segunda-feira, 9 de março de 2020

PARA QUE SERVIAM AS CIDADES DE REFÚGIO

PARA QUE SERVIAM AS CIDADES DE REFÚGIO. 


Números 35:9-34 e Josué 20:1-9.

As cidades de refúgio eram uma espécie de região segura para as pessoas que precisavam dos direitos humanos no pleno entendimento da palavra nos tempos veterotestamentários. Estas cidades foram criadas para proteger pessoas que, muito embora fossem pessoas honestas e trabalhadoras, tinham cometidos crimes e precisavam de proteção até que fossem julgados para serem considerados culpados ou não. Os crimes culposos eram, via de regra, perdoados. Quanto aos crimes dolosos, que são os crimes premeditados, geralmente as pessoas que adentravam à essas cidades, eram condenados à morte sem perdão e ou sem piedade quando tentavam enganar as autoridades daquelas cidades com mentiras.


Em estudos sobre o Pentateuco encontramos em várias nuances ou pequenas variações  a presença da misericórdia de Deus  em nossas vidas, e uma delas é citada em vários livros da Bíblia são as conhecidas cidades de refúgio. Essas cidades aparecem pela primeira vez na Bíblia através de Moisés, pois o Senhor havia dado a ele leis de igual retribuição aos crimes cometidos, o conhecido “olho por olho e dente por dente”, assim o parente de alguém morto poderia justificar o assassinato por vingança porém as cidades de refúgio saiam um pouco da rigidez dessa regra. 

Temos que deixar claro em nossas mentes que o povo de Israel não tinha código de lei vigente ainda, foi um povo escravizado e que vivia no Egito de forma totalmente desorganizada, sem saber o que era o certo ou o errado. Contudo o Senhor veio por intermédio de Moisés mudar essa visão. 

Iniciando nossa jornada a partir do contexto histórico da época, vamos descobrir que um local era considerado cidade quando a mesma era cercada por muros, (ex.: cidade de Jericó) caso não houvesse os muros era considerada uma aldeia.

Em Ex.21:23-25 vemos como eram julgados os crimes:

Mas se houver morte, então darás vida por vida. Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe. Essa era a lei.


Apesar disso, as cidades de refúgio envolviam certas medidas de misericórdia.

É evidente que Deus queria impressionar os filhos de Israel com a santidade da vida humana. Por fim a vida de uma pessoa, não intencionalmente, é algo muito sério, e as cidades de refúgio sublinhavam isso de modo enfático. Assim aquele que cometia crimes sem querer ou cometesse por engano um homicídio culposo, (sem intenção de matar) poderia buscar proteção em alguma destas seis cidades.

Fazei com que vos estejam à mão cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que ali se acolha o homicida que ferir a alguma alma por engano. Números 35:11.

A grande importância da existência dessas cidades fica claro ao serem citadas em quatro livros do Antigo Testamento. As cidades de refúgio são uma ordem provinda de Deus e não uma mera invenção dos homens.

“ E falou mais o Senhor a Moisés, dizendo...”.
Números 35:9.

O próprio Deus foi quem cuidou dos detalhes de localização de cada uma das seis cidades de refúgio. Vejam abaixo o nome de cada uma delas. A localização geográfica de cada uma era estratégica, três do lado leste do rio Jordão e três na terra de Canaã. Num 35;13.

“E das cidades que derdes haverá seis cidades de refúgio para vós”. Números 35:13.

Quando o Senhor entregou Canaã aos Hebreus, Ele ordenou que a terra fosse dividia em três partes, e cada parte deveria escolher uma cidade de refúgio. Deuteronômio 2-3. 

Assim foram instituídas as três primeiras: Bezer, Ramote-Gileade e Golam.  

A partir do momento em que outras terras de Canaã fossem dada aos Hebreus mais três cidades de refúgio deveriam ser acrescentadas. 

E, se o Senhor teu Deus dilatar os teus termos, como jurou a teus pais, e te der toda a terra que disse daria a teus pais “quando guardares todos estes mandamentos, que hoje te ordeno, para cumprí-los, amando ao Senhor teu Deus e andando nos seus caminhos todos os dias”, então acrescentarás outras três cidades além destas três. Deuteronômio 19:8-9

Os nomes dados às outras três cidades de refúgio que surgiram posteriormente foram: Quedes, Siquém e Quiriate-Arba.

Para uma maior compreensão fica claro que Moisés designou três ao oriente do Jordão e depois da conquista de Canaã, Josué e os chefes das tribos, designaram as outras três cidades a oeste do rio.

As cidades de refúgio não poderiam ser longe dos locais onde as doze tribos de Israel se estabeleceram, para que no caso de um homem que houvesse necessidade de fugir para ela, não fosse alcançado pelo vingador de sangue, o vingador de sangue no caso era o parente mais próximo da vítima que ansiando por vingança buscasse matar o que por engano ou sem querer houvesse cometido aquele homicídio culposo.

A preocupação em facilitar o acesso às cidades de refúgio, exigia que as estradas fossem bem cuidadas e com sinais claros que indicassem “refúgio”, “refúgio", “refúgio”.  

Além disso, haviam atletas treinados em corridas para ajudar na fuga daqueles inocentes que, apavorados, gritavam por socorro. 

O indivíduo que chegasse à cidade de refúgio, na entrada da cidade deveria declarar porque razão estava ali. Assim os anciãos responsáveis por aquela cidade cuidariam para que ele tivesse proteção, alimentação e abrigo. O vingador de sangue que violasse o recinto daquela cidade seria executado.

Tais cidades serviam como medidas judiciais auxiliares para ajudar o escape dos homicidas involuntários, quando os vingadores da vítima matavam sem misericórdia ao culpado sem temer a ação por parte da Lei.

Havia qualificações específicas para aqueles que buscassem as cidades de refúgio, e os anciãos das cidades tomavam decisões referentes a cada caso.

O julgamento daquele que matou sem querer a um homem começava com o júri a favor do homicida e não do homem responsável por vingar a morte do seu parente.

O povo tinha o dever de defender o réu, não permitindo que fosse morto pelo vingador. 

Após o julgamento o réu deveria ser levado para a cidade de refúgio e ficar lá até a morte do Sumo-Sacerdote.

Se no julgamento ficasse provado que o homicídio foi voluntário, era entregue à morte. Se, porém, ficasse provado que matou em legítima defesa, ou por acidente, então a cidade lhe oferecia asilo. Se ele deixasse a cidade, antes do falecimento do sumo sacerdote, sua vida correria perigo e lhe seria de total responsabilidade. Depois da morte do sumo sacerdote, era permitido voltar a sua casa sob a proteção das autoridades.


A condição para ser recebido e mantido em segurança nas cidades de refúgio era decidida pelos líderes da mesma. Quando o fugitivo ia ao lugar de julgamento na entrada da cidade, ele explicava aos líderes o que aconteceu e assim eles o deixavam ficar naquela cidade e lhe davam um lugar para morar ali.

Em qualquer uma dessas cidades de refúgio o homem estaria seguro e ninguém poderia matá-lo.

Para que ali se acolhesse o homicida que involuntariamente matasse o seu próximo a quem dantes não tivesse ódio algum; e se acolhesse a uma destas cidades, e vivesse;
Deuteronômio 4:42.

Os lugares de refúgio se estendiam aos templos, os santuários e os lugares santos de todas as variedades. Uma das características mais inclusivas das cidades de refúgio era o fato de todos quantos carecessem pudessem alcançar ali a misericórdia, a proteção e o sustento para si e para todos os seus familiares pelo tempo necessário ou até mesmo para sempre, pelo resto de sua vida.


Martinho Lutero em 1529 quando estava escondido no castelo em Coburg escreveu o hino Castelo Forte aludindo ao refúgio que Cristo lhe estava dando naquele momento.

Neste hino, Lutero expressa o quanto podemos confiar em Jesus, nosso Castelo Forte, nosso Escudo e Boa Espada. Mostra também que quem nos defende é o Senhor dos altos céus, o próprio Deus e que o nosso grande acusador cairá com uma só palavra. No nosso hinário (harpa cristã) é o número 581, e o título do hino é Castelo Forte. 

Estas cidades serviram de refúgio tanto para o israelita como para o estrangeiro.

Serão por refúgio estas seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que matar a alguém por engano. Números 35:15.

Se trazemos a ideia que o nosso Salvador é hoje nossa cidade de refúgio podemos entender que Jesus é o nosso sumo sacerdote e esconderijo, mesmo para Israelitas ou para gentios (estrangeiros ou prosélitos), sua morte nos livrou do temor da retaliação do pecado, hoje não existe mais distinção de nações, pois todos que O aceitam são enxertados na videira verdadeira.

E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Romanos 11:23.

As cidades de refúgio estabelecidas pelo Senhor Deus através de Moisés e confirmadas a Josué eram a proteção daqueles que eram culpados involuntariamente, assim Cristo se tornou através da sua morte na cruz nossa eterna cidade de refúgio, n’Ele encontramos misericórdia, segurança e salvação. Em Cristo há aceitação para o rejeitado, há refúgio para o excluído e para o perdido pecador. 


As cidades de refúgio aparecem na narrativa bíblica do Antigo Testamento e despertam a curiosidade de algumas pessoas. As principais referência acerca das cidades de refúgio são encontrada nos livros de Números (35:9-34) e Josué (20:1-9). Neste texto, conhecemos um pouco mais sobre o quem eram, e quais eram as cidades de refúgio mencionadas na Bíblia.

O que eram essas cidades de refúgio?

A tribo de Levi não recebeu terras como as demais tribos, ao invés disso, a tribo de Levi foi escolhida para viver em 48 cidades espalhadas pela Palestina. Dessas 48 cidades, seis delas, por ordem de Deus, foram designadas como “cidades de refúgio“, sendo três de cada lado do rio Jordão. Números 35:13,14.

As cidades de refúgio serviam como um tipo de asilo para os homicidas não intencional. Entretanto, havia uma restrição clara em relação ao tipo de homicídio. Só podia recorrer ao recurso das cidades de refúgio, a pessoa que, sem intenção (crime culposo), tirasse a vida de alguém. Números 35:15.

Em caso de assassinato intencional (crime doloso), o assassino não tinha qualquer direito de partir para as cidades de refúgio, devendo então ser morto por conta do crime cometido. 

Em Números 35:16-23, encontramos os critérios que ajudavam a determinar quando um crime era intencional e quando era involuntário.

A necessidade de se recorrer ao privilégio das cidades de refúgio ficava por conta de que, quando alguém era morto, o parente masculino mais próximo da pessoa assassinada deveria agir como “vingador de sangue”. Números 35:12,19; Deuteronômio 19:12.

Logo, na vida pública do povo de Israel devia ser aplicada a lei da retribuição de Êxodo 21:23-25; Levítico 24:10-23; Deuteronômio 19:21, um princípio também expresso na conhecida e antiguíssima Lei de Talião. 

O termo "lei do talião" não aparece nem na Bíblia e nem no Código de Hamurabi. Deriva da expressão latina lex talionis (Lei do Talião). O termo "talião" vem do latim "talis" (tal) que significa "idêntico" ou "semelhante". 

Portanto a pena para os crimes aos quais se aplicava essa lei não é uma pena equivalente, mas idêntica, semelhante.

Tratava-se da primeira tentativa de controlar a vingança, estabelecendo uma proporção entre o dano recebido num crime e o dano produzido com o castigo.

Porém, o vingador de sangue não poderia causar dano ao homicida que matou involuntariamente, enquanto ele estivesse acolhido em uma das cidades de refúgio.

O assassino poderia deixar a cidade de refúgio quando o sumo sacerdote morresse, ficando livre para habitar em outra cidade em completa segurança, sem que o vingador tivesse qualquer direito sobre ele. Nm 35:25-28.

O principal objetivo das cidades de refúgio era fazer com que a terra onde o povo de Israel habitava, ficasse livre de toda impureza, pois a presença do Senhor era o ponto principal dentre os israelitas. Números 35:33,34.

Quando o assassino desintencional chegasse à cidade de refúgio, ele deveria expor o seu caso aos anciãos, e ser recebido na cidade adequadamente. Também é importante ressaltar que sempre os crimes eram julgados, para que ninguém se aproveitasse desse benefício indevidamente, ficando a cargo dos anciãos da localidade onde o homicida morasse, estabelecer o julgamento final sobre sua causa.

Quais eram as cidades de refúgio?

Já sabemos que eram seis as cidades de refúgio, situadas estrategicamente nas regiões norte, central e sul da terra em que habitavam os israelitas, com estradas que mantinham o acesso fácil e aberto a elas. 

Moisés escolheu três delas no lado leste do Jordão (Deuteronômio 4:41-43): Bezer, Ramote em Gileade e Golã em Basã.

Depois, já na época de Josué, outras três cidades foram indicadas, dessa vez do lado oeste do rio Jordão, sendo elas: Quedes, Siquém e Efraim. (Josué 20:7).

No Novo Testamento, é possível que o escritor da Epístola aos Hebreus tenha usado uma referência às cidades de refúgio como um tipo de figura do refúgio que encontramos em Cristo Jesus. Hebreus 6:18.


Os efeitos das cidades de refúgio no Novo Testamento e sua aplicabilidade.  


As seis cidades de refugio são a figura da Igreja e do próprio Cristo. Rm. 8.1.

Como escaparemos nós? Hebreus 2.3.

Ao estudarmos as histórias bíblicas, principalmente as do Velho Testamento, precisamos entender o que elas têm em comum com a realidade do Novo Testamento e também com a nossa realidade no mundo moderno. 


“Deus é o nosso refúgio e fortaleza”. Salmo 46.1. 

“Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento”. Salmo 32.7. 


Vejamos a seguir os nomes das cidades de refugio e seus significados para nós hoje.


Estas cidades eram consideradas cidades de refúgio para os impuros. 

Quedes significa que o lugar é santo, portanto intocável. 

E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Êxodo 3.5.


As cidades de refúgio eram consideradas refúgio para o cansado. 

Siquém significa ombro amigo.

Mateus 11:28 diz Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.


As cidades de refúgio eram consideradas refúgio para o que está longe do lar e quer voltar.  

Hebrom significa cidade da comunhão e refúgio para o que está longe do lar e quer voltar. 

1 Coríntios 1:9 diz que Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo.


As cidades de refúgio era considerada refúgio para o fraco e para os fracassados na vida. 

Bezer significa fortaleza.

2 Timóteo 2:1 diz: Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.


As cidades de refúgio eram consideradas refúgio para o humilhado. 

Ramote significa lugar exaltado e refúgio para o humilhado.


Lucas 14:11 diz: Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. Tiago 4:10 diz: Humilhai-vos perante o Senhor e Ele vos exaltará.


As cidades de refúgio eram consideradas refúgio para o que está sendo envolvido pelas coisas erradas do mundo.

Golam significa lugar separado.


1 João 2:14 diz: Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno.


1 João 2:15,16 diz: Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.

Alguém aconselhou: nunca se envolva com este mundo, fuja para a cidade de Golam, ou seja, siga para os braços de Jesus Cristo, autor e consumador da nossa fé.   


Com a criação das seis cidades de refugio Deus queria proporcionar para o pecador arrependido uma oportunidade de santificação e comunhão com Deus em total segurança.

Ali o perseguido sem justa causa alcançaria a exaltação, recuperação dos dias de sofrimento e aflição, pois o Salmos 46:1 nos diz: Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.

Deus abençoe você e sua família. 

Pr. Waldir Pedro de Souza 
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor. 





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