sexta-feira, 27 de outubro de 2017

OS 500 ANOS DA REFORMA

DIA 31 DE OUTUBRO DE 2017 FOI COMEMORADO OS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE.

Dia da Reforma Protestante. Saiba o que ela trouxe para a educação moderna

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses contra a venda de indulgências. A data marca o início da Reforma Protestante e de um novo momento na história da humanidade. Vários pre reformadores já tinham até sido martirizados e até mortos queimados vivos por tamanha afronta ao papa.

A Reforma Protestante  mexeu com todos os segmentos da sociedade de então. “Nenhum aspecto da vida humana ficou intacto, pois abrangeu transformações políticas, econômicas, religiosas, morais, filosóficas, literárias e nas instituições. Foi, de fato, uma revolta e uma reconstrução do norte da Alemanha”, afirma o escritor Eby Frederick.

Na educação, os impactos foram determinantes. Na Idade Média, a igreja era a única responsável pela organização e manutenção da educação escolar. A partir do século 16, surgiram as nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e formou-se a classe média.

O historiador e professor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, pastor José Carlos de Souza, explica que o comércio, a atividade pública e as próprias igrejas, entre muitos outros setores, possuíam demandas que requeriam cuidadoso preparo. Toda mudança social traz novos desafios.

Certamente, por essa razão, Lutero sentiu-se impelido para falar e se pronunciou de modo enfático sobre a necessidade das autoridades civis investirem na educação e ele próprio se tornou professor dando o exemplo do que queria para o povo.q

Neste contexto, os movimentos da Renascença e da Reforma são precursores de profundas mudanças na concepção de ensino. A educação começa a visar de modo claro e definido a formação integral do homem, o seu desenvolvimento intelectual, moral, físico e espiritual.

Quanto à Cidadania

Martinho Lutero também estimula a criação de escolas para toda a população. Houve forte ênfase ao ensino para suprir as demandas da recém chegada sociedade moderna, com dimensões geográficas, políticas, econômicas, intelectuais e religiosas em transformação.

A contribuição da Reforma no contexto educacional é tamanha que, de acordo com renomados educadores da época, a educação pública teve origem nesta época o movimento já estimulava a educação pública, universal e gratuita, para quem não poderia custeá-la.

Portanto a educação pública, isto é, a educação criada, organizada e mantida pelas autoridades oficiais tais como municípios, províncias, estados começaram com o movimento da Reforma religiosa.

Em correspondências aos conselhos de todas as cidades da Alemanha incentivou para que criassem e mantivessem escolas cristãs; nos textos  publicados em 1524 Martinho Lutero desafia a sociedade a promover uma educação integral. “Lutero queria todos os cidadãos bem preparados, para todas as tarefas na sociedade. Propôs uma escola Cristã que visasse não uma abstração intelectual, mas a uma educação voltada para o dia a dia da vida”.

O pastor luterano Walter Altmann comenta a referência de Lutero para o desenvolvimento da educação. “Rompeu com o ensino repressivo, introduzindo o lúdico na aprendizagem. Amarrou o estudo das disciplinas a um aprendizado prático. Também lutou por boas bibliotecas, dentro de sua ótica cristocêntrica”, revela Altmann no livro ‘Lutero e a Libertação’.

“Pela graça de Deus, está tudo preparado para que as crianças possam estudar línguas, outras disciplinas e história, com prazer e brincando. As escolas já não são mais o inferno e o purgatório de nosso tempo, quando éramos torturados com declinações e conjugações. Não aprendemos simplesmente nada por causa de tantas palmadas, medo, pavor e sofrimento”, escreveu Martinho Lutero.

A aprendizagem construiria cidadãos capacitados, honestos e responsáveis. Era exatamente esta a necessidade do novo modelo de sociedade que surgia na época. De acordo com o pesquisador Evaldo Luis Pauly a rápida divulgação de ideias e concepções por meio da imprensa descoberta por Gutemberg, também contribuiu para que as iniciativas de estímulo educacional crescessem.

O ensino educacional superior

As mudanças e ênfases da Reforma estimularam o surgimento das instituições de ensino. “A história das universidades nos estados alemães durante os séculos 16 e 17 foi determinada pelo progresso da religião e é quase idêntica a do desenvolvimento da teologia protestante”, declara Paul Monroe no livro História da Educação.

Nestor Beck diz que a universidade de Wittenberg atraiu um número crescente de novos alunos, pela fama que passou a ter, entre os anos de 1517 a 1520. A Reforma Protestante deixou a concepção de que a ignorância é o grande mal para a verdadeira religião, por isso, superá-la é uma responsabilidade de todos. “O melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos, muitos cidadãos ajuizados”, dizia Martinho Lutero.

A expansão da reforma

O pensamento e o movimento protestante logo se expandiram. A América do Norte por exemplo contou com a colonização de vários grupos protestantes na chamada segunda reforma. Antropólogos afirmam que nos Estados Unidos o ensino superior cresceu mais livre, democrático e fecundo.

As igrejas cristãs prevalecem no cenário educacional norte-americano no século 17 e início do 18. Após a independência dos Estados Unidos em 1776 e a separação entre igreja e estado, houve uma ênfase ao ensino superior público, secularizado e sob controle do estado.

A igreja reagiu por meio da educação. As confissões, principalmente presbiteriana, batista, congregacional, metodista se lançaram no ensino superior sempre olhando para as lições positivas e bem defendidas e elaboradas por Martinho Lutero.

Deus abençoe você e sua família. 


Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.

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