oposição. Era formado pelos líderes religiosos e anônimos que se aproximavam de Jesus para zombar e dEle tripudiar. Este grupo tipifica os que fazem oposição sistemática a Deus, Sua Palavra e Seus princípios.

III – A morte de cruz, seu sentido doutrinário e o seu significado.

A morte de Jesus Cristo na Cruz é descrita como:

1) Expiação pelo pecado: a palavra “expiar” no hebraico tem o sentido de “cobrir”. Expiar o pecado é, então, cobri-lo da vista de Deus, de tal forma que não mais lhe provoque a justa ira. Na expiação o pecado é apagado, removido, lançado no fundo do mar, é perdoado. A morte de Cristo é expiatória, pois nos remove os pecados. ( 1 Pe 2.24; 2 Co 5.21).

2) Para nossa propiciação : Propiciar é aplacar a justa ira de Deus mediante a oferta de uma dádiva. Em Sua misericórdia, Deus aceita a dádiva e restaura o pecador. Cristo é descrito como uma propiciação (1 Jo 22; Rm 3.25). O acesso a Deus foi comprado por Cristo, mediante Sua morte de cruz. Em nome dEle, podemos nos aproximar do Pai.

3) Substitutivo: Os sacrifícios no AT visavam substituir o ofertante: representavam o pecador diante do altar, pagavam o que o homem do antigo pacto não podia pagar. Da mesma forma, Cristo ao morrer na cruz, o fez em nosso lugar. Rm 5.6: “Porque Cristo, quando éramos ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”.

4) Redentvo: Redenção é o livramento de algum mal ou servidão mediante o pagamento de um preço ou resgate. O preço é o sangue de Jesus derramado na cruz do calvário. (Ef 1.7). Redimir significa comprar de volta mediante o pagamento de um preço; soltar da escravidão pagando o devido preço. A obra de Jesus é descrita assim como redenção ou resgate (Mt 20.28; Ap 5.9; Gl 3.13; 1 Pe 1.18,19). Ele pagou o preço por nós,  para nos salvar.

5) Reconciliador: A obra de Cristo é de reconciliação na remoção da inimizade, transpondo uma desavença de tal maneira que se restaure um relacionamento bom e correto da humanidade com Deus. Cristo morreu na cruz para afastar o pecado e desse modo abrir caminho para a verdadeira reconciliação entre o homem e Deus.

Assim, algo extraordinário acontece quando Cristo expira na Cruz.

Por sua morte Ele perdoou e continua perdoando a multidão dos nossos pecados. (morte expiatória).

Sua morte produziu propiciação. Representa a dádiva concedida por Deus.

Sua morte foi vicária. Constitui sacrifício vicário (morte substitutiva), pois Ele morreu em nosso lugar.

Sua morte produziu redenção. (livramento por resgate).

Sua morte gerou reconciliação. (o homem pecador tornara-se inimigo de Deus, mas por Jesus, se reconcilia com Deus).

Sua morte trouxe vida aos que Nele creem.

O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos 8.1-2 nos diz claramente:

“1. Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.

2. Porque a lei do Espírito de vida, em Jesus Cristo, me livrou da lei do pecado e as morte “.

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor



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