segunda-feira, 24 de agosto de 2020

AS PRIORIDADES DA NOSSA VIDA NO DIA A DIA

AS PRIORIDADES DA NOSSA VIDA NO DIA A DIA 


O que é prioridade?

Uma prioridade é algo que consideramos importante em nossa vida. No início, esta palavra era usada no singular, designando aquilo que tem o primeiro lugar. Há algumas décadas o termo também é usado no plural, para decidir uma lista em ordem decrescente daquilo que é essencial em nosso viver. Isso significa definir qual a importância que cada área tem em relação às outras. 

Que áreas competem por nossa atenção? Espiritualidade, casamento, filhos, familiares, amigos, igreja, trabalho, saúde, descanso, formação educacional, cultura e lazer. Talvez você lembre de outras.


Nem sempre conseguimos manter estas áreas em equilíbrio. Ninguém consegue dividir seu tempo de modo a atender todas estas áreas satisfatoriamente. Ao listarmos nossas prioridades, portanto, definimos a relevância que damos a cada área de nossa vida. Por que precisamos fazer isso? Porque constantemente surgem momentos em que devemos escolher entre pessoas, valores e situações. São essas escolhas que revelam nossas prioridades, ainda que inconscientes; são nossas prioridades que determinam essas escolhas.

Um casamento não se desarranja da noite para o dia. Geralmente isso acontece ao longo de anos, muitas vezes porque o casal não deu a devida atenção às prioridades bíblicas e priorizou outros sonhos vendidos pela sociedade atual. As prioridades erradas consomem o casamento e destroem a família. Por isso, dedique sua atenção ao que a Bíblia ensina.


O que a Bíblia diz sobre prioridades?

Não há um texto bíblico único que faça uma lista das prioridades que Deus projetou para o ser humano. Contudo, podemos deduzir as corretas prioridades a partir de vários textos.

Certamente Deus está em primeiro lugar na lista, pois devemos amá-lo acima de todas as coisas. Êx 20.3. Jesus ensina que “o grande e primeiro mandamento” de acordo com Mt 22.37-38 é: “amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (ou entendimento)”. Dt 6.5. A própria essência da vida está em nosso relacionamento com o Senhor. Jesus definiu a vida eterna assim: “que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Jo 17.3. Jesus veio “para que tenham vida e a tenham em abundância”. Jo 10.10 e só ele tem “as palavras da vida eterna”. Jo 6.68.

Obviamente, este compromisso fundamental afeta tudo o mais na vida. Mas é preciso fazer uma ressalva. Jesus exorta a buscarmos o reino de Deus, Mt 6.33. Algumas pessoas se confundem, achando que isso significa atender todos os trabalhos da igreja. Esse não é o ponto aqui; priorizar o reino de Deus implica colocar o Senhor como Rei em nossa vida e aplicar suas regras a todas as esferas da existência. É fazer tudo em todo tempo para glorificar a Deus (1Co 10.31).

As demais prioridades se resumem no segundo grande mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Mt 22.39. Observe como o mundo bíblico sempre se divide em duas esferas: Deus e o restante. O relacionamento com Deus não é apenas uma categoria “espiritualidade” dentre tantas outras atividades. O Senhor é a base da nossa existência; tudo o mais se encaixa na segunda categoria.

Mas quem é esse próximo? Às vezes o idealizamos identificando-o com os estranhos no caminho, como o bom samaritano de Lc 10.30-37. A verdade é bem mais simples: próximo é aquele que está ao nosso lado, com quem convivemos. 

Quanto mais convívio, mais próximo, por isso deve receber mais amor. Não se trata aqui de paixão ou de emoções, mas de expressão concreta de serviço ao outro, colocando-o acima de nossos interesses, devoção que investe tempo, dinheiro e esforços.

Contudo, desempenhamos muitos papéis na sociedade. Convivemos com muitos próximos: cônjuge, filhos, familiares, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, e várias outros que passam por nós a cada dia. Como definir quem tem prioridade? Como escolher a quem dar atenção em nosso escasso tempo?

Quem deve ter prioridade?

Para apresentar a lista de prioridades bíblicas, consideremos que sua situação é a de um adulto, casado, com filhos, familiares e amigos, com emprego e participante da igreja. Certamente serão necessários ajustes para outras situações; todavia, precisamos aprender essas prioridades para as viver e ensinar a outros.

Os primeiros capítulos da Bíblia revelam o propósito divino de nos colocar em relacionamento conjugal. A primeira ordem dada ao ser humano é a da união matrimonial e da geração da família: “Sede fecundos, multiplicai-vos”. Gn 1.28. O Senhor projetou o casal para ser “uma só carne”. Gn 2.24; o que pode ser mais próximo do que isso? Dessa forma, a pessoa mais próxima de nós e que deve ser mais amada é o nosso cônjuge. A partir desse princípio, Paulo ordena aos maridos que amem “sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama”. Ef 5.28-33. Ele confirma a ideia ao declarar com naturalidade que a pessoa casada cuida “de como agradar à esposa” e “ao marido”. 1 Co 7.33-34; cf. v. 3. Esse princípio é tão importante e antigo que o recém-casado não ia à guerra no primeiro ano do matrimônio, pois “promoverá felicidade à mulher que tomou”. Dt 24.5.

Portanto, seu cônjuge é a pessoa mais valiosa para você na terra; somente Deus é mais importante. Deus é a prioridade nº 1; seu cônjuge, a nº 2.


Depois do cônjuge, o relacionamento mais importante é com os filhos e, depois, com a família estendida. Contra o atual “filhocentrismo”, enfatizamos que o relacionamento do casal é sempre mais importante do que a dedicação aos filhos. O matrimônio é uma relação vitalícia e íntima; já os filhos não ficarão em casa para sempre, pois devem amadurecer e desenvolver seus próprios relacionamentos. O melhor presente que os pais podem dar aos filhos é desenvolver um relacionamento conjugal sadio, forte e transbordante de amor. Isso começa na escolha diária de priorizar o cônjuge acima dos filhos. Em resumo, os filhos, até casarem, devem ter prioridade sobre outras áreas da vida, como amigos, trabalho e lazer. Somente Deus e o cônjuge são mais importantes que os filhos.

Do mesmo modo, a Bíblia recomenda a dedicação dos filhos adultos aos pais que não mais sobrevivem independentemente 1Tm 5.4,16. Nossa obrigação não termina na família imediata, cônjuge e filhos solteiros, mas se estende à família ampliada, filhos casados, pais, tios, primos, avós. “Se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente”. 1Tm 5.8. Jesus repreende os fariseus pela desculpa religiosa para não sustentarem seus pais, Mc 7.11-13. Quanto devemos priorizar a família ampliada? Essa é uma questão difícil e deve ser decidida caso a caso.

A família certamente é um projeto de Deus e ela deve ter prioridade. O mundo tenta inverter isso constantemente, afirmando que é mais importante que sejamos bem-sucedidos em nossa carreira profissional e que para ter sucesso tem que abandonar tudo e seguir seus objetivos. 

 Então, qual é o lugar do trabalho em nossa vida? Trabalhar é a segunda ordem de Deus: “enchei a terra e sujeitai-a, dominai…”. Gn 1.28. Não devemos aceitar a condição de sermos escravos do trabalho não importando o tipo dele. Deus colocou o homem sobre a terra como administrador, para desenvolver as potencialidades da criação e levá-la a glorificar o Criador. O trabalho é o exercício, não necessariamente remunerado, da vocação dada por Deus a cada um individualmente; e para o que Deus nos capacitou. Somos livres para escolher em que área trabalharemos, pois toda vocação é digna! Assim, por um lado, todos precisam trabalhar para cumprir sua parte nessa missão. “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”, é a recomendação do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses 2Ts 3.10. Por outro lado, a sociedade atual coloca demasiada pressão no sucesso profissional, relegando a família e Deus ao escanteio. O trabalho é importante para honrarmos a Deus, mas não pode ter mais prioridade do que o Senhor Deus e ou a família.

E as outras áreas da vida?

Paulo confirma essa ordem de prioridades em Efésios 5.15–6.10. Ao discorrer sobre aproveitarmos melhor o tempo, Paulo segue as prioridades bíblicas:
1ª) Obedecer à vontade do Senhor e encher-se do Espírito. Ef. 5.17-21;
2ª) Desenvolver amor e submissão no relacionamento conjugal. Ef. 5.22-33.
3ª) Desenvolver honra e disciplina nos filhos, sem irritá-los. Ef. 6.1-4;
4ª) Desenvolver obediência e boa vontade no trabalho. Ef. 6.5-9.
5ª) As demais áreas da vida, incluindo a igreja, são resumidas em “Quanto ao mais, irmãos...”. Ef. 6.10.

Assim, é errado priorizar as atividades da igreja em detrimento do trabalho, o exercício da vocação que Deus lhe deu, ou família. A família e o trabalho são as primeiras e principais esferas de nossa adoração e serviço a Deus. De fato, se a pessoa não cuida bem da família, não é qualificada para o trabalho na igreja. 1Tm 3.4-5,12. 

Contudo, dentro desse pacote que inclui os demais relacionamentos do cotidiano, Paulo ordena que priorizemos a família da fé. Ef. 6.10. Em resumo, o reino de Deus deve ser prioridade em nossa vida. Mt 6.33, mas sua principal expressão está em nossa vida individual com Deus, em nosso casamento e vida familiar e no exercício de nossa vocação profissional. Somente depois devemos nos ocupar da expansão do reino por meio das atividades da igreja.

Nesse sentido, entra aqui a prioridade do relacionamento com a sociedade, fora do escopo da família e do trabalho. Precisamos nos relacionar com amigos e pessoas fora da igreja para anunciarmos continuamente o amor de Deus. Afinal, Jesus ordenou: “assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.Mt 5.16. Além disso, nossa ética e compromisso com a justiça social de Deus não se limita à família da fé: “façamos o bem a todos, mas principalmente os domésticos da fé” Gl 6.10.

Alguns estudiosos cristãos listam por último a realização e o bem-estar pessoal. 

Certamente, o Senhor deseja que alcancemos a verdadeira felicidade, e a obteremos se o obedecermos. Por isso, de fato, essa prioridade permeia todas as demais. Especificamente, a Bíblia nos exorta ao lazer e à alegria com amigos e familiares, como fruto merecido do trabalho. Ec 2.24-25, e à moderação no trabalho e ao desapego às riquezas. O descanso é essencial para o correto viver na presença de Deus, pois ele mesmo determinou que trabalhemos apenas seis dias, dando a entender que temos que ter um dia de descanso, Êx 20.9, para descansarmos no sétimo. A igreja primitiva seguiu o que Jesus ordenou, passando a ter o dia de domingo como dia de adoração a Deus e o dia especial de cultuar ao Senhor. Nesse dia se descansa do trabalho material e se presta culto ao Senhor Jesus.  

Uma vez determinadas as prioridades, é hora de verificarmos se elas estão se concretizando em nossa vida. A maneira mais prática é examinar como investimos nosso tempo e dinheiro. Essas são duas áreas que revelam facilmente quais são as nossas prioridades, especialmente após você eliminar os compromissos fixos, tempo no emprego e contas fixas. Se seguirmos as prioridades bíblicas, nossa vida entrará em harmonia e conseguiremos dizer “não” às atividades extras que surgem para nos desviar do prioritário, mesmo quando parecem obras piedosas, urgentes ou necessárias, que às vezes precisam ser deixadas para outros realizarem. Nosso envolvimento em cada atividade da vida precisa seguir as prioridades do Senhor a quem servimos.

Finalmente, devemos recordar que essa relação de prioridades não visa gerar culpa em você e nem julgamentos sobre os outros; antes, ela indica princípios divinos para que alcancemos a verdadeira felicidade.


Avaliando o padrão de nossas prioridades.

Infelizmente, durante milênios, o homem ou o ser humano tem trocado o relacionamento de intimidade com Deus por pessoas, ídolos e por outras coisas. Essas pessoas não sabem o mal que estão fazendo à si mesmas e não sabem ao certo quais são as suas prioridades. 

Eles têm centrado suas vidas no dinheiro, bens materiais, oportunidades, fama, riquezas, sucesso e tantas outras coisas passageiras.

Em Lucas 12.15, o Senhor Jesus afirmou:

“Prestem atenção, a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas”. Segundo Jesus, a vida não pode ter como prioridade as coisas que se pode possuir.

Salomão, ao chegar ao fim de sua vida e fazer uma análise sobre ela, tendo conseguido tudo o que achava importante, fez a seguinte afirmação em Eclesiastes 2.22,23: “Nós trabalhamos e nos preocupamos a vida toda e o que é que ganhamos com isso? Tudo o que fazemos na vida não nos traz nada, a não ser preocupações e desgostos. Não podemos descansar, nem de noite. É tudo ilusão”, (vaidade).

Sendo assim, é preciso que você analise com cuidado suas prioridades e pergunte a si mesmo: 

Pelo quê e porquê corro tanto? 

Tudo o que faço tem melhorado o meu relacionamento e a minha comunhão com Deus,  com meu cônjuge, filhos, pais, parentes e amigos?

Se eu perdesse tudo o que possuo, como eu reagiria? 

Estou dominando as coisas ou elas estão me dominando? Quais são as prioridades da minha vida?

Se coisas ou alguém estão lhe tirando do relacionamento com Deus, esteja certo de que elas também devem estar lhe afastando das pessoas e já tornaram-se ídolos em sua vida. 

Os ídolos sempre competem com Deus, são pecados e jamais podem lhe trazer felicidade, porque a felicidade segundo Deus está em obedecê-Lo, amá-Lo e em amar e servir às pessoas.

As quatro maiores prioridades de  nossas vidas devem estar nessa ordem de valores. 

A escala de valores de muitos cristãos está desordenada. Alguns estão vivendo de modo desordenado porque não fazem a menor ideia do que as Escrituras ensinam a respeito do assunto; outros porque mesmo tendo os valores e prioridades devidamente ordenados no conceito mental, não conseguem tê-los na prática. Acabam deixando que aquilo que é urgente tome o lugar daquilo que é importante.

A primeira coisa a ser feita ao ordenarmos nossos passos, é conhecer a escala de valores do ponto de vista de Deus, aquilo que a Bíblia ensina. Depois, é lutar por fazê-la funcionar.

Deus em primeiro lugar. Deus é a nossa prioridade singular e em primeiríssimo lugar devemos amar a Deus sobre todas as coisas. Mt.6.33. 

Não há nada, absolutamente nada que possa ocupar o primeiro lugar de nossas vidas, a não ser Deus. O mandamento dado a Moisés foi lembrado e enfatizado pelo próprio Senhor Jesus.

“Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?

Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. 

E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses”. Marcos 12.28-31.


Amar ao Senhor de todo o nosso coração, alma, entendimento e forças, é colocá-lo em primeiro lugar nas nossas vidas. Jesus deixou bem claro a qualquer que quisesse segui-lo como discípulo, que deveria reconhecê-Lo em primeiro lugar em suas vidas, na frente das pessoas que normalmente nos são as mais amadas e queridas.

“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”. Lucas 14.26,27 e 33.

O Senhor deve estar na frente dos pais, cônjuges, filhos e qualquer outro familiar. Deve ser o primeiro valor em nossa lista ou escala de prioridades. Deve vir antes de nossa própria vida. Deve vir antes de nossos bens ou quaisquer outras coisas. Quando falamos sobre “Deus vir antes de tudo", não é porque as coisas que nos dispomos a renunciar não tem mais lugar em nossas vidas e sim que elas vêm e devem vir depois de Deus em nossas vidas. 

Por exemplo, se o meu cônjuge, incomodado com minha fé me dá um ultimato e me manda escolher entre ele ou Deus, me disponho a sacrificá-lo e ficar com Deus, pois Deus é o maior valor de minha vida. Mas, se mesmo não sendo cristão, meu cônjuge não se importa que eu busque ao Senhor, então ele, o meu cônjuge  passa a ser meu segundo maior valor e ou prioridade, 1 Co 7.12,13.

O primeiro lugar de nossas vidas, indiscutivelmente é e sempre será  Deus:

“Mas buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Mateus 6.33.

Isto não quer dizer que as outras coisas não cabem em nossas vidas, mas que elas vêm depois de Deus.

A família vem em segundo lugar. 

Muita gente tem errado ao pensar que a igreja ou o ministério vem depois de Deus, é como um caso que ouvimos.

Uma senhora do interior disse que Deus a chamou para uma missão, para fazer a obra de Deus e desapareceu de casa por mais de um mês. 

Quando os irmãos da congregação perceberam o que estava acontecendo, tiveram que cuidar dos filhos desta mulher que não tinham o que comer e nem vestir.

O marido estava furioso porque roupas chegaram a apodrecer no tanque enquanto a família aguardava ansiosa o término da tal “missão”. Uma mulher desta nunca leu a Bíblia ou se leu entendeu errado quanto às suas responsabilidades e suas prioridades diante de Deus, da família e da igreja, bem como faltou a devida orientação pastoral.  

Até no caso de diminuir a intensidade do contato físico para se dedicar à oração, o casal deve estar em acordo. 1 Co 7.5.

Mas aquela mulher não consultou seu marido, ela apenas disse: “Deus me chamou e eu estou indo”. E ainda por cima dizia que o marido era “carnal” a ponto de não discernir a voz de Deus.

Veja o que as Sagradas Escrituras ensinam acerca do lugar da família na nossa escala de valores.

“Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo”. 1 Timóteo 5.8.

Não há dúvida que a família é nossa segunda prioridade depois de Deus. Se alguém negligenciar sua família por causa da igreja, do ministério, ou de qualquer outra coisa, por mais “espiritual” que pareça, está contra a Palavra de Deus. Paulo disse que tal pessoa está negando a fé e é pior do que um incrédulo. Agora veja, Paulo estava falando com os crentes que iam à igreja mas estavam negligenciando o que deveriam fazer em favor de suas famílias e do lar.

Logo, concluímos que a família vem antes da igreja na nossa escala de valores. Há um outro texto que mostra claramente a família como uma prioridade antes da igreja e do ministério. É o conselho pastoral que Paulo queria estender a todos os ministros debaixo da supervisão de Timóteo.

É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito, pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus? 1 Timóteo 3.2,4 e 5.

Observemos que o homem de Deus deve ser exemplar quanto à sua família. Fiel à sua esposa, e governando bem sua casa e seus filhos, caso contrário não poderá cuidar da igreja e do seu ministério.

A Palavra de Deus não deixa a menor sombra de dúvida quanto ao lugar que nossa família deve ter na nossa escala de valores. Mas muitos cristãos tem negligenciado a sua família. Muitos pais que não dão tempo e atenção aos seus filhos se queixam de vê-los desviados, mas não se apercebem que estão andando em desordem.

Há esposas perdendo seus maridos e vice-versa, porque não os colocaram no lugar certo na escala de valores. É hora de ordenarmos nossos passos e darmos a atenção, honra e dedicação devida à família.


O trabalho vem em terceiro lugar. 

É impressionante a facilidade com que nos levamos aos extremos. De um lado, temos na igreja, pessoas que são viciadas em trabalho e cujas vidas não estão em ordem, pois desrespeitaram a escala bíblica de prioridades e valores, pondo o trabalho em primeiro lugar. De outro, temos aqueles que relegaram ao trabalho o último lugar na sua escala de valores, ou que nem mesmo colocam o trabalho em suas prioridades.

Quando a Bíblia fala daquele que não cuida da sua família sendo pior do que o descrente, 1 Tm.5.8, está falando, no contexto, sobre sustento material, sobre provisão das necessidades físicas. Um cristão que não leva a sério o trabalho, à ponto de deixar sua família passar necessidade, está violando dois valores importantíssimos que vem logo depois de Deus.

O trabalho é uma ordem bíblica. É o meio do homem sustentar sua casa e viver dignamente. Além disto, por meio do seu ganho ele também poderá servir ao reino de Deus e ao necessitado com suas dádivas, dízimos e ofertas para a obra de Deus. 

“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. Efésios 4.28.

A Palavra de Deus também diz que aquele que não trabalha está andando desordenadamente, fora do plano de Deus.

“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão”. 2 Tessalonicenses 3.10-12.

O mandamento de Deus é claro: quem não trabalha, não deve ser sustentado pelos outros, a menos que seja doente e portador de necessidades especiais. Cada homem ou mulher tem a obrigação e responsabilidade de se envolver com o trabalho; isto não apenas o proverá quanto às suas necessidades, mas ocupará corretamente o seu tempo, livrando-o de outros problemas que possam surgir para atrapalhar sua comunhão com Deus. Há um ditado popular que diz: “Mente vazia é oficina do diabo".

Paulo se orgulhava de nunca ter sido um peso para ninguém, e de suas próprias mãos, seu trabalho material,  terem lhe provido o sustento. At 20.34. 

Mesmo quando Deus chama alguém para o ministério de tempo integral, o que também é trabalho, deve-se ter a sensibilidade de reconhecer que em determinados momentos, devido à falta de recursos, nada há de errado em se trabalhar secularmente até que a condição de sustento mude; foi isto que aconteceu com Paulo em Corinto. At 18.1-5.

Na vida dos que se dedicam de tempo integral, o ministério se enquadra na prioridade “trabalho”. Jesus ao enviar seus discípulos para pregar e ministrar ao povo, aplicou a eles o termo “trabalhadores” e mencionou seu direito de salário, que é a recompensa legítima do trabalhador. Mt 10.7-10.

Alguns estudantes crentes não sabem onde devem colocar seus estudos nestas escalas. 

Considerando que o estudo é um meio de profissionalização e preparo para melhores trabalhos, deve ser colocado no mesmo lugar que o trabalho.

Algumas famílias conseguem manter seus filhos somente estudando sem que trabalhem, mas a maioria não. 

Portanto devemos aconselhar e encorajar nossos jovens que enfrentem a correria de exercer as duas atividades, pois independentemente da necessidade financeira o trabalho engrandece e amadurece a pessoa.


A igreja vem em quarto lugar. 

Para muitos parece falta de espiritualidade deixar a igreja depois da família e do trabalho, mas esta é a forma correta de encarar nossas prioridades. Mas note que estamos falando de valores e sua ordem, e não sobre a escolha de quais destes fatores terão lugar ou não em nossas vidas. Todos eles devem ter lugar em nossas vidas.

O fato da família vir antes que a igreja, não me dá o direito de não ir à igreja. Isto significa apenas que eu não devo negligenciar minha casa por causa da igreja, mas não me dá o direito de abandonar a igreja, pois lá é o lugar de mostrar publicamente nossa fé em Deus e dando o devido lugar de nossas vidas ao Criador. 

Muitas pessoas não vão aos cultos porque teem que passear com a família e escolhem justamente só os horários dos trabalhos, cultos e reuniões da igreja para fazer isso; é muito errado proceder dessa maneira. Se você quiser fazer um passeio ou lazer ou praticar outras atividades físicas e sociais, faça, mas sem o prejuízo das suas atividades e seus compromissos normais com a igreja.


Devemos passear com nossos familiares, mas isto deve ser programado a fim de não coincidir com outros valores essenciais em nossas vidas, como o horário do culto na igreja. Não podemos deixar de nos envolver com a igreja.

“Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”. Hebreus 10.25.

É necessário que o crente em Jesus seja fiel em frequentar sua igreja. Não apenas porque ali ele é edificado e fortalecido, mas principalmente porque esta é a forma de andarmos debaixo de cobertura espiritual.

Precisamos uns dos outros; precisamos do relacionamento com os irmãos. A Bíblia diz que o que vive isolado insurge-se contra a verdadeira sabedoria. Pv.18.1.

Embora vindo depois da família e do trabalho, a igreja é um valor precioso que deve vir antes de qualquer outra coisa ligada à vida social.

Quanto à igreja nós devemos lembrar que somos servos do Senhor Jesus para serví-lo em espírito e em verdade e não como escravos da religiosidade numa denominação, seja ela qual for. A denominação religiosa nunca deve criar escravos da religiosidade, mas servos dedicados ao Senhor Jesus Cristo nosso Eterno Salvador. 


Se dermos o valor devido a cada uma destas atividades, mantendo-as em ordem na escala de valores e respeitando o que a Bíblia nos ensina sobre nossas prioridades, então em nosso dia-a-dia deixaremos de ter muitos dos problemas que já tem nos incomodado tanto.

Deus abençoe você e sua família. 

Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.







Nenhum comentário:

Postar um comentário