terça-feira, 7 de novembro de 2017

A VITÓRIA DE CRISTO E SEU POVO



A CELEBRAÇÃO DA VITÓRIA DE CRISTO E DE SEU POVO

Texto básico:  Apocalipse 19.1-21


O capítulo 19 de Apocalipse registra o júbilo no céu pela vitória de Jesus sobre os inimigos do seu povo. O regozijo aqui registrado não deve ser entendido como resultado apenas da queda de Roma, mas sim, e principalmente, da vitória da retidão e da verdade. O capítulo 18 é o capítulo dos “AIS” e o capítulo 19 é o capítulo dos “ALELUIAS”

1. Júbilo no Céu

"Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos. Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos. Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia! Saiu uma voz do trono, exclamando: Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes. Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia" (19.1-10).
João ouviu primeiro um grande som de uma grande multidão. É um cântico que atribui a Deus a libertação, a glória e o poder, por causa dos retos juízos sobre a Roma iníqua e perseguidora. Não é propriamente um cântico de alegria pelo mal que sobreveio a Roma; é mais um cântico de regozijo pela vitória da retidão e da verdade. Por sobre as lamentações e o choro dos reis, mercadores e marinheiros derrotados e por sobre o fragor dos muros que caem e das ruas devoradas pelo incêndio, ouve-se o louvor dos santos, em grande regozijo, porque a retidão triunfou sobre o mal. A destruição aqui descrita, da queda de Roma, é coisa terrível. Mas não tão terrível quanto fora as atrocidades praticadas por nações, homens e mulheres ímpios, na perseguição ao pobre povo de Deus.
Em seguida, os vinte e quatro anciãos, simbolizando a totalidade do povo de Deus, louvam a Deus, bem como os quatro seres viventes expressam sua adoração a Deus, que está sentado sobre o trono, e que é altíssimamente exaltado, glorioso e soberano. Tão cheios estão eles de gratidão que só podem pronunciar duas palavras: “Amém! Aleluia!”
Uma voz se ouviu, vinda do altar, que ordenou a todos os servos de Deus que o louvassem. E, neste ponto, João ouviu os remidos cantando, em enorme multidão, como a voz de muitas águas: “Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-poderoso.” Cantam este hino nesta ocasião gloriosa, porque acham que se aproximam as bodas do Cordeiro, pois já a sua esposa se aprontou. A esposa é a Igreja, e ela se vestiu de linho fino, puro e resplandecente, para essa ocasião. O esposo é o Cordeiro, que preparou um lugar para sua esposa.
A fim de entendermos o significado desta sublime passagem, temos de considerar ligeiramente os costumes matrimoniais dos judeus, que eram imitados pelos Cristãos, até pelos Cristãos gentios. O casamento judaico começava com os esponsais ou desposório, quando o pacto do casamento era feito na pre-sença de testemunhas e a bênção de Deus pronunciada sobre a união. Desse dia em diante, noivo e noiva passavam a ser legalmente marido e mulher, embora fisicamente ainda estivessem separados, cada um vivendo na casa de seus pais. Em seguida, vinha o intervalo entre os esponsais e as bodas, que durava mais ou menos um ano. Durante este intervalo, o noivo pagava ao pai da noiva o dote, se não o fizera antes. A seguir vinha a MULTIDÃO de amigos e parentes do noivo  para encerrar o intervalo. A noiva se preparava e se adornava. O noivo, em seu melhor traje e acompanhado de seus amigos, que cantavam e empunhavam archotes, iam até à casa da noiva. Apanhava a noiva e a levava, novamente acompanhados de amigos, parentes e convidados de honra, à sua casa ou à casa de seus pais, onde eram celebradas as bodas, que incluía a ceia nupcial. As festividades duravam sete ou mais dias.
O Novo Testamento apresenta Jesus como o noivo, e a igreja como a noiva. O noivo comprou a noiva com o seu próprio sangue. Este período entre a ascensão de Cristo e sua volta gloriosa é o intervalo.
Neste capítulo 19 não aparece a realização das bodas. O tempo da completa união ainda não chegou. Mas o noivo virá buscar sua noiva...

2. Cristo o Vencedor da Besta e do Falso Profeta

"Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes (19.11-21).
Até aqui Jesus foi apresentado como Leão, como Cordeiro, como Juiz, e agora é ele o Guerreiro Vitorioso. João viu o céu aberto e um cavaleiro montado sobre um cavalo branco, símbolo de vitória. O nome do cavaleiro é Fiel e Verdadeiro; e nas suas vestes está inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. Esses nomes identificam-no como o Cristo. No princípio do Apocalipse ele fora chamado “a testemunha fiel e verdadeira”. Ele não está só. Vem seguido de um exército celestial, e todos os cavaleiros montam cavalos brancos e vestem linho finíssimo, branco e puro. Tudo isto simboliza vitória. O chefe deles marcha à frente, e sua arma é uma espada aguda que lhe sai da boca. Com esta arma ele atacará os inimigos, e os vencerá; e, daí, submetidos, ele os regerá com vara de ferro. Identifica-se melhor a espada como “uma arma espiritual de poder irresistível.” Alguns acham que essa arma é a Bíblia, visto que dela se fala como “a Espada do Espírito”. Outros acham que é “o Juízo”, achando que se trata de um símbolo semelhante ao da foice, usado no capítulo 14. Seja como for, é uma arma espiritual de poder irresistível. Com essa arma, ele ganha a batalha.
Anuncia-se a vitória, mesmo antes de iniciada a batalha. Um anjo que estava no sol, de onde procede a luz que ilumina o mundo em trevas, convidou as aves do céu para se ajuntarem numa grande ceia, que Deus lhes preparara. Era para virem comer a carne dos reis, dos comandantes militares, dos homens poderosos, de cavalos, de cavaleiros, de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes. A carnifi-cina dos inimigos de Deus seria muito grande. E a cena termina com as aves de rapina afluindo em multidão ao campo de batalha.

A batalha durou pouco. A besta e seus aliados, os reis da terra e o falso profeta não eram forças que resistissem ao vitorioso Guerreiro e a sua aguda espada. Assim, a besta e o falso profeta foram lançados vivos no “lago de fogo que arde com enxofre”. E o resto foi morto pela espada que sai da boca do Cristo vitorioso. A destruição foi completa. Foi-se a batalha, e Cristo saiu vitorioso.
O que significa tudo isso? Existem várias interpretações. Mas cremos que Armagedom nesta passagem não identifica um lugar específico; não é somente a batalha final no vale de megido, mas é uma palavra simbólica que indica uma batalha decisiva. Retrata Jesus Cristo descendo do céu no final da grande tribulação quando pisará o monte das oliveiras; aqui trata-se da segunda fase de sua segunda vinda no final da grande tribulação. A cena é a sua vinda para ajudar os cristãos perseguidos e sentenciados à morte, principalmente os Judeus, dando-lhes assistência celestial em suas lutas espirituais e vencendo a grande e mais terrível das batalhas. Vencendo o anticristo, a besta e o falso profeta e lancando-os no poço do abismo onde ficarão trancafiados por mil anos; o proprio Sehor Jesus estabelecerá o seu reino milenial. Temos aqui uma representação vívida e simbólica do triunfo final da Causa e do povo de Cristo sobre esse império pagão no final da grande tribulação. A besta, que é o anti-CRISTO, e a segunda besta, que é o falso profeta, são lançadas vivas no ardente lago de fogo e enxofre. Isso simboliza a destruição delas. Cristo triunfou sobre elas, e elas já não molestarão os servos de Deus. O confronto aqui mostrado é de natureza espiritual, muito embora são usadas pessoas humanas e racionais que podem decidir o que devem ou não fazer ou deixar de fazer.

3. A Vitória Pertence ao Senhor

As lutas foram terríveis, mas Jesus e seus servos venceram. E sempre vencerão! Certa vez Jesus disse aos discípulos: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lucas 12.32). E, em outra ocasião, disse: “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16.33). A vida cristã é uma vida difícil, porém com vitória garantida.
Podemos citar, entre outras, as seguintes dificuldades da vida cristã:

a) Luta contra o pecado

Por causa do pecado de Adão, todas as pessoas nascem pecadoras. Davi reconheceu isso e declarou: "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Salmo 51.5). Herdamos do primeiro casal a culpa e a corrupção. Não conseguimos fazer o bem que queremos, mas fazemos o mal que, às vezes, até detestamos. O Cristão está salvo, pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, mas continua pecando. "O pecado é a desgraça do homem. Todo o seu sofrimento e miséria são devidos ao pecado. O pecado é a causa básica das dores, perdas, angústias de coração e frustrações." E cada pecado recebe a justa punição. Podemos ver na Bíblia Sagrada castigos naturais e disciplinares. Mas nenhum pecado fica impune. Cada pecado, mesmo que perdoado, sofrerá suas consequências. Castigos naturais consistem em consequências diretas das faltas cometidas. "Aquilo que o homem semear, isto também ceifará" (Gálatas 6.7). Cada homem, cada ser humano, colhe os frutos do seu pecado. O preguiçoso passa privações. O mentiroso cai em total descrédito e, muitas vezes, paga caro por suas mentiras. A lei de causa e efeito aplica-se também aos pecados cometidos por nós. Mesmo que a pessoa tenha sido agraciada por seu arrependimento e recebeu o perdão divino, ainda assim sofrerá as consequências naturais de seu pecado. Mas há, também, os castigos disciplinares, que são impostos diretamente por Deus. Quando tais castigos são aplicados aos crentes, o objetivo é discipliná-los para que eles abandonem o pecado e se voltem para o Senhor. Podemos citar como exemplo o caso de Himeneu e Alexandre, os quais, "tendo rejeitado a boa consciência vieram a naufragar na fé", pelo que o apóstolo Paulo os entregou "a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem" (1 Timóteo 1.19, 20). Durante toda a nossa vida terrena travaremos uma luta constante contra o pecado. À semelhança do apóstolo Pedro, nós caímos, pecamos e depois choramos amargamente.

b) Luta contra a carne.

Carne, aqui, significa a nossa velha natureza pecaminosa. Este é um inimigo contra quem lutaremos durante toda a nossa existência terrena. O apóstolo Paulo falou sobre sua própria experiência, dizendo: “No tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros”.(Romanos 7.22, 23). Durante toda a nossa vida terrena travaremos uma luta constante contra a natureza corrompida que herdamos de nossos primeiros pais.

c) Luta contra o mundo.

Mundo, aqui, significa o sistema que opera em nosso mundo e que se opõe a toda soberania,  vontade e autoridade de Deus. “Jesus advertiu os seus seguidores acerca do perigo que o mundo representa, quando pronunciou: ‘Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se “ou se perder a sua alma”? (Lucas 9.25). O mundo exerce uma atração sobre todos nós, como um suposto tesouro que vale a pena conquistar e possuir”. Um carro novo, uma casa nova, móveis bonitos, eletrodomésticos modernos, roupas, etc. são valores que podem ocupar de tal maneira a nossa mente que Jesus e o reino de Deus acabam ficando de fora, ou relegados a um segundo plano. Por outro lado, o mundo nos odeia, nos discrimina, nos oprime, nos humilha, nos pisoteia. Os nossos valores são diferentes dos valores do mundo. E, por isto, ele é um inimigo que estará sempre lutando contra nós.

d) Luta contra Satanás.

Atrás do pecado, da carne e do mundo está Satanás. Ele é o instigador de tudo. O apóstolo Pedro advertiu: “O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8).
Por tudo isso a vida do cristão, neste mundo, é mais difícil do que a vida dos ímpios. O autor do Salmo 73 confessou que, às vezes, chegava a ter inveja dos ímpios. Mas o cristão tem a garantia da vitória. Deus nos promete, em sua Palavra, cuidar de nós. E podemos ter certeza completa e absoluta do cumprimento das promessas que Deus nos fez e nos faz. “O caráter de Deus paira acima de toda a suspeita. Ele é justo. Ele é santo. E a palavra de Deus é tão digna de confiança quanto o seu caráter”. “Deus não é homem, para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? ou tendo falado, não o cumprirá?” (Números 23.19).

CONCLUSÃO

Os cristãos da época em que foi escrito o Apocalipse estavam sofrendo terríveis perseguições, mas o Senhor lhes garantiu a vitória. Aqueles que permaneceram vivos viram a derrota de seus inimigos. Aqueles que morreram foram viver vitoriosamente ao lado do Senhor.
O nosso Deus é o mesmo, ele não muda. E isto nos garante a vitória sobre todas as lutas e dificuldades desta vida. Quem permanecer vivo, verá o vitória sobre seus inimigos. Quem partir, viverá vitoriosamente ao lado do Senhor. A ele seja a honra, o poder, a glória e o louvor, agora, para sempre e eternamente. Amém.

Pr. Waldir Pedro de Souza
Bacharel em Teologia, Pastor e Escritor.


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