quinta-feira, 24 de maio de 2018

O NOSSO SOCORRO VEM DO SENHOR

O NOSSO SOCORRO VEM DO SENHOR

De onde mesmo vem o nosso socorro?

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus e leitores em geral: a Paz do Senhor Jesus para todos.

Afinal de onde vem o nosso socorro? Vem dos montes  ou vem do Senhor?

Estas e outras dúvidas estaremos estudando no decorrer desta matéria.

O Salmo 121 diz:

ELEVO OS OLHOS PARA OS MONTES,

(isto é Desespero),

DE ONDE ME VIRÁ O SOCORRO?

(isto é Necessidade).

O MEU SOCORRO VEM DO SENHOR,

(isto é Fé),

QUE FEZ O CÉU E A TERRA.

(isto é Poder).

NÃO DEIXARÁ VACILAR O TEU PÉ.

(isto é Amor),

AQUELE QUE TE GUARDA NÃO DORMITARÁ,

(isto é Segurança),

CERTAMENTE QUE NÃO DORMITA,

(isto é Confirmação),

NEM DORME O GUARDA DE ISRAEL.

(este é o Teu DEUS).

O SENHOR É QUEM TE GUARDA,

(isto é Dependência),

O SENHOR É A TUA SOMBRA A TUA DIREITA,

(isto é Companhia),

O SOL NÃO TE MOLESTARÁ DE DIA,

(isto é Cuidado),


NEM A LUA DE NOITE. (isto é Zelo).

O SENHOR TE GUARDARÁ DE TODO O MAL,

(isto é Proteção),

ELE GUARDARÁ A TUA ALMA.

(isto é Salvação).


O SENHOR GUARDARÁ A TUA ENTRADA E A TUA SAÍDA,

(isto é Constância Divina),

DESDE AGORA E PARA SEMPRE.

(Isto é promessa de fidelidade eterna).

Muitas vezes estamos tão cheios de problemas que parecem não ter solução.
Procuramos resolvê-los do nosso jeito e parece que tudo piora.

Achamos que nunca poderemos vencer, pois não conseguimos ajuda de ninguém, parece que todos viram as costas para nós. Aí vem aquela pergunta: Será que Deus está vendo minha luta e minha aflição?

No Salmo 28:7, Davi nos mostra que devemos confiar no Senhor. Este texto nos revela que Deus vai nos socorrer quando clamarmos de todo o nosso coração. Se tivermos fé, e confiar no Seu socorro, Ele virá em nosso auxílio.

No Salmo 23, o rei Davi nos mostra como Deus é capaz de nos trazer paz. Ele pode trazer a solução de qualquer problema que esteja nos afligindo. É lindo como ele começa o Salmo dizendo: O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.

Esperar socorro nos homens é simplesmente plantar uma semente em uma terra improdutiva, mas esperar de Deus o nosso socorro é descansar e só esperar, por que a solução já está a caminho.

Leia Provérbios 31.20 Preste bem atenção no significado deste versículo, Deus não quer nos ver em problemas, pelo contrário, Ele quer e está disposto a nos ajudar. Veja bem, se Ele estende e abre os braços aos necessitados, como podemos duvidar de seu socorro?

Temos que parar de viver no passado, quando vivíamos com problemas e tentávamos resolver com nossas forças. Hoje tudo é novo, tudo se fez novo. Somos novas criaturas. (2 Co 5.17).

Vamos agir como novas criaturas, pois sabemos que, por nossas forças, só fazemos coisas erradas; vamos depender deste Deus maravilhoso que esta de braços abertos para nos ajudar. Basta clamarmos de todo o nosso coração, e ter fé nEle.


Temos que entregar totalmente o nosso coração a Ele buscá-Lo com toda a nossa força, acreditar Nele com toda a nossa fé, perseverar na sua Palavra com toda a nossa vida, pois não há salvação se não seguirmos Sua palavra.


O socorro de Deus é certo, só depende de como estamos colocando a nossa vida perante Ele. Se estivermos somente preocupados em resolver os problemas, a solução vai demorar, mas se estivermos preocupados em agradar a Deus em meio à situação, não importando qual seja ela, com certeza seu socorro estará a caminho.

Quando o salmista disse "Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?", ele se refere a um refúgio e quis dizer também que o socorro vem do alto.

A Bíblia relata alguns montes onde aconteceram grandes manifestações do poder de Deus a favor de seu povo.

Vejamos um resumo sobre alguns  dos montes bíblicos ou que teem referências bíblicas sobre eles:

1. Monte Ararate, tem 5.300 metros de altura, localizado na Mesopotâmia, atual Turquia. (Gn 8:18).
O contexto em que Noé viveu era de grande corrupção moral, e sua família era o alvo maior dessa corrupção. Hoje não tem sido diferente, pois a família tem sido assolada por valores errados e precisamos de socorro para não a ver afogada no dilúvio de desgraças desse mundo. Ararate significa monte da aflição por causa da dificuldade de subir nele. Noé não desistiu de sua família e lutou para vê-la salva.

2. Monte Moriá, tem 800 metros de altura, localizado a leste de Sião. (Gn 22: 1 - 19).

Abraão, com um cutelo na mão, estava pronto para matar seu filho, pois Deus pedira lhe uma prova. Caminharam três dias até esse monte: no primeiro dia, nada mudou; no segundo e no terceiro, a situação era a mesma. Amarrou o menino e, quando tudo parecia definido, Deus mudou na hora certa, provendo o carneiro para o holocausto. Jeová Jireh, o Deus da provisão, proverá suprimentos necessários para a nossa caminhada.

3. Monte Horebe, tem mais de 1000 metros de altura, sudoeste da Ásia. (Êxodo 3: 1-22).

Faraó oprimia o povo de Deus, que trabalhava muito e ganhava pouco para favorecer uma classe privilegiada, mas, no alto do Monte Horebe, o Senhor diz que ouviu o clamor do Seu povo por causa das injustiças que sofria. Os israelitas saíram da escravidão cheios de ouro e prata. "Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor".(Ag 2:8).

4. Monte Carmelo, tem 530 metros de altura. (I Re 18: 20-40).

O Profeta Elias e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal: os inimigos eram poderosos, mas foram todos envergonhados. A peleja não é nossa, é do Senhor. Ele nos garante a vitória sobre os nossos inimigos.

"Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão".(Is 41: 11).

5. Monte Calvário, situado em Jerusalém.

É no Monte Calvário que encontramos o maior acontecimento da história, a grande prova de amor de nosso Deus. Estávamos mortos nos nossos delitos, mas nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Deus, que perdoa pecados, preparou-nos um lugar especial para vivermos a eternidade.

No Ararate, encontramos Deus que nos usa para salvar nossa família das tragédias. No Moriá, encontramos Aquele que muda nossa situação, ainda que pareça impossível ou demorada. No Horebe, Deus ouve o clamor dos Seus filhos e os livra da aflição. No Carmelo, Ele nos dá a vitória contra nossos inimigos, pelejando pelo Seu povo. No Calvário, Deus mostra todo o Seu amor, demonstra perdão e salvação, dando-nos uma nova oportunidade.

Quando o choro não dá mais resultado, quando falta do teu lado um amigo um irmão, quando falta nas lutas da vida um socorro uma saída, um remédio, a solução, quando teu problema não tiver mais jeito e a angustia no teu peito maltratar o teu coração, lembre-se Jesus é a esperança e a vitória daqueles que nEle confiam.

O maior desejo de Deus é que nós venhamos a ter um relacionamento correto com ele. Ele quer que dependamos dele. Não há outra saída senão confiar nele.

Você está confiante e obediente? Será que ele permanece com você? Uma das maneiras mais fáceis de ver se está bem com Deus é dar uma olhada em como Ele está perto de nós. Deus não se move. Se Ele parece estar longe, é porque nós nos movemos. 

Deus está esperando que você possa confiar e obedecer-lhe. Quando Deus nos pergunta: "Posso te ajudar?" Nossa resposta deveria ser: "Sim".
Ele quer caminhar com você. Nada pode dar errado ao confiar em Deus. Ele vai nos proteger e nos manter seguros em seu amor. Ele não vai deixar vacilar o nosso pé, enquanto caminhamos em aliança com Ele. 

Peça a Deus para guiar e orientar e mostrar sua vontade para com sua vida.  A resposta é confiar completamente em Deus. Nós confiamos em muitas coisas. Confie em Deus. 

Diante de tanta desgraça que estamos vendo no mundo hodierno, agora vemos coisas ainda piores acontecendo, essa semana constataram que os alimentos, o leite e a água estão contaminados e escassos em várias partes do Brasil e do mundo. 

Podemos ver com muita tristeza, uma nação, a Venezuela, com perplexas cenas que nunca pensariam em ver, pessoas revirando entulhos tentando encontrar algo para comer e não teem. A médio e longo prazo, poderá ter um aumento incrível no número dos casos de câncer e outras doenças. 

Quantas decisões erradas nós estamos tomando hoje. Todas as nossas decisões são tomadas segundo a nossa ótica de viver. Sustento financeiro, conquistas, realizações, dinheiro. Queremos que as coisas aconteçam segundo o nosso coração, em nenhum momento sondamos o coração de Deus ou oramos a Deus para saber o que é melhor para nós; as vontades  do coração de Deus para as nossas vidas podem e são o melhor de Deus para nós,  porém queremos aquilo que achamos que merecemos em detrimento daquilo que Deus nos dá. 

Entristecemos a Deus, pois nós o tornamos um estranho nessa relação quando se trata de escolhas da vida. Nós somos fingidos, interesseiros, as vezes nos aproximamos dEle; somente nas questões para as quais o mundo não tem respostas e nem soluções é que entramos cem por cento  verdadeiramente na dependência de Deus. 

Nos esquecemos constantemente que Ele é um Deus pessoal, um Deus vivo e um Deus de relacionamentos.

Se eu pedir para que Deus me tire tudo o que hoje tem se colocado entre eu e a Sua presença na minha vida, talvez Deus tivesse que tirar tudo e ainda que Ele me tirasse tudo nessa vida, eu ainda poderia gritar como fez o salmista no Salmo 121:1-2 “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra”.

Deus sonda a tua vida, conhece você, mas se você reclama mesmo sem querer, Ele vê teu pranto e sente a tua dor.
Ver quando você chora baixinho e diz que não tem jeito, enxuga teu pranto e tira a dor teu peito e faz de você um grande vencedor.

É só você crer, confiar na palavra, Deus vai fazer algo em seu favor, Ele é fiel e não falha, pois é poderoso, é Ele que vai te dar a vitória.

Deus vai mudar o curso da tua vitória, porque Ele é amigo certo em quem você  pode confiar.

Que Deus nos abençoe e nos guarde em nome de Jesus, amém! 

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia,  Pastor e Escritor. 





terça-feira, 22 de maio de 2018

O RÉU PARTE II

O RÉU PARTE II

As nulidades no julgamento de Cristo

Um dos processos de acusação e condenação mais fraudulentos e mais rápidos da história da humanidade foi o de Jesus Cristo.

Jesus passou por um julgamento penal como RÉU nas leis de seu tempo, todavia, de acordo com a Bíblia, as leis antigas e alguns historiadores, o processo foi viciado de nulidades.

Autoridades contemporâneas de Cristo, que crime esse Réu cometeu? Qual a acusação que pesou sobre Ele?

No campo da religião, a acusação principal era a de blasfêmia, lêdo engano, Ele não blasfemou contra Deus; do lado político, era a de rebelião, outro engano proposital da acusação que dizia:

"não ter o devido temor e respeito ao Nome de Deus em seu coração, mas, tendo sido movido e seduzido pela instigação de Belzebu, ter proclamado, falsa e repetidamente, nessa cidade e em outros locais, ter autoridade e poderes que não possuía; blasfemara contra o Nome de Deus e profanara o Templo; alterara, subvertera e transformara sua constituição; tentara levantar uma insurreição por meio de várias declarações e ações contra o Templo e contra o senhor tetrarca, o soberano governante temporal" de Roma em Jerusalém.

Todavia, Jesus em momento algum cometeu os crimes que lhe imputavam de blasfêmia. Em nenhum momento!

Foram as afirmações de Jesus, de Ele ser o Cristo e de que todos veriam o Filho do Homem sentado à direta de Deus o Todo Poderoso, que provocou a decisão da blasfêmia contra Ele, conforme o evangelista Mateus relata. (25:59-65).

Porém, segundo a lei judaica a segunda afirmação não caracterizaria a blasfêmia, pois não equivale a uma negação do princípio fundamental do monoteísmo, que não admitia outro ser divino além de Deus. Estar sentado ao lado de Deus é a afirmação de uma posição privilegiada, não se trata de afronta à unicidade de Deus. Nada havia, portanto, de tipificação criminal nas palavras de Jesus.

Mesmo quando o Sacerdote que dirigia o julgamento, Caifás, perguntou para Jesus se ele era filho de Deus, para tentar caracterizar a blasfêmia, Jesus responde que quem estava dizendo isso era o próprio Sacerdote.

“Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Todo Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu". (Mateus 26:62-64).

Nesse momento, para o Sumo Sacerdote e os demais julgadores, Jesus confessou o crime de blasfêmia.

"Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte. Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam". (Mateus 26:65-67).

Mas não foi apenas a blasfêmia, Jesus também foi acusado de profanar o sábado e ser um falso profeta.

Todavia, para condenar à morte, além de passar por um julgamento religioso, perante o Sinédrio, ele teria que passar por um julgamento político perante o Governador Romano Pôncio Pilatos, visto que Roma dominava a região de Jerusalém e impunha seu Direito.

Mas, não havia, no Direito Romano, essas acusações religiosas. Então como fazer? Outra acusação deveria ser feita e qual foi, nobres autoridades?

"Mas aos membros do Sinédrio era necessário o envolvimento de Pilatos, seja porque eles não tinham o poder de mandar Jesus à morte, seja porque para eles o aval da autoridade romana fosse essencial por motivos de política interna por causa do temor de uma rebelião em ocasião da Páscoa.

A aliança com a força romana era indispensável em ambos os casos. Portanto, para este fim, era necessário uma acusação diferente, que deslocasse o assunto do plano Teológico religioso para um plano politico que seria mais relevante para os Romanos. Assim, Jesus foi acusado de ter instigado o povo à revolta incitando-o a não pagar tributos a Cesar, e de ter-se, Ele mesmo, proclamado rei: era um crime contra o Império Romano e sua autoridade máxima.

Então, no plano do Direito Romano, Jesus foi acusado de incitar o povo, a não pagar Impostos a César, declarar-se Rei e seduzir o povo.

Todavia, no dia do julgamento político, nem o próprio Pilatos estava convencido da culpabilidade de Jesus Cristo.

A audiência começou e o Governador Romano indagou a Caifás, a maior autoridade dos Judeus naquela corte jurisdicional.

“Então Pilatos saiu e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?” João 18:29.

E sem nenhum fato concreto apenas: “Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos”. João 18: 30.

Pilatos retrucou:

"Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei." (dos Judeus e não a Romana). João 18: 30.

Porém os judeus queriam a morte de Jesus e como pela Lei judaica isso não seria possível, eles necessitavam do Direito Romano para completarem o seu intento assassino e responderam:

 “A nós não nos é lícito matar pessoa alguma." João 18:31. Viram como eles estavam preparados para eliminar de qualquer jeito o Senhor Jesus ? Eles  disseram que não era lícito para eles matarem pessoa alguma, mas queriam a pena de morte para Jesus através de Pilatos.

Pilatos interpela Jesus:

"Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus?

Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram outros de mim?

Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?

Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.

Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

Disse-lhe Pilatos: O que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum". (João 18:33-38).

Eu vou repetir, respeitáveis acusadores. Pilatos disse aos Judeus: “Não acho nEle crime  algum”.

Porém, a massa de Judeus influenciada pelos seus líderes e sacerdotes queriam a morte de Jesus a qualquer custo e Pilatos tenta um último artifício para tentar impedi-la: propõem à multidão o privilegium paschale (anistia por ocasião de uma grande festa).

“Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus? Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador. João 18:39,40”.

Então Pilatos, mais uma vez, tenta soltar Jesus, visto que não viu nenhum crime, todavia a pressão das pessoas que lá estavam presentes o forçou a ter um comportamento contrário.

"Então Pilatos saiu outra vez para fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago, para que saibais que não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem. Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: 

Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele.

Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus. E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou. E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem. Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César". (João 19:4-12).

Até que Pilatos toma uma decisão em sua última atitude:

“Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso. E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”. Mateus 27:24.

Pilatos lavou as mãos sobre a condenação de Jesus Cristo.

Ora, caros amigos, da análise do caso em foco percebem-se diversas ilegalidades.

Há vício na acusação.

Bastam abrir Deuteronômio 19 e verão que: Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato.

E quais foram as duas testemunhas que estabeleceram o fato? Não teve. A única testemunha foi Judas Iscariotes, a qual foi ainda por cima corrompida por conta de 30 moedas! 30 míseras moedas de prata! Mas percebam: ele não chegou nem testemunhar fato algum, apenas agiu para entregar seu então líder!

A verdade é que bem no período da páscoa, os principais príncipes dos sacerdotes, e os escribas, andavam procurando como matariam o Rei dos Judeus sem causar alvoroço, visto que Jesus havia se tornado um inimigo “do Estado”. E foi então que entrou o satanás em Judas, e esse propôs como o entregaria: ele diria aos soldados onde Jesus se encontrava e ao chegar lá beijaria o seu líder, indicando aos soldados quem era o Rei dos Judeus.

“E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar. E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?” (Lucas 22:48).

Senão bastasse tudo isso. O próprio Judas se arrepende do que fez e entrega as moedas para os Sacerdotes, confessando que tinha entregado um homem inocente.

“Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” (Matheus. 27.1:4).

Como manter um julgamento sem nenhuma prova de crime cometido, agravado pelo fato que a única pessoa que testemunhou, confessou que errou ao acusar um homem inocente?

Além disso, para satisfazer os critérios da lei, os próprios julgadores procuraram falsos testemunhos contra Jesus para configurar o fato e para que a lei fosse supostamente respeitada:

“Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte”. (Mateus 26:59).

“E os principais dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam”. (Marcos 14:55).

E depois de não achar uma testemunha sequer, infringindo diretamente a lei vigente, “o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte”. (Marcos 14:59-64).

Excelentíssimos sacerdotes e políticos , qual a prova de algum crime foi cometido? Em que momento Jesus pode se defender? Quem o defendeu? Onde estavam as testemunhas de defesa? Onde estavam as testemunhas de acusação? A lei foi jogada ao relento? Qual era a acusação que Jesus sofria? Blasfêmia? Mas isso foi comprovado? Ou o julgamento foi armado? Ele foi indiciado? Teve procedimento formal nos termos do direito romano? Jesus pode apelar da decisão?

“Jesus Cristo foi preso sem culpa, acusado sem indícios, julgado sem testemunhas legais, apenado com um veredito errado, e, por fim, entregue à mercê da boa vontade de um Juiz, no caso o governador Pilatos”.

O próprio Pilatos tinha entendido o motivo da condenação:

“Porque sabia que por inveja o haviam entregado”. Mateus 27:18.

Rui Barbosa, um dos maiores juristas do Brasil no passado recente,  analisou o caso e apontou diversas ilegalidades, as quais são sinteticamente apresentadas e complementadas por outras (A imprensa, Rio, 31 de março de 1899, em Obras Seletas de Rui Barbosa, vol. VIII, Casa de Rui Barbosa, Rio, 1957, págs. 67-71):

1. O acusado tinha jus ao julgamento coletivo, e sem pluralidade nos depoimentos criminadores não poderia haver condenação.

2. A ilegalidade do julgamento noturno, que o direito judaico não admitia nem nos litígios civis, agrava-se então com o escândalo das testemunhas falsas, aliciadas pelo próprio juiz.

3. Não foi dado direito de defesa a Jesus. Ele em nenhum momento pode se defender ou ser defendido.

4. Já havia um plano prévio para condenar Jesus pelo próprio Conselho, não à toa que pagaram a Judas 30 moedas de prata.

5. “De acordo com a Lei Oral Hebraica (Halaká), Jesus não poderia ter sido julgado nem executado durante o Pessach (Páscoa), a mais importante festa judaica”.

6. “Nas palavras de André Santos Moraes “Jesus foi preso sem acusação nem denúncia formal. Foi prisioneiro sem saber ao menos do que o acusavam e na calada da noite”.

7. “Não houve qualquer indiciamento criminal formal antes da detenção de Jesus.

Nenhuma ordem foi emitida por qualquer autoridade competente, esta falta passou por cima do código criminal romano, também.

Não houve protocolo de acusação formal no Sinédrio. Na casa de Caifás, os procedimentos não tiveram uma descrição para Jesus de uma acusação formal, qualquer indiciamento criminal, do que ele era acusado”.

8. “Da sentença, não coube sequer a appelatio para o órgão superior”.

A oração de Jesus na cruz já quase sem vida foi esta:

“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. (Lucas, 23).

Por todo o exposto nesta nossa meditação,  cremos que você também há de convir comigo que Jesus foi condenado injustamente.

Ele passou por todo esse sofrimento em nosso lugar. Nós é que merecíamos aquela condenação. Foi por amor que Jesus morreu. Foi para nos salvar. O profeta Isaías fala de todo esse sofrimento e porque Jesus sofreu. Isaías 53.

Ao terceiro dia Jesus ressuscitou e vive e reina para sempre. Ele voltará para arrebatar sua igreja fiel e verdadeira que persevera na Sua palavra.

Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.



domingo, 20 de maio de 2018

O RÉU PARTE I

O RÉU PARTE I

O que significam os termos indiciado, denunciado e réu?

A partir de notícias e outras fontes de informação, as pessoas convivem com uma série de termos jurídicos que precisam ser bem explicados para não causar confusão.

No noticiário policial, por exemplo, são comuns palavras como indiciado, denunciado e réu. Elas estão relacionadas, nessa mesma ordem, às etapas que vão desde a investigação até o julgamento de determinada pessoa, conforme o Código de Processo Penal brasileiro.

Uma pessoa investigada passa à condição de indiciada, por exemplo, quando o inquérito policial aponta um ou mais indícios de que ela cometeu determinado crime. O indiciamento é formalizado pelo delegado de polícia, com base em evidências colhidas em depoimentos, laudos periciais e escutas telefônicas, entre outros instrumentos de investigação que poderão ser através de quebra de sigilos da pessoa. 

Em seguida, quando o inquérito é concluído, a autoridade policial o encaminha ao Ministério Público, que, por sua vez, passa a analisar se há ou não provas contra o indiciado. Se considerar que há provas, o Ministério Público, por meio do promotor de Justiça, apresenta denúncia à Justiça. 

Quando o Judiciário aceita a denúncia formulada pelo Ministério Público, o denunciado passa à condição de réu e começa a responder a processo judicial.

Nessa nova fase, ele tem salvaguardadas todas as garantias de quem é acusado e processado por um suposto crime, principalmente o direito de defesa. Sem o processo penal e suas garantias constitucionais, o indiciado e o denunciado não teriam como se defender das acusações.

O réu, após responder a processo, pode ser absolvido ou condenado a cumprir pena.

Conforme o Código Penal, a pena pode ser privativa de liberdade, ou seja, de prisão ou restritiva de direitos, como, por exemplo, a prestação de serviços comunitários ou multa e prisão domiciliar. 

Desde os tempos antigos, tribunais têm servido para resolver diferenças e contendas entre pessoas e para determinar a culpa ou inocência de pessoas acusadas de crimes.

Nas Escrituras, a figura do julgamento de pessoas em tribunais aparece frequentemente para mostrar como Deus trata dos seus conflitos com suas criaturas humanas.

Um exemplo fascinante desse tema do julgamento em um tribunal foi apresentado pelo profeta Miqueias para avisar o povo de Judá das consequências da sua persistente rebeldia contra o Senhor. No pequeno livro desse profeta, escrito aproximadamente 700 anos a.C., Deus está visto em vários papéis diferentes no contexto do julgamento.

Deus como testemunha de acusação. A primeira palavra do Senhor nesse livro o posiciona como testemunha: “Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o SENHOR Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo”. (Miqueias 1:2).

Deus observa tudo que o homem faz. Ele ouve as promessas feitas entre homens (Gênesis 31:50; Juízes 11:10) e age como testemunha quando fazemos os votos do casamento (Malaquias 2:14). 

No seu papel de testemunha, Ele inocenta o justo (1 Samuel 12:3-6; 1 Tessalonicenses 2:5) e denuncia os culpados. (Apocalipse 3:14-17).

Deus como promotor de justiça. No mesmo livro de Miqueias, Deus assume o papel de promotor de justiça, chamando o povo a se defender quando julgado por seus crimes: “Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo”. (Miqueias 6:1-2). 

O santo caráter de Deus significa que sempre ficará oposto aos malfeitores: “Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Como falais falsidade e tendes visões mentirosas, por isso, eu sou contra vós outros, diz o SENHOR Deus”(Ezequiel 13:8).
Deus como réu? Deus é perfeito, santo e absolutamente sem pecado, mas os homens nem sempre reconhecem esses fatos.

Algumas pessoas se acham mais sábias e justas do que o próprio Senhor, e ousam levantar acusações contra seu Criador. Em algumas situações, Deus assume a posição de réu para dar oportunidade para o homem explicar suas acusações. Depois de abrir a sessão judicial no papel de promotor, Deus troca os lados e permite a oportunidade para acusações contra Ele: “Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!”. (Miqueias 6:3). 

Mas antes de imaginar que poderíamos entrar num tribunal e discutir com Deus como iguais, devemos nos lembrar da grande diferença entre Criador e criatura, conforme o desafio que ele mesmo lançou: “Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda”. (Jó 40:2).

Ainda no livro do profeta Malaquias, em todo o livro há da parte de Deus a benevolência com o povo que dizia e perguntava frequentemente para Deus: em que temos te roubado? 

Deus como juiz. O Senhor pode assumir outros papeis para ensinar os homens sobre os perigos dos seus crimes, mas sua principal posição no tribunal está no lugar do juiz: “Mas o SENHOR permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar”. (Salmo 9:7).

Em Miqueias, o Senhor julga entre nações (Miqueias 4:3). Ele recusa inocentar os desonestos e violentos. (Miqueias 6:11-12).

No Novo Testamento, Jesus recebe autoridade para julgar. (João 5:27-30).

Paulo explica que seu julgamento é individual:

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tivermos feito por meio do corpo”. (2 Coríntios 5:10).

O Senhor continua sendo o justo juiz, mas ele oferece clemência por meio do seu Filho Amado o Senhor Jesus. (Romanos 3:26). 

Embora a justa recompensa do nosso pecado seja a morte (Romanos 6:23), Jesus pagou o preço dos nossos pecados e nos oferece a vida. (Efésios 2:1-10). 

Como nosso Advogado, ele intercede por nós.(Romanos 8:34; 1 João 2:1-2). 

O grande amor que ele demonstrou para conosco nos dá condições de sentir confiança e esperança, mesmo quando julgados.(1 João 4:14-17). 

O medo de comparecer diante do Juiz pode ser substituído pela esperançosa gratidão de encontrar o nosso Senhor e Salvador:

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.(Hebreus 4:16).

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.