quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

AS QUESTÕES DA CONSCIÊNCIA PARTE III

AS QUESTÕES DA CONSCIÊNCIA PARTE III


A nossa consciência nos leva ao sentimento de culpa.  


A culpa é o sentimento que surge quando nos comportamos mal, e está relacionada com o que fazemos. Ela pode desempenhar um papel importante. Deus faz com que alguns de nossos comportamentos nos causem desconforto para que possamos rever e reparar danos. É um indicador de que precisamos pedir desculpas e reatar o relacionamento com Deus e com as pessoas. Ficar remoendo as culpas não é construtivo. Culpa foi o que Davi sentiu. Suas transgressões só foram perdoadas, e seus pecados só foram apagados, depois do incômodo da culpa. É o que ele expressa no Salmo 32.

Vergonha é a sensação que surge quando não correspondemos ao que pensamos que deveríamos ser. Está ligada ao que somos. Ela causa tristeza. Muitas pessoas continuam sofrendo, desnecessariamente, quando, depois de perdoados por Deus, continuam hospedando em si a culpa e a vergonha.

A culpa pode nos ajudar a sermos pessoas melhores, a vergonha nos faz duvidar de nós mesmos: “Com efeito, a tristeza, segundo Deus, produz arrependimento que leva à salvação e não volta atrás, ao passo que a tristeza segundo o mundo produz a morte” (2Coríntios 7.10).

Perdão é o remédio para a culpa. Enquanto não damos atenção à culpa, ela nos atormenta a consciência, mas se decidimos que realmente devemos tratá-la, o perdão é um excelente remédio. A culpa proveniente do amor é saudável, benéfica e nos motiva a reatar ligações rompidas com Deus, com nós mesmos e com o outro.

O salmista Davi disse no Salmo 51.1-12.

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe. 

Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste. Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. Salmos 51: 1-12.

Há dois níveis de perdão:

Não pagar o mal com o mal. Isso significa perdoar quem nos magoa.

A reconciliação, mais profunda e mais difícil, envolve a participação de quem magoou e de quem foi magoado. O que magoou deve perceber o mal que causou e assumir a responsabilidade por ele; o magoado deve acreditar que o mal causado foi reconhecido e que há interesse em repará-lo. Quando essa mútua compreensão acontece, há a reconciliação e há a cura: “Perdoai, e vos será perdoado” (Lucas 6.37).

Não perdoar traz males à saúde do corpo e da alma. A consciência precisa de sua decisão de perdão.  A raiva prolongada vira ressentimento e o ressentimento vira ódio.

O que são ressentimentos?

São lembranças rancorosas de dores passadas que não foram resolvidas. É um sentimento destrutivo capaz de causar males físicos, emocionais e espirituais. Há pessoas que estão convencidas de que têm todas as razões para sentir ressentimento, mas é bom lembrar: “O ressentimento leva o tolo à morte” (Jó 5.2).

Pode-se construir uma prisão para si mesmo, cada mágoa será um tijolo nessa construção. Rancores guardados acabam com a alegria da vida, tornam as pessoas amargas. Pessoas cheias de ressentimento podem ter pelo menos três tipos de comportamento: algumas vivem com eles, mas estão doentes (são pessoas que vivem de aparência); outras se fecham e se afastam (vivem isoladas, têm dificuldade de se abrir a novas amizades) ou ainda, aquelas que explodem (são agressivas e vivem de mau humor). É preciso deixar que o Senhor aplique graça às nossas mágoas, pois ela nos faz ver o perdão de Deus.

Por que será que até mesmo os cristãos têm tanta dificuldade em liberar o perdão? A Bíblia diz que quem demonstra pouco amor, também libera pouco perdão, como nos afirma o próprio Senhor Jesus: “aquele a quem pouco foi perdoado, mostra pouco amor” (Lc 7.47). Embora requeira muito esforço, o benefício do perdão recompensa, pois o verdadeiro amor cura mágoas.

Atualmente algumas pessoas têm tentado resolver seus problemas nos relacionamentos através de exercícios mentais, pensamento positivo, meditação, disciplinas, mas, se tentarmos resolver nossos problemas só racionalmente, nós conseguiremos chegar somente até certo ponto para viver melhor, mas é só através do amor perfeito de Deus por nós que podemos nos aperfeiçoar como seres humanos “A ciência incha, mas o amor edifica” (1Coríntios 8.1).

Para que haja perdão é preciso confissão sincera. Confissão não é interrogatório, tortura ou sessão de reclamação. Também não dizer a Deus o que ele não sabe, mesmo porque isso seria impossível, uma vez que o Senhor é conhecedor de todas as coisas, inclusive das nossas palavras, antes de as pronunciarmos.

A confissão é uma confiança radical na graça de Deus. Quando confessamos é como se estivéssemos dizendo: “o que eu fiz foi ruim, mas sua graça é maior do que eu, do que o meu erro, do que o meu pecado, por isso eu confesso”.
Se nosso entendimento sobre a graça for pequeno, limitado, nossa confissão também será pequena, limitada, cheia de desculpas e medo.

A grande graça de Deus cria em nós um desejo ardente de uma confissão sincera. Foi o que aconteceu com o filho pródigo (Lucas 15.18-19), com o cobrador de impostos (Lucas 18.13) e com o grande herói do Antigo Testamento, o rei Davi (Salmo 32.38 e Salmo 51).

Se enterrarmos nosso mau comportamento é só esperar pela dor que ficará alojada na nossa alma. Você está interessado em se ver livre desse mal? Solicite uma ressonância magnética espiritual com o Espírito Santo: “Sonda-me, ó Deus…” (Salmo 139).

O poder da confissão não está com quem a realiza, mas com o Deus que a ouve: “Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1.8-9).

Às vezes, a confissão precisa ser também uns com os outros, assim como a Igreja Primitiva fazia (Atos 19.18-20) e assim como ensinou o apóstolo João: “Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados” (João 20.23).

Perdoar e Esquecer, Eis a Grande Questão. Este é um assunto cheio de equívocos.

Constantemente ouvimos a frase: “Perdoei, mas não esqueci”. Perdoar é ir contra os sentimentos que estão aflorados dentro de nós (raiva, mágoa, dor, tristeza). Esquecer é do cérebro. Mesmo que nos lembremos, perdoar significa que essa lembrança não afeta mais as nossas emoções e nosso relacionamento com quem nos ofendeu. Ela não envenena mais o coração (Hebreus 12.15).

O perdão não está em nós, está em Deus, temos de buscá-lo.

Só consegue perdoar quem experimentou e entendeu o perdão de Deus (Colossenses 2.13-14). Para que o perdão aconteça de fato, é necessário que o amor seja dado livremente, pois há poder curativo no amor: “O amor cobre multidão de pecados”(1Pedro 4.8).

Parte da cura consiste em parar de se culpar pelo que aconteceu, depois de curar as feridas causadas por nossos atos, e sobretudo é preciso acordar todos os dias e optar por praticar o bem: “Façam todo o possível para viver em paz com todos”(Romanos 12.18).

Tenha paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor.

Deus abençoe você e sua família.

Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário